quarta-feira, dezembro 31, 2014

Possível Cruzeiro 2015

Vejo Joel mais como atacante de beirada do que como centroavante. Mas posso estar errado (o que é mais provável). Pode ser que ele renda mais como nove mesmo. Se assim for, se Marcelo Oliveira enxergar no camaronês de 21 anos um camisa 9, a briga dele por uma vaga no XI do Cruzeiro 2015 será com Leandro Damião. Agora, caso Marcelo entenda que Joel vai bem pelas beiradas, sua briga torna-se um pouco mais ampla.

No 4-2-3-1 do bicampeão brasileiro, o canhoto Éverton Ribeiro joga à direita da linha de três, Ricardo Goulart atua pela faixa central, e a ponta esquerda nunca teve um dono absoluto. Passaram por ali vários jogadores (Dagoberto, Marquinhos, etc). Mas hoje pode-se dizer que Alisson e Willian disputam essa posição, com alguns outros nomes correndo por fora. Entre eles Joel, desde que Marcelo pense dessa maneira, e desde que Damião desencante no comando do ataque (eu acredito que irá desencantar).

Quem assumirá a ponta esquerda? Os treinos e os jogos, e acima de tudo, o treinador, irão dizer. Dito isso, todavia, eu apostaria em Joel. Porém entendo que ele está chegando agora, e há outros em sua frente na fila, em especial Alisson e Willian.



Em relação à dupla de volantes, parece-me que Lucas Silva e Henrique são mesmo as melhores alternativas. Até hoje, aliás, não entendi Nilton titular e Lucas Silva reserva, naquele jogo contra o Atlético-MG, na final da Copa do Brasil 2014. De qualquer forma, desde que Lucas Silva não saia nesta janela de transferências (acredito que não irá sair), me parece a melhor opção, ao lado de Henrique: dois volantes que sabem jogar com a bola no pé, volantes de bom passe e boa finalização de média e longa distância, fundamentos essenciais à posição.

No miolo do setor defensivo, Dedé e Manoel me parecem os melhores zagueiros do elenco. E até que se prove o contrário, não vejo motivos para não escalá-los juntos. Ficaria uma dupla lenta e pesada? Tenho lá minhas dúvidas. A única certeza de que tenho, na real, é a de que Manoel tem de ser titular. Para mim, trata-se do melhor zagueiro em atividade no Brasil, e isso já justifica minha posição sobre ele. Quanto à lateral direita, só digo uma coisa: o talento supera a experiência. Logo, Ceará no banco e Mayke no campo. De resto, Fábio no gol, claro, e Egídio na outra lateral.

Seja como for, com Joel centroavante, na ponta ou na reserva, com Damião voando ou não, com Manoel titular ou não, o fato é que o Cruzeiro entra na Libertadores 2015 como um dos favoritos ao título (no Brasileirão, então, nem se fala). Resta saber se esse favoritismo se confirma, já que no mata-mata tudo pode acontecer, e a questão emocional é determinante (sem excluir as questões técnica, tática e física, evidentemente).

domingo, dezembro 28, 2014

O craque da camisa 10

Rooney já foi centroavante, já foi winger, já foi meia. Hoje é volante. Isso mesmo. No 3-5-2 de van Gaal, Rooney é segundo volante. Atua ao lado de Carrick. E o pior de tudo (ou melhor, o melhor de tudo) é que ele joga bem e todas. Independente da posição e da função que lhe são dadas, o camisa 10 do United rende em alto nível. Em outras palavras, Rooney é craque. Muito craque.



Pois são poucos os jogadores no mundo que conseguem executar diferentes funções com excelência semelhante. São poucos os jogadores no mundo que apresentam tamanha eficiência e eficácia. E, acima de tudo, são poucos os jogadores no mundo que fazem isso que Rooney faz sem fazerem biquinho, sem ficarem irritadinhos por estarem escalados numa posição que não as suas "de origem". Ou seja, Rooney joga para o time e não para ele.

Claro. Rooney só faz isso porque tem técnica para isso. Tecnicamente é muito acima da média. Pertence à elite da elite. Não é qualquer perna de pau que consegue fazê-lo. Ainda assim, é digno de elogio esse espírito coletivo, essa capacidade mental em prol do coletivo, essa mentalidade que joga a favor da equipe e não apenas de si mesmo. Outros, dotados da mesma técnica, no lugar dele, não teriam o mesmo senso de coletividade, a mesma habilidade para o teamwork. Por essas e outras, Rooney é craque. Muito craque.

terça-feira, dezembro 16, 2014

Thierry Henry encerra a carreira

Poucos jogadores na história têm direito a um Top 50 gols.

Thierry Henry é um deles.



Números do atacante francês:

Monaco (1994-99): 28 gols em 141 jogos.

Juventus (1999): 3 gols em 20 jogos.

Arsenal: (1999-07, 2012): 228 gols em 377 jogos.

Barcelona: (2007-10): 49 gols em 121 jogos.

New York Red Bulls (2010-14): 52 gols em 135 jogos.

Seleção (1997-2010): 51 gols em 123 jogos.

Total: 411 gols em 917 jogos.

Na Champions League, são 50 gols e 15 assistências em 112 partidas.

domingo, dezembro 14, 2014

United, de De Gea, derrota o Liverpool

Quando saiu o XI do Liverpool, gostei. Fora de casa, imaginei o time fechado lá atrás num compactado 4-1-4-1, em busca do contra ataque, com Coutinho e Lallana pelas beiradas, como pontas mesmo, além de Sterling no comando. O que se viu na prática, no entanto, foi uma equipe postada no 3-4-2-1, com três zagueiros (Johnson, Skrtel e Lovren), dois volantes (Gerrard e Allen), dois meias (Coutinho e Lallana) e o centroavante (Sterling), além dos alas (Henderson e Moreno), utilizando-se em alguns momentos da marcação adiantada, por pressão.

Essa opção pela linha de três na defesa, penso seu, foi feita por Brendan Rodgers para sobrar um homem na marcação à dupla de ataque do United, no caso composta por van Persie e Wilson. Mais próximo deles se encontrou Mata, uma espécie de enganche no time treinado por van Gaal, enquanto Fellaini e Rooney formaram a dupla de volantes. Isso mesmo: Fellaini e Rooney formaram a dupla de volantes, uma vez que Carrick se aprofundou entre os zagueiros Jones e Evans, configurando assim um 3-4-1-2. Ou seja, ambos atuaram com três zagueiros.



Dessa forma os duelos entre volantes e meias se tornaram inevitáveis. De um lado bem definidos, com Fellaini vs Lallana e Rooney vs Coutinho, e do outro nem tanto, com Gerrard e Allen vs Mata. Entre esses confrontos individuais, destaque para o disputado entre os camisas 10, pois logo aos 12 minutos do primeiro tempo Rooney abriu o placar, após grande jogada de Valencia pela direita, e após vacilo de Coutinho, que deixou de acompanhá-lo na subida. Isso, aliás, foi registrado nesta sequência de tweets (aqui, aqui, aqui e aqui).

Ainda na primeira etapa, Johnson sentiu e foi substituído por Kolo Touré, aos 26 minutos. E ainda na primeira etapa, apesar do equilíbrio da partida, Mata, em posição irregular, diga-se de passagem, ampliou para 2 a 0. Já na volta do intervalo, Lallana deu lugar a Balotelli, mas o esquema tático foi mantido, com Sterling na posição de Lallana e Balotelli na de Sterling, centralizado. Outra coisa que foi mantida na etapa final foi o equilíbrio, apesar do gol de van Persie, aos 71 minutos, que decretou o placar final: 3 a 0.

Ah, e merece destaque o goleiro De Gea, que foi bastante exigido e fechou o gol, como de costume. Sem dúvida, foi o melhor jogador do clássico. E, sem dúvida, no momento, no mundo, está atrás apenas de Courtois e Neuer.

Com o resultado deste domingo, passadas 16 rodadas na Premier League 2014/15, o Manchester United chega a 31 pontos, atrás apenas do City (36) e do líder Chelsea (39) na tabela. Já o Liverpool, com 21 pontos, encontra-se parcialmente na nona colocação (pode cair para a décima caso o Tottenham empate ou vença o Swansea ainda hoje).

quinta-feira, dezembro 11, 2014

O craque incompreendido

"Se Ganso não é craque, redefinam o conceito."

"Se você acha que Ganso não é acima da média, só te digo uma coisa: refaça as contas."

"Só eu acho que Ganso está milhões de vezes mais para volante do que para winger?"

"Ganso é jogador de faixa central, que entra pouco na área. Ponto."

"A vida é muita curta para não testar Ganso como volante."

"Ganso funciona como volante num time bem treinado, de posse e passe. Num time de chutão e correria, ligação direta e etc, não."

"Uma coisa é Ganso ser volante num time espalhado, latifúndios entre os três setores. Outra é num time compactado, sincronizado, bem treinado."

"São Paulo classificado à Libertadores 2015. Agora chega de insistir com Ganso pela beirada, né, Muricy?"

Tem este aqui também. E este aqui.

São tweets recentes sobre o meio-campista do São Paulo. Há tantos outros mais para trás, mas não consegui encontrá-los. Em sua maioria, elogiando-o. Ou "cobrando" sua ida à Europa para ontem (tipo aqui e aqui). E por aí vai.

Você que me segue no Twitter, então, sabe da minha admiração pelo futebol de Paulo Henrique Ganso. E o vídeo abaixo ajuda a explicá-la.



PS: Este post aqui reforça minha tese sobre Ganso volante.

domingo, dezembro 07, 2014

Minha seleção do campeonato

A corneta é livre.

Apenas outra peça da engrenagem

Através da posse de bola e da troca de passes, um time com Aránguiz, Alex e D'Alessandro no meio campo poderia ditar o ritmo do jogo sempre. Ou quase sempre. Poderia colocar a redonda debaixo do braço e dizer "quem manda aqui sou eu". Tanto no Beira-Rio quanto fora dele. No Brasileirão 2014, no entanto, não foi o que se viu. Esse jogo pensado, de troca de passes curtos, pacientes, envolventes e eficientes aconteceu esporadicamente na equipe treinada por Abel Braga. E olhe lá.

Justiça seja feita, são raros os times do país que conseguem fazer esse jogo pensado, de troca de passes curtos, pacientes, envolventes e eficientes. Diria raríssimos. Para não dizer nenhum. Dito disso, ainda assim, a verdade é que o Internacional - em terra de cego quem tem olho é rei - é um dos poucos do Brasil com material humano para executar esse futebol de posse e passe. Na prática, no entanto, não foi o que se viu. Para variar.

Claro. Não há apenas uma maneira de se jogar futebol. Ninguém é obrigado a jogar valorizando a posse através do passe. Você pode priorizar a marcação por zona e o contra ataque. Be my guest. No fundo, no fundo, você precisa implantar um estilo que se adapte ao elenco, e não o contrário (por essas e outras o treinador precisa ficar no mínimo umas três temporadas no clube, para poder moldar o plantel de acordo com sua filosofia de jogo). E o elenco do Colorado, com Aránguiz, Alex e D’Alessandro, em especial, pedia esse jogo de posse e passe. (Outro time que pedia isso no campeonato era o Fluminense de Conca, Wagner e Cícero.) Na prática, no entanto, não foi o que se viu. E o maior responsável por isso é o treinador.

Para mim esse foi o grande erro de Abel no Inter 2014 (outro erro grave foi demorar a efetivar Sasha titular). Não conseguiu definir um padrão de jogo, padrão esse, devido aos seus principais meio-campistas, que valorizasse a posse da bola através da troca de passes curtos. Mas, lógico. Tem uma coisa. Para executar esse tipo de jogo elaborado, de troca de passes curtos, além da qualidade do jogador, evidentemente, é preciso ter aproximação. E para ter aproximação é preciso compactação. E para ter compactação é preciso alcançar uma visão coletiva do jogo, jogado na Europa e em tantas outras ligas mundo afora, que ainda não fomos/somos capazes de alcançar aqui no Brasil. E Abel é apenas outra peça dessa engrenagem capenga. (Lembre-se: aqui no Brasil futebol é raça mais individualidade. O coletivo é chutado para escanteio. Resultado: gol da Alemanha.)

sexta-feira, dezembro 05, 2014

Quando os números dizem algo

Emblemático este dado estatístico levantado pela Sky Sports News. Didático, eu diria. Passadas 14 rodadas na Premier League 2014/15, o time que mais utilizou titulares foi o Manchester United de Louis van Gaal: 31 jogadores. Na contra mão, a equipe que menos titulares usou foi o Southampton, treinado por Ronald Koeman: 14 jogadores. Talvez isso ajude a explicar a trajetória dos dois clubes nessa temporada.



