sexta-feira, maio 30, 2014

A eternidade de Arsène Wenger

Na minha visão Arsène Wenger só sai do Arsenal quando ele quiser, e não o contrário (lembre-se, são 17 anos no cargo). Sempre que o treinador francês balança no cargo (balança naquelas, né, de fato nunca balança de verdade), relembro minha opinião: só sai quando quiser. E uma evidência disso deu as caras nesta sexta-feira, quando revelou-se um novo contrato até maio de 2017.

Parece-me que ninguém lá dentro consegue bater de frente com Wenger.

E isso se deve à gratidão eterna em função do time campeão invicto da Premier League 2003/04. Dez anos depois, esse sentimento nobre, porém ruim em certos contextos (me refiro à gratidão), paira e reflete sobre o clube do norte de Londres, negativamente. E não importa o que aconteça, Wenger - o inquestionável - é intocável, graças àquele título da equipe de Henry e etc.



Parece-me que os torcedores do Arsenal gostam de Wenger. Parece-me que os dirigentes/donos ou sei lá o que do Arsenal gostam de Wenger. Parece-me que os jogadores do Arsenal gostam de Wenger. Até os rivais do Arsenal gostam de Wenger. E ninguém melhor do que eles para saberem o que é certo ou errado para o Arsenal. Sem querer dar um banho de água fria, no entanto, lembro que os torcedores do Manchester City idolatravam Roberto Mancini (sem mais).

Às vezes as pessoas confundem a pessoa com a obra.

Não sabem diferenciar a pessoa da obra.

Além da eterna gratidão pelo trabalho atingido na temporada 2003/04 (no caso do futebol, e talvez na vida, a gratidão eterna freia a evolução), me parece que hoje em dia os Gunners apreciam a pessoa de Wenger, em vez de seu trabalho, em vez de sua obra. Não conseguem diferenciar a pessoa Wenger de seu trabalho, de sua obra. E o que conta, no caso do futebol, em termos de troféus, é o trabalho, é a obra, e não a pessoa (com todo respeito ao torneio mais antigo do mundo, FA Cup é café com leite, né).

quinta-feira, maio 29, 2014

Top 100 gols da temporada 2013/14

Só coisa fina.

A briga do Corinthians

Petros tem sido escalado na beirada do campo. No 4-2-3-1 de Mano Menezes, a linha de três tem sido composta por ele, Jadson e Romarinho no outro lado, à frente dos volantes (Petros e Romarinho podem se alinhar a Ralf e Bruno Henrique, tem isso, há essa variação evidente do esquema tático em questão). Na fria noite desta quarta-feira, no Canindé, o camisa 40 atuou à esquerda e duelou com Ceará, o lateral-direito do Cruzeiro. Ele tem jogado bem. Talvez um dos melhores do time, se não o melhor. Porém, apesar da ótima fase, depois da Copa pode ser que ele vire reserva.



Quando Lodeiro puder jogar (já assinou?), acredito que ele assumirá a vaga justamente de Petros no XI inicial. Na minha visão o uruguaio chega para ser titular, chega para suprir a carência de wingers do elenco alvinegro, chega para acabar com o improviso. Embora o ex-Penapolense tenha se saído bem por ali, creio que ele pagará o pato.

Quanto a Renato Augusto (às vezes me esqueço de que ele está lá, confesso), se conseguir emplacar uma sequência de partidas - o que infelizmente é improvável -, pode ameaçar a posição de Romarinho (ou do próprio Lodeiro). Com todos bem técnica e fisicamente (o que é improvável, para não dizer impossível), imagino que não só Petros inicie no banco, mas também Romarinho. Já Jadson e Guerrero, claro, são intocáveis.

Assim como, claro, Elias. E pelas entrevistas do treinador, Elias chega para ser o segundo volante da equipe, sem muitas invenções. Ou seja, chega para formar a dupla com o primeiro, no caso, Ralf. Chega para cumprir uma função que nenhum outro atleta do plantel corintiano tem condições de cumprir, a de válvula de escape pela faixa central, de condução de bola, de infiltração na área, que Elias faz como poucos no Brasil.

