segunda-feira, maio 12, 2008

O Maestro Mestre*

Diziam que ele não corria em campo.

Ao apito final, nenhuma gota de seu glorioso suor molhava o manto sagrado que lhe cobria o corpo.

Quem tem de correr é a bola, não o jogador, dizia ele.

Gênio.

Não sabia qual era a cor da grama. Não conhecia a cor da cal. Só jogava de cabeça erguida.

O pescoço avantajado dava-lhe grande visão de jogo. Lançamentos de dez, quinze, quarenta metros saíam de seu pé com tamanha banalidade. De olhos fechados. Perfeitos.

Único.

Contrariou Newton, o da maçã, com sua cobrança de falta, a folha, sua invenção.

Contrariou os goleiros.

Gigante.

Fez o primeiro gol no maior do mundo. O primeiro e muitos outros.

No maior do mundo, e no mundo todo. E em todo mundo.

Dono do meio-de-campo.

Dono de todo o campo.

Maestro.

Jogava por música. Clássica. Regia o time todo. Fazia das chuteiras, batuta.

Brasileiro.

Do Rio para o mundo.

Campeão.

Do Rio e do mundo.

Inigualável.

Insuperável.

Incoparável.

No Fluminense, no Botafogo ou na Seleção, fez das chuteiras, coração.

Pelos campos das Américas ou da Europa, de lá ou daqui, serás sempre lembrado, eternamente, Mestre Didi.

*Texto publicado, aqui no blog, em outubro do ano passado.
**Hoje, 12 de maio de 2008, completa-se 7 anos sem Didi.

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