Hoje os Saints ocupam a terceira colocação na classificação (26 pontos), atrás apenas de City e Chelsea, e seguidos justamente pelos Red Devils (25 pontos). Mas até outro dia, enquanto o United oscilava pela metade da tabela, o Southampton sempre se manteve no topo, firme e forte. A questão é: firme e forte até quando? Conseguirá o time que perdeu alguns jogadores chaves na última janela se manter na zona da Champions League 2015/16 até o fim do campeonato? Eu acredito que não. Por uma questão de elenco. Pois não adianta: pontos corridos é elenco.

Contudo é louvável e digno de nota que, enquanto van Gaal passou por todos os esquemas táticos possíveis no início do torneio (lembre-se que ele começou com três zagueiros), Koeman se manteve fiel à sua convicção, em especial no que diz respeito às peças em si, aos ditos titulares. É verdade que van Gaal contou com lesões e etc. Ainda assim, vide esse dado estatístico na imagem acima, parece-me evidente que Koeman sempre esteve mais convicto do que seu compatriota. E não adianta. Sem convicção não há continuidade. Sem continuidade não há entrosamento. E sem entrosamento não há vitórias. Ou ao menos elas se tornam mais difíceis, mais raras.

Portanto, pelo menos no momento, o Southampton está colhendo os frutos desta visão convicta de seu treinador. A questão é: lá pelas tantas o plantel dos Saints será mais exigido e terá ele qualidade para manter o nível? Seja como for, o fato é que esse número levantado pela Sky Sports News diz muito, ao contrário de tantos outros que vemos por aí.

PS: Nesta segunda-feira tem Southampton vs Manchester United, às 18h, no Fox Sports.

quarta-feira, dezembro 03, 2014

Pato e mais um no ataque

Você que me acompanha pelo Twitter sabe o quanto admiro o futebol de Alexandre Pato. Desde sempre. Para se ter uma ideia, em 2007 cheguei a dizer num post que ele teria tudo para ser o sucessor de Ronaldo, ou algo nesse sentido (leia aqui). Não chegou a tanto, obviamente. Longe disso. Por uma série de motivos. Principalmente lesões na época de Milan. Ainda assim, na minha visão, inegavelmente trata-se de um craque. Isso mesmo. Craque.

Portanto, quando o atacante foi emprestado pelo Corinthians ao São Paulo, no começo de 2014, votei Sim na enquete que perguntava se ele daria certo no clube tricolor (81%). E agora, no fim de 2014, na enquete sobre a melhor dupla ofensiva possível do time, votei nele e Luis Fabiano. A segunda opção seria ele e Kardec. Em outras palavras, por mim é Pato e mais um no ataque da equipe que vai disputar a Libertadores 2015.



No vídeo abaixo, veja lances do jogador de 25 anos pelo time do Morumbi.



Passada uma temporada, apesar de ter ficado um tempo fora na reta final, não tenho receio de afirmar que Pato já deu certo no São Paulo.

PS: No Brasileirão 2014 (falta uma rodada), Luis Fabiano soma 9 gols em 23 jogos, Alan Kardec tem 9 gols em 27 partidas, e Alexandre Pato acumula 9 gols em 28 confrontos. A média dele é a pior, mas lembre-se: o futebol vai além dos números.

A dupla do bicampeão brasileiro

O melhor jogador do Brasileirão 2013:



O melhor jogador do Brasileirão 2014:

quinta-feira, novembro 27, 2014

Mais do que um burro com sorte

Nos dois jogos da final da Copa do Brasil o Atlético superou o Cruzeiro em todos os aspectos do esporte: técnico, tático, físico e psicológico. Em outras palavras, o Galo engoliu a Raposa. Tanto no Independência, na ida, quanto no Mineirão, ontem à noite. E se você pensar nos épicos 4 a 1 da volta contra o Corinthians nas quartas e no 4 a 1 da volta contra o Flamengo na semifinal, essa conquista se torna ainda maior, ainda mais valorizada.

Mas antes de qualquer coisa, preciso dizer algo.



Quando Levir chegou ao Atlético falando que para ele jogador era número, torci demais o nariz e critiquei-o com força. Logo pensei: ih, mais um treinador brasileiro ultrapassado engana cartola trouxa (tem vários por aí). Nesse caso específico, sobre jogador ser número, Levir se referia a Diego Tardelli (leia aqui). Logo pensei que com aquele tipo de discurso ele iria perder o vestiário e que não iria durar muito tempo no cargo. O tempo mostrou, no entanto, que minha primeira impressão estava mais do que equivocada.

Não que Levir seja um Guardiola, um Ancelotti ou um Mourinho da vida. Não é isso. Longe disso. Não é porque ele e sua equipe ganharam a Copa do Brasil de maneira heroica que ele se tornou o melhor treinador do país. Não é isso. Longe disso. Contudo seria duma burrice e duma má vontade sem tamanho não reconhecer seus méritos. Méritos que começaram a ficar mais evidentes a cada jogo do Galo e a cada entrevista dada por ele. A impressão, não a primeira, mas a mais recente, que fico, é a de que Levir voltou outro homem do Japão. Tanto no que diz respeito ao profissional quanto no que diz respeito ao ser humano. Por isso, eu que o critiquei tanto em sua chegada, hoje sou só elogios. Sem endeusá-lo, claro, porém só elogios. Parabéns a ele e, obviamente, aos atletas.

PS: Um Burro Com Sorte? é seu livro.

domingo, novembro 23, 2014

Os favoritos ao Brasileirão 2015

Campeão brasileiro merecida e indiscutivelmente em 2013 e 2014, o Cruzeiro deve entrar no Brasileirão 2015 como um dos grandes favoritos ao título, se não como o principal favorito. Por méritos próprios, sem dúvida alguma, mas também pela possível falta de concorrentes à altura. De novo.

Enquanto o Cruzeiro mantém o elenco e o treinador há duas temporadas, os outros insistem no erro que se repete desde sempre: a troca de treinador sem critérios técnicos (o Brasil é, de longe, o país que mais troca de treinadores; veja aqui). Ainda é cedo para falar, eu sei. Pode ser que alguns cruzeirenses chaves sejam vendidos (Lucas Silva, Ricardo Goulart, Éverton Ribeiro). No entanto os cartolas celestes têm dado show de uns tempos pra cá, e caso isso aconteça, a reposição já está engatilhada.

Em relação aos concorrentes, alguns deles devem trocar de treinador na virada do ano e consequentemente voltar à estaca zero. Mano deve sair do Corinthians, Abel pode sair do Inter, Cristóvão do Fluminense, e por aí vai. Felipão fica no Grêmio? Acho que sim. Muricy e Levir no São Paulo e no Atlético? Provavelmente. Talvez por isso esses sejam os times que podem bater de frente com o Cruzeiro na próxima temporada.

Entre os clubes com os melhores elencos (lembre-se: entre outras coisas, pontos corridos é elenco), Corinthians, Inter e Fluminense, caso troquem mesmo de técnico, dificilmente serão páreo para o Cruzeiro de Marcelo Oliveira, uma vez que quando se troca de treinador, o trabalho começa praticamente do zero. Em outras palavras, enquanto alguns dos ditos candidatos ao título irão começar a arrancar, a engatar a segunda ou a terceira marcha com seus novos comandantes, a Raposa em tese estará embalada, engatada na quinta há muito tempo.

Logo, embora ainda seja cedo para opinar, Atlético-MG e São Paulo (Grêmio nem tanto, na minha visão, por causa do elenco) devem ser os concorrentes diretos do Cruzeiro no Brasileirão 2015 (partindo do principio de que Marcelo, Levir e Muricy ficarão onde estão até o fim da próxima temporada). Já os outros (Corinthians, Internacional, Fluminense), com suas prováveis novas comissões técnicas, não deverão adquirir o entrosamento necessário para fazer frente ao atual bicampeão brasileiro (e ao Atlético e ao São Paulo). Resta-nos aguardar para ver se essa minha previsão se confirma ou não.

Os gols do maior artilheiro da Liga

Lionel Messi é o único gênio da bola em atividade, na minha opinião. O único. Há outros projetos de gênios por aí, mas hoje nada nem ninguém se aproxima do argentino nesse quesito.

Costumo dizer que seu futebol consegue superar seus números. Que a beleza de seu jogo consegue se destacar mais que seus impressionantes dados estatísticos (é o maior artilheiro do Espanhol, da Champions League, do clássico Barça-Madrid, e do FC Barcelona).

Em La Liga, com o hat-trick de ontem sobre o Sevilla, agora ele chegou a 253 gols em 289 jogos (confira a lista dos maiores goleadores). E confira todos eles no vídeo abaixo.



Ah, e lembre-se: Messi tem 27 anos.

segunda-feira, novembro 17, 2014

Muricy reconhece o mérito alheio

Minutos antes de a bola rolar para São Paulo vs Palmeiras, perguntado pelo repórter sobre a possibilidade de título, Muricy Ramalho disse que seu time deveria fazer a parte dele e destacou a competência e a continuidade do líder Cruzeiro. Reconheceu os méritos da equipe treinada por Marcelo Oliveira e sua iminente conquista.

Em outras palavras, Muricy falou que o Cruzeiro deve ser o campeão, justa e merecidamente, porque o time joga junto há mais tempo, está entrosado há mais tempo, vem atuando junto desde o ano passado, enquanto seu time se encaixou lá pela metade do campeonato. Perfeito o raciocínio, que se aplica não somente ao São Paulo, mas também aos outros ditos concorrentes diretos da Raposa.

Agora faltam quatro rodadas para o Brasileirão 2014 terminar. Porém lá atrás (vou puxar a brasa para a minha sardinha, desculpe-me), após a 14ª rodada, modestamente eu já apontava esse fator destacado por Muricy como decisivo no desenrolar da competição. Após a 14ª rodada, dia 11 de agosto, escrevi: "Com um pouquinho de visão crítica de campo e bola, pode-se perceber que Internacional e Corinthians (e Fluminense, e São Paulo, e assim por diante) estão longe de jogar uma bola que se aproxime da do Cruzeiro. Por quê? Porque, entre outros motivos, Marcelo Oliveira está há mais tempo no cargo." Leia o post completo aqui.

Um mês depois, quando o Tricolor do Morumbi empolgava e era o segundo colocado da vez, no post intitulado "Por que o São Paulo não deve chegar", insisti na dose, concluindo: "Em suma, enquanto o São Paulo está passando da terceira para a quarta marcha, o Cruzeiro está engatado na quinta há meses. E essa diferença não deve ser tirada nesses pontos corridos." Leia aqui o post completo.

Logo me parece que o discurso de Muricy, minutos antes de a bola rolar para o clássico contra o Palmeiras, na noite de ontem, não se trata de um discurso de perdedor ou de quem jogou a toalha. Trata-se de um discurso realista, de quem entende de futebol, de quem entende de pontos corridos, e de quem consegue reconhecer o mérito e o bom trabalho alheio, sem invejá-lo.

quarta-feira, novembro 12, 2014

terça-feira, novembro 04, 2014

Brasileiro, o eterno adolescente

Why do brazilian soccer players have one name?

Se você digitar "why do bra" no Google, uma das sugestões é esta: "why do brazilian soccer players have one name" (veja aqui). Sugestão essa que me deu o gancho para esse post, pois tenho uma tese sobre isso há algum tempo, e essa é uma boa oportunidade para externá-la. Acredito ter uma resposta sobre por que jogadores brasileiros tem apenas um nome. E ela, acredite, está escrita no inconsciente coletivo.