Seja como for, na minha projeção o Corinthians briga no topo da tabela. Briga pelo G4. Não digo que briga pela taça porque essa praticamente já tem uma mão da Raposa (os concorrentes diretos da Raposa, aliás, só vão conseguir bater de frente com ela de verdade no Brasileirão do ano que vem - isso se seus treinadores forem mantidos). Mas que briga por uma vaga na próxima Libertadores, via pontos corridos, não tenho dúvida de que o Corinthians briga. E as chances de conquistá-la não são pequenas, não. São grandes. E a vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, na 8ª rodada, é significativa.

quarta-feira, maio 28, 2014

domingo, maio 25, 2014

Os dez passos por La Décima

É chato destacar alguns nomes individualmente, pois futebol é um esporte coletivo. Tais destaques, porém, soam inevitáveis, ainda mais quando se tratam de jogadores como Cristiano Ronaldo, Gareth Bale e etc. Portanto, destaco, não necessariamente pela ordem de importância, dez passos ou pessoas chaves na conquista da Décima.

1. Cristiano Ronaldo dispensa comentários, né. Bola de Ouro em 2013, o português manteve o ritmo avassalador no primeiro semestre de 2014 e marcou nada menos do que 17 gols em 11 jogos na Champions League (o recorde numa edição da competição). Apesar da fraca final contra o Atlético de Madrid, em função de limitações físicas, CR7, obviamente, é o grande nome desse time.

2. Já Gareth Bale, o (por enquanto) futebolista mais caro da história, mostrou que vale cada centavo dos € 100 milhões pagos por ele. Claro, podemos entrar na discussão sobre “nenhum jogador de futebol vale 100 milhões de euros”. Contudo, baseado no inflacionado mercado da atualidade, e no retorno dado pelo galês dentro de campo, pode crer que Florentino Pérez não se arrepende.

3. Florentino Pérez, aliás, também não deve se arrepender de ter vendido Mesut Özil. Peça fundamental na equipe da temporada anterior, aclamado por muitos como o melhor camisa 10 do mundo, o alemão foi para o Arsenal sob protestos da torcida e dos próprios colegas merengues. Ainda assim, para endireitar as finanças, o presidente megalomaníaco do Madrid fez o que fez, e no fim das contas deu tudo certo.

4. E se deu tudo certo, deu porque o recém contratado Carlo Ancelotti fez o que fez. Claro, não estou por dentro do vestiário blanco, todavia, a julgar pelas entrevistas dos jogadores, fica evidente o papel do treinador italiano na questão emocional do grupo. Isso sem falar na questão tática, naquele time que iniciou 2013/14 no 4-3-3 e terminou no 4-4-2 em linha, com Alonso e Modric volantes, Bale e Di María nas extremas, e CR7 e Benzema no ataque.



5. Ángel Di María, aliás, merecia um post à parte. Não se intimidou com a chegada de Isco nem de Bale, levou fé em seu futebol, mostrou que levou fé em seu futebol, e comprovou o valor de seu futebol. Seja na meia esquerda do 4-3-3 ou na asa esquerda do 4-4-2 em linha, o argentino deitou, rolou e desequilibrou várias partidas crucias na temporada, inclusive na finalíssima de Lisboa. Canhoto, talvez um pouco subestimado, Di María foi o grande meio-campista da equipe, ao lado de Modric.

6. Luka Modric, por sinal, foi nessa temporada o que se esperava dele na anterior (e aí entra Ancelotti, já que com Mourinho o croata não era titular). Sob o comando do técnico italiano, o Real Madrid virou, merecidamente, Modric +10. Embora a importância, não só técnica, de Alonso e Di María, seja enorme, o ex-Tottenham foi a verdadeira peça fundamental na engrenagem desse time, o verdadeiro maestro.

7. Difícil falar em maestria sem citar Xabi Alonso, que, a exemplo de Ronaldo, dispensa comentários. Apesar de ter sido suspenso na semifinal, naquele atropelamento sobre o Bayern na Alemanha, e de ter ficado de fora da decisão, o camisa 14 deu e dá a confiança necessária a todos à frente da zaga. Dono do primeiro passe e da distribuição de trás, Alonso, aos 32 anos de idade, personifica La Décima.

8. Outro personagem que está marcado para sempre na conquista da Décima é Sergio Ramos. Autor de gols essências na campanha vitoriosa, o zagueiro mostrou que não só de defesas se faz um defensor. E mostrou que, na sua área, no quesito defesa, seu trabalho esteve à prova em diversos momentos, e em diversos momentos, seu trabalho foi aprovado, muitas vezes ao lado de seu parceiro Pepe.

