segunda-feira, junho 02, 2014

Não se muda de opinião a cada rodada

Não sou de ferro. Vou puxar a brasa à minha sardinha.

No dia 15 de maio, entre a quarta e a quinta rodada do Brasileirão, tuitei isso (imagem abaixo). Cinco rodadas depois, hoje meu palpite ganha forma no topo da tabela. E por ali permanecerá durante toda a Copa do Mundo. A questão é: estará lá a três, duas rodadas do término do torneio?

Na verdade, anteriormente, no dia 21 de abril, eu havia tuitado isso. Mas, confesso, após a chegada de Levir Culpi ao Galo, da maneira como foi, batendo de frente com Deus e o mundo, falando que jogador para ele é número e o caramba, tuitei isso.

Em princípio estou contradizendo o título do post, eu sei, mas você verá que nem tanto. Pode ter certeza de que do dia 15 de maio até hoje, 2 de junho, muita gente colocou e tirou o Grêmio dessa lista, tirou e colocou o próprio Atlético-MG, e talvez algum outro. E pode ter certeza de que muita gente vai mudar os integrantes dessa lista a cada duas ou três semanas, quando não antes.



É muito cômodo mudar de opinião a cada duas rodadas. É muito fácil apontar fulano e beltrano como favoritos a isso ou a aquilo, e menos de um mês depois trocar de opinião. Nada contra trocar de opinião, claro. Pelo contrário. Como diria Raul, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante. Evidente. No caso do futebol, no entanto, o imediatismo da análise faz com que a opinião seja alterada de um fim de semana para o outro, sem fundamento. Em outras palavras, o imediatismo das análises desqualifica elas mesmas. E me refiro às análises dos torcedores, dos jornalistas, dos dirigentes, de quem quer que seja. Enfim. As análises imediatistas são um dos cânceres do futebol brasileiro.

Também acho meio cômodo apontar, sei lá, oito equipes para brigarem pelo G4. Para disputarem o G4, creio que uns cinco, no máximo seis candidatos, seja mais justo. Senão vira bagunça, né. E o mesmo se aplica aos favoritos ao título. Apontar, sei lá, quatro, cinco candidatos ao título, é mole, é lindo. Quero ver apontar dois, três candidatos ao caneco (esse ano ainda está fácil apontar o grande favorito porque o Cruzeiro está bem à frente de seus supostos concorrentes diretos). "Meu favorito ao Brasileirão 2014 é o Cruzeiro, claro." Tweet de 21 de abril.

Veja bem. Ninguém é obrigado a dar palpite. Dá palpite quem quiser, concorda ou discorda quem tiver interesse. Quem não tiver, não dê bola, ignore. Mas se for dar, mantenha-se fiel a ele. E lembre-se: nenhum palpite garante o futuro. O futuro ao tempo pertence e a mais ninguém.

Há uma grande diferença. Dizer "acredito que acontecerá isso" por causa disso, disso e disso é uma coisa; dizer "acontecerá isso" e ponto, é outra coisa. Por isso não garanto que o Cruzeiro será o campeão, nem que Corinthians, São Paulo, Fluminense e Internacional completarão o Top 5 ao final da 38ª rodada. Apenas acredito nisso - desde o dia 15 de maio, diga-se - baseado numa série de argumentos, como elenco, treinador, desempenho dentro das quatro linhas, potencial, mercado, planejamento, etc. E por coerência não vou mudar de opinião lá pelas tantas por pura conveniência. Caso, lá pelas tantas, na reta final do campeonato, apenas um ou dois dos times dos quais eu citei esteja no Top 5, azar o meu, terei errado três ou quatro times, terei errado o palpite. Acontece. Aliás, é o que mais acontece.

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