É comum vermos, nas transmissões dos jogos europeus, antes da bola rolar, quando aparecem as listas com os jogadores dos dois times, seus nomes completos. Ou ao menos dois nomes, geralmente o primeiro e o último. Por exemplo: Lionel MESSI, Zlatan IBRAHIMOVIC, Arjen ROBBEN, e por aí vai. Quando se trata de jogadores brasileiros, no entanto, nessa lista pré-jogo, aparece apenas um nome, sendo muitas vezes o apelido: KAKÁ, ROBINHO, RONALDINHO, etc.

Claro. Como em toda regra, há exceções. Salvo engano, no caso de Oscar, por exemplo, aparece Oscar EMBOABA. Salvo engano. Não tenho certeza. Ainda assim, o nome que ele leva na camisa é o primeiro nome, e não o sobrenome, como habitualmente ocorre na Europa e talvez no mundo todo (Messi é Messi na camisa, e não Lionel ou Leo). A pergunta é: por quê? Por que isso em regra acontece com os brasileiros e com os demais futebolistas do planeta não? Sobre os demais futebolistas do planeta não posso falar com tanta propriedade, contudo quanto aos brasileiros, permito-me opinar. E a resposta, como disse, está no inconsciente coletivo.

Isso acontece porque o Brasil é um país adolescente. Um país que sofre da Síndrome de Peter Pan. Um país onde ninguém assume a responsabilidade pelos seus atos e a culpa é sempre do outro (responsabilidade é coisa de adulto). Um país onde tudo é deixado para a última hora, à espera de uma salvação que vem de cima. Um país que não desmama e não consegue andar com as próprias pernas. Um país onde sempre se reclama e nunca se aceita a decisão que vem de cima. Sempre cabe recurso. Sempre há uma brecha jurídica. Sempre se dá um jeitinho. Enfim. São inúmeras as características. Uma das razões para essas características tão peculiares aos brasileiros existirem é o fato do Brasil ser um país novo, foi "descoberto" há 500 anos. Outra é a maneira como ele foi colonizado (recomendo Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre).

Esse comportamento adolescente e até certo ponto infantil é refletido no futebol mais do que você imagina (lembre-se, futebol é reflexo da sociedade). Isso fica evidente quando vemos que, no Brasil, o perfil do treinador que faz sucesso é o perfil do "paizão". Veja só, o treinador, esse representante da figura patriarcal, é tratado no Brasil orgulhosa e abertamente como "paizão". Quantas e quantas vezes você viu e ouviu o jogador dizer "ele é como um pai para mim"? Milhares, não? Pois é. Em outras palavras, a partir do momento em que o treinador é visto como o pai, o jogador é visto como o filho. Simples assim. É assumidamente o adolescente. Aí é preciso fazer concentração (na Europa não tem, né?) para castigar o filho adolescente, para evitar que ele saia com os amigos indesejáveis e beba, use drogas e etc.

São vários os exemplos. Infelizmente não tenho todos na ponta da língua, tampouco dos dedos. Mas eles estão aí, na nossa cara. E, além desse papo de "paizão" e da concentração (creche), essa questão do nome na camisa, do "why do brazilian soccer players have one name", é apenas outro exemplo.

O cara pode ter 30 anos de idade, e ainda leva na camisa o apelido de infância. Robinho, Ronaldinho, Juninho (repare no diminutivo). Kaká, Dedé, Vavá (repare nas sílabas repetidas, coisa de bebês que estão aprendendo a falar - gugu dada). Em relação aos jogadores que usam o primeiro nome e não os apelidos, talvez haja uma evolução, mas a diferença não é tão grande assim. Pois, enquanto os outros levam o sobrenome às costas, enquanto os outros levam o nome da família na camisa (Messi, Ibrahimovic, Robben), os brasileiros usam o primeiro nome, o nome do filho (Oscar, Adriano, Lucas). Ou seja, o eterno adolescente (forever young) que não atinge a maturidade para carregar o nome da família nas costas (é muito peso, né?).

Enfim. Sei que minha tese carece de detalhes e carece de aprofundamento, até porque não sou tão entendido no assunto assim (psicologia), embora entenda um pouco. E até porque é somente um curto post num blog, e não uma tese de mestrado ou doutorado. No entanto me parece evidente que essa característica infantil está enraizada nos brasileiros (não apenas nos jogadores e sim em toda a sociedade, diga-se de passagem). A escolha pelo primeiro nome na camisa ou pelo apelido pode ter lá justificativas racionais, contudo me parece nítido que isso faz parte do nosso inconsciente coletivo. E essa cultura ajuda a explicar, na minha visão, "why do brazilian soccer players have one name".

quarta-feira, outubro 29, 2014

Futuros Bola de Ouro

Gareth Bale tem 25 anos. Está em outro momento da carreira. Chegou ao gigante espanhol mais maduro, mais próximo do seu suposto auge, que ainda não chegou. Pegue, por exemplo, Cristiano Ronaldo. Um jogador que, assim como Bale, tem no quesito físico um papel fundamental no desempenho do seu futebol (desde os tempos de Tottenham, aliás, por alguns motivos, eu costumo dizer que Bale é o Cristiano Ronaldo canhoto). A exemplo de Bale, CR7 inegavelmente depende bastante da questão atlética. E não há como negar que, hoje, o português vive seu auge. Aos 29 anos.

Claro. Não há uma idade exata para se atingir o ápice. É relativo. Varia de atleta para atleta. Na média, porém, há quem diga que o auge do jogador é por volta dos 27 anos. Sem me basear em algum estudo específico, eu já penso que esse número, hoje em dia, esteja na casa dos 30. Penso que os 30 são os novos 27. Portanto o camisa 11 do Real Madrid, em tese, está longe do seu auge. Em contrapartida, está mais perto que Neymar. Em tese.



Embora não ache a comparação entre eles tão justa assim, é inegável que ela exista (o vídeo acima postado no YouTube mostra isso). Principalmente porque são as grandes contratações recentes de Barcelona e Real Madrid (Suárez à parte), são os dois grandes coadjuvantes de Messi e Cristiano Ronaldo, com potencial de se tornarem um dia os protagonistas de seus times. Um dia. Como foram um dia, no Santos e no Tottenham.

Uma vez estabelecida essa comparação, todavia, não se pode esquecer, obviamente, dos diferentes momentos em suas carreiras. Como disse, Bale tem 25 anos, e chegou ao Real Madrid em tese mais pronto que Neymar ao Barcelona, já experimentado na Europa, inclusive, tendo se destacado na Premier League e na Champions League, o que não é pouco. Lembre-se: Neymar tem apenas 22 anos e sua primeira temporada na Europa foi a anterior.

Feita essa ponderação, a meu ver Neymar é mais jogador que Bale. É mais craque. Tem mais recursos. Mais talento. O que não quer dizer que Bale seja um perna de pau. Pelo contrário. É craque. É o Cristiano Ronaldo canhoto, como eu costumo dizer. Até mais habilidoso, eu diria. Apenas acho Neymar mais completo e superior tecnicamente. E acho que, cedo ou tarde, ambos irão conquistar a Bola de Ouro. Isso mesmo. Tanto Bale quanto Neymar, na minha previsão, quando atingirem seu auge na carreira, num futuro não muito distante, possivelmente sendo protagonistas de suas equipes, irão acabar conquistando a Bola de Ouro. Ou ao menos irão figurar entre os três finalistas.

terça-feira, outubro 28, 2014

Cristiano Ronaldo, Messi e mais um

A FIFA anunciou nesta terça-feira a lista dos 23 indicados à Bola de Ouro 2014. No dia 1º de dezembro serão conhecidos os três finalistas, escolhidos pelos capitães e técnicos das seleções, além de representantes da mídia, selecionados pela France Football. Já a noite de gala da premiação ocorrerá no dia 12 de janeiro de 2015, em Zurique, na Suíça.

Os indicados são, pela ordem alfabética do sobrenome, Gareth Bale, Karim Benzema, Diego Costa, Thibaut Courtois, Cristiano Ronaldo, Angel Di María, Mario Götze, Eden Hazard, Zlatan Ibrahimovic, Andrés Iniesta, Toni Kroos, Philipp Lahm, Javier Mascherano, Lionel Messi, Thomas Müller, Manuel Neuer, Neymar, Paul Pogba, Sergio Ramos, Arjen Robben, James Rodríguez, Bastian Schweinsteiger e Yaya Touré.

Me parece que a pergunta que fica é: Cristiano Ronaldo, Messi e quem na lista final? Diego Costa? Di María? Neymar? Robben? Müller? Eu confesso que não tenho convicção alguma em relação a esse terceiro nome. E você?

quinta-feira, outubro 23, 2014

Os goleadores do grande clássico

Veja todos os gols dos últimos 30 anos de Barcelona vs Real Madrid.



Messi é o maior artilheiro do confronto. Cristiano Ronaldo é o quinto.



Neste sábado tem El Clásico, no Santiago Bernabéu, por La Liga.

Lista via Football Citizens.

Reconhecimento ao Fla de Luxa

Vanderlei Luxemburgo pode conquistar a Champions League, pode pegar a Scarlett Johansson, pode descobrir a cura do Ebola, e ainda assim terá gente o criticando. Fazer o que, né? Se há quem prefira julgar coisas e pessoas a partir do rótulo, só lamento. Não é o meu caso. Ou ao menos eu me esforço ao máximo para não cair nessa tentação às vezes inevitável. Para não cair nesse misto de preguiça intelectual e intolerância ao pensamento e ao sucesso alheio.

Dito isso, convenhamos: é digna de nota e elogios a campanha do Flamengo sob o comando de Luxemburgo na temporada 2014. Ou em parte dela. Para ser mais preciso, em metade dela, já que ele chegou ao clube da Gávea no fim de julho (contrato até dezembro 2015). Basta analisar o aproveitamento do time desde sua chegada para reconhecer isso, não precisa ser gênio (os analistas de resultados piram!). Contudo como analisar a tabela é para os fracos, então, basta ver o aproveitamento dentro das quatro linhas, onde os fracos não têm vez, para perceber isso.



Na partida desta quarta-feira, diante do Internacional, no Maracanã, pela 30ª rodada, por exemplo, foi nítido o chamado dedo do treinador. Bom. Talvez não tenha sido tão nítido assim, pois confesso que só me dei conta de verdade quando Tim Vickery, na manhã desta quinta, no Redação SporTV, destacou a mudança feita por Luxemburgo, ao tirar Márcio Araújo da direita e colocá-lo no meio, para marcar Aránguiz. De fato, o time começou com Márcio Araújo à direita, Éverton à esquerda, Cáceres e Canteros volantes, e Gabriel pela faixa central, atrás de Eduardo, numa espécie de 4-4-1-1 (wingers alinhados aos volantes sem a bola). Mas logo apareceu o famoso dedo do treinador (não, não sou fã dessa expressão).

Por volta dos 15 do primeiro tempo, veio a mudança. Testemunha ocular e vítima do controle colorado nos minutos iniciais do confronto em pleno Rio de Janeiro, Luxemburgo preencheu o miolo da meia cancha ao passar Márcio Araújo para o corredor central e puxar Gabriel para a ponta direita. Dessa forma, a meiuca que tinha Cáceres, Canteros e Gabriel batalhando no setor com Willians, Aránguiz e Alex, agora tinha Cáceres, Canteros e Márcio Araújo. Mais poder de marcação. E pelas beiradas, agora o Flamengo tinha Gabriel e Éverton, além de Eduardo no ataque, numa espécie de 4-1-4-1. De fato, a equipe melhorou.