9. Rotulado carniceiro (o que seria do futebol sem os rótulos, né?), o luso-brasileiro Pepe teve na temporada 2013/14 talvez a sua melhor temporada na carreira. Vigor físico diferenciado à parte, psicológica e tecnicamente o zagueirão fez por merecer o título de um dos melhores da posição em toda a Europa.

10. Por fim, o questionado Karim Benzema (questionado desde os tempos de Higuaín, diga-se, desde os tempos da eterna batalha pela camisa 9). Nunca foi, não é, tampouco será unanimidade, o francês. Entretanto - e aí entra o dedo de Ancelotti de novo - tornou-se presença indiscutível no ataque do time e virou a referência do famoso trio BBC, entre Bale e Cristiano. No fim das contas ele fez o que se espera de um centroavante e guardou 24 gols na temporada (5 deles na Champions). Aliás, convenhamos, é injusto exigir do nove a artilharia quando se tem Cristiano Ronaldo no time.

Espero que os goleiros (Diego López e Casillas) e os laterais (Carvajal, Coentrão e Marcelo) não se sintam ofendidos por não terem entrado nessa lista dos dez. E peço perdão aos demais atletas do elenco, contudo só havia lugar para dez destaques. Seja como for, o fato é que La Décima, enfim, chegou, e o merecimento é incontestável.

E registre-se também a dificuldade imposta pelo adversário na final (o que valoriza ainda mais o título merengue), e a belíssima campanha/temporada do vice-campeão do maior torneio de clubes do planeta, o co-irmão Atlético de Madrid, de Diego Simeone, de Diego Costa, de Arda Turan, de Koke, de Miranda, de Filipe Luís, de Courtois, de Gabi, de Villa e etc.

sábado, maio 24, 2014

sexta-feira, maio 23, 2014

O resumo do Neymar 2013/14

Em sua primeira temporada com a camisa azul e grená, Neymar, aos 21/22 anos de idade, somou 15 gols e 11 assistências em 41 jogos.

Para mim é/será o grande ponta-esquerda do Barcelona desde Ronaldinho.



Depois da Copa do Mundo, que venha 2014/15!

quinta-feira, maio 22, 2014

O ciclo vicioso do futebol brasileiro

Já disse e repito. Não me canso de repetir. Muitas vezes só a repetição salva.

Entre outros motivos, o troca-troca de treinadores existe basicamente porque os dirigentes brasileiros não entendem nada de futebol. Isso mesmo. Não têm conhecimento de campo e bola, teórico mesmo, para terem convicção na hora de contratar e/ou bancar o técnico. E justamente por não entenderem nada de futebol, os presidentes de futebol dão ouvidos às cornetas de parte da torcida e da imprensa (que por suas vezes também não entendem nada de futebol), cedem à pressão disseminada pela mídia e pelos corredores dos clubes, demitem o treinador com menos de uma temporada de trabalho e deixam as corrosivas multas rescisórias nas contas da entidade.

Por que eles contratam e, principalmente, demitem sem se importar com a multa rescisória? Porque eles sabem que pouco tempo depois vão sair do clube e a bomba cairá no colo dos presidentes seguintes (a gente vê esse tipo de comportamento na política e entre as autoridades de uma forma geral, pelo menos no Brasil; a responsabilidade é sempre passada adiante). Não pretendo, no entanto, me aprofundar nos lados econômico e sociológico da questão - se bem que nenhum fato acontece devido a uma causa específica, mas sim a várias. Quero aqui, nesse post, na medida do possível, me ater ao tempo de contrato que em regra vigora no Brasil.

Na vida, no mundo, no tudo, vários são os fatores que influenciam o mesmo acontecimento. Nada ocorre em função de um agente causador isolado. E no caso do futebol não é diferente (lembre-se: o futebol reflete a sociedade). Dito isso, além da baixa qualidade dos gramados, do calendário desumano (sem tempo para treinar), da incompetência de vários treinadores (mesmo com tempo para treinar), da ineficiência tática das categorias de base e etc, outra razão, entre tantas, pela qual o futebol brasileiro encontra-se na areia movediça que se encontra, é a falta de continuidade no comando (já escrevia isso em 2007, "o segredo do sucesso, no futebol brasileiro, é a continuidade do trabalho").

