Why do brazilian soccer players have one name?
Se você digitar
"why do bra" no Google, uma das sugestões é esta:
"why do brazilian soccer players have one name" (veja
aqui). Sugestão essa que me deu o gancho para esse post, pois tenho uma tese sobre isso há algum tempo, e essa é uma boa oportunidade para externá-la. Acredito ter uma resposta sobre por que jogadores brasileiros tem apenas um nome. E ela, acredite, está escrita no inconsciente coletivo.
É comum vermos, nas transmissões dos jogos europeus, antes da bola rolar, quando aparecem as listas com os jogadores dos dois times, seus nomes completos. Ou ao menos dois nomes, geralmente o primeiro e o último. Por exemplo: Lionel MESSI, Zlatan IBRAHIMOVIC, Arjen ROBBEN, e por aí vai. Quando se trata de jogadores brasileiros, no entanto, nessa lista pré-jogo, aparece apenas um nome, sendo muitas vezes o apelido: KAKÁ, ROBINHO, RONALDINHO, etc.
Claro. Como em toda regra, há exceções. Salvo engano, no caso de Oscar, por exemplo, aparece Oscar EMBOABA. Salvo engano. Não tenho certeza. Ainda assim, o nome que ele leva na camisa é o primeiro nome, e não o sobrenome, como habitualmente ocorre na Europa e talvez no mundo todo (Messi é Messi na camisa, e não Lionel ou Leo). A pergunta é: por quê? Por que isso em regra acontece com os brasileiros e com os demais futebolistas do planeta não? Sobre os demais futebolistas do planeta não posso falar com tanta propriedade, contudo quanto aos brasileiros, permito-me opinar. E a resposta, como disse, está no inconsciente coletivo.
Isso acontece porque o Brasil é um país adolescente. Um país que sofre da
Síndrome de Peter Pan. Um país onde ninguém assume a responsabilidade pelos seus atos e a culpa é sempre do outro (responsabilidade é coisa de adulto). Um país onde tudo é deixado para a última hora, à espera de uma salvação que vem de cima. Um país que não desmama e não consegue andar com as próprias pernas. Um país onde sempre se reclama e nunca se aceita a decisão que vem de cima. Sempre cabe recurso. Sempre há uma brecha jurídica. Sempre se dá um jeitinho. Enfim. São inúmeras as características. Uma das razões para essas características tão peculiares aos brasileiros existirem é o fato do Brasil ser um país novo, foi "descoberto" há 500 anos. Outra é a maneira como ele foi colonizado (recomendo
Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre).
Esse comportamento adolescente e até certo ponto infantil é refletido no futebol mais do que você imagina (lembre-se, futebol é reflexo da sociedade). Isso fica evidente quando vemos que, no Brasil, o perfil do treinador que faz sucesso é o perfil do "paizão". Veja só, o treinador, esse representante da figura patriarcal, é tratado no Brasil orgulhosa e abertamente como "paizão". Quantas e quantas vezes você viu e ouviu o jogador dizer "ele é como um pai para mim"? Milhares, não? Pois é. Em outras palavras, a partir do momento em que o treinador é visto como o pai, o jogador é visto como o filho. Simples assim. É assumidamente o adolescente. Aí é preciso fazer concentração (na Europa não tem, né?) para castigar o filho adolescente, para evitar que ele saia com os amigos indesejáveis e beba, use drogas e etc.
São vários os exemplos. Infelizmente não tenho todos na ponta da língua, tampouco dos dedos. Mas eles estão aí, na nossa cara. E, além desse papo de "paizão" e da concentração (creche), essa questão do nome na camisa, do
"why do brazilian soccer players have one name", é apenas outro exemplo.
O cara pode ter 30 anos de idade, e ainda leva na camisa o apelido de infância. Robinho, Ronaldinho, Juninho (repare no diminutivo). Kaká, Dedé, Vavá (repare nas sílabas repetidas, coisa de bebês que estão aprendendo a falar - gugu dada). Em relação aos jogadores que usam o primeiro nome e não os apelidos, talvez haja uma evolução, mas a diferença não é tão grande assim. Pois, enquanto os outros levam o sobrenome às costas, enquanto os outros levam o nome da família na camisa (Messi, Ibrahimovic, Robben), os brasileiros usam o primeiro nome, o nome do filho (Oscar, Adriano, Lucas). Ou seja, o eterno adolescente (
forever young) que não atinge a maturidade para carregar o nome da família nas costas (é muito peso, né?).
Enfim. Sei que minha tese carece de detalhes e carece de aprofundamento, até porque não sou tão entendido no assunto assim (psicologia), embora entenda um pouco. E até porque é somente um curto post num blog, e não uma tese de mestrado ou doutorado. No entanto me parece evidente que essa característica infantil está enraizada nos brasileiros (não apenas nos jogadores e sim em toda a sociedade, diga-se de passagem). A escolha pelo primeiro nome na camisa ou pelo apelido pode ter lá justificativas racionais, contudo me parece nítido que isso faz parte do nosso inconsciente coletivo. E essa cultura ajuda a explicar, na minha visão,
"why do brazilian soccer players have one name".