É óbvio que a vitória rubro-negra por 2 a 0 (dois gols de Gabriel) não foi fruto exclusivamente dessa mudança tática por parte do treinador. Claro. A vitória rubro-negra foi uma soma de fatores. Como tudo na vida. Tudo na vida é uma soma de fatores. Assim como a boa campanha do Flamengo nesse segundo semestre de 2014. É o resultado de uma soma de fatores. Sem se esquecer das limitações técnicas do elenco e das possibilidades que o campeonato oferece, portanto, é digno de reconhecimento o trabalho feito pela comissão técnica e pelos atletas. Aparentemente estão todos focados e fazendo o seu melhor. Porque no fim das contas o que conta é isso. Ninguém tem obrigação de ganhar nada. Ninguém tem obrigação de se classificar para nada. A obrigação, essa sim, é de fazer o seu melhor. E isso, me parece, o Fla de Luxa está fazendo.

quarta-feira, outubro 22, 2014

Prévia de Liverpool vs Real Madrid

Sorte do dia: você é Alberto Moreno.

Não que a vida dele deva ser mole diante do Real Madrid. Mas só pelo fato de Gareth Bale estar fora da partida, eu, se fosse Moreno, comemoraria muito (certamente ele comemorou). Pelo seguinte: o craque galês atua na extrema direita do time treinado por Ancelotti, e consequentemente iria duelar a maior parte do tempo com o lateral-esquerdo do Liverpool (no caso, Moreno). Não que seu substituto seja ruim. Não é isso. Porém não há como negar que é menos intimidador e eficiente que Bale (na minha opinião o futuro Bola de Ouro).

Quem? Isco ou James. Um deles dever ser o substituto de Bale. Que os dois serão titulares, até que se prove o contrário, todos nós sabemos. A questão é saber quem vai ocupar o lado direito e quem vai ocupar o lado esquerdo do 4-4-2 em linha. Se Ancelotti quiser manter o princípio do pé trocado, vai com o canhoto James, a exemplo de Bale, à direita, e Isco à esquerda. Se quiser mudar de figura para talvez explorar os cruzamentos, ou colocar Isco – mais winger que James – para buscar as costas de Moreno, pode ser que o camisa 10 comece à esquerda e o 23 à direita.



Todos nós sabemos também que Cristiano Ronaldo rende mais à esquerda. Contudo no esquema do técnico italiano o atual Bola de Ouro tem circulado bastante pelo campo ofensivo (o que pode estar contribuindo para o seu número ainda mais elevado de gols; escrevi sobre isso aqui, por sinal). E, justamente para aproveitar os prováveis espaços às costas de Moreno (em tese mais presente e eficiente no ataque que Johnson), pode ser que CR7 caia mais pela direita. Se isso acontecer, Allen deve redobrar a atenção e dobrar a marcação sobre o artilheiro da temporada 2014/15. Claro, desde que essas sejam as escalações e as estruturas adotadas.

Na verdade, em relação ao Madrid, a probabilidade do XI ser esse é enorme. Só existe uma dúvida, como disse, pelo menos na minha cabeça, quanto ao posicionamento de Isco e James, quem vai à direita e quem vai à esquerda. Já em relação ao Liverpool, o buraco é mais embaixo. Eu confesso que me baseei nos vinte e dois nomes previstos no site da UEFA. Todavia pode ser que Lallana seja titular, na vaga de Coutinho ou Allen. Ou até mesmo Can. E tem outra: não bastasse minha dúvida quanto à escalação inicial, não estou tão convicto assim quanto ao esquema tático que Rodgers vai utilizar: 4-1-4-1 (4-3-3), 4-4-2 em losango, 4-2-3-1... São várias as opções. Digo que até um esquema com três zagueiros não me surpreenderia (três zagueiros versus dois atacantes). Em contrapartida, tenho convicção no 4-4-2 em linha de Ancelotti.

Revelada minha incerteza, se Rodgers for nesse 4-3-3 da prancheta acima, além de Sterling e Coutinho entrando na diagonal (sem abdicarem de chegar à linha de fundo quando a oportunidade aparecer), pode ser que Henderson cumpra um papel fundamental no setor de meio campo. Porque, caso bata de frente com Kroos, as chances dele se infiltrar na área de Casillas não serão pequenas, uma vez que o poder de marcação do alemão não é dos melhores. Ou seja, Henderson pode levar a melhor nesse duelo, se é que esse duelo irá de fato ocorrer. Já Gerrard deve distribuir o jogo de trás, sem sair do lugar, digamos assim, guardando a posição à frente da zaga (sem abrir mão do chute de longa distância, claro).

Enfim. Teorias e tentativas de previsão à parte, a bola rola na prática às 16h45 desta quarta (horário de Brasília), no Anfield, pela 3ª rodada da fase de grupos da Champions League. No momento a situação é a seguinte: Real Madrid é líder com 6 pontos, Basel vem em segundo com 3 pontos, Liverpool em terceiro também com 3 pontos, e Ludogorets em último, sem ponto algum.

Ah, tem um detalhe: muita tradição em campo, são 15 títulos (confira aqui).

segunda-feira, outubro 20, 2014

Prancheta prévia de Roma vs Bayern

Se a cartilha for seguida à risca, é provável que a posse de bola seja dos visitantes e o contra ataque dos mandantes. Se o Bayern de Guardiola se comportar como o bom e velho Bayern de Guardiola diante da Roma de Rudi García, é bem provável que a equipe alemã busque a troca de passes curtos, passes seguros, envolventes e pacientes, tendo como objetivo chegar à meta adversária. Se a cartilha for quebrada, no entanto, pode ser que o Bayern marque lá atrás e opte pelo contra golpe.

Caso contrário, caso a obviedade entre em campo na Cidade Eterna, a Roma deve explorar as jogadas em velocidade com Iturbe e Gervinho, em regra em cima dos laterais Alaba e Rafinha (em especial Alaba, que em tese sobe mais que Rafinha). Totti, por sua vez, sem a bola, deve recuar e cercar o primeiro volante adversário (no caso, Alonso). Já com ela, deve chamar o jogo para acionar os extremos e os eventuais meio-campistas que subirem ao ataque (em especial Pjanić), sem abdicar das jogadas individuais, evidentemente.



Se por um lado Iturbe e Gervinho devem bater de frente com Alaba e Rafinha, do outro Robben e Götze devem duelar com Cole e Maicon, respectivamente. Claro, desde que essas sejam as escalações e as estruturações táticas. Se os esquemas táticos forem esses mesmos, por sinal, tem tudo para ocorrer o encaixe na meia cancha: De Rossi vs Müller, Nainggolan vs Lahm e Pjanić vs Alonso. Sem esquecer que com o possível recuo de Totti, a Roma pode atingir a superioridade numérica no setor (o que pode ser contrabalanceado com a movimentação de Götze, quando este se desprende da ponta e se soma à faixa central).

Seja como for, a expectativa é de um grande jogo. Resta saber se a cartilha será mantida ou quebrada. Se for mantida, é Bayern com a bola e Roma no contra ataque, em pleno Estádio Olímpico. Se for quebrada, Roma com a bola e Bayern no contra ataque. Teorias e tentativas de previsão à parte, o apito inicial será soprado às 16h45 desta terça-feira, no confronto válido pela 3ª rodada da fase de grupos da Champions League. No momento o Bayern é líder com 6 pontos, seguido pela Roma (4 pontos), pelo Manchester City (1 ponto) e pelo CSKA (0 ponto).

sábado, outubro 18, 2014

Wesley Sniper!

Com dois golaços de Wesley Sneijder no finzinho do clássico, o Galatasaray derrotou o Fenerbahçe por 2 a 1, neste sábado, em casa, pela 6ª rodada da Liga Turca. O primeiro, que abriu o placar, aos 43 do segundo tempo. E o segundo, dois minutos depois.



Os visitantes ainda descontaram nos acréscimos com Potuk.

segunda-feira, outubro 13, 2014

O retorno do trio campeão ao Beira-Rio

A versatilidade de Alex impressiona. Se não me engano, na linha, só não jogou na zaga e na lateral direita. Porque de resto, sem exagero, jogou praticamente em todas as posições. No Brasileirão 2014, por exemplo, no 4-1-4-1 de Abel Braga, já o vi atuando pelo flanco esquerdo e pela faixa central (veja aqui, aqui e aqui). Já na partida deste domingo, em casa, na vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense, pela 28ª rodada, ele (autor de um dos gols) ocupou o lado direito de um 4-2-3-1, com D’Alessandro por dentro, Patrick à esquerda, Wellington Paulista na frente (depois Nilmar), além dos volantes Willians e Bertotto.

Mais atrás, no Corinthians treinado por Tite, campeão da Libertadores 2012, Alex cumpriu o papel de falso nove em alguns jogos daquela campanha. No fim das contas ficamos na cabeça com Emerson jogando como centroavante naquele 4-2-3-1, pois foi assim na finalíssima diante do Boca (2 a 0, dois de Emerson). No entanto, até então, Sheik jogava numa ponta e Jorge Henrique na outra, enquanto quem fazia o eventual papel de centroavante era Alex (revezando-se, é verdade, com Danilo). Convenhamos, algo que, mesmo àquela altura da carreira, não era novidade para ele.



Porque mais atrás ainda, num time também treinado por Tite, campeão da Sul-Americana 2008, Alex era atacante, ao lado de - veja você como o mundo dá voltas - Nilmar. E à frente de - veja você - D’Alessandro. Isso mesmo. O Inter que hoje tem Alex, D’Alessandro e agora Nilmar, já os teve há seis anos. A diferença, além da idade/experiência individual de cada um, é que aquela equipe se estruturava no 4-4-2 em losango (4-3-1-2), com Edinho, Magrão e Guiñazu formando a trinca de volantes, digamos assim, D’Ale enganche, e a dupla de ataque composta por Alex e Nilmar, de modo que essa de 2014 varia entre o 4-1-4-1 e o 4-2-3-1. Logo, não é de hoje que a polivalência do hoje camisa 12 colorado joga a seu favor (e a favor do time em que ele joga).

No final de novembro de 2008, aliás, cheguei a escrever: "Agora, cá entre nós: quem destes jogou mais que Alex neste ano? Cristiano Ronaldo? Messi? Pode ser. Ibrahimovic idem. Quem mais? Agüero? Fernando Torres? Ribéry? Não sei, não." É sério. Escrevi isso. E terminei o post assim: "Para mim o camisa 10 do Inter está, no mínimo, entre os 5 melhores futebolistas do mundo em 2008." Duvida? Confira aqui.

Portanto fica evidente a admiração de longa data que tenho pelo futebol desse canhotinha sinistro. E, portanto, fico bem tranquilo para elogiá-lo a essa altura do campeonato, aos 32 anos de idade, ainda jogando em alto nível para os padrões brasileiros e sul-americanos. Em relação aos outros dois, só para completar a idade do trio, D’Alessandro tem 33 e Nilmar tem 30. Trio, por sinal, que promete para a Libertadores 2015. Pelo menos na minha expectativa. Desde que o Inter se classifique, obviamente.

quinta-feira, outubro 09, 2014

A areia movediça do futebol brasileiro

Esse baita levantamento publicado no mexicano El Economista (veja aqui), repercutido por Ubiratan Leal na Trivela, me deu um gancho inevitável para falar de novo de um velho assunto conhecido nosso. De um assunto difícil de ser abordado sem cair na repetição de argumentos anteriores, admito. De um assunto até certo ponto vergonhoso de ser tocado, se comparado com o que vemos por aí, tamanho é o nosso atraso. Mas colocar o dedo na ferida é bom e eu gosto, então, vamos lá: troca-troca de treinadores.

Os números são assustadores. De 2002 para cá, dos 10 clubes que mais trocaram de treinador no mundo, 7 são brasileiros (imagem abaixo). É isso mesmo: 7 dos 10 clubes que mais trocaram de treinador no mundo de 2002 para cá são brasileiros. Nada menos do que 70%. Inacreditável! Enquanto na Premier League, por exemplo, um treinador fica em média 2.6 temporadas no cargo, no Brasileirão essa média é de 0.4. Ou seja, na média o treinador que trabalha no Brasil não fica nem meia temporada num clube. Já na Alemanha, traçando outro parâmetro, enquanto a média de partidas de um treinador no comando de um clube é de 54.4, no Brasil é de 15.2. Em outras palavras, na média, troca-se de treinador no Brasil a cada 15 jogos.

Não precisa desenhar, né? Ou precisa?



