quinta-feira, fevereiro 09, 2017

Como encaixar Diego, Conca e Berrío?

Mancuello tem jogado a partir da direita neste início de temporada. No 4-2-3-1 de Zé Ricardo, Rômulo e Arão são os volantes e Diego atua como "10", atrás de Guerrero, com Mancuello e Everton nas beiradas. Pelo fato de ser canhoto (e de ser mais meia do que ponta), o argentino tende a transitar pela faixa central com naturalidade, onde soma esforços criativos com Diego, deixando o flanco para o lateral Pará. Sem dúvida a ideia é boa e pelo visto está dando certo. Porém, fica a pergunta: onde entra Berrío? E Conca?

Bom. Antes de qualquer coisa é preciso questionar essa obsessão que nós temos em querer encaixar todos os reforços no mesmo XI. Como diz o próprio nome, apenas onze jogadores começam a partida, e inevitavelmente alguns atletas com estirpe de titular acabam ficando de fora. Por essas e outras é fundamental saber rodar o elenco. Dito isso, no entanto, é preciso sim ter em mente o chamado "XI ideal", a chamada "força máxima", para quando se tem todos os jogadores à disposição - embora isso seja meio raro no futebol brasileiro. Por isso fica a pergunta: e Conca? E Berrío?

Uma coisa me parece evidente: Berrío é extremo-direito e chegou para ser titular. Seu lugar, portanto, em tese, é a ponta direita, lugar preenchido hoje por Mancuello. Ou seja, se a ideia do treinador é seguir com o 4-2-3-1, de duas, uma: ou ele mantém o canhoto Mancuello à direita e joga Berrío para o lado esquerdo, ou ele faz o contrário (põe Berrío na direita e Mancuello na esquerda). O xis da questão aí passa pelas características dos envolvidos. Uma coisa é jogar com o "meia" canhoto criativo à direita e outra é jogar com o típico "winger", destro, mais físico. Com um a tendência é a circulação pela faixa central visando a elaboração das jogadas. Com o outro, a tendência é a chegada forte, velocidade, explosão. Surge então outra pergunta: é melhor ter o "meia" canhoto Mancuello a partir da direita ou o "winger" destro Berrío?



Talvez a saída seja mesmo passar Mancuello para a esquerda, para deixar Berrío na sua praia (a extrema direita). Embora seja mais fácil para o canhoto argentino transitar pela faixa central a partir da direita, ele tem mais condições de atuar a partir da esquerda do que Berrío (ainda que isso possa alterar o funcionamento do time). E isso serve para o outro meia argentino canhoto do elenco: Conca. Com Diego e Berrío no mesmo XI, no 4-2-3-1, o que sobra para Conca? A beirada esquerda (e para Mancuello, a reserva). No fim das contas, independente do esquema tático, o fato é que está se desenhando uma briga entre Conca e Mancuello por uma vaga. E para o Flamengo isso é ótimo, pois revela a qualidade do plantel. Resta saber como Zé Ricardo vai administrar isso.

O cenário, então, é este: um 4-2-3-1 com Rômulo e Arão volantes, Diego atrás de Guerrero, Berrío na direita e, na esquerda, Conca ou Mancuello (ou Everton). Convenhamos, um senhor XI, que tem tudo para dar certo e brigar por títulos graúdos. Ainda penso, entretanto, que há outra alternativa que poderia deixar o time um pouco mais equilibrado, uma vez que a ideia de ter Mancuello fechando o lado do campo na fase defensiva não me parece a mais indicada. Na verdade, mais Conca do que Mancuello. Mancuello nem tanto. Mais Conca mesmo. Confesso que tenho dificuldade de imaginá-lo fechando o lado do campo na fase defensiva. Posso estar errado, mas tenho a impressão de que estouraria no lateral com frequência. Qual a alternativa, então? Para mim, mudar a estrutura tática. Passar para um 3-4-2-1, com Berrío na ala direita e os meias Conca e Diego próximos ao centroavante (prancheta abaixo). Dessa forma, Conca seria menos exigido sem a bola, de modo que o equilírio do time seria mantido.



Enfim. De qualquer maneira, acho que Zé Ricardo faz bem em tentar encaixar seus principais jogadores no esquema que é adotado desde o ano passado (4-2-3-1). Trata-se da manutenção de uma ideia que deu/está dando certo - e que tende a dar mais certo com Mancuello do que com Conca. Só espero que ele esteja aberto a novas ideias e variações, como, por exemplo, um 3-4-2-1 (ou 3-4-3, se preferir) onde o veterano Conca - especialmente ele - se sinta mais confortável, sem que maiores sacrifícios sejam necessários.

PS: Para entender melhor o funcionamento do 3-4-3, leia aqui a análise feita por Eduardo Cecconi em seu blog. Vale muito a pena.