Deschamps tem variado entre o 4-3-3 e o 4-2-3-1 na Euro 2016. Na primeira rodada a França atuou com Pogba e Matuidi nas meias e Griezmann e Payet nas pontas do 4-3-3 (Kanté volante). Mas foi só na segunda etapa, distribuída no 4-2-3-1, com Payet pela faixa central e Coman e Martial abertos (Pogba e Griezmann foram sacados), que a equipe da casa engrenou e alcançou a vitória sobre a Romênia.
Já na segunda rodada, contra a Albânia, o treinador francês manteve a estrutura tática que deu mais certo na primeira, com Coman, Payet e Martial na linha de três, Kanté e Matuidi volantes, mais Giroud na referência. Ou seja, iniciou com Pogba e Griezmann na reserva, injustificável e equivocadamente. Ambos entraram no segundo tempo, claro. E com o time postado no 4-3-3, os gols da vitória por 2 a 0 saíram (um deles de Griezmann).
Na terceira rodada, com a vaga nas oitavas já garantida, a França "poupou" uns atletas e atuou com Cabaye volante e Sissoko e Pogba nas meias do 4-3-3. Dessa vez Pogba trabalhou na meia esquerda, onde rende mais e onde joga na Juventus, por exemplo. O problema é que Matuidi é canhoto, e com ambos no XI, geralmente Pogba é "sacrificado" na meia direita, para que Matuidi fique na esquerda. Geralmente. Pois nas oitavas, pelo menos a mim, Deschamps surpreendeu e inverteu eles de lado.
Diante da Irlanda, neste domingo, a França começou com o destro Pogba na meia esquerda e o canhoto Matuidi na meia direita do 4-3-3 (Kanté à frente dos zagueiros; canhoto Griezmann na ponta direita e destro Payet na ponta esquerda). Apesar de não ter feito uma grande partida, Paul Pogba estava nitidamente na sua praia na meia esquerda. Matuidi, em contrapartida, se mostrou relativamente desconfortável na meia direita. Durou até o intervalo. Em desvantagem no placar (Irlanda fez 1 a 0 logo aos 2 minutos de jogo) e com Kanté amarelado, Deschamps voltou para o segundo tempo com uma mudança esperada: trocou o 4-3-3 pelo 4-2-3-1, com Coman na vaga do volante do Leicester. O que não era esperado, pelo menos por mim, era o posicionamento das peças em campo.
Na segunda etapa, Pogba e Matuidi, agora formando a dupla de volantes do 4-2-3-1, inverteram de lado (o futebol de Matuidi cresceu pela esquerda). O que chamou a atenção, no entanto, foi a distribuição dos homens mais da frente: Coman e Payet pelas beiradas e Griezmann por dentro. Isso mesmo. Até então, na competição, quando variou para o 4-2-3-1, Deschamps utilizou Payet pela faixa central. Diante da Irlanda, entretanto, Payet permaneceu à esquerda e Griezmann veio para dentro. E foi por ali, pela faixa central, que ele fez os dois gols da virada sobre os irlandeses. Porque é por ali, pela faixa central, encostando no centroavante, que ele rende mais, sem tanto desgaste defensivo, com maior região de atuação, mais perto da área. É por ali que ele mais se aproxima do Griezmann do Atlético. E é por ali, provavelmente, que ele vai enfrentar a Inglaterra ou a Islândia nas quartas, com Payet na ponta esquerda e Coman na ponta direita (e Pogba e Matuidi volantes, até porque Kanté está suspenso).
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