Vanderlei Luxemburgo pode conquistar a Champions League, pode pegar a Scarlett Johansson, pode descobrir a cura do Ebola, e ainda assim terá gente o criticando. Fazer o que, né? Se há quem prefira julgar coisas e pessoas a partir do rótulo, só lamento. Não é o meu caso. Ou ao menos eu me esforço ao máximo para não cair nessa tentação às vezes inevitável. Para não cair nesse misto de preguiça intelectual e intolerância ao pensamento e ao sucesso alheio.
Dito isso, convenhamos: é digna de nota e elogios a campanha do Flamengo sob o comando de Luxemburgo na temporada 2014. Ou em parte dela. Para ser mais preciso, em metade dela, já que ele chegou ao clube da Gávea no fim de julho (contrato até dezembro 2015). Basta analisar o aproveitamento do time desde sua chegada para reconhecer isso, não precisa ser gênio (os analistas de resultados piram!). Contudo como analisar a tabela é para os fracos, então, basta ver o aproveitamento dentro das quatro linhas, onde os fracos não têm vez, para perceber isso.
Na partida desta quarta-feira, diante do Internacional, no Maracanã, pela 30ª rodada, por exemplo, foi nítido o chamado dedo do treinador. Bom. Talvez não tenha sido tão nítido assim, pois confesso que só me dei conta de verdade quando Tim Vickery, na manhã desta quinta, no Redação SporTV, destacou a mudança feita por Luxemburgo, ao tirar Márcio Araújo da direita e colocá-lo no meio, para marcar Aránguiz. De fato, o time começou com Márcio Araújo à direita, Éverton à esquerda, Cáceres e Canteros volantes, e Gabriel pela faixa central, atrás de Eduardo, numa espécie de 4-4-1-1 (wingers alinhados aos volantes sem a bola). Mas logo apareceu o famoso dedo do treinador (não, não sou fã dessa expressão).
Por volta dos 15 do primeiro tempo, veio a mudança. Testemunha ocular e vítima do controle colorado nos minutos iniciais do confronto em pleno Rio de Janeiro, Luxemburgo preencheu o miolo da meia cancha ao passar Márcio Araújo para o corredor central e puxar Gabriel para a ponta direita. Dessa forma, a meiuca que tinha Cáceres, Canteros e Gabriel batalhando no setor com Willians, Aránguiz e Alex, agora tinha Cáceres, Canteros e Márcio Araújo. Mais poder de marcação. E pelas beiradas, agora o Flamengo tinha Gabriel e Éverton, além de Eduardo no ataque, numa espécie de 4-1-4-1. De fato, a equipe melhorou.
É óbvio que a vitória rubro-negra por 2 a 0 (dois gols de Gabriel) não foi fruto exclusivamente dessa mudança tática por parte do treinador. Claro. A vitória rubro-negra foi uma soma de fatores. Como tudo na vida. Tudo na vida é uma soma de fatores. Assim como a boa campanha do Flamengo nesse segundo semestre de 2014. É o resultado de uma soma de fatores. Sem se esquecer das limitações técnicas do elenco e das possibilidades que o campeonato oferece, portanto, é digno de reconhecimento o trabalho feito pela comissão técnica e pelos atletas. Aparentemente estão todos focados e fazendo o seu melhor. Porque no fim das contas o que conta é isso. Ninguém tem obrigação de ganhar nada. Ninguém tem obrigação de se classificar para nada. A obrigação, essa sim, é de fazer o seu melhor. E isso, me parece, o Fla de Luxa está fazendo.
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