Na minha visão Arsène Wenger só sai do Arsenal quando ele quiser, e não o contrário (lembre-se, são 17 anos no cargo). Sempre que o treinador francês balança no cargo (balança naquelas, né, de fato nunca balança de verdade), relembro minha opinião: só sai quando quiser. E uma evidência disso deu as caras nesta sexta-feira, quando revelou-se um novo contrato até maio de 2017.
Parece-me que ninguém lá dentro consegue bater de frente com Wenger.
E isso se deve à gratidão eterna em função do time campeão invicto da Premier League 2003/04. Dez anos depois, esse sentimento nobre, porém ruim em certos contextos (me refiro à gratidão), paira e reflete sobre o clube do norte de Londres, negativamente. E não importa o que aconteça, Wenger - o inquestionável - é intocável, graças àquele título da equipe de Henry e etc.
Parece-me que os torcedores do Arsenal gostam de Wenger. Parece-me que os dirigentes/donos ou sei lá o que do Arsenal gostam de Wenger. Parece-me que os jogadores do Arsenal gostam de Wenger. Até os rivais do Arsenal gostam de Wenger. E ninguém melhor do que eles para saberem o que é certo ou errado para o Arsenal. Sem querer dar um banho de água fria, no entanto, lembro que os torcedores do Manchester City idolatravam Roberto Mancini (sem mais).
Às vezes as pessoas confundem a pessoa com a obra.
Não sabem diferenciar a pessoa da obra.
Além da eterna gratidão pelo trabalho atingido na temporada 2003/04 (no caso do futebol, e talvez na vida, a gratidão eterna freia a evolução), me parece que hoje em dia os Gunners apreciam a pessoa de Wenger, em vez de seu trabalho, em vez de sua obra. Não conseguem diferenciar a pessoa Wenger de seu trabalho, de sua obra. E o que conta, no caso do futebol, em termos de troféus, é o trabalho, é a obra, e não a pessoa (com todo respeito ao torneio mais antigo do mundo, FA Cup é café com leite, né).
Nenhum comentário:
Postar um comentário