Como disse, é praticamente impossível analisar o futebol brasileiro sem cair na repetição (e na irritação). Portanto faço questão de lembrar desse tweet, uma síntese - modéstia à parte muito bem feita por mim - dos problemas que enfrentamos nos gramados (campo e bola, dentro das quatro linhas mesmo) do nosso país, o chamado país do futebol (aham, sei): "Sem convicção não há manutenção. Sem manutenção não há continuidade. Sem continuidade não há entrosamento. Sem entrosamento não há título." Ah, e sem conhecimento não há convicção.

Insisto. Dos 10 clubes que mais trocam de treinador, 7 são brasileiros. Sete!

Depois algumas pessoas ainda vêm dizer que o 7 a 1 não tem explicação. Claro que tem! Ô, se tem! E essa incapacidade de pensar e agir no longo prazo são uma delas! Essa incapacidade de enxergar além do amanhã! Esse vício pelo imediatismo, pelas análises imediatistas, pelas tomadas de decisões imediatistas! Imediatismo que está enraizado em todos os setores (dirigentes, jornalistas, treinadores, jogadores, torcedores). Sim! Todos nós temos culpa! Porque achamos normal trocar de treinador no meio da temporada! Porque achamos normal o contrato padrão do clube com o treinador ter duração de apenas uma temporada! E o pior: achamos normal quando esse contrato - ridículo, de apenas uma temporada - é quebrado! Ora! Esse contrato tem de ser por, no mínimo, duas temporadas! No mínimo! E, obviamente, precisa ser cumprido até o fim!

Como disse, é impossível analisar o futebol brasileiro sem cair na irritação. E na repetição. Logo, não estou escrevendo nada de novo. Escrevi sobre isso em posts anteriores, e nas redes sociais, porém esse levantamento do El Economista me deu um gancho irresistível para eu expor minha visão, e por que não?, dar uma desabafada.

Enfim. É isso. Enquanto as pessoas que trabalham no futebol brasileiro não entenderem que futebol se faz no longo prazo, enquanto não entenderem que se trata de um esporte coletivo e que um time não nasce da noite para o dia, enquanto não entenderem que, para o fruto ser colhido, é preciso esperar a planta crescer e se desenvolver, vamos continuar na mesma areia movediça de sempre. Enquanto não chutarmos o imediatismo para escanteio, vamos continuar levando 7 a 1 da Alemanha.

terça-feira, outubro 07, 2014

Os números dizem o quê?

Esse post no Facebook me gerou uma dúvida: a média de gols dos artilheiros do Brasileirão é realmente muito mais baixa do que a média dos goleadores das principais ligas da Europa? Resolvi chutar o achismo para escanteio e dei uma vasculhada nos números das últimas cinco temporadas.



Eu sei que a comparação seria mais precisa se eu pegasse a relação entre gols e partidas jogadas por cada artilheiro em cada campeonato. No entanto, peguei os números absolutos mesmo. Outra coisa, é preciso lembrar que as ligas alemã e portuguesa têm 18 clubes, logo, 34 rodadas, e não 38 como as demais, o que sem dúvida compromete um pouco o resultado final do cálculo. Dito isso, vamos lá.

A média mais alta, evidentemente, é a da liga espanhola (38 rodadas): 40.2 gols. Nas últimas cinco temporadas, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi se revezaram no topo da artilharia. Em 2013/14, Ronaldo marcou 31 gols; em 2012/13, Messi marcou 46; em 2011/12, Messi marcou 50; em 2010/11, Ronaldo marcou 40; e em 2009/10, Messi marcou 34.

A Premier League e a Serie A (38 rodadas) estão empatadas com a segunda melhor média: 27.2 gols. Nas últimas cinco temporadas do Inglês, estes foram os números: em 2013/14, Suárez fez 31 gols; em 2012/13, Van Persie fez 26; em 2011/12, Van Persie fez 30; em 2010/11, Tevez fez 20; e em 2009/10, Drogba fez 29. Já nas últimas cinco temporadas do Italiano, estes foram os números: em 2013/14, Immobile fez 22 gols; em 2012/13, Cavani fez 29; em 2011/12, Ibrahimovic fez 28; em 2010/11, Di Natale fez 28; e em 2009/10, Di Natale fez 29.

A terceira média mais alta é a da Bundesliga, com 24.8 gols (34 rodadas). Detalhe: nas últimas cinco temporadas, o artilheiro não se repetiu. Em 2013/14, Lewandowski marcou 20 gols; em 2012/13, Kießling marcou 25; em 2011/12, Huntelaar marcou 29; em 2010/11, Mario Gomez marcou 28; e em 2009/10, Dzeko marcou 22.

A quarta média mais alta, nessas últimas cinco temporadas, é a da Ligue 1 (38 rodadas): 24 gols. Em 2013/14, Ibrahimovic fez 26 gols; em 2012/13, Ibrahimovic fez 30; em 2011/12, Giroud fez 21; em 2010/11, Sow fez 25; e em 2009/10, Niang fez 18.

A quinta melhor média é a da liga portuguesa, com 22.8 gols (34 rodadas). Nas últimas cinco épocas, estes foram os números: em 2013/14, Jackson marcou 20 gols; em 2012/13, Jackson marcou 26; em 2011/12, Lima e Cardozo marcaram 20 cada; em 2010/11, Hulk marcou 23; e em 2009/10, Falcao e Cardozo marcaram 25 cada.

Por fim, a sexta melhor média, ou a pior entre elas, é a do Brasileirão (38 rodadas): 21.2 gols. A exemplo da Bundesliga, nas últimas cinco temporadas o goleador não se repetiu: em 2013, Éderson fez 21 gols; em 2012, Fred fez 20; em 2011, Borges fez 23; em 2010; Jonas fez 23; e em 2009, Adriano e Tardelli fizeram 19 cada.

Enfim. Não sei até que ponto esses dados estatísticos e essa conta talvez um pouco mal feita podem dizer alguma coisa (se é que podem, pois futebol é um esporte coletivo, que vai muito além dos números). Só sei que, por uma série de fatores que renderiam um livro, de uns tempos para cá, os artilheiros do Brasileirão têm ficado bem aquém dos artilheiros da grandes ligas da Europa, não só em relação à questão técnica, mas também quanto ao número de gols propriamente dito.

segunda-feira, outubro 06, 2014

O dedo tático na face goleadora de CR7

Embora Cristiano Ronaldo tenha marcado 13 gols em 6 jogos no Espanhol, ainda é cedo para tentar precisar o tamanho da influência da mudança do esquema tático do time em sua quantidade de gols. Obviamente o Bola de Ouro é uma máquina de fazer gols, e independentemente da estrutura tática adotada e dos companheiros que o cercam, ele sempre será o artilheiro da equipe. No entanto me parece evidente que a mudança do esquema tático beneficiou seu futebol. Escrevi sobre isso, aliás, sobre essa expectativa, no comecinho da temporada, vide o post Os caminhos do Madrid sem Di María, publicado no dia 25 de agosto, e o post Ronaldo, mais artilheiro do que nunca, publicado no dia 12 do mesmo mês.



Mudança que ocorreu e ficou latente na reta final da temporada passada (em especial nos jogos contra o Bayern e contra o Barcelona, pela Copa do Rei), quando Ancelotti enfim definiu o 4-4-2 em linha o esquema padrão, com Bale e Di María wingers, Alonso e Modric volantes, além de Ronaldo e Benzema atacantes. Até então, no período Mourinho, a equipe em regra atuava no 4-2-3-1, com Di María, Özil e Cristiano Ronaldo na linha de três, o que exigia o acompanhamento do português, e do argentino, ao lateral adversário. Sob o comando de Ancelotti, na temporada 2013/14, a equipe variou para o 4-3-3, com Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo no setor ofensivo, o que ainda exigia o acompanhamento do português, e do galês, ao lateral adversário. E no fim das contas, entre variações aqui e acolá, o treinador italiano transformou o 4-4-2 em linha no esquema tático titular, digamos assim. E assim, desde então, o futebol do craque da camisa 7 passou a ser mais goleador.

Ou melhor. Como eu disse, ainda é cedo para tentar medir a influência desse reposicionamento na quantidade de gols que ele vem fazendo. Essa medição só será fiel à realidade, se é que um dia será, mais para a segunda metade de 2014/15, lá pelo primeiro semestre do ano que vem. Ainda assim, não há como negar que no 4-4-2 em linha (veja nos dois links a seguir), ao contrário do 4-2-3-1 e do 4-3-3, o "trabalho sujo" de acompanhar o lateral adversário é feito pelo winger (hoje por James ou Isco, e até ontem por Angel Di María – disparado o melhor do mundo na posição, por sinal). Em outras palavras, no 4-4-2 em linha os compromissos de Cristiano Ronaldo sem a bola são mais suaves. Enquanto que com ela, em tese com mais pulmão, mais descansado, por não acompanhar as subidas do lateral adversário, ele percorre por uma faixa mais extensa do campo de ataque, libertando-se do canto esquerdo, e por conseguinte aumentando suas possibilidades de circular e de entrar na área. Ou seja, aumentando de fato as chances de gol. E CR7 não costuma perdê-las.

sexta-feira, outubro 03, 2014

Inter favoritaço à vaga na Libertadores

Às vésperas da rodada 26, faço questão de registrar o resultado dessa enquete. Só para comparar com o que vai acontecer ao término da 38ª rodada.

No exato momento o "G7" está assim (25 jogos cada): Cruzeiro 53 pontos, Internacional 47, São Paulo 43, Atlético-MG 43, Grêmio 43, Fluminense 40 e Corinthians 40.



O voto é secreto, mas faço questão de abri-lo: votei em Internacional, São Paulo e Fluminense, não necessariamente pela ordem.

Ah, e é importante lembrar que, se um time brasileiro vencer a Sul-Americana (Bahia, Vitória, São Paulo ou Goiás), o Brasileirão 2014 passa a oferecer três vagas à Libertadores 2015, e não quatro.

quarta-feira, outubro 01, 2014

Olho no Monaco de Jardim

Foi o primeiro jogo do Monaco que vi nessa temporada. Do Zenit também. Confesso. E embora ele tenha acontecido em São Petersburgo, chamou-me a atenção, de longe, o desempenho do time treinado pelo português Leonardo Jardim (40 anos). O time treinado por ele manteve a proposta (imagino que seja a proposta padrão) de posse e passe mesmo fora de casa, algo digno de nota e elogios.

Nos primeiros 15 minutos os visitantes dominaram a partida. Chegaram a ter 57% de posse de bola, e salvo engano chegaram a criar chance de gol. Aos poucos os donos da casa equilibraram o confronto, é verdade (50% de posse ao fim do primeiro tempo). Mas ainda assim, na minha visão, a superioridade do Monaco na primeira etapa foi nítida. Apesar do placar não ter saído do zero, ficou evidente a proposta, por parte da equipe de Jardim, pela troca de passes curtos, pelo passe com boa margem de segurança, para valorizar a posse da bola.



Engana-se quem pensa que não houve/há ambição nessa troca de passes. Pois uma coisa é querer adotar um estilo de jogo assim ou assado, e outra é conseguir transformar a teoria na prática, a ideia em realidade. Justamente por isso tirei o chapéu para a exibição do Monaco, nesta quarta-feira, pela segunda rodada da fase de grupos da Champions League. Porque, mesmo fora de casa, impôs sua filosofia de jogo de posse e passe (mais no primeiro tempo; no segundo o panorama mudou um pouco). Não aquela posse inócua sem sal que não leva a lugar algum, e sim uma posse evolutiva via troca de passes progressivos sempre que possível.

Sem a bola o trabalho é mais simples, mas não menos nobre. E o Monaco de Jardim também se mostrou eficiente nesse aspecto, ao se fechar num 4-4-2 em linha bem agrupado e marcar por zona lá atrás. Ou seja, ao contrário do que fazia o Barcelona de Pep Guardiola (a grande referência no tema), que valorizava a posse através do passe curto, e marcava por pressão lá em cima quando perdia a bola, esse Monaco, que também valoriza a posse através do passe curto, quando perde a bola, recompõe-se no seu campo defensivo, uma postura que consequentemente gera espaços para eventuais contra ataques. No segundo tempo, por uma série de fatores, a opção pelo contra ataque ficou mais latente, inclusive.

