segunda-feira, abril 06, 2015

Por que Muricy tinha de sair

O melhor São Paulo nessa passagem de Muricy Ramalho foi o do segundo semestre do ano passado, distribuído no 4-4-2 em linha, com Ganso aberto à direita, Kaká aberto à esquerda, Denilson e Souza volantes, mais a dupla de ataque formada por Kardec e Pato, ou Kardec e Luis Fabiano, ou Pato e Luis Fabiano. Apesar de eu não gostar da ideia de Ganso pela beirada (nunca gostei e jamais vou gostar), reconheço que dessa maneira o time rendeu bem – apesar do “sacrifício” do maior talento do elenco. Não ao ponto de rivalizar com o Cruzeiro que caminhava rumo ao bicampeonato, mas rendeu bem, ao ponto de terminar o Brasileirão em segundo lugar. Não se esqueça: o São Paulo foi vice-campeão do Brasileirão 2014. Eis que, na temporada seguinte, meio que da noite para o dia, o castelo desmoronou. A pergunta é: por quê?



Não basta atribuir à saída de Kaká essa queda de rendimento. Até porque seu substituto sempre esteve ali: Michel Bastos. Veja bem, não estou dizendo que Michel Bastos foi ou é melhor que Kaká, mas para jogar pela beirada do 4-4-2 em linha, hoje em dia Michel Bastos é um substituto à altura sim senhor. Na reta final do campeonato, aliás, ele foi o melhor jogador do time. Não era titular absoluto, contudo jogou muitos minutos e quase sempre foi bem. E foi dessa maneira, com duas linhas de quatro mais a dupla de ataque, que o time engrenou no ano passado. Foi com Ganso e Kaká pelas beiradas (ou Ganso e Michel ou Kaká e Michel) que o time engrenou no ano passado. Aí, eis que, no primeiro grande jogo de 2015, contra o Corinthians, na Arena, em vez de mandar a campo o time que engrenou no ano passado (com Michel no lugar de Kaká, uma simples troca de peças), Muricy mudou a estrutura e passou para um 4-4-2 em losango, com Michel na lateral esquerda. Ou seja, além de mudar o sistema tático, colocou o melhor winger do elenco na lateral. Só isso. (Leia aqui o post sobre esse jogo.)

Esse foi o primeiro sinal de que ele começou 2015 meio perdido. Justamente diante do Corinthians, fora de casa, pela Libertadores, no primeiro grande desafio da temporada, em vez de optar pelo certo, ele escolheu o duvidoso. Não que o São Paulo fosse jogar bem ou ganhar do Corinthians fora de casa se o time tivesse entrado no 4-4-2 em linha. Mas, convenhamos, no mínimo faria mais sentido, já que era o esquema que deu certo no ano passado (isso sem falar em Michel na lateral).

Outro sinal de que Muricy estava perdido apareceu noutro clássico, contra o Palmeiras, no Allianz Parque, pelo Paulista, quando, com um homem a menos, após a expulsão de Toloi no início da partida, ele sacou ninguém menos que Alexandre Pato. O que manda a cartilha dos treinadores quando se tem um homem a menos? Até onde sei, fechar-se com duas compactadas linhas de quatro lá atrás, mais o centroavante, e explorar o contra ataque. Quem ele tirou? Simplesmente o atacante mais rápido e goleador do time: Pato. Houve outras escolhas equivocadas de sua parte nessa temporada que eu poderia listar aqui, como a insistência em Ganso pela beirada, ou o revezamento no ataque, ou a péssima utilização de Centurión, ou sua nítida falta de convicção e ideias. Mas prefiro ressaltar e encerrar o assunto com esse episódio diante do Palmeiras. Para mim, foi a gota d'água. Depois disso, confesso que lavei minhas mãos e perdi as esperanças em Muricy.

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