segunda-feira, abril 25, 2016

O jogador mais completo da PL 2015/16

Jogador completo não é o que chuta com as duas pernas e faz gol de cabeça. Jogador completo é o que sabe passar, sabe driblar e finalizar. Pois quando você tem a bola, no fim das contas, são essas as três opções que lhe restam. E os jogadores que dominam esses três recursos com eficiência semelhante, em alto nível, são os mais completos, uma vez que são os jogadores com maior influência no jogo. O cara que faz gol com as duas pernas e de cabeça obviamente tem seus méritos. Mas isso não faz dele um jogador "completo", já que estamos falando apenas de "finalização" e deixando de lado o "passe" e o "drible". O conceito de "completo", tecnicamente falando, na minha opinião, é a conjunção desses três fatores.

Claro. Diferentes posições e funções exigem diferentes recursos. Um zagueiro ou um volante, por exemplo, não necessariamente precisa ser bom no drible e/ou na finalização para ser considerado bom. O próprio centroavante, um jogador de ataque, não necessariamente precisa ter drible e/ou passe de alto nível para ser um centroavante de alto nível (há controvérsias). E assim vai. A lista é longa. Por essas e outras, quando analisamos e juntamos os jogadores que reúnem o passe, o drible e o arremate, notamos que, em regra, esses caras são os pontas do time, os wingers. São geralmente os pontas de pé invertido (destro na esquerda ou canhoto na direita), que entram na diagonal driblando, criando ângulo para o passe ou a finalização com a parte interna do pé. Mas lembre-se: regras têm exceções.

Nesse caso, Paul Pogba é uma delas. O meio-campista da Juventus reúne o drible, o passe e o arremate em alto nível, mesmo atuando numa faixa mais povoada do gramado. Outra exceção é Suárez. O centroavante do Barcelona também domina o drible, o passe e o arremate como poucos, apesar de ser o "último homem". E certamente há mais exceções. Em regra, no entanto, esses três recursos vitais são encontrados reunidos, quando são encontrados, nos pontas. Messi é o melhor exemplar de todos, fácil. Mas podemos citar também Robben, Neymar, Di María, talvez Hazard, Cristiano Ronaldo, Douglas Costa, entre outros. Além de Mahrez. Mahrez? Exato. Riyad Mahrez, eleito no fim de semana o melhor jogador da temporada inglesa.

Aos 25 anos de idade, Mahrez é hoje um dos poucos atletas capazes de driblar, passar e finalizar, em alto nível, com eficiência semelhante. E seus números na Premier League 2015/16 ajudam a comprovar isso: são 17 gols e 11 assistências em 34 jogos pelo Leicester. E no quesito drible, possui a segunda melhor média por jogo (3.3), abaixo apenas de Zaha (3.7) e acima de todos os demais, como Barkley (3.1), Alexis (3.1), Dembélé (2.9), Bolasie (2.8), Martial (2.7), Hazard (2.6), Willian (2.5), Payet (2.4) e etc (dados do whoscored.com). Seu número de passes-chave (não de assistências) pode não ser tão grande porque o estilo de Ranieri não favorece isso como o de Wenger, Pellegrini ou Pochettino. Ainda assim, a temporada do ponta-direita canhoto do Leicester serve para confirmá-lo, sem sombra de dúvidas, como um jogador, acima de tudo, completo.

quinta-feira, abril 14, 2016

Barça pagou o pato pelo rodízio zero

Este dado estatístico é bastante significativo: pela primeira vez na carreira Messi fica cinco jogos seguidos sem marcar gol ou dar assistência pelo Barcelona (450 minutos). O gênio argentino desaprendeu a jogar bola? Não. Porém, sem tirar os méritos dos adversários, fica evidente que alguma coisa se passa. E para mim está evidente que se trata de um problema físico. Não de uma lesão específica, mas sim de um cansaço generalizado, que veio a estourar nesta reta final da temporada.

Quando digo cansaço generalizado, não me refiro somente a Messi, mas sim ao time como um todo, em especial ao trio MSN. Porque o trio MSN joga todo santo jogo, jamais é poupado, tampouco substituído. Messi, Suárez e Neymar jogam praticamente os 90 minutos de praticamente todas as partidas. "Mas Cristiano Ronaldo também joga todas as partidas", argumentará alguém. Sim. Porém Cristiano Ronaldo fisicamente é um fenômeno (mérito dele, trabalha para isso). E só ele joga praticamente todos os jogos os 90 minutos. Todos os outros grandes craques, aqui ou ali, são poupados. Basta reparar no Bayern de Guardiola, por exemplo. Ou no próprio Real Madrid, no PSG, etc.

Outro detalhe: nas datas FIFA, nas Eliminatórias da Copa do Mundo, o trio MSN precisa atravessar o oceano Atlântico, enquanto outros craques se deslocam dentro da Europa. Eu sei. Eles não vêm nadando para a América do Sul, vêm de avião. Contudo, no longo prazo, isso pesa. Por isso precisam ser eventualmente poupados. (Mais um detalhe: nesta temporada o Barça participou do Mundial de Clubes no Japão; querendo ou não, mais viagens e mais datas. Sem falar nas Supercopas da Espanha e da Europa.)

No frigir dos ovos, o rodízio no Barcelona foi quase zero. O elenco é curto, sem dúvida. Ainda assim, Arda, por exemplo, poderia ter tido muito mais minutos. Deveria ter jogado mais vezes nas pontas (Messi e Neymar) e nas meias (Rakitic e Iniesta). "Mas o nível não é o mesmo", poderá argumentar alguém. Sim. Mas nenhum jogador que entrar no lugar de Messi, Neymar e Suárez irá manter o mesmo nível. Não há substitutos à altura. E isso acontece nos outros clubes também.

No fim das contas, portanto, fica a pergunta: Luis Enrique não rodou o elenco porque o elenco é curto demais ou porque as estrelas do ataque dão chilique ao serem poupadas/substituídas? Acredito que um pouco de cada. O elenco precisa sim ser maior, precisa ter peças de reposição mais qualificadas (não à altura, mas mais qualificadas). Assim como os três sul-americanos do ataque precisam entender que não podem jogar todas os 90 minutos. E Luis Enrique, no papel de líder, de treinador, precisa saber convencê-los disso sem gerar conflitos.