Iniesta na ponta esquerda foi uma invenção de Guardiola, mas era exceção, acontecia uma vez aqui, outra ali. Já com Vilanova, Iniesta na ponta esquerda virou regra, para que Fàbregas entrasse no onze inicial.
Essa, para mim, foi uma das razões pelas quais o Barcelona passou por dificuldades entre as quatro linhas nessa temporada. Por sorte ou conselho, em tempo a comissão técnica se deu conta do erro. Voltou a deixar Fàbregas no banco, retornou Iniesta ao meio campo e armou a linha de ataque com três atacantes de ofício. Oficialmente, isso veio a ocorrer somente no jogo de volta das oitavas de final, contra o Milan, no Camp Nou.
O desastroso desfecho da campanha na Champions League, porém, nos mostra que os problemas vão muito além. Não resume-se apenas ao posicionamento de um ou outro jogador. Porque mesmo com Iniesta na sua praia, a meia esquerda, contra o PSG e contra o Bayern, o time catalão não conseguiu imprimir seu peculiar futebol.
Há anos, me parece, os dirigentes do FC Barcelona sentam no sucesso da turma do meio pra frente. De uns tempos pra cá parece que o pensamento foi "Ah, os caras da frente resolvem!" Leia-se por "caras da frente", Lionel Messi. Ou "Craque o Barcelona faz em casa." Pode ser. Do meio pra frente. Mas e lá atrás?
Piqué é um baita zagueiro, mas não joga sozinho. Seu parceiro Puyol e seus 35 anos tiveram na irregularidade seu destaque, nos anos recentes. Vive e vivia fora de combate. Começou-se a apostar então em Mascherano. Deu certo, diga-se de passagem. Cumpriu e cumpre com eficiência a função. Mas é baixo, e querendo ou não, trata-se de um improviso, algo que supostamente deveria ser provisório, e não permanente. O mesmo pode ser aplicado a Song, que também atuou por ali. Sem Puyol e Mascherano diante do todo-poderoso campeão alemão, sobrou para quem? Bartra e seus 22 aninhos.
"Os caras da frente resolvem!" Talvez não mais. Porque sem um miolo de zaga confiável, torna-se inviável a ideia duma prolongada hegemonia azulgrená no Velho Mundo. Cedo ou tarde a corda iria estourar, a máscara iria cair e as feridas ficariam expostas. Se quiser retornar ao topo, portanto, o Barça precisa trazer peças para serem titulares (um zagueiro e um goleiro, já que Valdés deve sair), e peças de reposição - senão do mesmo nível, pelo menos da mesma posição, para que haja um basta nas improvisações.
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