Foi o primeiro jogo do Monaco que vi nessa temporada. Do Zenit também. Confesso. E embora ele tenha acontecido em São Petersburgo, chamou-me a atenção, de longe, o desempenho do time treinado pelo português Leonardo Jardim (40 anos). O time treinado por ele manteve a proposta (imagino que seja a proposta padrão) de posse e passe mesmo fora de casa, algo digno de nota e elogios.
Nos primeiros 15 minutos os visitantes dominaram a partida. Chegaram a ter 57% de posse de bola, e salvo engano chegaram a criar chance de gol. Aos poucos os donos da casa equilibraram o confronto, é verdade (50% de posse ao fim do primeiro tempo). Mas ainda assim, na minha visão, a superioridade do Monaco na primeira etapa foi nítida. Apesar do placar não ter saído do zero, ficou evidente a proposta, por parte da equipe de Jardim, pela troca de passes curtos, pelo passe com boa margem de segurança, para valorizar a posse da bola.
Engana-se quem pensa que não houve/há ambição nessa troca de passes. Pois uma coisa é querer adotar um estilo de jogo assim ou assado, e outra é conseguir transformar a teoria na prática, a ideia em realidade. Justamente por isso tirei o chapéu para a exibição do Monaco, nesta quarta-feira, pela segunda rodada da fase de grupos da Champions League. Porque, mesmo fora de casa, impôs sua filosofia de jogo de posse e passe (mais no primeiro tempo; no segundo o panorama mudou um pouco). Não aquela posse inócua sem sal que não leva a lugar algum, e sim uma posse evolutiva via troca de passes progressivos sempre que possível.
Sem a bola o trabalho é mais simples, mas não menos nobre. E o Monaco de Jardim também se mostrou eficiente nesse aspecto, ao se fechar num 4-4-2 em linha bem agrupado e marcar por zona lá atrás. Ou seja, ao contrário do que fazia o Barcelona de Pep Guardiola (a grande referência no tema), que valorizava a posse através do passe curto, e marcava por pressão lá em cima quando perdia a bola, esse Monaco, que também valoriza a posse através do passe curto, quando perde a bola, recompõe-se no seu campo defensivo, uma postura que consequentemente gera espaços para eventuais contra ataques. No segundo tempo, por uma série de fatores, a opção pelo contra ataque ficou mais latente, inclusive.
Em outras palavras, uma coisa não exclui a outra. Mesmo se sua proposta for pela posse e pelo passe, por exemplo, você também tem que estar preparado para executar a retomada e a transição rápida. Seu time tem que ser flexível o suficiente para atacar com todas as armas que o futebol oferece. Entre essas duas correntes, no entanto (posse e passe ou retomada e transição rápida), sempre lembrando que uma coisa não exclui a outra, admito que me agrada mais a primeira, por uma série de motivos. Muito mais. Mas enfim. Em relação ao resultado da partida, o empate se manteve até o fim: Zenit 0-0 Monaco. Para mim, porém, vide esse post, o que valeu mesmo foi o desempenho (do Monaco, em especial na primeira etapa), e não o resultado em si, esse mero detalhe (sem desmerecer o suado ponto conquistado pela equipe francesa na Rússia, claro).
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