Vamos combinar. Moyes não se ajuda. Foram mais de 80 bolas alçadas na área do Fulham em pleno Old Trafford. Oitenta. Do Fulham. O lanterna do campeonato. Convenhamos, uma estratégia paupérrima para um clube tão rico. Só no primeiro tempo foram 44, quase uma por minuto. No fim das contas, o barato saiu caro: 2 a 2 no placar.
Imagino que os próprios jogadores não gostaram do episódio deste domingo. Pelo seguinte: ao optar escancaradamente por um plano de jogo limitado desses, o treinador os subestimou em público, duvidou da capacidade deles. Existem algumas falhas pontuais no elenco do Manchester United? Existem. Mas não a ponto de justificar mais de oitenta bolas despachadas na área do lanterna do campeonato. Do primeiro ao último instante da partida, sem tirar nem pôr, o que se viu foi isso, jogadores, a comando de Moyes, buscando as jogadas pelas beiradas e os cruzamentos. Se era para priorizar o chuveirinho, ora, não precisava ter contratado Mata - o cara do passe - a preço de ouro.
O problema principal dos Red Devils passa pela dupla de volantes. Carrick, vá lá, pode ser considerado um bom primeiro volante. Ou ótimo. Mas quando o assunto é o segundo, o United fica a ver navios. Nenhuma das três opções (Cleverley, Fletcher e Fellaini) atende às necessidades ofensivas da equipe. Não há no plantel um volante de infiltração, de condução em velocidade. Falta ao United, por exemplo, um Paulinho. Mas, claro, de nada adiantaria um Paulinho se a estratégia coelho fosse mantida: cruzar, cruzar e cruzar.
Particularmente acredito que foi um episódio isolado. Quero acreditar nisso. Me nego a crer que Moyes - the chosen one - irá padronizar essa maneira burocrática e covarde de atacar. Me nego a cogitar que a pessoa escolhida por Sir Alex Ferguson irá se limitar a um estilo de jogo tão pobre taticamente (noves fora que matematicamente é inviável, basta ver a relação sucesso-fracasso dessas jogadas aéreas, 2 gols em 80 tentativas). E, embora não se trate do melhor elenco do mundo (tampouco do pior), me nego a pensar que esse caminho por cima seja o mais fácil ou indicado para balançar as redes. Por mais que haja defeitos na montagem do elenco (a culpa é de quem?), o time tem sim condições de chegar ao gol trabalhando a bola no chão. Para tanto é preciso convicção e conhecimento por parte do treinador. É preciso treinamento e, na medida do possível, repetição do dito XI ideal. David Moyes, entretanto, parece estar perdidinho.
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