Em outras palavras, uma coisa não exclui a outra. Mesmo se sua proposta for pela posse e pelo passe, por exemplo, você também tem que estar preparado para executar a retomada e a transição rápida. Seu time tem que ser flexível o suficiente para atacar com todas as armas que o futebol oferece. Entre essas duas correntes, no entanto (posse e passe ou retomada e transição rápida), sempre lembrando que uma coisa não exclui a outra, admito que me agrada mais a primeira, por uma série de motivos. Muito mais. Mas enfim. Em relação ao resultado da partida, o empate se manteve até o fim: Zenit 0-0 Monaco. Para mim, porém, vide esse post, o que valeu mesmo foi o desempenho (do Monaco, em especial na primeira etapa), e não o resultado em si, esse mero detalhe (sem desmerecer o suado ponto conquistado pela equipe francesa na Rússia, claro).

terça-feira, setembro 30, 2014

Um resumo do futebol brasileiro

Te pergunto: por que as transmissões televisivas do Brasil jamais enquadram os vinte jogadores de linha? Te respondo: porque aqui no Brasil o foco é no individual, e não no coletivo. Tanto dentro de campo quanto fora de campo. Tanto por parte de quem treina e joga, quanto por parte de quem analisa, administra e torce.



O melhor exemplo recente, dentro de campo, sem dúvida alguma é a Seleção de Felipão na Copa 2014 (leia aqui o que eu pensei e penso a respeito). Já fora de campo, os exemplos são diários e estão por todos os lados. Basta analisar as análises feitas pela maioria dos jornalistas e torcedores, e as decisões tomadas pelos cartolas, para reparar que elas geralmente são baseadas no indivíduo, e não no coletivo.

Em outras palavras, a culpa é de todos nós.

PS: Na imagem acima (vinte jogadores de linha enquadrados), CSKA vs Bayern, jogo disputado nesta terça, válido pela segunda rodada da fase de grupos da Champions League. Destaque para o compactado 5-4-1 do time russo, atuando em casa. Placar final: 1 a 0 para a equipe de Munique, gol de Müller, de pênalti.

segunda-feira, setembro 29, 2014

Prévia de PSG vs Barcelona

Talvez o duelo entre Motta e Messi seja o grande duelo do jogo. Desde que ele ocorra de fato, claro. Diante do Barcelona, em casa, imagino que Blanc vá de Thiago Motta na cabeça da área, e não Cabaye, por uma questão meio óbvia: a ofensividade do adversário, em especial naquela região do campo, provocada pelo gênio argentino. Portanto já adianto que vou ficar surpreso, e com cara de bobo, se o treinador do PSG não optar por Thiago Motta à frente da zaga (noves fora o ganho em estatura).

Zaga que pode ser composta por Marquinhos e David Luiz ou Camara e David Luiz (Thiago Silva segue fora de combate). Na prancheta prévia estou apostando no brasileiro, porém sem tanta convicção assim. Pelo seguinte: o lado direito da defesa é por onde Neymar joga - só isso - e confesso que não tenho muita ideia do que Laurent Blanc pretende fazer para freá-lo, se adotar a força física de Camara ou a velocidade e a técnica de Marquinhos. Porque quando Neymar passar por Aurier, e deve passar algumas vezes na partida, o próximo marcador geralmente é o zagueiro à direita. Enfim. De qualquer forma, seja quem for, Camara ou Marquinhos, vai precisar estar num dia inspirado, já que o camisa 11 do Barça está voando.



Voltando ao meio de campo, além do provável e crucial duelo entre Thiago Motta e Lionel Messi, será interessante acompanhar a disputa entre Verratti e Matuidi e Rakitic e Iniesta. Aliás, é importante ressaltar uma coisa. Com o recuo habitual de Messi, a tendência é o Barcelona adquirir superioridade numérica no setor (Busquets, Rakitic, Iniesta e Messi contra Thiago Motta, Verratti e Matuidi). Quatro contra três. Logo, para que o PSG não fique em inferioridade numérica nessa região tão fundamental, penso que Pastore deva flutuar pela faixa central com a posse da bola, e sem ela Cavani deva voltar para cercar Busquets.

Se as escalações e as distribuições táticas aqui especuladas por mim se confirmarem, outro duelo pertinente deve acontecer entre Verratti e Iniesta. Se por um lado Matuidi tem na condução em velocidade e na infiltração seus pontos fortes (Rakitic nem tanto), do outro Verratti e Iniesta representam a troca de passes, a cadência e a aceleração conforme a exigência do cotejo. A diferença é que se Marco Verratti estiver mal ou for anulado, não há outro pé pensante no time. Já no Barcelona, se Iniesta estiver mal ou for anulado, tem um tal de Messi que pode cumprir o mesmo papel de criação, até com mais eficiência do que o próprio Iniesta (sem falar em Rakitic). Portanto, embora o confronto seja em Paris, acredito na posse de bola dominante por parte dos visitantes, enquanto os mandantes irão priorizar, creio eu, os contra ataques puxados por Lucas às costas de Adriano (ou Alba), ou até mesmo às costas de Daniel Alves, caso haja uma inversão com Pastore.

Teorias e tentativas de previsão à parte, a bola rola na prática, no Parc des Princes, nesta terça-feira, às 15h45, horário de Brasília, em jogo válido pela segunda rodada da fase de grupos da Champions League. No momento o Barcelona é o líder do Grupo F com três pontos, Ajax e Paris Saint-Germain somam 1 ponto cada, e o APOEL não tem nada.

Ninguém tira o caneco da toca

Graças à incapacidade das pessoas de visualizar o longo prazo, e ao vício delas em análises imediatistas, muita besteira vai ser falada nessa semana. Caça à Raposa, final antecipada, esse tipo de coisa (como fizeram com o São Paulo até ontem). Todo tipo de avaliação de torcedor de boteco vai ser feita ao longo dessa semana, não só nos botecos, pelos torcedores, mas também na mídia, por boa parte da imprensa. Vai se falar muita besteira até o dia do jogo entre Cruzeiro e Internacional, no Mineirão, no próximo sábado, pela 26ª rodada.

Os analistas de tabela argumentarão: "Mas Carlão, o Inter está apenas a seis pontos do líder! E se ganhar dele fora de casa, essa distância cai para três!" Verdade. Tem razão. Vejo que matemática é o seu forte. No entanto quero lhe dizer que no futebol nem sempre dois mais dois são quatro, e que é preciso entender o passado e enxergar além do hoje para tentar prever alguma coisa.

Claro. Futebol não é ciência exata. Qualquer um que tente cravar o futuro tem altíssima probabilidade de quebrar a cara. Justamente por isso não digo com todas as letras que o Cruzeiro já é ou será o campeão (apesar do título meio sensasionalista desse post; o correto, admito, seria "duvido que alguém tire o caneco da toca"). Entretanto, baseado na força do elenco do Cruzeiro, no entrosamento da equipe, que não nasceu da noite para o dia, na qualidade do treinador e na sua longevidade no cargo, acredito que essa projeção se torne mais fiel à realidade, ainda mais quando estamos falando de pontos corridos (mata-mata são outros quinhentos).

Sim. O Inter também tem um bom treinador, tem um ótimo elenco, e em tese está entrando nos trilhos. A distância na tabela de classificação, como nós sabemos, é de apenas seis pontos. Contudo, não sei se você concorda, a distância no campo e bola, dentro de campo, ainda é grande. Em outras palavras, enquanto o Colorado está engatando a quarta marcha, a Raposa vem em quinta há meses, administrando o gás. Ou seja, enquanto o time treinado por Abel Braga ameaça embalar, o treinado por Marcelo Oliveira já vem embalado. E o fim da linha, a rodada 38, é logo ali.

"Quer dizer que o Internacional não tem chances de ganhar do Cruzeiro no Mineirão, Carlão?!" Óbvio que tem, né. Não é isso. Por favor. O jogo é jogado, são onze contra onze, independente do lugar. Ainda assim, mesmo se isso acontecer, mesmo se o Inter vencer em Belo Horizonte e a diferença cair para três pontos, o grande favorito disparado ao título seguirá sendo o Cruzeiro, na minha opinião. Pois faltarão 12 rodadas para o término do campeonato, e pelos motivos citados por mim nesse post, o Inter (e nenhum outro time) não será capaz de somar mais pontos que o líder nessa reta final, penso eu. Nada, ao menos na minha visão, indica isso.

domingo, setembro 28, 2014

Aos 27 anos, 401 gols. E contando...

O melhor que já vi jogar.



Flu mostra sua cara em São Paulo

Cruzeiro, Internacional, São Paulo e Fluminense. Na minha visão são os únicos quatro clubes do Brasil que têm em seus elencos peças para propor um estilo de jogo que valorize a posse e o passe. São os únicos quatro que têm totais condições de atuar dentro e fora de casa da mesma maneira (em especial depois da melhoria feita em vários gramados da elite do país). Na prática, no entanto, em regra a única equipe que se comporta da mesma forma dentro e fora de casa é o Cruzeiro – não à toa, o time com o mesmo treinador há mais tempo. (Só um parêntese: cheguei a escrever sobre isso em relação ao Inter. Leia aqui.)

Mas a Raposa não reina absoluta nesse sentido. Justiça seja feita.



Na partida diante do São Paulo, no Morumbi, neste sábado, pela 25ª rodada, o Fluminense jogou à sua maneira, mesmo fora de casa. E construiu uma das grandes vitórias do campeonato até o momento: 3 a 1, com direito a golaços de Wagner e Conca (Fred abriu o placar, em belo arremate após passe de Conca - para mim o melhor em campo). Em meio a um certame tão criticado (justamente, diga-se), é importante reconhecer e ressaltar esse feito alcançado pelo Flu.

Porque no Brasil me parece que o complexo de vira-lata se aflora fora de casa. É comum pensarmos que empatar fora de casa é bom, que somar um ponto fora de casa está de bom tamanho. Que fora de casa precisamos ser "humildes", pois quem manda na casa é o mandante e isso não se discute. Porém não nos damos conta de que futebol é onze contra onze, e que se o time tiver uma proposta de jogo bem definida, se o time tiver material humano capacitado, estiver bem treinado e confiante, pode jogar "bem" em qualquer lugar, contra qualquer um. E de repente o pensamento do "empate fora de casa" torna-se ridículo, mesquinho e pequeno. Ou seja, o complexo de vira-lata.

Há quem diga que o Grêmio faz isso. Que o Grêmio de Felipão joga dentro e fora de casa do mesmo jeito. Pode até ser. Mas joga "mal". É um time que prioriza a marcação e a bola no Dudu. É um time que se fecha com "três volantes" e busca o contra ataque. Nada contra. A estratégia é legítima. Entretanto, quando me refiro à proposta de jogo e à manutenção dela na condição de mandante e visitante, me refiro a um estilo mais elaborado, de valorização da posse de bola e da troca de passes. Foi o que, por exemplo, o time treinado por Cristóvão Borges fez, com maestria, no confronto direto com o São Paulo. Na primeira etapa, 55% de posse de bola para o tricolor carioca em terras paulistanas. Já na etapa final, arquitetou seus gols e conduziu o jogo como gente grande, trocando passes no campo ofensivo, fiel às suas características, mesmo fora de casa. Resultado: uma baita vitória contra um adversário direto na briga por uma vaga na Libertadores. Vitória que significa, além dos três pontos na tabela, confiança para os próximos desafios.

sábado, setembro 27, 2014

Agora a coisa ficou séria

No fim das contas Messi e Neymar nunca tiveram uma sequência significativa na temporada passada. O argentino ficou uns dois meses parado uma época, mais tarde o brasileiro ficou um, salvo engano, noves fora algumas escolhas questionáveis de Tata Martino. Em outras palavras, entre idas e vindas, a sonhada dupla composta pelos dois não se tornou realidade na temporada passada, porque ela não teve uma sequência satisfatória.

O sonho tarda, mas não falha.



