O centro-avante protege o meia, que por sua vez protege o volante, que por sua vez protege o zagueiro, que, protegido pelos laterais, protege o goleiro. Essa é uma forma de encarar o futebol. Um jeito, digamos, futebol-cotovelo, que entende que o futebol-arte é coisa de veado. Espírito defensivista, por natureza. Por alma. Cotovelo na costela e taça na mão. Placar clássico: 1 a 0 (quando não é o meio a zero). O craque do time é o beque canela-dura fazendeiro.
O goleiro serve o zagueiro, que, servido pelos laterais, por sua vez, serve o volante, que por sua vez, serve o meia, que por sua vez, serve o centro-avante. Essa é outra forma de encarar o futebol (e o adversário). Estilo, digamos, futebol-arte, composto por frágeis costelas. Espírito ofensivista, por natureza. Fome. De gol. Taça na mão, depois de dançar com os pés. Estilo bailarino. Placar clássico: 3 x 0. O craque do time é o camisa 10, leve e solto como uma gazela (bailarina).
Dois estilos diferentes para se encarar, não é? Mas há de existir o meio-termo. E o jogador que mais representa este meio-termo está no meio-campo. O volante. Não se pode dirigir um time sem volante. É a peça-chave dos escretes do futebol moderno. O volante é o carro-chefe do futebo atual. O que quero dizer é simples. Um goleiro não precisa fazer gols, embora alguns tentam. E conseguem. Mas a essência é defender. Não deixar a bola passar. É aceitável e bem-vindo um goleiro "estilo cotovelo". Assim como um zagueiro. Todo time queria um Beckenbauer. Mas se o zagueiro for zagueirão mesmo, estilo cotovelo, não acharemos ruím. Já o meia, tem que ser "estilo bailarino". Não se pode dar uma camisa 10 a um botinudo qualquer. O centro-avante também - se bem que umas botinadas de canela, na bola, para a rede, são aceitas. Agora, e o volante? O volante não pode ser nem tanto ao balé, nem tanto ao cotovelo. É o único que, obrigatoriamente, tem que ser um bailarino de cotovelos afiados. Tem que defender o zagueiro, servir o meia, além de servir o zagueiro e defender o meia. Tem que chutar a bola para fora do estádio, quando preciso, e ser preciso com os pés, quando necessário. Quanto mais polivalente o volante, melhor. O volante é o jogador que tem como função fundir as duas naturezas. A defensiva e ofensivista.
Você concorda? Se não, comente à cotoveladas, pois tenho costelas fortes.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Bailarino do cotovelo afiado
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Um comentário:
Eu tava oensando sobre esse texto e comecei a raciocinar, "será que não é porque o futebol passou a ser jogado cada vez mais no meio do campo do que em suas extremidades?"
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