sábado, maio 27, 2017

Os reforços que o Chelsea precisa

O XI do campeão da Premier League 2016/17 todos nós sabemos de cor e salteado: Courtois; Azpilicueta, David Luiz e Cahill; Moses, Kanté, Matic e Alonso; Pedro, Diego Costa e Hazard. (Willian até foi o titular na primeira metade da temporada, mas depois Pedro conquistou a vaga na bola. É verdade que houve o episódio do falecimento da mãe do jogador brasileiro entre uma coisa e outra, e isso o abalou bastante, porém, no fim das contas, o ponta espanhol ganhou a posição.) Isso tudo, claro, distribuído no 3-4-3.

Desde a mudança para o 3-4-3, por sinal, logo após aquela derrota por 3 a 0 para o Arsenal, no Emirates, na 6ª rodada, o Chelsea fez 32 jogos na Premier League, e os números impressionam: 27 vitórias, 2 empates, 3 derrotas, 75 gols marcados, 24 gols sofridos, 18 clean sheets. Impressionam também a importância e a influência do trabalho de Conte nesta temporada. Seu 3-4-3, em ideia e execução, merece um capítulo à parte no livro da história da tática no futebol. Recomendo, aliás, a análise feita por Eduardo Cecconi em seu blog sobre o 3-4-3 do Conte (veja aqui).

Devido ao sucesso na temporada, é evidente que na próxima essa estrutura será mantida. Portanto, na hora de reforçar o elenco, a movimentação nesta janela de transferências deve ser baseada no 3-4-3 e no seu funcionamento. Hoje, este é o elenco do Chelsea (Fàbregas também pode jogar na linha dos volantes e Pedro também faz a reserva de Hazard):



Em relação ao XI inicial, creio que a prioridade é trazer alguém para jogar ao lado de Kanté. A temporada de Matic foi muito boa, sem dúvida, contudo, para dar um passo à frente e fazer bonito na Champions League 2017/18, é preciso outra peça para formar dupla com Kanté (Fàbregas não é esse cara). A opção ideal seria Verratti (Verratti seria a opção ideal para vários times, na verdade). A notícia, entretanto, é que ele seguirá no PSG. Outras alternativas que passam pela minha mente são Nainggolan, Vidal, Keïta (Leipzig)... Só não entra na minha cabeça, apesar das especulações, a possibilidade desse cara ser Bakayoko. Não é de hoje que se fala em Bakayoko no Chelsea, mas, na minha visão, não faz sentido, uma vez que, para o Chelsea dar o salto de qualidade necessário para fazer bonito na UCL, Kanté precisa de um volante mais criativo ao seu lado.

A segunda peça na lista de prioridades em relação ao XI inicial, acredito eu, seria para ocupar o lugar de Pedro/Willian. Embora Pedro tenha recuperado seu futebol, e apesar de suas características preencherem os quesitos para triunfar no modelo de Conte, para subir de patamar a equipe precisa de um ponta-direita melhor. Traoré pode ser esse jogador? Talvez. Emprestado ao Ajax, o burquino de 21 anos pode agregar mais agressividade à posição. Canhoto, ele pode adicionar mais dribles e gols ao jogo do Chelsea que Pedro e Willian. Sem falar que ele também seria opção para jogar como centroavante.

Para encerrar as possíveis chegadas para o XI titular, se Diego Costa sair, tenho minhas dúvidas sobre se Batshuayi assume a camisa 9. Se sim, é um problema a menos (Batshuayi titular e Traoré reserva). Se não, alguém deve chegar. Quem? Fala-se em Lukaku. Mas Belotti e Aubameyang me parecem encaixar melhor no estilo de Conte. Não sei. Vamos ver. Isso, claro, se Diego Costa sair (para a China).

De qualquer forma, para subir um degrau na próxima temporada, o Chelsea precisa dessas duas ou três peças para o time titular, e de algumas outras para compor o plantel. Com a saída de Terry, por exemplo, outro zagueiro deve pintar (provavelmente o dinamarquês Christensen, 21 anos, emprestado ao Mönchengladbach). Baba Rahman, 22, também pode voltar do empréstimo ao Schalke para ser o reserva de Alonso. Enfim. Seja como for, o fato é que o campeão inglês precisa de uns poucos porém bons reforços para fazer frente aos gigantes da Europa (e para defender o título da Premier League).

quinta-feira, maio 25, 2017

Beleza é fundamental?

Existem basicamente dois estilos de jogo. Um valoriza a posse de bola e a troca de passes e o outro prioriza a negação dos espaços e as transições rápidas. Não há um certo nem um errado, pois ambos têm o mesmo objetivo: vencer. Ganha-se das duas maneiras e perde-se das duas maneiras. O ideal, na verdade, seria dominar os dois modelos, ter um time capaz de executar (bem) as duas ideias. Mas isso é para poucos. São raros os treinadores e principalmente elencos capazes de fazer isso. Raríssimos. O fato, todavia, é: não há certo nem errado.

