quarta-feira, abril 09, 2014

Pardal ou não, Pep é o cara

A não ser que você jogue, sei lá, com duas linhas de cinco, é impossível preencher os corredores laterais e a faixa central ao mesmo tempo. Ou se ocupa o lado direito e o meio, ou o meio e o lado esquerdo. Jamais os três ao mesmo tempo. Por isso, penso eu, Guardiola optou por colar Robben e Ribéry às linhas laterais, bem abertos, justamente para alargar e abrir espaços entre os defensores do Manchester United.

Ao passo que Robben e Ribéry ocupavam as extremidades do campo, com a posse (ou seja, em praticamente 70% do tempo), os laterais avançavam por dentro, uma movimentação que me surpreendeu. Tanto Lahm quanto Alaba, quando o Bayern tinha a bola, subiam simultaneamente pela faixa central, no intuito, penso eu, de criar a superioridade numérica no setor do meio campo. Na prática, porém, Kagawa e Valencia se desdobravam na defesa: ora vinham por dentro para acompanhar os laterais adversários, ora fechavam por fora e dobravam a marcação nos pontas adversários, somados a Evra e Jones.



Esse foi o panorama do primeiro tempo. United fechado lá atrás à espera da retomada e da transição ofensiva rápida, do contra ataque, em regra puxado por Rooney e Welbeck (ou Valencia, Kagawa). Já o Bayern trabalhou a posse na base do passe, sem conseguir criar chances efetivas de gol. Na segunda etapa, contudo, o jogo foi mais aberto, mais franco, menos tático e mais rico em emoção, lá e cá. Trocação pura. Isso graças à postura dos Red Devils na volta do intervalo, em favor da posse própria, e, claro, graças ao(s) gol(s).

Até então preso lá atrás, preocupado com Robben, Evra deu uma escapada, chegou à frente sem ser incomodado e, com uma bomba de prima, abriu o placar aos 57'. Dois minutos depois Mandzukic já empatou. E aos 68', Müller virou, após cruzamento de Robben, que solitário superou por um momento a dupla Evra-Kagawa. Mais tarde, aos 76', o holandês faria o dele, a seu estilo, trazendo da direita para dentro e batendo de esquerda, decretando o placar final: 3 a 1 (4 a 2 no agregado).

Sou fã de Guardiola, porém confesso que não entendi direito, ou acho que não aprovei, digamos assim, esse papo de trazer os laterais por dentro e deixar os pontas bem abertos. Não sei se chegou a ser um Professor Pardal, porém admito minha surpresa e meu estranhamento com certas decisões tomadas por ele. Mas Pep é isso. Sai do lugar comum. Quebra paradigmas táticos. Inova. E toda inovação causa suspeita. Deu certo contra o United? Tenho minhas dúvidas. A vitória veio e o Bayern está classificado à semifinal da Champions League, entretanto ela poderia ter sido facilitada. Mas enfim, como disse, sou fã do treinador catalão e admiro demais seu trabalho, com ou sem "pardalices". De fato, Guardiola escreve seu nome na história do futebol.

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