Sim, me refiro à falta de continuidade no trabalho do treinador. Porque, no Brasil, e imagino que só no Brasil (são muitas as coisas que acontecem "só no Brasil", né?), a regra é o contrato por uma temporada. Ou, no caso de Ricardo Gareca no Palmeiras, que assina até metade de 2015, pelo período um ano. (Oh, Deus, dai-me força e paciência para continuar esse post!) Metade de dois mil e quinze. Metade da temporada. Metade. Ou seja: terminar no meio, e não no fim. Faz sentido? Não, claro que não. O pior, porém, não é o caso de Gareca no Palmeiras (foi só um exemplo, que deu origem a essa pauta, aliás). O pior é que o contrato de 12 meses, ou um ano, ou uma temporada, como queira chamar, é a norma entre os cartolas brasileiros. E, obviamente, nenhum - ou melhor, quase nenhum - trabalho se sustenta.

Talvez os dirigentes não saibam (prometo não me alongar, último parágrafo, esse papo me tira do sério e estou ficando nervoso), mas uma das funções do treinador é montar o elenco (por que você acha que na Europa o cargo não é coach, e sim manager?). Uma das funções do treinador é, dentro das limitações orçamentais do clube, dizer e explicar aos seus superiores: "Quero esse, esse e aquele jogadores porque minha ideia de jogo é essa, meus esquemas táticos prediletos são esses, e no momento não temos no elenco atletas para cumprir essas e essas funções". Mais ou menos por aí. Por essas e outras, sim, o treinador precisa assistir aos jogos (de preferência aos que poucos assistem) e estar atento ao mercado. Contudo, se o seu contrato é por apenas uma temporada (a regra no Brasil), essa montagem torna-se inviável, para não dizer impossível (sem falar que os frutos geralmente são colhidos a partir da segunda temporada de trabalho; sem tempo para se desenvolver, as sementes jamais viram frutos).

Prometi que era o último parágrafo, mas não resisti, acho que menti (sou brasileiro, e para nós promessa é dúvida). O buraco é mais embaixo.

O pior, na verdade, é que não basta contratar o treinador por apenas uma temporada. O pior, na verdade, é que o treinador é avaliado com menos de uma temporada. Se o contrato (lembre-se: ridículo) de uma temporada fosse respeitado até o final, pelo menos, e a avaliação fosse feita somente ao final da temporada, menos mal (Moyes e Tata tiveram seus contratos rompidos, por exemplo, mas pelo menos uma temporada foi completada em ambos os casos). Mas nem isso. Com quatro, cinco, seis meses, quando não antes, o trabalho do treinador já é colocado em cheque, e muitas vezes sua cabeça acaba rolando.

Aí voltamos ao começo desse post.

O presidente, sem conhecimento de futebol (campo e bola) para bancar o treinador, dá ouvido às cornetas da imprensa e da torcida (que geralmente só falam besteiras), cede à impregnante e repugnante pressão e, sem condição de cometer uma avaliação decente, demite o treinador - o que significa multa para os cofres do clubes, novo treinador chegando (com contrato até o fim daquela temporada, claro), reformulação do elenco para se adequar à filosofia do novo treinador, se é que ele tem alguma, e etc, etc, blá, blá.

Ou seja: o futebol brasileiro encontra-se num terrível ciclo vicioso.

Como mudar esse panorama? Particularmente sou um cara otimista com as novas gerações. Na minha visão, portanto, esse panorama será alterado, para melhor, quando as velhas gerações que estão no poder (e aí não me refiro somente ao futebol, mas ao planeta como um todo, em todas as suas esferas) se aposentarem ou morrerem de vez. Uma hora eles vão morrer (todos vamos, né, mas pela ordem natural eles vão antes) e o osso será largado. Aí entrarão as novas gerações (me refiro à geração do meu e do seu filho, que ainda nem temos, e por diante), mais informadas, mais antenadas, mais globalizadas, mais discernidas, mais conscientes do que é certo e do que é errado. E gradativamente a maneira de como o jogo é jogado será alterada (tanto no futebol quanto na vida).

quarta-feira, maio 21, 2014

Dare to Talisca

A movimentação de Talisca me chamou a atenção, nesta quarta-feira. Me lembrou a movimentação de Ibrahimovic no PSG. A exemplo do que faz o craque sueco no time francês, na equipe treinada por Marquinhos Santos, com a posse da bola, o camisa 94 transita por uma extensa faixa do gramado, não somente às costas dos volantes adversários, mas eventualmente também na altura dos próprios volantes, em regra pelo corredor central.

