domingo, junho 14, 2015

Dunga reforça a Neymar-dependência

Dunga aparentemente repete Felipão. Engessa o time coletivamente para que o talento possa decidir. Opta por um esquema tático e uma distribuição de peças que privilegiam o craque do time, para que ele fique "livre" e possa resolver. Em outras palavras, sacrifica o coletivo em nome do individual. A pergunta é: o sacrifício vale a pena?



Particularmente, creio que não. (Bati bastante nesta tecla durante a Copa do Mundo, aliás, e pelo visto vou continuar a bater nessa segunda era Dunga.) Creio que não porque, acima de tudo, como a própria Alemanha mostrou ao mundo naquela goleada histórica, o futebol é um esporte coletivo. Sem dúvida o talento individual merece ser valorizado. Porém o talento individual não se sustenta sem um coletivo muito bem estruturado. E isso significa, entre outras coisas, que certas peças, as que mais podem contribuir nesse sentido, não podem ser limitadas a funções burocráticas, para que, no fim das contas, o craque decida. No fim das contas, no caso da Seleção, essa medida apenas reforça a chamada Neymar-dependência.

Há quem pense que esse sacrifício vale a pena. Há quem diga que o craque do time tem mesmo que ficar "livre", que jamais pode correr atrás de lateral, por exemplo, para estar inteiro fisicamente e poder decidir quando a bola chegar. Eu discordo. Acho um pensamento retrógrado. Pois, mais do que nunca (e o 7 a 1 mostrou isto, embora muitas pessoas no Brasil ainda não tenham compreendido), o futebol é jogado coletivamente. "Todos" atacam e "todos" defendem. As tarefas são bem divididas. Portanto, a exemplo do que fez Felipão na Copa com Oscar, quando Dunga opta por colocar o cara mais pensador da equipe (Coutinho) na beirada, para "marcar lateral", para que Neymar resolva, ele mata o meio campo (o setor mais importante do jogo) e revela que está na contramão do dito futebol moderno.

PS: Eu sei que Coutinho sentiu e não enfrentou o Peru, neste domingo. Foi apenas um exemplo. Mas é provável que, na próxima partida, o 4-4-2 em linha seja mantido, e que Willian e Coutinho ocupem as beiradas (Firmino e Neymar no ataque, além da dupla de volantes). Aí sim, nesse caso, estarei apenas me antecipando. Caso contrário, retiro o que escrevi em relação a ele.

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