Entre os times brasileiros da Copa Libertadores 2014, Flamengo à parte, o único que tem o mesmo treinador desde o início do ano passado é o Cruzeiro. Não à toa, a equipe treinada por Marcelo Oliveira é a única sobrevivente do mata-mata das oitavas de final.
Não. Não é uma mera coincidência.
Lembre-se: na virada da temporada, Manuel Ángel Portugal assumiu o lugar de Vagner Mancini no Atlético-PR, Enderson Moreira assumiu a vaga de Renato Gaúcho no Grêmio (que havia assumido na metade de 2013 a de Luxemburgo), Paulo Autuori assumiu a de Cuca no Atlético-MG (e já foi demitido, com quatro meses de trabalho), e Eduardo Hungaro assumiu o cargo de Oswaldo Oliveira no Botafogo (e já foi demitido, com menos de quatro meses de trabalho).
"E está claro que, nos dias de hoje, o segredo do sucesso, no futebol brasileiro, é a continuidade do trabalho." Escrevi isso em janeiro de 2007, num post a respeito de Mano Menezes no Grêmio (veja aqui). Janeiro de dois mil e sete. Ou seja: há anos se bate nessa tecla, e ainda assim a maioria dos presidentes de clubes de futebol segue batendo a cabeça na parede, dando murro em ponta de faca. E por que eles fazem isso? Na minha interpretação, fazem porque não entendem nada de futebol (campo e bola), logo não têm conhecimento, nem convicção, para trocar argumentos, sobre campo e bola, com os técnicos. Em regra nossos presidentes não entendem de campo e bola o suficiente para concluírem: "Hm, esse cara tá atrasadíssimo, parou no tempo, não vou contratá-lo para treinar o meu time nem a pau, não por esse preço."
Por essas e outras o conceito de custo-benefício praticamente inexiste entre nossa cartolagem. Paga-se salários de Guardiolas para Joéis Santantas, paga-se salários de Messis para, sei lá, Carlos Eduardos da vida. Veja bem: só para deixar claro, não compartilho da tese de que jogador (e treinador) de futebol ganha muito. O futebol gira muito dinheiro em todas as esferas a seu redor, e as principais peças desse entretenimento bilionário ganham dinheiro dentro dessa proporção. Aqui no Brasil, no entanto, paga-se por uma coisa, mas recebe-se outra muito inferior (até parece nossos impostos, não vemos um retorno à altura).
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