Junta desde a pré-temporada, a dupla apresenta números impressionantes em 2014/15: Messi já soma 8 assistências (7 no Espanhol), e Neymar possui 6 gols em 6 jogos (4 em assistências de Messi). Confesso, todavia, que ainda não consegui ver nenhum jogo do Barça de Luis Enrique. Portanto não vou procurar explicações táticas para esse desempenho. Não sei se o Barça de Luis Enrique tem mesmo jogado no 4-4-2 em losango, com o camisa 10 mais camisa 10 e menos falso 9, como previsto aqui nessa prancheta, nem se Neymar tem sido mais atacante do que ponteiro. O que dá para dizer com certeza, porém, é que nessa temporada eles estão tendo uma continuidade consistente que não tiveram em nenhum momento na passada (sem falar que é o segundo ano de Neymar no clube catalão).

Insisto, não vi nenhuma partida dessa equipe, logo não consigo analisá-la taticamente. No entanto esse número de gols marcados por Neymar em passes de Messi (4 em 6) inevitavelmente me leva a esse post publicado em maio de 2013, antes do craque brasileiro sequer ter estreado, intitulado “E o garçom da rodada é...” Nele abro o texto assim: "Passe de Messi, gol de Neymar. Pode se acostumar. Na próxima temporada você vai ler e ouvir essa frase com frequência." Confira aqui.

Pelo visto minha profecia, digamos assim, está se confirmando. Com uma temporada de atraso, mas está. E pelo visto aquele sonho de ver Messi e Neymar – os dois maiores ta-len-tos do futebol mundial atual – deitando e rolando no mesmo XI, vai se realizar. Com uma temporada de atraso, mas vai. Enfim. O fato é que se eles tiverem uma sequência significativa e satisfatória, naturalmente o entrosamento, os gols, as vitórias e os shows tendem a acontecer mais e mais.

PS: Veja os melhores momentos de Messi e Neymar sobre o Granada.

O dedo do treinador

Quem me segue no Twitter sabe o tamanho da admiração que tenho pelo trabalho de Rodgers. Admiração que se consolidou de vez na temporada passada, com aquele time que tinha Suárez voando, é verdade, mas que se destacava também por sua coletividade, sua troca de passes, sua posse de bola, seu poder de fogo, variando basicamente entre o 4-1-4-1 e o 4-4-2 em losango. Nesse início de temporada, no entanto, tudo mudou.



- Menos, Carlão. Tudo mudou é exagero. Não é para tanto.

- Tem razão.

Mas me parece evidente que Rodgers tem cometido mais mudanças do que necessário nesse início de 2014/15. A estrela da companhia saiu, é verdade. Porém me refiro mais especificamente à coletividade da equipe em si, e não à genialidade do atacante uruguaio, que obviamente faz falta. É verdade que muitos reforços chegaram também. Porém entendo que o treinador norte-irlandês deveria lançá-los com mais parcimônia, gradativamente (lembre-se: nada muda da noite para o dia).

Só uma coisa. Preciso ser justo. O melhor jogador do time, Daniel Sturridge, está fora de combate. Tem isso. Ainda assim, como disse, o que mais tem me incomodado nesse início de temporada em relação ao trabalho de Rodgers, minha maior crítica em relação ao seu trabalho nesse início de temporada, tem a ver com o coletivo, e não o individual. Dito isso de novo, me parece que duas escolhas dele têm atrapalhado o rendimento momentâneo dos Reds: a mudança de muitas peças e a mudança do esquema tático.

Sempre lembrando da ausência de Sturridge, o Liverpool ultimamente tem variado para o 4-2-3-1. Diante do Everton, neste sábado, no Anfield, pela 6ª rodada da Premier League, por exemplo (1 a 1), Markovic e Sterling atuaram pelas beiradas, Lallana por dentro, próximo a Balotelli, Gerrard e Henderson volantes, além de Manquillo, Skrtel, Lovren e Moreno na linha de quatro da defesa (seis atletas que chegaram na última janela de transferências no XI inicial). Em outras palavras, muitas alterações da noite para o dia (peças e estrutura). Ora! Se o capitão Gerrard, por exemplo, deitou e rolou coletiva e individualmente em 2013/14 jogando na cabeça de área (4-1-4-1 ou 4-4-2 em losango), por que raios tirá-lo dali? Por que colocá-lo para formar uma dupla com Henderson? Por que mexer justamente na espinha dorsal do time que deu tão certo?

Enfim. Rodgers deve ter lá seus motivos para fazer o que está fazendo. Deve ter suas razões para fazer as mudanças que está fazendo, da maneira que está fazendo, assim, a granel. Eu confesso que discordo dessas decisões adotadas por ele. Talvez por não compreendê-las completamente. Ou talvez por convicção mesmo.

sexta-feira, setembro 26, 2014

Acabou a pizza

Quando pessoas que eu não confio tomam decisões positivas para o mundo, eu desconfio. Sempre me pergunto o que pode haver por de trás delas, quem vai ganhar e quem vai perder com elas (ganhar e perder o quê?), quais as segundas ou terceiras intenções delas, ou melhor, qual a verdadeira intenção delas, essas coisas. Portanto qualquer medida dita positiva tomada por essa cúpula da FIFA, eu naturalmente recebo com o pé atrás, ressabiado. Feita essa pequena ressalva, confesso que recebo a notícia desta sexta-feira com bastante satisfação (leia aqui).

O mundo precisa mudar (já está mudando, na verdade). Nós, seres humanos, precisamos entrar logo na era do consumo racional (já estamos entrando). E o futebol, uma das melhores representações da nossa sociedade, se não a melhor, obviamente está inserido nesse contexto. Ao adotarem essa medida, de cortarem os intermediários das negociações de jogadores (justo a mão de obra), Blatter e sua turma em tese tornam o esporte mais popular do mundo mais sustentável, com gastos mais racionais, mais próximos do seu real valor, deixando o dinheiro onde ele deve estar, onde ele pode dar retorno ao seu meio, e não “perdido” pelo meio do caminho.

Claro que essa medida sozinha não vai mudar o mundo. Mas nada no mundo muda sozinho. Toda mudança ocorre por uma soma de fatores. Nada ocorre isoladamente. Enfim. O fato é que essa decisão da FIFA é apenas mais um fator nessa conta gigantesca que temos de fechar o quanto antes, não só em relação ao futebol, mas em relação ao planeta, do qual, lembre-se, o futebol faz parte. Afinal estamos todos, e tudo, no mesmo barco.

terça-feira, setembro 23, 2014

Uma cornetada na imprensa esportiva

Costumo dizer que o futebol é o segundo esporte mais popular do Brasil.

O primeiro é discutir a arbitragem.

Há quem diga que se discute arbitragem em demasia por aqui porque esse tipo de debate gera mais audiência (viva o poder econômico!). Pode até ser. Mas é simplório demais acreditar exclusivamente nisso. Na minha modesta visão, se fala de arbitragem em excesso por aqui porque basicamente faltam capacidade e conhecimento para se falar de futebol, para se comentar o campo e bola propriamente dito.

Pense comigo. O que é mais fácil? Analisar o jogo tática e tecnicamente ou ficar gastando minutos, até horas, falando de erros ou acertos de arbitragem? Obviamente é mais fácil falar de arbitragem. Mas como disse, não acho que fazem isso por maldade, puramente em nome da audiência. De uma maneira geral, acho que fazem isso por incompetência mesmo, pois debater o campo e bola exige um conhecimento que a maioria, ou boa parte, dos jornalistas não possui.

No entanto o buraco é mais embaixo. Vai além. A discussão envolvendo a arbitragem (essa praga verde e amarela) é apenas um grão de areia nesta vasta duna de ignorância (ignorância no sentido da falta de conhecimento). Repare. Assista aos programas, ouça-os, leia os blogs, colunas e afins, e você verá que se gasta mais tempo e linhas com o extracampo do que com o jogo jogado em si. Fala-se muito mais do dirigente, da torcida, da crise, da polêmica, da fofoca e o caramba do que do campo e bola. Fala-se, de uma maneira geral, muito mais dos problemas e soluções extracampo do que do que acontece de fato dentro das quatro linhas. Por quê? Por maldade? Pelo sensacionalismo? Pela audiência? Pode ser. Mas não tenho dúvida de que, também, por incapacidade – salvo poucas e boas exceções (sim, elas existem).

Quem me segue nas redes sociais sabe que eu costumo dizer que o futebol é o segundo esporte mais popular do país, atrás das discussões de arbitragem – essa paixão nacional, ao lado da bunda. E sabe também que costumo dizer que, se o futebol brasileiro está nivelado por baixo, a imprensa esportiva brasileira – salvo exceções – está no mesmo caminho, nivelada por baixo. Basta analisar as análises com senso crítico para perceber isso.

domingo, setembro 14, 2014

Primeira impressão do United de LVG

Louis van Gaal fez o que deveria ser feito. Abriu mão do 3-5-2 para jogar com linha de quatro na defesa (no caso, no 4-4-2 em losango). Na convincente vitória por 4 a 0 sobre o QPR, neste domingo, no Old Trafford, pela 4ª rodada da Premier League, Blind atuou na cabeça de área, Herrera mais à direita, Di María mais à esquerda e Mata mais avançado, além de Van Persie e Rooney no ataque, Rafael e Rojo ofensivos nas laterais, e Evans e Blackett na zaga.

Destacaram-se individualmente, a meu ver, Blind, Di María e Mata.



O camisa 17 assumiu com autoridade essa posição tão carente no elenco do Manchester United há tanto tempo. Seu senso tático e seu passe deram uma qualidade à saída de bola que Carrick e Fletcher jamais foram capazes de dar. O holandês sabe a hora de tirar o time de trás, a hora de recuar, como distribuir o jogo, e por aí vai. Com o passar das partidas, deve se tornar uma referência nessa meia cancha.

Já Di María fez o que dele se espera: desequilibrou. Completo do jeito que é, o argentino fez de tudo, em regra pelo corredor esquerdo. O gol de Herrera, por exemplo, nasceu após uma de suas típicas arrancadas: condução de bola em alta velocidade, mais drible, mais passe. (Herrera também foi muito bem, por sinal, bastante presente no apoio.)

Em relação a Mata, inevitável a comparação com Silva. Não só por ambos serem espanhóis, canhotos e jogarem em Manchester. Mas em especial pela movimentação deles. Se no City Silva é onipresente, aparece em todos os cantos do campo para receber a bola, para dar opções aos companheiros e para fazer o time jogar, o mesmo acontece com Mata no United. Ou melhor, aconteceu nesse jogo contra o QPR, e imagino que deve acontecer ao longo da temporada.

Aliás, se Mata for mesmo toda essa peça-chave que eu estou imaginando ser nesse time do Van Gaal, parece-me que Rooney, Van Persie e Falcao brigam por duas vagas no XI inicial. Se eu não estiver errado, na verdade, no fim das contas a disputa deve ser resumida entre Van Persie e Falcao, uma vez que Ronney é titular absoluto. Não? Acredito que sim. Enfim. Seja como for, foi animadora a exibição deste domingo. Valorização da posse de bola, troca de passes, muita movimentação e poder de conclusão. A tendência agora, penso eu, é Van Gaal repetir o time, para que ele se entrose e a cada dia mais assimile sua filosofia de jogo.

PS: No segundo tempo Falcao entrou na vaga de Mata. Dessa forma Rooney recuou para a posição do espanhol (enganche), enquanto o colombiano formou a dupla de ataque com Van Persie.

quinta-feira, setembro 11, 2014

Por que o São Paulo não deve chegar

Kaká não é o melhor jogador do time. Nem o segundo melhor. Tampouco o terceiro. Mas não se pode negar que existe um São Paulo antes e um depois dele. Após sua chegada, Muricy finalmente encontrou o chamado XI ideal e definiu o esquema tático da equipe: um 4-4-2 em linha com Ganso e Kaká fechando os lados do campo sem a bola (isso mesmo), marcando lateral, com Alexandre Pato e Alan Kardec no ataque. A grande contribuição do ex-Bola de Ouro, todavia, se faz mais presente no quesito emocional do que tático e técnico. Graças ao seu comprometimento inspirador e contagiante, nenhum colega sai do gramado com o uniforme limpo, digamos assim. Enfim, parece que o São Paulo definitivamente entrou nos trilhos. A questão é: a tempo?



