segunda-feira, junho 30, 2014

Ainda há tempo para mexer no time

Que Löw se inspira no Bayern de Guardiola e na Espanha de Del Bosque, parece-me evidente. A cópia está sendo mal feita, é verdade, mas me parece claro que ela de fato existe. A própria movimentação de Neuer, em especial na partida contra a Argélia, nesta segunda-feira, e a presença de Lahm no meio campo, desde o começo do torneio, indicam isso. Como você sabe, é assim que funciona no time treinado por Pep. E é assim que funciona (quer dizer, não funcionou) na equipe espanhola, não no que diz respeito a lateral "improvisado" no meio ou à função do goleiro, mas sim em relação aos meias de ofício nas pontas (Silva e Iniesta na Roja, Özil e Götze na Alemanha).



Quando se joga com dois meias de ofício nas duas pontas, a tendência é a centralização do jogo, a valorização da posse da bola, a troca de passes, e a carência de infiltrações e finalizações, em contrapartida. Em outras palavras, o time fica pouco vertical e pouco aberto. No 4-3-3 (4-1-4-1) de Joachim Löw, os jogadores das extremas são o canhoto Özil (à direita) e o destro Götze (à esquerda). Ah. Justiça seja feita. O dono da ponta esquerda se machucou e perdeu a Copa (Reus). Tem isso. Ainda assim, há no elenco outras opções mais pertinentes para ocupar as beiradas, ou pelo menos uma delas - embora Löw insista num XI inicial com muitos meio-campistas para poucos atacantes (o mesmo problema da Espanha). Schürrle, Podolski ou Draxler, a meu ver, poderia solucionar essa questão.

Outra questão que me parece inexplicável é a obsessão de Löw por dois zagueiros de ofício nas laterais. Não bastasse escalar dois meias na pontas, ele escala dois zagueiros nas laterais. Confesso que tento entender, mas não consigo. Ou melhor, consigo em partes, pois só vejo um argumento a favor dessa escolha: a bola parada, a jogada aérea, defensiva e ofensiva. Portanto a pergunta a ser feita é: vale a pena? Vale a pena jogar com laterais lentos, pesados e sem tanta qualidade técnica, em prol da força aérea e da suposta segurança lá atrás? Não creio. Para não perder a comparação com o Bayern de Guardiola, lembre-se que no clube bávaro os laterais são intensamente acionados (Rafinha e Alaba), e correspondem muito bem, obrigado (lá tem abertura de jogo).

Veja bem, só para deixar claro, não sou contra a ideia de Lahm na meia cancha. Na verdade não morro de amores, mas também não sou totalmente contra. Só entendo que com dois laterais que na real são zagueiros, e dois pontas que na verdade são meias, Löw complica a vida da Alemanha. Pelo menos um dos dois laterais, e um dos dois pontas, têm que ser do ramo. Agora resta saber se Löw se manterá fiel às suas questionáveis convicções, ou se mudará o time para o confronto das quartas de final diante da França, no Maracanã, dia 4, sexta-feira, às 13h.

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