Além de confundir a marcação, essa movimentação, estilo falso nove, coloca o Bahia em vantagem numérica no setor do meio campo. Pelo menos contra o Flamengo, em Macaé, no Moacyrzão, foi assim. Pois a equipe de Ney Franco atuou com três meio-campistas no miolo (Everton jogou aberto à esquerda e Paulinho à direita, noves fora Alecsandro no ataque), e o resultado foi Cáceres, Márcio Araújo e Elano vs Fahel, Rafael Miranda, Hélder e... Talisca.



Apesar do placar do primeiro tempo (1 a 0 para o Flamengo), o Bahia foi superior em todos os sentidos na etapa inicial (na final idem). Tanto antes do gol de Paulinho, aos 10 minutos (desatenção de Pará), quanto depois, o escrete de Salvador jogou mais bola, aproveitou melhor os espaços, trocou mais passes e criou mais chances, embora essa superioridade não tenha se convertido em gol.

Na segunda etapa, que vi até os 25 minutos (mudei para Cruzeiro vs Sport), não só pela necessidade de buscar o empate, o Bahia seguiu dominando, com Barbio e Guilherme Santos nas vagas de Branquinho e Hélder. Como disse, não sei como foram os 20 minutos derradeiros da partida, mas o fato é que o Bahia chegou lá no finzinho com, claro, ele, Anderson Talisca, de falta. O 1 a 1 ficou de bom tamanho para o time do Rio.

Veja bem. Não estou dizendo que Talisca é o novo Ibrahimovic, né. O título do post é apenas uma brincadeira com a campanha do atleta da Nike. Mas que sua função no Bahia lembra a do camisa 10 do PSG, lembra. Basta assistir aos jogos com atenção para perceber a semelhança (ambos os times jogam no 4-3-3, diga-se). E vale ressaltar que, para executar tal função, é preciso ter qualidade tática e técnica, algo que Talisca e seus 20 anos de idade já possuem. Ao inserir-se na meia cancha, boa parte das jogadas criativas passam por seu pé esquerdo.

Os golaços da Bundesliga 2013/14

Costumo dizer que o campeonato alemão é um campeonato inglês com torcida argentina.

Se o Bayern fez o que fez na temporada, méritos dele.

segunda-feira, maio 12, 2014

A afirmação de Philippe Coutinho

O camisa 10 foi o quarto melhor jogador do time treinado por Brendan Rodgers (no máximo o quinto), vice-campeão inglês, atrás somente de Suárez, Sturridge e Gerrard.

Sem dúvida essa temporada foi um divisor de águas na carreira de Coutinho. Não foi chamado para a Copa 2014, é verdade, mas se mantiver o nível, é nome certo em 2018. Ou não?

Confira lances e mais lances do brasileiro pelo Liverpool 2013/14:



quinta-feira, maio 08, 2014

Cruzeiro precisa se impor nas Américas

A notícia ruim foi não ter feito gol no Nuevo Gasómetro. Foi a derrota por 1 a 0. No mata-mata, você sabe, gol fora de casa é meio caminho andado. A boa notícia é que o San Lorenzo não é nenhum Real Madrid no contra ataque, e é provável que Fábio não seja vazado no jogo do Mineirão. Ou seja, um 2 a 0 em cima do bom mas nem tanto assim time argentino é bem possível.

Não só por ser meu favorito, particularmente eu acredito na classificação do Cruzeiro às quartas de final da Copa Libertadores. Porém se ela vier, é bom qu se diga, será por causa do jogo da volta, porque no da ida o time treinado por Marcelo Oliveira cometeu erros não só de ordem técnica, mas também de postura. Erros corrigíveis, diga-se de passagem.



