"Foi no Mundial de 58. O Brasil estava ganhando de 1 a 0 contra a Áustria.
No começo do segundo tempo, Nilton Santos, o homem-chave da defesa brasileira, chamado de Enciclopédia pelo muito que sabia de futebol, avançou, partindo de seu campo. Abandonou a retaguarda, passou a linha central, esquivou um par de adversários e continuou seu caminho. O técnico brasileiro, Vicente Feola, corria também pela lateral do campo, mas do lado de fora. Suando em bicas, gritava:
- Volta, volta!
E Nilton, imperturbável, continuava sua corrida para a área adversária. O gordo Feola, desesperado, agarrava a cabeça, mas Nilton não passou a bola a nenhum atacante: fez toda a jogada sozinho, e culminou-a com um golaço.
Então Feola, feliz, comentou:
- Viram só? Eu não disse? Este sim, sabe!"
Texto do livro Futebol ao Sol e à Sombra, de Eduardo Galeano, de quem sou fã assumido, mas que deixou de lado a tabelinha com Mazzola. Dê o play e confira, a partir do minuto 3:40.
A última página dessa história foi escrita nesta quarta-feira. Aos 88 anos, enfim, Nilton está entre santos.
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