No mata-mata ou nos pontos corridos, você pode ser campeão das duas formas: jogando um futebol à la Guardiola ou praticando um futebol à la Mourinho. Um futebol de pressão, posse e passe ou um futebol de defesa baixa e contra ataque. Os dois caminhos podem levar ao troféu. Os dois são eficientes. Talvez um um pouco mais aqui, o outro um pouco mais ali, mas no fim das contas, ambos são eficientes (claro, desde que bem executados). A questão é: qual é o mais agradável? Porque, além de ser uma competição, o futebol é, mais do que nunca, entretenimento. Na era da globalização, com jogos transmitidos ao vivo em alta qualidade para os quatro cantos do mundo (em especial os grandes torneios da Europa), mais do que nunca, futebol é entretenimento. Logo, sob o ponto de vista do espectador/torcedor, qual é o mais prazeroso de se assistir? O "estilo Mourinho" ou o "estilo Guardiola"? E mais: sob o ponto de vista do atleta, qual é o mais prazeroso de se jogar?

O conceito de beleza é bastante relativo. O que é bonito para mim pode não ser para você e vice-versa. Eu sei. Dito isso, particularmente prefiro o estilo de pressão, posse e passe, pois o time fica mais tempo com a bola no pé e é com a bola no pé que as coisas acontecem. Evidente que se o time fica com a bola mas não consegue avançar terreno, não consegue criar chances de gol, o jogo se torna feio (e ineficiente). Mas nesse caso a ideia é mal executada, e a comparação deve ser feita entre modelos bem executados. E quando as duas ideias são bem executadas, particularmente me agrada mais o "estilo Sarri" do que o "estilo Ranieri". E como grande produto de entretenimento global que é o futebol, acredito que o "estilo Sampaoli" coloque mais pessoas em frente à TV do que o "estilo Simeone". Ou me equivoco ao pensar assim? Pois, sob o ponto de vista do espectador/torcedor, custo a crer que há mais pessoas que prefiram ver, no longo prazo, uma equipe que fica mais tempo sem a bola do que com ela. E, principalmente, sob o ponto de vista do atleta, custo a crer que há quem prefira jogar mais tempo sem a bola do que com ela.

Enfim. Não há certo nem errado. E cada caso é um caso. Só acho que um clube do tamanho do Manchester United, por exemplo, uma multinacional gigantesca com consumidores por todo o planeta, deveria ter um time capaz de envolver o adversário com a bola, e não um time que conquista uma Liga Europa com 33% de posse na final, tendo como principal arma a saída longa para o "camisa 10" Fellaini ganhar em cima, diante de uma equipe que possui uma média de idade de 22 anos. Ainda mais quando se tem um elenco tão caro quanto o dos Red Devils. Enfim. O estilo de jogo de Mourinho e suas estratégias - que fique claro - são mais do que legítimos. Isso é óbvio. Só acho pouco para o Manchester United. E isso não é tão óbvio.

sexta-feira, maio 05, 2017

Dois nomes para o Barcelona

Luis Enrique matou o lado direito do Barcelona nesta temporada, e a razão vai além da saída de Daniel Alves. Mesmo sem o lateral-direito brasileiro, o treinador espanhol deveria ter criado mecanismos que gerassem amplitude e profundidade pela direita, mas ele não foi capaz disso (esses mapas de passes aqui ajudam a revelar o problema).

Dito isso, de fato o Barcelona precisa contratar um lateral-direito. Apesar de ter feito boas partidas, Sergi Roberto não é o cara para ocupar essa posição. Não é a dele. E Aleix Vidal, quando começou a engrenar e ganhar a confiança de Luis Enrique, se machucou, praticamente perdeu a temporada e virou uma incógnita para a seguinte. Ou seja, é preciso contratar. E a alternativa mais indicada é Bellerín (22 anos), jogador nascido em Barcelona e produto da cantera azulgrana. Sua situação no Arsenal não é das melhores e, embora seu preço seja salgado, o clube catalão deve tentá-lo na janela de verão.

O outro nome é Verratti (24 anos). É fácil indicá-lo, aliás, pois se trata de um craque que seria titular em todos os times do planeta, de olhos fechados. Não precisa ser nenhum gênio para perceber que o italiano é a contratação ideal para o Barcelona (e para tantas outras equipes). Além de agregar um poder de marcação que nenhum meio-campista do elenco do Barça possui, Verratti pode jogar nas três posições da meiuca. Naturalmente joga como interior, jogou a vida toda assim no PSG, mas também pode fazer o pivote quando Busquets estiver lesionado, suspenso ou poupado. Uma das carências que ficou escancarada nesta temporada, inclusive, é a reserva de Busquets.

Poder de marcação e versatilidade tática à parte, Verratti agregaria, claro, qualidade à fase ofensiva do jogo, com sua movimentação, intensidade, dinamismo, controle, criatividade, visão e passe. Com ele no gramado o time teria a pausa necessária mesmo quando Iniesta é desfalque (quando Iniesta foi desfalque nesta temporada, por sinal, o meio campo culé desapareceu). Imaginando o retorno do 4-3-3 para a próxima temporada, o meio teria, no caso, Busquets de pivote e Verratti e Iniesta de interiores. Rakitic? No banco. Ou em outro clube. Na verdade, seria uma boa vendê-lo para fazer caixa, assim como Arda.

Enfim. Está meio evidente que Bellerín e Verratti são os dois nomes para o Barcelona na janela do meio do ano. No entanto não vai ser fácil tirá-los do Arsenal e do PSG. Porém, não impossível, uma vez que a vontade do jogador (quase) sempre prevalece, e ao que parece ambos estariam a fim de jogar no Barça de Messi, Suárez e Neymar.