sexta-feira, março 09, 2007

O maior ponta-esquerda do mundo

Dizem que apenas três jogadores ganharam a Copa do Mundo sozinhos: Garrincha, em 1962. Maradona, em 1986. E o maior ponta-esquerda do mundo, em 1954.

No começo de 1953, o maior ponta-esquerda do mundo iniciou sua carreira como jogador de futebol, por acaso. Ele foi visto numa pelada, à beira do rio, pelo técnico de seu futuro time. O treinador ficou extasiado. Era lindo ver aquele garoto de 19 anos de idade, jogando descalço, no campo de terra batida, driblando Deus, Diabo, o mundo, e os adversários, como se estes fossem meninos de 9, 10 anos de idade, tamanha era a facilidade do maior ponta-esquerda do mundo em driblar e marcar gols. O treinador, que teve seu momento de olheiro, não sussegou enquanto não conseguiu arrastar o maior ponta-esquerda do mundo para seu time. E assim foi.

No ano seguinte, lá estava ele, na Suiça, disputando a Copa do Mundo ao lado de figuras como Nilton Santos e Didi. Pelas pontas, de um lado, o maior ponta-esquerda do mundo. Do outro, um dos maiores pontas-direita do mundo: Julinho Botelho. Mas, mesmo com tantos craques, o melhor jogador da Copa de 54 foi, disparado, o maior ponta-esquerda do mundo. No primeiro jogo, ele foi um pouco discreto. Não marcou nenhum gol. Apenas deu o passe para 3 dos 5 gols que o Brasil enfiou no México. No jogo seguinte, o maior ponta-esquerda do mundo foi apresentado ao mundo. Dois gols, contra a Iugoslávia, além da beleza estética de suas jogadas. Foi nesse dia que nasceu a expressão "show de bola", cunhada pela imprensa Suiça. Ele, de fato, nesse dia, deu um show de bola. Superado os dois primeiros jogos, o Brasil chegara às quartas-de-final, e enfrentara a Hungria, de Puskas, até o momento considerada a sensação da competição. Até o momento. Até cruzarem com a seleção do maior ponta-esquerda do mundo. 6 x 3. Três gols dele. Um de Didi, disparando uma folha-seca, e outros dois de Julinho. O Brasil estava na semi-final. E agora, enfrentaria a seleção campeã do mundo, que estava entalada na garganta de todos os brasileiros. Inclusive na do maior ponta-esquerda do mundo. Azar dos uruguaios. Segundo show do maior ponta-esquerda do mundo. 4 x 1. Apenas um gol dele. Mas não precisa dizer que ele participou da jogada dos outros três gols. O Brasil estava na final, e enfrentaria a Alemanha Ocidental, de Fritz Walter. Valter quem?, pensou o maior ponta-esquerda do mundo. 5 x 3. Belo jogo. 2 do maior ponta-esquerda do mundo, conquistando o primeiro título mundial para o Brasil, quatro anos após o Maracanazzo.

Entre 1954 e 1958, o maior ponta-esquerda do mundo levou seu time a conquista de inúmeros títulos, incluindo uma Libertadores da América, onde foi o artilheiro da competição, e eleito, óbvio, o melhor jogador do torneio. Quatro anos se passaram, e lá estava ele, de novo, dessa vez na Suécia, tendo que dividir o palco com um tal de Garrincha, e um tal de Pelé, que à época tinha apenas 17 anos. Todos na Europa já conheciam o melhor ponta-esquerda do mundo. Já conheciam sua fama. E o maior ponta-esquerda do mundo, ao lado de Pelé e Garrincha, superou a expectativa de quem tinha alguma expectativa. O maior ponta-esquerda do mundo fez o que Jairzinho viria a fazer 12 anos mais tarde: marcou em todos os jogos da Seleção na Copa. Foram seis gols em seis jogos. Um por jogo. Mas, marcar gols não era o seu ponto mais forte. Dribles e assistências disputavam palmo-a-palmo para saber qual era a maior característica do maior ponta-esquerda do mundo. Há quem diga que as três habilidades andavam lado-a-lado. Depois da Áustria, veio, na ordem, Inglaterra, União Soviética, País de Gales, França, e Suécia. O Brasil, e o maior ponta-esquerda do mundo, com 24 anos, sagraram-se bicampeões mundiais. Porém, desta vez o maior ponta-esquerda do mundo não foi protagonista. Não houve protagonista nesta Copa. Se bem que Pelé roubou a cena por ter apenas 17 anos. Pelé que, ao lado de Garrincha e do maior ponta-esquerda do mundo, nunca perdeu pela Seleção Brasileira. Foram 27 jogos. 26 vitórias e 1 empate. Muitos dizem, e não há dúvida, que este foi e é o maior trio ofensivo de todos os tempos: o maior ponta-esquerda do mundo, o maior do mundo, e o maior ponta-direita do mundo.