Empatar fora de casa é bom para times medianos. Não é o caso do Cruzeiro. Ou pelo menos não deveria ser. Porque o Cruzeiro está acima da média. Se não muito acima da média do futebol latino-americano como um todo, com certeza acima da média do futebol praticado no Brasil. Tanto é que ganhou o Brasileirão 2013 da forma que ganhou. Portanto aquele discurso de "empatar fora de casa tá bom" não se aplica ao Cruzeiro (no Brasileirão não se aplica). Ou não deveria se aplicar. Porque se tem um time no país capaz de trocar passes envolventes no campo ofensivo, esse time é o Cruzeiro. Talvez o único.

O que se viu na prática, em Buenos Aires, nesta quarta-feira, no entanto, foi uma equipe incapaz de prender a bola no ataque, incapaz de trocar passes e girar o jogo com paciência, à espera e em busca dos espaços (claro, sem tirar os méritos defensivos do San Lorenzo). Em especial na primeira metade do primeiro tempo, a bola queimou nos pés cruzeirenses. Muita pressa e pouco controle, pouco autocontrole, o que resultou em vários erros de passe, inclusive nas obsessivas situações de contra ataque.

Priorizar o contra ataque com unhas e dentes, aliás, não pode ser o caso da Raposa. O Cruzeiro não precisa, ao jogar fora de casa, se fechar em função "apenas" do contra ataque. Sem tirar os méritos de quem o faz com disciplina e talento. Pelo contrário. Mas, convenhamos, o Cruzeiro tem condições de propor, ou melhor, de impor, seu estilo de jogo também como visitante. Veja bem, não estou falando que o Cruzeiro é o Bayern, que joga contra tudo e contra todos da mesma maneira. Não é isso. No caso específico de ontem, todavia, as condições para o Cruzeiro ditar o ritmo da partida eram mais do que favoráveis.

Talvez por nervosismo, ou por estratégia do treinador, não sei, em vez disso, em vez de trabalhar a posse de bola no território inimigo, da intermediária em frente, nas proximidades da área adversária, a passes curtos, a Raposa se fechou lá atrás com duas legítimas linhas de quatro (Éverton Ribeiro e Willian wingers, alinhados aos volantes Henrique e Lucas Silva) e priorizou o contra golpe, que, na prática, não se materializou. Quem sabe, se Ricardo Goulart estivesse no banco e Dagoberto no campo por mais tempo, essa transição ofensiva teria tido outro desfecho, devidos às características dos atletas e da estratégia em vigor. Mas essa é outra discussão, que mereceria outro post.

Enfim, acho que o Cruzeiro vai passar para a próxima fase (na verdade acho que vai ser o campeão, né). É provável que Fábio não leve nenhum gol no Mineirão, e que a turma da linha faça ao menos um em Torrico. Ou dois. Três. Vai saber. Pois o time do Cruzeiro é acima da média, e justamente por isso precisa impor seu estilo de jogo, tanto em BH quanto longe de lá. Não pode se apequenar no pensamento de que empatar fora de casa está bom, ou de que jogar por uma bola seja o caminho mais indicado. A Raposa tem futebol para mostras suas garras, independente do terreno.

quarta-feira, maio 07, 2014

Os golaços da temporada europeia

Courtois; Ivanovic, Pepe, Miranda e Alaba; Bale, Modric, Touré e Ronaldo; Suárez e Diego Costa. No 4-4-2 em linha. Acho que esse é meu XI da Europa 2013/14. Mas ainda não tenho certeza. Por enquanto, então, fico com os melhores gols da temporada, divididos em quatro vídeos (1080p HD).







Os 23 em suas respectivas posições

Futebol não se resume à tática. Outros fatores (técnicos, emocionais, físicos) pesam na hora da decisão. Entretanto a lista dos atletas que compõe o grupo da Copa (e o elenco de um clube de maneira geral) é baseada com força nas ideias de jogo do treinador e no esquema ou nos esquemas táticos que ele adota, de preferência com dois jogadores para cada posição.

Se partirmos do princípio de que a Seleção de Felipão atua basicamente em dois sistemas táticos (4-2-3-1 ou 4-3-3), fica fácil distribuir os 23 nomes na prancheta - sempre lembrando da margem de erro entre os ditos titulares e reservas. Portanto, sem dar muito peso nem importância a isso no momento (titulares e reservas), fica mais ou menos assim a relação jogador-posição, no 4-2-3-1 (o que julgo ser o plano A de Felipão).



