Antigamente era impensável um ponta-direita canhoto. A grosso modo a função do ponta era chegar na linha de fundo e cruzar para o centroavante, logo, o cara que jogava pela direita tinha de ser destro e o que jogava pela esquerda tinha de ser canhoto. Com o passar do tempo, no entanto, essa função foi assumida pelos laterais, e não houve mais motivos nem espaços para os ponteiros buscarem aquele canto do gramado. (Nilton Santos, aliás, foi o pioneiro dessa movimentação. Talvez por isso - talvez não, com certeza - os laterais brasileiros são ofensivos por natureza.)
São vários os exemplos de pontas de pés opostos, como gosto de dizer: Cristiano Ronaldo (destro) e Bale (canhoto) no Real Madrid, Ribéry (destro) e Robben (canhoto) no Bayern, Neymar (destro) no Barcelona, Hazard (destro) no Chelsea, Hulk (canhoto) na Seleção, e por aí vai. No futebol brasileiro, por exemplo, o canhoto Éverton Ribeiro costuma atuar pela direita no Cruzeiro. Já no Atlético-MG, na contramão dessa tendência, o canhoto Fernandinho cansa de jogar pela esquerda (joga nas duas, na verdade). Ou seja, não há regra. Depende das características dos atletas do elenco e das visões e convicções do treinador. Eu, particularmente, sou adepto da prática do ponta do pé oposto.
Prática que não à toa se disseminou pelo futebol mundial de uns anos para cá (e o surgimento do canhoto Messi na ponta direita do Barça de Rijkaard simboliza essa nova era de ponteiros, naquele time que tinha, olha só, o destro Ronaldinho voando na ponta esquerda). Não à toa porque além de não ocupar o espaço do lateral, a entrada em diagonal na base do drible e o arremate colocado, muitas vezes no canto de lá do goleiro, tornou-se uma arma eficiente das equipes ditas modernas. Esse tipo de jogada, que tem boas chances de terminar em gol, é recorrente, e os jogadores citados no parágrafo anterior não me deixam mentir.
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