Lembro que certa vez Leonardo Bertozzi levantou a bola no Twitter: "Estamos diante do melhor time da história?" A pergunta se referia ao Barcelona de Messi. Lembro que na hora torci o nariz, imaginando como teria sido o Santos de Pelé, o Botafogo de Guarrincha ou o Flamengo de Zico. Hoje, porém, reconsidero minha visão e considero a colocação do jornalista da ESPN Brasil para lá de pertinente.
Não pretendo traçar um paralelo com esquadrões de outras eras, tampouco polarizar o debate. Esse não é o foco do post. A indagação merece reflexão, contudo quero aqui enaltecer a polivalência e a eficiência das peças e das estruturas táticas que Pep Guardiola tem em mãos atualmente.
No 5 a 0 deste sábado, sobre o forte Atlético de Madri, no Camp Nou, confesso que não me antenei ao primeiro tempo, mas fiquei com a sensação, sem convicção, de um 3-4-3 com Daniel, Mascherano e Abidal atrás, Busquets centralizado, Xavi à direita, Thiago à esquerda e Fábregas no topo do losango do meio-campo. Na frente, Pedro na ponta direita, Villa na esquerda e Messi na dele, "falso 9".
Na segunda etapa, já com o placar de 3 a 0 construído na primeira, o treinador azulgrená recuou Busquets, para formar a dupla de zaga com Mascherano, voltando assim ao habitual 4-3-3. E na meia-cancha, o triângulo invertido (base alta) foi composto por Thiago, Xavi e Fábregas. Isso mesmo: o primeiro homem do meio-campo, o único "volante" da equipe, era o leve e levado Thiago.
É aí que mora a intriga. O deslumbrante é que, tanto de um jeito quanto de outro, o Barça mantém o alto nível e faz o que sempre faz: domina com posse de bola, passes pacientes, infiltrações pelo corredor central e marcação por pressão. Isso que impressiona. Independente de jogar no 3-4-3 ou no 4-3-3, o padrão de jogo é o mesmo. Independente de quais sejam as peças preenchendo as posições, o padrão de jogo é o mesmo.
Graças à qualidade e à polivalência do plantel, Guardiola pode escalar o mesmo atleta em três, quatro lugares diferentes. Busquets, por exemplo, pode jogar como zagueiro, volante, meia. Thiago pode atuar como volante, meia, ponta. O mesmo se aplica a Xavi, Iniesta, Fábregas. Quiçá até a Keita. Só para adicionar outro exemplo, na partida anterior, contra o Valencia, quem terminou como ponteiro pela direita foi o canhoto Adriano. Isso mesmo! Adriano. Cá entre nós, que outro time no mundo é capaz disso?
Voltando ao primeiro parágrafo, à pergunta do Bertozzi, me atrevo a arriscar que sim. Sem desmerecer o passado, talvez estejamos sim diante do melhor time da história. E não se trata apenas dos infinitos títulos ou da genialidade infinita de Lionel Messi. Trata-se de uma equipe que é equipe na essência da palavra. Que, coletivamente, beira a perfeição.
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