Particularmente eu pedia Coutinho na lista porque não via no grupo um reserva imediato para Oscar. Na Copa das Confederações, por exemplo, quando Oscar era substituído (geralmente por Hernanes), o time trocava o 4-2-3-1 pelo 4-3-3. Sem um meia semelhante, me parece que, sem Oscar, Felipão se via "forçado" a mudar o esquema (repare nas aspas do forçado, trata-se apenas de uma natural variação). Mas Coutinho não foi necessário. Esse suposto problema foi resolvido com Willian, que no Chelsea de Mourinho desempenhou a função da faixa central diversas vezes, inclusive tendo sido eleito o Man of the Match contra o Stoke (confira aqui, com prancheta e mapa).

A versatilidade de Willian, aliás, conta demais a seu favor, já que ele não joga "somente" na posição x ou y. No 4-2-3-1, Willian rende bem nas três posições da linha de três. Ou seja: ele pode ser o 12º jogador de Felipão, ou até se tornar titular durante o torneio (Hulk e até mesmo Oscar que abram os olhos).

Já na outra alternativa (4-3-3), Willian deve ser opção "apenas" às beiradas.



Enquanto no 4-2-3-1 o XI é meio claro, no 4-3-3 - o que julgo ser o plano B de Felipão, mas pode ser que seja o plano A - me parece que a composição do XI está mais em aberto (especificamente o meio campo). Luiz Gustavo é o dono da cabeça de área, nós sabemos, porém David Luiz e Fernandinho têm jogado assim, à frente da zaga, em seus respectivos clubes (Chelsea e City). Logo, sombra Luiz Gustavo tem. Em relação às meias (se você quiser rotular como "três volantes", fique à vontade), Fernandinho também é sombra de Ramires, Paulinho e Hernanes. Isso porque em tese Paulinho, Ramires e Hernanes brigam por duas vagas no 4-3-3. Mas não será surpresa se dois deles dançarem para Fernandinho virar titular.

Enfim, a convocação de Scolari está equilibrada, está balanceada entre os setores e está bastante nivelada tecnicamente (nivelada por cima, diga-se). Neymar à parte, a diferença entre quem sai e quem entra, entre os chamados titulares e reservas, é bem pequena. Ou seja: elenco para ganhar a Copa, o Brasil tem. Se o Brasil será o campeão ou não, são outros quinhentos.

segunda-feira, maio 05, 2014

Não duvide de Suárez e cia

O Liverpool tem 9 gols a menos que o Manchester City no saldo (veja).

Em 1989, o Liverpool meteu 9 a 0 no Crystal Palace.



Nesta segunda-feira tem Crystal Palace vs Liverpool.

sábado, maio 03, 2014

Sí, São Paulo, se puede!

Faz tempo que bato nessa tecla. Ganso não é o camisa 10 que entra na área que Muricy tanto fala (ou falava, acho que depois de muita teimosia ele caiu na real). Escrevo sobre isso há tempos no Twitter, você que me segue por lá sabe disso, e no aqui blog, inclusive. Esse post (veja), publicado no dia 21 de fevereiro, é um marco na minha defesa pelo reposicionamento do ex-santista.

Neste sábado, diante do Coritiba, no Pacaembu, pela 3ª rodada, Ganso iniciou na reserva. O time titular, postado no 4-4-1-1 (variação do 4-4-2 em linha), talvez sem a compactação e a disciplina dos times da Europa, teve Pabon e Osvaldo nas beiradas, alinhados aos volantes Souza e Maicon, e Pato segundo atacante, cercando o primeiro volante adversário quando a posse era do time paranaense, e circulando livremente, à procura do jogo, quando a posse era são-paulina. Para registro, no segundo tempo, aos 13 minutos, 1 a 1 no placar, Ganso entrou na vaga de Osvaldo (4-2-3-1 com Pabon, Ganso e Pato na dita linha de três). Placar final: 2 a 2.



Em meados de março idealizei uma equipe semelhante, com Ganso ao lado de Souza, na vaga de Maicon (confira aqui). Em vão?

