Talvez a fim de priorizar os cruzamentos para o centroavante, Carlo Ancelotti iniciou com o destro Cristiano Ronaldo na ponta direita e o canhoto Gareth Bale na ponta esquerda. Digo talvez porque não ouvi isso da boca dele, mas reconheço que não consigo encontrar outro motivo para essa mudança. A partir dos 20 minutos do primeiro tempo, no entanto, o português e o galês voltaram aos seus habitats naturais para fazerem o que fazem melhor: puxar para dentro e arrematar com o "pé invertido". Os dois gols merengues, não à toa, saíram dessa maneira (ambos na segunda etapa): pela esquerda, chute de direita de Cristiano Ronaldo; pela direita, chute de esquerda de Bale.
Apesar do 2 a 2 em Turim, defensivamente a partida feita pela Juventus foi superior à feita pelo Real Madrid, também em função da marcação exercida sobre o pé pensante adversário. Pirlo – o Alonso da Juventus – teve mais liberdade para trabalhar com a bola do que Alonso – o Pirlo do Real Madrid. Embora o 14 espanhol tenha aparecido na frente e carimbado o travessão aos 56', no geral o 21 da Velha Senhora teve mais tempo e espaço para distribuir o jogo (talvez porque Benzema não o combateu tanto quanto Llorente cercou Alonso).
No meio de campo, curiosamente os dois camisas 6 se destacaram. Digo curiosamente porque na maior parte do tempo eles duelaram entre si. Como não se tratou de uma marcação individual, porém, em vários momentos eles escaparam e deram trabalho a outros atletas (Varane que o diga, sofreu nos pés de Pogba). Já Khedira, se não foi tão operante ofensivamente quanto o volante francês, deu a consistência e a segurança necessária à meia cancha. Graças ao papel do alemão, por exemplo, Modric pôde eventualmente tocar o piano (que, diga-se, pertence a Alonso).
Quanto ao compactado e, vá lá, conservador 4-5-1 (duas linhas) escalado por Antonio Conte, compreendo a opção do técnico. Na minha visão, mesmo atuando em casa, admitiu a superioridade técnica do oponente e se fechou para contra golpear. Legítimo. E até certo ponto, deu certo, já que na primeira metade os anfitriões foram melhores e foram para o intervalo em vantagem no placar (1 a 0, Vidal de pênalti). Na segunda metade os visitantes inverteram o tabuleiro, é verdade. Falha individual de Cáceres no gol de Ronaldo à parte, o segundo tempo foi todo blanco (ou melhor, naranja). Tanto é que a virada logo veio com Bale aos 60'. Falha por falha Varane também falhou no gol de Llorente, é verdade. Mas aí há infinitamente mais méritos no cruzamento do 4 e na cabeçada do 14 do que o contrário. Ainda assim, o fato é que, mesmo num "retrancado" (repare nas aspas) 4-5-1, na medida do possível, a Juve buscou o gol a todo instante.
Agora a situação do Grupo B é a seguinte: Real Madrid lidera com 10 pontos, seguido de Galatasaray e Copenhague, ambos com 4 pontos, e da Juventus com 3 (três empates e uma derrota). Ou seja: apesar da relativa boa exibição contra o todo-poderoso Madrid nesta terça-feira, o resultado foi péssimo para a Vecchia Signora (que nas últimas duas rodadas recebe o time dinamarquês no dia 27 de novembro e visita o turco no dia 10 de dezembro).
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