Claro. Futebol não é ciência exata. No futebol nem sempre um mais um são dois. Mas quando digo que o Cruzeiro não tem um concorrente à altura, digo porque não vejo tempo suficiente para isso mudar. Mas falta o segundo turno inteiro, Carlão! Eu sei. Porém me refiro a outra escala de tempo, da qual os adversários "diretos" (repare nas aspas) da Raposa não serão capazes de tirar. Quero dizer, não deverão ser capazes de tirar. Não sou louco ao ponto de cravar isso. Mas quase isso. Pelo seguinte: enquanto o time treinado por Marcelo Oliveira vem embalado desde o começo da temporada, o São Paulo, hoje a maior "ameaça" à Raposa (repare nas aspas), está recém entrando nos trilhos. Em outras palavras, esse processo pelo qual atravessa o São Paulo, o Cruzeiro já atravessou no ano passado. Logo, no momento está muitas milhas à frente.

Por essas e outras a questão é: o São Paulo vai chegar a embalar a tempo? Pois por mais que chegue a embalar, ou por mais que já esteja embalado, a verdade é que o trem azul mais parece um trem bala. Por mais que o São Paulo tenha se encontrado desde a chegada de Kaká, por mais que Ganso e Pato estejam voando (para os padrões brasileiros, estão mesmo), por mais que Souza e Denilson tenham balanceado a dupla de volantes e etc, não o vejo chegando no Cruzeiro. Não nesse Brasileirão. Principalmente porque não vejo o Cruzeiro perdendo velocidade nessa corrida. Em suma, enquanto o São Paulo está passando da terceira para a quarta marcha, o Cruzeiro está engatado na quinta há meses. E essa diferença não deve ser tirada nesses pontos corridos. Não por falta de competência do São Paulo ou de qualquer outro suposto postulante ao título, mas sim pelos indiscutíveis méritos do Cruzeiro, construídos desde 2013.

sábado, setembro 06, 2014

A boa nova tem nome e sobrenome

Éverton Ribeiro já está garantido na próxima convocação. Uns 110%, eu diria. Porque se o critério de Dunga, talvez o número um, for a força de vontade e a intensidade, pode-se dizer que o jogador do Cruzeiro se destacou nos poucos minutos em que atuou diante da Colômbia, na noite desta sexta-feira, em Miami (1 a 0 para o Brasil, gol de Neymar, de falta).

Quando digo que Éverton Ribeiro está garantido na próxima convocação, todavia, não me baseio apenas na força de vontade. Baseio-me também na sua qualidade técnica, evidentemente (embora o que pese para Dunga, me parece, seja a raça; lembre-se, no Brasil futebol é raça + individualidade). E baseio-me também na sua versatilidade.



Versatilidade, diga-se, que joga a seu favor. Pois Éverton rende bem nas três posições da linha de três do 4-2-3-1 (esquema utilizado por Marcelo Oliveira no Cruzeiro e por Dunga na Seleção). Canhoto, ele pode jogar aberto pela direita, pelo corredor central, pela esquerda, e até mesmo como segundo volante. Essa polivalência, típica dos craques, deve ajudá-lo bastante na corrida até 2018.

A questão é: Éverton Ribeiro ou Willian? Ou melhor, será. Porque cedo ou tarde, acredito que esse debate irá ocorrer. Pois, apesar de ser polivalente e "jogar em todas", a posição natural de Éverton, no 4-2-3-1 da Seleção, é a ponta direita, hoje ocupada por Willian (ou Hulk, que foi cortado do amistoso). Em tese Éverton também briga pela camisa 10, pela meia central, mas essa praia é de Oscar. E penso que Coutinho seja sua sombra. Enfim. No fim das contas, sem sombra de dúvida, Éverton Ribeiro surge como uma sombra não só para Willian/Hulk, mas também para Oscar/Coutinho. Em relação à ponta esquerda, essa é de Neymar, né.

Os três grandes favoritos

De acordo com a enquete aqui do blog, Bayern, Chelsea e Real Madrid são os principais candidatos ao título da Champions League 2014/15.

Dos 50 votos computados, os times de Guardiola, Mourinho e Ancelotti receberam 11 cada (22%).



Depois deles, o mais votado foi o Barcelona (12%). Em seguida a opção Outro (10%), Paris Saint-Germain (8%), e por fim o Manchester City (4%).

Apesar do voto ser secreto, faço questão de abrir o meu: votei no Bayern.

domingo, agosto 31, 2014

Possível Dortmund com Kagawa

Não sei o que Klopp tem em mente. Só para você ter uma ideia, na verdade até hoje não compreendi direito esse 4-4-2 em losango (veja aqui) adotado por ele na primeira rodada da Bundesliga 2014/15. Portanto realmente não tenho tanta noção do que se passa na cabeça do treinador alemão. E essa tentativa de previsão abaixo, de um time com Kagawa, não passa de mera especulação da minha parte. Afinal, quem não curte dar uma especuladinha?

Dito isso, partindo do princípio de que o japonês volta para ser titular, acredito que Aubameyang ou Mkhitaryan perca a vaga no XI. Para ser mais específico, imagino que no 4-4-2 em losango, Aubameyang pague o pato. No 4-4-2 em losango, imagino que Kagawa jogue como enganche, atrás da dupla ofensiva composta por Immobile e Reus, enquanto Kehl, Jojic (Gündogan quando estiver apto) e Mkhitaryan formam a trinca de "volantes".

Já no 4-2-3-1, creio que Mkhitaryan pague o pato. Pois nesse sistema, em função de suas características, Aubameyang é o nome ideal para atuar numa das beiradas. É atacante de velocidade, de condução. Ou seja, Aubameyang na ponta direita, Reus na esquerda, Kagawa na faixa central, e Mkhitaryan no banco. De resto, Immobile centroavante, Kehl primeiro volante e Jojic segundo volante (Gündogan quando estiver apto). Particularmente prefiro essa opção, e acho que Klopp também. Vamos ver.



Quando digo que prefiro esse 4-2-3-1, digo porque, a meu ver, é bem mais equilibrado que o 4-4-2 em losango (nesse caso do BVB, com esse material humano, etc). Kagawa também rende aberto, mas é pelo corredor central que seu futebol agrega mais ao coletivo. Por ali ele arma de trás, entra na área, encosta no camisa 9 e conclui. Além de cair pelos lados para jogar com os pontas. Não que Kagawa seja o melhor 10 do mundo. Não é isso. Porém talvez seja melhor que, por exemplo... Mkhitaryan. Quanto a Aubameyang e Reus, são os típicos atacantes de beirada. Reus ainda rende bem em outras posições, é verdade. É craque. Contudo, na minha opinião, é partindo dos flancos que ambos exploram melhor seus potenciais.

Quanto ao segundo volante (Kehl deve ser o primeiro mesmo, ou Bender), confesso que não sei quando Gündogan volta, se está para voltar ou se já voltou. Mas quando voltar (se já voltou, me desculpe, falha minha), sem dúvida é titularíssimo. É o chamado meio-campista moderno, como alguns gostam de dizer. Com ele por ali, o meia central (no caso Kagawa) não fica sobrecarregado na armação. Gündogan executa essa função de arquitetar as jogadas com maestria. Noves fora que sabe acelerar com qualidade quando o jogo pede isso. Em outras palavras, é completo. Resta saber como vai voltar depois de tanto tempo afastado dos gramados.

Seja como for, excelente a contratação de Kagawa nas últimas horas dessa janela de transferências. Primeiro pela qualidade técnica do jogador em si. Segundo por se tratar de uma posição onde não existe uma unanimidade (cornetei Mkhitaryan, não resisti). E terceiro por ele ser da casa, por já ter trabalhado com o treinador. Enfim. Vamos ver o que Klopp tem em mente. Vamos ver como ele pretende utilizar Kagawa, e qual vai ser a formação padrão da equipe nessa temporada (esquema tático e peças). A conferir.

PS: Número de Kagawa ainda não foi confirmado, 12 é um chute, está livre.

sexta-feira, agosto 29, 2014

Possível Bayern com Alonso

Não vou dizer impossível, mas é sempre complicado tentar prever o XI de Guardiola. Logo quando sai a escalação do Bayern, seja para qual jogo for, nunca podemos cravar qual esquema tático será utilizado, tampouco quais peças se encaixarão em quais posições, pois ele varia com frequência o posicionamento das peças e o esquema. Portanto é difícil, mais ainda, tentar adivinhar qual será sua formação ideal – se é que ela existe – com Xabi Alonso. Contudo, quem não arrisca não petisca.

Por isso publico essa possibilidade na prancheta abaixo, talvez a mais óbvia de todas, num 4-3-3 eu diria ortodoxo para os padrões atuais de Pep. Embora tenha adotado o 3-4-3 em algumas partidas nessa pré-temporada, acredito que o treinador catalão irá jogar com dois zagueiros e dois laterais mesmo, uma vez que a variação para o 3-4-3 pode ocorrer com o recuo de Alonso (o mesmo raciocínio se aplica a Javi Martínez). Xabi, aliás, chega para ser titular absoluto, na minha visão. Chega para assumir a cabeça de área. Para se tornar o primeiro homem do meio campo. O que deve significar a volta de Lahm à lateral direita (e de Alaba à esquerda, pois nesse início de 2014/15 eles – Lahm e Alaba – chegaram a formar a dupla de volantes da equipe).



Nesse 4-3-3, que na marcação por zona lá atrás se transforma no 4-1-4-1, com o alinhamento dos pontas aos meias, para o melhor preenchimento dos espaços, não vejo uma meiuca melhor do que essa composta por Alonso, Schweinsteiger e Thiago. Nesse 4-3-3, não vejo nenhuma outra combinação mais pertinente do que essa. Nenhum trio é tão complementar, pelo menos em tese. Alonso responsável pela saída de bola, pelo primeiro passe, pelos lançamentos longos, pela distribuição de trás (função essencial no futebol, que ainda não compreendemos aqui no Brasil), enquanto os camisas 6 e 31 fazem o vai e vem, voltam para buscar o jogo e se apresentam na frente (sem falar no controle da posse através da troca de passes que essa meiuca pode proporcionar). Resumindo, se confirmados estes três nomes como os ditos preferidos, a faixa central desse time tem tudo para ser uma das melhores da Europa.

Já no ataque, penso que não há discussão. Lewandowski é o cara da referência, apesar de se movimentar bastante, com qualidade, para dar opções aos companheiros. Já as pontas direita e esquerda são ocupadas pelo canhoto Robben e pelo destro Ribéry. Acredito que em relação a essa trinca, ninguém duvida que seja a melhor alternativa. A questão é: e Müller? Bom. Imagino que seja o 12º jogador nessa temporada. Ou quem sabe ganhe a vaga de Thiago, mudando o esquema para o 4-2-3-1 com Robben, Müller e Ribéry na linha de três, além dos volantes Alonso e Schweinsteiger. Sem dúvida é uma hipótese interessante. Entretanto me parece que o Bayern de Pep é Thiago mais dez. Não sei. Vamos ver.

Outro ponto a ser debatido é a zaga. Na verdade, ponto de interrogação. Pois, com a chegada de Benatia, Dante ou Boateng perde a vaga no XI? Ou nenhum deles? Benatia inicialmente chega para ser reserva? Ou assume a titularidade logo de cara? Confesso que quanto a essa discussão, eu não tenho opinião formada. Lembre-se, porém: o foco desse post é do meio pra frente, já que ele trata mais especificamente dos desdobramentos causados pela contratação de Alonso. Enfim. Seja com Benatia e Dante, Benatia e Boateng, ou Boateng e Dante, seja no 4-3-3 ou no 3-4-3, o fato é que, mesmo com a saída de Kroos e a lesão de Martínez, o Bayern, para variar, vem fortíssimo para essa temporada. E vem, aparentemente, com algumas mudanças na cabeça de Guardiola, como indica essa análise aqui.