quinta-feira, maio 25, 2017

Beleza é fundamental?

Existem basicamente dois estilos de jogo. Um valoriza a posse de bola e a troca de passes e o outro prioriza a negação dos espaços e as transições rápidas. Não há um certo nem um errado, pois ambos têm o mesmo objetivo: vencer. Ganha-se das duas maneiras e perde-se das duas maneiras. O ideal, na verdade, seria dominar os dois modelos, ter um time capaz de executar (bem) as duas ideias. Mas isso é para poucos. São raros os treinadores e principalmente elencos capazes de fazer isso. Raríssimos. O fato, todavia, é: não há certo nem errado.

No mata-mata ou nos pontos corridos, você pode ser campeão das duas formas: jogando um futebol à la Guardiola ou praticando um futebol à la Mourinho. Um futebol de pressão, posse e passe ou um futebol de defesa baixa e contra ataque. Os dois caminhos podem levar ao troféu. Os dois são eficientes. Talvez um um pouco mais aqui, o outro um pouco mais ali, mas no fim das contas, ambos são eficientes (claro, desde que bem executados). A questão é: qual é o mais agradável? Porque, além de ser uma competição, o futebol é, mais do que nunca, entretenimento. Na era da globalização, com jogos transmitidos ao vivo em alta qualidade para os quatro cantos do mundo (em especial os grandes torneios da Europa), mais do que nunca, futebol é entretenimento. Logo, sob o ponto de vista do espectador/torcedor, qual é o mais prazeroso de se assistir? O "estilo Mourinho" ou o "estilo Guardiola"? E mais: sob o ponto de vista do atleta, qual é o mais prazeroso de se jogar?

O conceito de beleza é bastante relativo. O que é bonito para mim pode não ser para você e vice-versa. Eu sei. Dito isso, particularmente prefiro o estilo de pressão, posse e passe, pois o time fica mais tempo com a bola no pé e é com a bola no pé que as coisas acontecem. Evidente que se o time fica com a bola mas não consegue avançar terreno, não consegue criar chances de gol, o jogo se torna feio (e ineficiente). Mas nesse caso a ideia é mal executada, e a comparação deve ser feita entre modelos bem executados. E quando as duas ideias são bem executadas, particularmente me agrada mais o "estilo Sarri" do que o "estilo Ranieri". E como grande produto de entretenimento global que é o futebol, acredito que o "estilo Sampaoli" coloque mais pessoas em frente à TV do que o "estilo Simeone". Ou me equivoco ao pensar assim? Pois, sob o ponto de vista do espectador/torcedor, custo a crer que há mais pessoas que prefiram ver, no longo prazo, uma equipe que fica mais tempo sem a bola do que com ela. E, principalmente, sob o ponto de vista do atleta, custo a crer que há quem prefira jogar mais tempo sem a bola do que com ela.

Enfim. Não há certo nem errado. E cada caso é um caso. Só acho que um clube do tamanho do Manchester United, por exemplo, uma multinacional gigantesca com consumidores por todo o planeta, deveria ter um time capaz de envolver o adversário com a bola, e não um time que conquista uma Liga Europa com 33% de posse na final, tendo como principal arma a saída longa para o "camisa 10" Fellaini ganhar em cima, diante de uma equipe que possui uma média de idade de 22 anos. Ainda mais quando se tem um elenco tão caro quanto o dos Red Devils. Enfim. O estilo de jogo de Mourinho e suas estratégias - que fique claro - são mais do que legítimos. Isso é óbvio. Só acho pouco para o Manchester United. E isso não é tão óbvio.

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