Dunga é volante nato, por natureza. Ele vem da escola gaúcha, que presa por um carrinho bem dado, que arranca tufos do gramado, a um chapéu que arranca aplausos da torcida.
Dunga é defensivista de corpo e alma. De religião. Não abandonou suas raízes. Aquele volante de contenção, sempre pronto para dar no meio da canela do adversário, ainda está bem vivo na memória do ex-capitão do tetra e atual treinador da seleção brasileira.
Esta obsessão pela defesa, principalmente por volantes, está em seu DNA. E Dunga não nega suas origens. Pelo contrário, as expõe com orgulho.
Ontem, contra o Chile, a seleção brasileira chegou a estar com 4 (quatro!) volantes em campo. Começou com três (Gilberto Silva, Mineiro e Elano). Depois entraram Júlio Batista e Josué, formando o quarteto dos sonhos de Dunga: Gilberto Silva, Mineiro, Josué e Júlio Batista. Provável que desde pequeno Dunga sonhava em ser treinador da seleção nacional só para superpovoar o meio-campo com volantes.
Além do excesso de volantes e da conseqüente falta de criatividade que o time apresenta, o maior problema é que o técnico não sabe tirar o máximo de seus jogadores.
Alguns, como Parreira versão 2006 por exemplo, acham que o jogador deve se adaptar ao esquema tático. Outros, como Felipão, acham que quem tem de se adaptar é o esquema ao jogador, e não o contrário.
Eu prefiro esta última opção.
Dunga prefere a primeira. Ele tem o esquema pré-definido na cabeça. Danem-se os jogadores. Eles que se adpatem.
O resultado é ver Elano jogando como meia (apesar de na partida de ontem ter jogado como terceiro volante), Robinho jogando como meia, Anderson jogando como meia, Vágner Love jogando sozinho, Mineiro jogando com limitações...
Aliás, limitações são impostas a todos jogadores. Nos primeiros tempos das duas partidas (contra México e Chile), os jogadores brasileiros pareciam robôs, reféns do esquema de Dunga. Estavam cadeados. Não podiam sair da área delimitada pelo treinador de jeito maneira.
Quando algum deles vai além do limite tático, acontece o que aconteceu no segundo tempo do jogo de ontem (e no segundo tempo contra o México): a individualidade aparece.
Está na moda, há algum tempo, dizer que "Quando o coletivo é forte, a individualidade aparece".
Ontem, com Robinho, a individualidade (e que bela individualidade!) apareceu. Mas apareceu por méritos totais e exclusivos de Robinho, porque se for depender de um bom coletivo, para a individualidade aparecer, podemos esperar a próxima Copa América.
Ou esperar Dunga cair na real, e perceber que não é preciso mais de dois volantes no meio-campo; que é preciso dois meias-atacantes; que é preciso uma dupla de dois, de verdade, no ataque; que alguns jogadores acima da média devem ter liberdade para criar; que craques como Robinho e Anderson não podem ficar presos a certas faixas do campo.
Ontem, Robinho, artista nato, pintou, bordou e maquiou a vitória por 3 a 0. O Brasil não fez por merecer este placar. Robinho fez. E mereceu. Mas a seleção brasileira não.
Dunga precisa rever seus conceitos, antes que seja tarde.
5 comentários:
Com tantos volantes ainda acho que Diego tem vaga na seleção. Robinho vem sendo o diferencial dessa seleção, mas não se iludam, é muito pouco para um time que quer ser campeão.
Grande Carlão!
Olha, acho que essa crítica específica sobre os volantes, não pode ser feita considerando todo o período de trabalho. No jogo de ontem, sim, absolutamente.
E o trabalho do nosso técnico, de modo geral, deixa muito a desejar.
gde abraço!
E acho que pode, porque durante todo o período do trabalho, Elano, que é volante, jogou na meia (exceção feita à ontem).
Dunga sabe muito bem, taticamente, como tirar o mínimo de seus atletas.
Infelizmente, Dunga vem se mostrando turrão e teimoso...as vezes, confunde raça com burrice tática...
Robinho salvou sua pele ontem, mas não será sempre assim...
Dunga é bem espalhafatoso em seus gestos, pelo menos. Finge bem ser treinador...
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