Futebol é um esporte coletivo feito de duelos individuais. Duelos estes definidos em função do posicionamento dos jogadores dos dois times em campo. Por isso torço o nariz, por exemplo, quando o Barcelona enfrenta o Real Madrid, e as pessoas logo pensam no duelo Messi vs Cristiano Ronaldo, sendo que, na prática, no gramado, eles raramente se encontram.
No caso de Corinthians vs Chelsea, os duelos da meia cancha devem ser estabelecidos entre Ralf vs Oscar, Paulinho vs Ramires, e Douglas vs Mikel. Claro, desde que os citados sejam escalados. No entanto, pelo fato de ambos se estruturarem no 4-2-3-1, a comparação homem a homem, posição por posição, pode ser pertinente, lembrando que, na prática, só deve ocorrer o duelos entre os segundos volantes. Ainda assim, vamos a eles.
Cássio vs Cech. Sou fã do futebol do Cássio. Quando foi chamado por Mano, remei contra a maré e fui a favor de sua convocação. Contudo, na comparação com Cech, o goleiro do Chelsea leva vantagem, não só pela experiência, mas também pela qualidade técnica.
Alessandro vs Ivanovic. Na lateral direita, optaria pelo empate técnico. Ivanovic, sem dúvida, é mais forte na marcação. Alessandro, em contrapartida, apesar de não ser nenhum Marcelo, pode ser mais eficiente no apoio. Engana-se, porém, quem imagina que o camsisa 2 dos Blues não avança. Avança sim, e é perigoso - sem falar na bola aérea.
Fábio Santos vs Ashley Cole. Na lateral esquerda, não vejo Cole muito acima de Fábio Santos. É verdade que foi dele o passe para o gol de Mata após tabelinha com Oscar, diante do Monterrey. Mas acho que se fosse substituir Fábios Santos por Cole, seria seis por meia dúzia. Portanto, para mim, outro empate.
Chicão vs Cahill e Paulo André vs David Luiz. No miolo da zaga, creio em unanimidade. Cahill e David Luiz são superiores a Chicão e Paulo André em todos fundamentos. Física e tecnicamente, além da experiência europeia, a dupla do time londrino está em outro patamar - sem falar na bola aérea defensiva e ofensiva. Ah, e nas cobranças diretas de falta, David está mais em dia que Chicão. Muito mais.
Ralf vs Mikel. Quanto aos primeiros volantes, ligeira vantagem para Ralf. Enquanto Mikel faz o feijão com arroz, o feijão com arroz de Ralf é mais temperado. A diferença entre eles, todavia, na minha visão, é pequena. Não que Ralf seja Toninho Cerezo, mas a vantagem do corinthiano está na qualidade com a bola no pé e no fator surpresa.
Paulinho vs Ramires. Quanto aos segundos volantes, talvez a briga mais equilibrada. Muitos vão optar por Paulinho, muitos por Ramires. Eu fico com a segunda turma. Tecnicamente talvez Paulinho seja mais dotado. Ramires, porém, é mais letal na retomada de bola e na transição ofensiva rápida, graças a seu potencial na condução em velocidade. Contudo, repito, a briga é equilibradíssima, até porque, na finalização, Paulinho sai na frente.
Emerson vs Mata. Na ponta direita (se é que serão escalados por ali na final), Emerson é mais agudo. Dá mais profundidade à equipe. Mas Mata, tática e ecnicamente, é melhor. Pensando no jogo coletivo, o espanhol é muito mais produtivo que o brasileiro. O 10 do Chelsea não apenas marca gols, mas também dá assistências, trabalha melhor o passe, etc, etc. Resumindo, é mais completo.
Douglas vs Oscar. Na faixa central (se é que serão escalados na final), nítida superioridade de Oscar. A visão de jogo talvez seja o único ponto em que se aproximam, porque de resto, o meia do Chelsea coloca o do Corinthians no bolso. Sem falar que Oscar é infinitamente mais participativo do que Douglas, com e sem a bola.
Danilo vs Hazard. Na ponta esquerda (se é que serão escalados por ali na final), vantagem do belga. O jovem de 21 anos é superior em praticamente todos fundamentos - exeção feita à bola aérea, onde Danilo é perito. E, com boa vontade, no arremate a gol. Mas tirando isso, vantagem de Hazard. Mais pulmão, mais velocidade, mais drible, mais participação, mais presença ofensiva, e por aí vai.
Guerrero vs Torres. Para fechar, na referência do ataque, apesar de Edmundo achar Guerrero "tecnicamente muito superior", fico com Torres. Desde que Benítez chegou, aliás, El Niño cresceu de produção, recuperou a confiança, e a "fase ruim de Torres" aparentemente não serve mais como argumento para favorecer Guerrero.
No placar final, na minha avaliação, noves fora os dois empates nas laterais, 8 a 1 para os campeões da Champions League. O que não quer dizer muita coisa, porque, como disse no começo, futebol é um esporte coletivo. O favoritismo, evidentemente, é do clube europeu. Mas, evidentemente, os campeões da Copa Libertadores têm totais condições de saírem do Japão com o troféu - até porque se trata apenas de uma partida, e nela qualquer um pode vencer.
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5 comentários:
Nossa Carlão, depois da sua análise os torcedores Corinthianos vão ficar com medo ou morrer do coração, rs. Tem os fatores externos que pode mudar tudo isso. O Chelsea não entende o Corinthians tão bem, quanto o Corinthians entende o Chelsea.
http://futebolporpaixao.blogspot.com.br/2012/12/sera-que-o-chelsea-conhece-o-corinthians.html
Bem colocado, Renan. O Corinthians conhece o Chelsea bem melhor do que o contrário.
Mas será bem interessante asssistir a partida para ver qual será postura do Corinthians logo no início de jogo. Não é postura do Corinthians se entregar da forma que o Santos fez ano passado, mas claro que o Barcelona é uma equipe totalmente superior. Na verdade foi um tropeço do Barcelona não estar presente neste Mundial e muita competência e qualidade do Drogba.
A comparação deveria ser Mata vs Danilo e Hazard vs Emerson.
No fim das contas, deveria ter sido Danilo vs Oscar, Emerson vs Hazard, e Jorge Henrique vs Mata. Ou Mata vs Danilo e Moses vs Jorge Henrique (se Oscar não for escalado).
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