quarta-feira, julho 08, 2015

7 a 1 não foi pouco. Ficou de graça

"Ainda não é o suficiente." Quando perguntado sobre Dunga na Seleção, essas foram as palavras de Daniel Alves. Palavras sobre o atual "treinador" da Seleção. Uso aspas na palavra treinador porque Dunga não é treinador de futebol. Aliás, o que te leva a crer que Dunga é treinador de futebol? Baseado em que você acredita que Dunga é treinador de futebol? Pois caso você não saiba, a função do treinador vai muito, mas muito (mas muito mesmo) além de escolher o esquema tático, as peças e fazer as substituições na hora do jogo. O jogador joga o jogo e o treinador treina o time nos treinamentos. E é aí que o Brasil parou no tempo. É aí que os treinadores brasileiros estagnaram: nos treinamentos. A metodologia que vigora no "país do futebol" é ultrapassada. Pergunte ao jogador que sai daqui para jogar na Europa, e ele te dirá, se for sincero. Agora reflita: se no quesito treinamento os treinadores brasileiros são ultrapassados, imagine Dunga, que nem treinador é.

Pois é. 7 a 1 não foi pouco. Ficou de graça.

Mas voltando às palavras de Daniel Alves sobre Dunga. Elas foram ditas no Bola da Vez que foi ao ar na noite desta terça-feira, na ESPN Brasil. "Ainda não é o suficiente." Uma frase sincera e necessária (a sinceridade é uma das grandes virtudes do ser humano, mas poucos conseguem adquiri-la), entre tantas outras. Como, por exemplo, esta sobre o 7 a 1: "Taticamente a gente não tava preparado. Futebol é preparação." Se taticamente a Seleção não estava preparada, a responsabilidade é do treinador. A "culpa" (complicado usar essa palavra, mas já foi; com aspas) de Bernard, David Luiz e etc é insignificante perto da de Felipão. Da de Felipão e da de Parreira, diga-se, pois Parreira jogou merda no ventilador ao falar "já estamos com a mão na taça" antes da competição começar. Se o emocional da Seleção já estava fragilizado porque não havia uma filosofia de jogo inteligente bem definida e assimilda (isso mina a confiança), ele ficou ainda mais frágil com a declaração de Parreira, que botou mais peso sobre os ombros dos atletas (sem falar no fato de jogar em casa e sofrer com a pressão doentia feita pela imprensa e pela torcida no sentido da "obrigação" de conquistar o título).

Outro ponto interessante tocado por Daniel, que por sinal eu tenho levantado há bastante tempo nas redes sociais e aqui no blog, e você é prova disso, foi sobre a Neymar-dependência. Ele não usou esse termo, nem estas palavras, contudo deixou nítida sua insatisfação em relação ao modo como o coletivo é tratado na Seleção. O que vimos na Copa do Mundo 2014, por exemplo, foi o sacrifício do coletivo em pról do individual. Foi um time estruturado com duas linhas de quatro, com o melhor armador do elenco escalado na beirada, para o craque Neymar ficar livre, não precisar marcar lateral, e decidir quando a bola chegar. Uma estratégia dos anos 90 em pleno século XXI. E sabe o que é mais inacreditável e revoltante? Que Dunga repete a mesma receita um ano após o 7 a 1.

Pois é. Não foi pouco. Ficou de graça.

Enfim. Assista abaixo o Bola da Vez com Daniel Alves. Modéstia à parte, você que segue o @blogdocarlao no Twitter vai identificar nas ideias do ex-lateral da Seleção várias coisas que eu falo há meses, nesta relevante entrevista, conduzida por Dan Stulbach.



PS: Leia aqui e aqui dois posts publicados à época da Copa.

Um comentário:

Luís Sérgio Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.