Entre 1958 e 1962, o maior ponta-esquerda do mundo levou seu time a mais uma conquista da Libertadores e ao inédito título Mundial. O ano em que o maior ponta-direita do mundo conquistou sozinho a Copa do Mundo do Chile ficou marcado para sempre. Marcado positiva e negativamente. Positivamente porque o Brasil se tornara o primeiro tricampeão do mundo (54, 58 e 62), se apossando da Jules Rimet. Negativamente porque no começo do ano de 1962, o maior ponta-esquerda do mundo encerraria sua carreira, precocemente, aos 27 anos de idade. Naquele tempo era comum que os times promovecem excursões pelo mundo todo. Numa excursão para o Chile - "coincidentemente" o país sede da Copa do Mundo daquele ano - o maior ponta-esquerda do mundo deixou os gramados. A medicina e a preparação física, naqueles tempos, não eram como nos dias de hoje. E o joelho do maior-ponta esquerda do mundo sofria muito. Muito por causa de seus dribles. Muito por causa das botinadas dos adversários. Em uma dessas botinadas, o maior ponta-esquerda do mundo fraturou o joelho, e teve de pendurar as chuteiras.

PS.: Outra hora revelo quem é o maior ponta-esquerda do mundo.

10 comentários:

Anônimo disse...

Este texto é inspirado no "Pelé nos tempos atuais", encontrado no Blog do Torero. "O maior ponta-esquerdo do mundo" é o inverso. Como seria se o jogador de hoje em dia jogasse nos tempos de Pelé.

Uma questão sem resposta, no futebol, é: Pelé seria o que foi se jogasse nos tempos de hoje? Não sei. Sei que naquela época, existia o famoso 'bobo no futebol'. Hoje em dia, não tem.

Quem você acha que é 'o maior ponta-esquerda do mundo'?

Anônimo disse...

Não faço a mínima.

Anônimo disse...

O time é o Grêmio.

Unknown disse...

Quem é O cara?!

Anônimo disse...

Pelé jogaria tudo o quê jogou, se jogasse hoje em dia? Não sei. Talvez, sim. Talvez, não. E se Ronaldinho Gaúcho jogasse nos tempos de Pelé? Será que jogaria mais do que ele joga? Talvez, sim. Não sei. De qualquer forma, o espaço está aberto para as teses. Ou, hipóteses.

Vinicius Duarte disse...

Qualquer um que ouse dizer que Pelé não jogaria tão bem hoje em dia estará incorrendo num erro comum em todos os esportes: achar que um craque "das antigas" beneficiou-se do fato da tecnologia esportiva não ter a amplitude de hoje. Usando a física como exemplo, uma bola de 10 kg., impulsionada por uma força de 1 N., acelerará a 0,1 m/s. Se receber a força de 10 N., acelerará a 1 m/s (dez vezes mais). Se os craques do passado recebessem a mesma "força" dada atualmente, voariam em campo.

Vinicius Duarte disse...

Ronaldinho Gaúcho?

Anônimo disse...

Pois é. Creio que a tecnologia, hoje em dia, jogaria a favor dos craques dos passado. Mas temos que ponderar o seguinte: a paridade entre os times, hoje em dia, é bem maior do que nas antigas. Naquele tempo não era raro rolar um 8 x 3, ou um 7 x 1, por exemplo. Mas, enfim...

Ronaldinho Gaúcho, sim. E você, Vinicius, me deu uma ajuda para pensar assim. Lembra quando tava rolando uns posts sobre Ronaldinho, Pelé, Maradona? E você disse que se o Ronaldinho jogasse nas antigas, ele jogaria muito mais? Lembra? Foi algo assim. Então. Li um texto no blog do torero sobre "E se Pelé jogasse hoje em dia?". Daí, pensei cá, com meu futebol de botões: e se Ronaldinho Gaúcho jogasse nas antigas? Aí, deu no que deu: o maior ponta-esquerda do mundo.

Mas, como dito, o espaço está aberto para argumentos e discussões.

Rafael disse...

O melhor ponta esquerda do mundo descrito ai no texto é o Canhoteiro

Rafael disse...

O melhor ponta esquerda do mundo descrito ai no texto é o Canhoteiro