Não adianta. A conta não fecha. Por mais que seja bonito e até certo ponto romântico, o 4-4-2 em linha quase sempre deixa o oponente em vantagem numérica no meio campo, justamente o setor mais importante do jogo. Veja o exemplo do clássico de Londres, jogado neste sábado, no Emirates Stadium. De um lado os donos da casa distribuídos num 4-2-3-1, do outro os visitantes, no mais inglês dos esquemas táticos: o 4-4-2 em linha. Na meia cancha, de um lado, Arteta, Wilshere e Rosicky. Do outro, Dembélé e Bentaleb. Ou seja, três contra dois.
Para que a superioridade numérica Gunner não ficasse escancarada, evidente e obrigatoriamente um dos atacantes dos Spurs - Soldado ou Adebayor - teve de cercar o primeiro volante adversário (no caso, Arteta). Porém, por uma questão de característica e de posicionamento, em vários momentos o camisa 8 do Arsenal teve liberdade para trabalhar, em especial quando o time aprofundava em bloco e rodava a bola no campo de ataque.
É verdade que esta falha na marcação por parte do Tottenham não foi determinante em sua derrota. A falha crucial, essa sim, foi cometida por Walker, que não sei por que deixou espaços generosos para a projeção e o arremate de Cazorla (1 a 0 aos 31 minutos do primeiro tempo). A própria movimentação de Cazorla, aliás, natural, reforça a tese do parágrafo anterior (superioridade numérica), já que o meia espanhol, apesar de atuar na ponta, frequentemente busca a faixa central com a redonda no pé. O segundo gol do Arsenal, coincidentemente ou não, surgiu dum vacilo do outro lateral. Rose cedeu ao bote de Rosicky e entregou a rapadura de bandeja ao tcheco, que decretou o placar final aos 17 da segunda etapa: 2 a 0.
Mesmo sem seus dois principais atletas na temporada, Ramsey e Özil (o alemão entrou aos 75’), o Arsenal foi superior ao Tottenham (sem Paulinho) do início ao fim. Apesar do improviso feito no comando do ataque (Walcott), mostrou a força do elenco através da versatilidade de seus meio-campistas. Praticamente todos eles jogam (bem) em todas as posições do setor. Nesse aspecto, méritos para Wenger na montagem do plantel e do time. Graças à movimentação intensa e inteligente, e à bela exibição técnica de Wilshere, Gnabry, Rosicky, Cazorla e Walcott (os homens do meio pra frente), os Gunners passaram com autoridade pelo rival londrino e se classificaram aos dezesseis avos de final da Copa da Inglaterra.
Um comentário:
Entendo mas não concordo. O maior problema dos Spurs foi a sobreposição do Adebayor com o Soldado. Se tivesse um atacante rápido no lugar de qualquer um dos 2, o resultado seria diferente.
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