Faz tempo que bato nessa tecla. Ganso não é o camisa 10 que entra na área que Muricy tanto fala (ou falava, acho que depois de muita teimosia ele caiu na real). Escrevo sobre isso há tempos no Twitter, você que me segue por lá sabe disso, e no aqui blog, inclusive. Esse post (veja), publicado no dia 21 de fevereiro, é um marco na minha defesa pelo reposicionamento do ex-santista.
Neste sábado, diante do Coritiba, no Pacaembu, pela 3ª rodada, Ganso iniciou na reserva. O time titular, postado no 4-4-1-1 (variação do 4-4-2 em linha), talvez sem a compactação e a disciplina dos times da Europa, teve Pabon e Osvaldo nas beiradas, alinhados aos volantes Souza e Maicon, e Pato segundo atacante, cercando o primeiro volante adversário quando a posse era do time paranaense, e circulando livremente, à procura do jogo, quando a posse era são-paulina. Para registro, no segundo tempo, aos 13 minutos, 1 a 1 no placar, Ganso entrou na vaga de Osvaldo (4-2-3-1 com Pabon, Ganso e Pato na dita linha de três). Placar final: 2 a 2.
Em meados de março idealizei uma equipe semelhante, com Ganso ao lado de Souza, na vaga de Maicon (confira aqui). Em vão?
No Brasil ainda predomina a ideia de que volante só precisa jogar sem a bola. Que primeiramente sua função é destruir, e não construir. Portanto, Ganso jogando como volante seria utopia, já que ele "não marca" (ah, os rótulos). Como disse Denys Brandão nesse tweet, não se marca, e sim se ocupa espaço. Aliás, uma das perguntas que mais me irrita é aquela clássica: "E quem marca nesse time?" Ora! Todos marcam. Do lateral-direito ao ponta-esquerda, todos marcam. É um esporte coletivo, onde a solidariedade é essencial, e sem ela nenhum time triunfa.
Não penso que Maicon seja essa ruindade toda que o povo fala. Não é isso. No entanto tenha certeza de que Ganso, em especial com a posse da bola, é mais produtivo coletivamente, entre outros motivos porque seu passe vertical é um dos melhores, se não o melhor, do país. E volante (ou melhor, jogador de faixa central) sem passe vertical, convenhamos, não vai a lugar algum. Com todo respeito, Maicon (Souza idem) não tem nem em suas melhores noites o passe do camisa 10 tricolor. O problema é que o camisa 10 tricolor, no 4-4-2 em linha (4-4-1-1/4-2-3-1), tende a ser escalado pelo treinador atrás do centroavante, como meia-atacante que ele não é.
Mas Ganso não é meia, Carlão? Pode ser. Mas com certeza não é o meia que entra na área que Muricy tanto fala/falava. Pelo menos disso me parece que ele se deu conta. E espero que cedo ou tarde ele caia na real e reconheça que, num esquema com linha de quatro de meio campo, PH Ganso rende infinitamente mais por dentro do que por fora, de preferência vindo de trás, com seus companheiros à frente, dando opções para seus passes precisos. Espero sentado, Muricy. Não tem problema. Só vou ficar decepcionado se esse ideia for descartada sem sequer ser testada.
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