quinta-feira, março 19, 2015

Prévia de Liverpool vs Man United

Embora Dunga tenha dito esses dias que o Liverpool joga no 4-4-2, como todos os times ingleses, nós sabemos que a equipe treinada por Rodgers atua no 3-6-1 em quadrado. Para ser mais preciso, há exatas 14 rodadas a equipe treinada por Rodgers atua no 3-6-1. A primeira vez em que os Reds adotaram esse esquema na temporada, por sinal, foi diante dos Red Devils, pela 16ª rodada, no Old Trafford, naquela derrota por 3 a 0, em dia de De Gea (leia aqui o post com prancheta). Eis que, de lá para cá, o Liverpool está invicto na Premier League. São 10 vitórias e 3 empates. Invencibilidade que será posta à prova no domingo, pela 30ª rodada, no Anfield, justamente contra o United (disputa direta por vaga na Champions League 2015/16).

Se por um lado Rodgers definiu o 3-6-1 como estrutura tática titular, e a repetiu desde então, do outro van Gaal utilizou várias formações. Naquela vitória por 3 a 0 sobre o Liverpool, por exemplo, seu time ainda flertava com os três zagueiros (Rooney foi volante). Depois tentou um 3-5-2 com Di María no ataque (veja aqui), passou pelo 4-4-2 em losango, e hoje enfim parece ter encontrado o XI ideal: um 4-1-4-1 com variação para o 4-2-3-1, dependendo do posicionamento de Fellaini e Herrera. E essa é a grande diferença entre os trabalhos de van Gaal e Rodgers na temporada: a convicção – ou a falta dela, no caso de van Gaal – em relação ao XI. Pois se por um lado o técnico holandês demorou anos para encontrar o chamado XI ideal (parece que o encontrou), do outro o técnico norte-irlandês o tem definido há exatas 14 rodadas. (Justiça seja feita, Rodgers também mexeu demais no time na primeira metade do campeonato, vide este post aqui.)

Logo, hoje o Liverpool se encontra num estágio de evolução mais avançado que o United. Graças ao conhecimento, à convicção e à filosofia de jogo do seu treinador, hoje o Liverpool é mais time que o United, no sentido coletivo da palavra. Está mais entrosado que o United, e seus jogadores estão mais adaptados ao esquema. Sabem direitinho o que fazer com e sem a bola. Por essas e outras, é o favorito ao clássico. E para confirmar esse favoritismo, Rodgers deve repetir a equipe que enfrentou o Swansea na última segunda: Can, Skrtel e Sakho na zaga, Sterling e Moreno nas alas, Allen e Henderson volantes, Lallana e Coutinho nas meias, mais Sturridge na frente. Já van Gaal deve repetir a formação dos últimos jogos, com Di María e Young nas pontas, Rooney na referência (Falcao no banco), Carrick na cabeça de área, mais Herrera e Fellaini por dentro. Para não sobrecarregar Carrick na marcação à dupla de meias do Liverpool, porém, é bem provável que Herrera se posicione ao lado de Fellaini, configurando assim um 4-2-3-1 (4-4-1-1), não um 4-1-4-1. Se assim for, Carrick e Herrera batem de frente com Lallana e Coutinho, de modo que Fellaini encosta mais em Rooney.



A marcação obviamente não é individual, mas devido ao posicionamento das peças e às estruturas táticas dos dois times, alguns duelos podem ficar bem estabelecidos. Além de Coutinho vs Herrera e Lallana vs Carrick, Fellaini deve duelar com Henderson, por exemplo. Ou com Allen, visando tirar proveito da disparidade física. Este é um dos pontos fortes do 3-6-1 de Rodgers, aliás. Enquanto a maioria das equipes trabalha com três homens no meio campo, o Liverpool trabalha com quatro. Ou seja, quase sempre tem a superioridade numérica no setor mais importante do jogo. Para igualar numericamente essa região, portanto, pode ser que Di María se desloque para a faixa central. Mas acho difícil. Imagino o Manchester United voltado para o contra golpe mesmo, compactado lá atrás com duas linhas de quatro, com dois wingers de ofício (Di María e Young), para explorar os espaços entre os alas e os zagueiros das beiradas do Liverpool. Nesse caso, outros dois duelos podem ocorrer com frequência: Emre Can vs Young e Sakho vs Di María (além de Skrtel vs Rooney). Em contrapartida, Sterling e Moreno devem ficar no mano a mano com Blind e Valencia em vários momentos. A conferir.

Só uma coisa. Não estou aqui cravando que essas serão as escalações, tampouco que o jogo vai decorrer assim ou assado, hein. Trata-se apenas de uma tentativa de previsão. Pode ser que van Gaal – o Professor Pardal da temporada – surja com uma formação inédita. Pode ser que ele comece com Falcao e recue Rooney (aí talvez Herrera pagasse o pato). Ou com Mata, que foi muito bem contra o Tottenham. Ou, como disse, pode ser que ele mude para um 4-4-2 em losango, para igualar numericamente o meio campo. Ou quem sabe ressuscite um esquema com três zagueiros. Não sei. De van Gaal eu espero umas “inovações”. Já de Rodgers, não. Nada me leva a crer que ele possa alterar uma estrutura que tem dado tão certo (e só tem dado tão certo porque ele não fica a alterando). O que pode acontecer, isso sim, é alguma mudança nas peças. Na prancheta acima prevejo Sterling na ala e Lallana na meia, mas pode ser o contrário. Ou Sterling pode jogar na meia, Markovic na ala e Lallana no banco. Ou Can volante, ao lado de Henderson, e Lovren na zaga. Não sei.

Enfim. São várias as possibilidades. Seja como for, independente dos nomes escolhidos e das estruturas táticas, o fato é que o clássico entre Liverpool e Manchester United é gigante por si só. E se torna ainda maior quando se está em jogo uma vaga na Champions League 2015/16. No momento o “G5” é formado por Chelsea 64 pontos (um jogos a menos), Manchester City 58 pontos, Arsenal 57 pontos, Manchester United 56 pontos, e Liverpool 54 pontos. Os quatro primeiros garantem vaga na Champions League, e o quinto colocado vai para a Liga Europa. Em outras palavras, a briga está ótima. E neste domingo será escrito mais um capítulo fundamental dessa história.

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