No Brasil ainda predomina a ideia de que volante só precisa jogar sem a bola. Que primeiramente sua função é destruir, e não construir. Portanto, Ganso jogando como volante seria utopia, já que ele "não marca" (ah, os rótulos). Como disse Denys Brandão nesse tweet, não se marca, e sim se ocupa espaço. Aliás, uma das perguntas que mais me irrita é aquela clássica: "E quem marca nesse time?" Ora! Todos marcam. Do lateral-direito ao ponta-esquerda, todos marcam. É um esporte coletivo, onde a solidariedade é essencial, e sem ela nenhum time triunfa.

Não penso que Maicon seja essa ruindade toda que o povo fala. Não é isso. No entanto tenha certeza de que Ganso, em especial com a posse da bola, é mais produtivo coletivamente, entre outros motivos porque seu passe vertical é um dos melhores, se não o melhor, do país. E volante (ou melhor, jogador de faixa central) sem passe vertical, convenhamos, não vai a lugar algum. Com todo respeito, Maicon (Souza idem) não tem nem em suas melhores noites o passe do camisa 10 tricolor. O problema é que o camisa 10 tricolor, no 4-4-2 em linha (4-4-1-1/4-2-3-1), tende a ser escalado pelo treinador atrás do centroavante, como meia-atacante que ele não é.

Mas Ganso não é meia, Carlão? Pode ser. Mas com certeza não é o meia que entra na área que Muricy tanto fala/falava. Pelo menos disso me parece que ele se deu conta. E espero que cedo ou tarde ele caia na real e reconheça que, num esquema com linha de quatro de meio campo, PH Ganso rende infinitamente mais por dentro do que por fora, de preferência vindo de trás, com seus companheiros à frente, dando opções para seus passes precisos. Espero sentado, Muricy. Não tem problema. Só vou ficar decepcionado se esse ideia for descartada sem sequer ser testada.

sexta-feira, maio 02, 2014

Em breve no Top 3 do mundo

Logo, logo Bale será finalista da Bola de Ouro. Não sei quando, se daqui uma temporada, três, cinco. Nem contra quem (Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar). Só sei de uma coisa: é questão de tempo.

Sem continuidade não há êxito

Entre os times brasileiros da Copa Libertadores 2014, Flamengo à parte, o único que tem o mesmo treinador desde o início do ano passado é o Cruzeiro. Não à toa, a equipe treinada por Marcelo Oliveira é a única sobrevivente do mata-mata das oitavas de final.

Não. Não é uma mera coincidência.



Lembre-se: na virada da temporada, Manuel Ángel Portugal assumiu o lugar de Vagner Mancini no Atlético-PR, Enderson Moreira assumiu a vaga de Renato Gaúcho no Grêmio (que havia assumido na metade de 2013 a de Luxemburgo), Paulo Autuori assumiu a de Cuca no Atlético-MG (e já foi demitido, com quatro meses de trabalho), e Eduardo Hungaro assumiu o cargo de Oswaldo Oliveira no Botafogo (e já foi demitido, com menos de quatro meses de trabalho).

"E está claro que, nos dias de hoje, o segredo do sucesso, no futebol brasileiro, é a continuidade do trabalho." Escrevi isso em janeiro de 2007, num post a respeito de Mano Menezes no Grêmio (veja aqui). Janeiro de dois mil e sete. Ou seja: há anos se bate nessa tecla, e ainda assim a maioria dos presidentes de clubes de futebol segue batendo a cabeça na parede, dando murro em ponta de faca. E por que eles fazem isso? Na minha interpretação, fazem porque não entendem nada de futebol (campo e bola), logo não têm conhecimento, nem convicção, para trocar argumentos, sobre campo e bola, com os técnicos. Em regra nossos presidentes não entendem de campo e bola o suficiente para concluírem: "Hm, esse cara tá atrasadíssimo, parou no tempo, não vou contratá-lo para treinar o meu time nem a pau, não por esse preço."

Por essas e outras o conceito de custo-benefício praticamente inexiste entre nossa cartolagem. Paga-se salários de Guardiolas para Joéis Santantas, paga-se salários de Messis para, sei lá, Carlos Eduardos da vida. Veja bem: só para deixar claro, não compartilho da tese de que jogador (e treinador) de futebol ganha muito. O futebol gira muito dinheiro em todas as esferas a seu redor, e as principais peças desse entretenimento bilionário ganham dinheiro dentro dessa proporção. Aqui no Brasil, no entanto, paga-se por uma coisa, mas recebe-se outra muito inferior (até parece nossos impostos, não vemos um retorno à altura).