Para os saudosos torcedores do futebol, 6 de setembro é uma data histórica.
Foi num 6 de setembro que morreu Arthur Friedenreich.
Foi num 6 de setembro que nasceu Leônidas da Silva.
Filho de pai alemão e mãe negra brasileira, nascido em São Paulo a 18 de julho de 1892, pele mulata e olhos verdes, Friedenreich foi maior ídolo na era do futebol amador brasileiro.
Futebol, que no começo do século XX, era esporte da elite, esporte para brancos. Para disfaçar sua negritude, Fried alisava seus cabelos à base de muita gomalina e toalha quente, e pó de arroz no rosto.
Aos dezessete anos, Friedenreich começou a jogar futebol no Sport Clube Germânia (futuro Esporte Clube Pinheiro), da cidade de São Paulo, em 1909. Em 1912, foi artilheiro do campeonato paulista defendendo as cores do Mackenzie. Em 1914 e 1917, foi o goleador atuando pelo Ypiranga e Paysandu. No Paulistano, foi seis vezes campeão paulista (1918, 1919, 1921, 1926, 1927 e 1929). Foi artilheiro do certame em 1918, 1919, 1921, 1927, 1928 e 1929, se tornando o maior goleador do Paulistano, marcando 291 gols. Ainda jogou no São Paulo da Floresta e Santos.
Fried, em 1914, conquistou o primeiro título com a Seleção Brasileira, a Copa Roca, disputada na Argentina, 1 a 0 sobre os anfitriões, em Buenos Aires. No Campeonato Sul-Americano de 1916, os uruguaios apelidaram o centro-avante de El Tigre, devido seu espírito de luta e agilidade. Em 1919, faturou o Campeonato Sul-Americano (atual Copa América).
El Tigre pendurou as chuteiras no Flamengo, em 1935, então com 43 anos de idade.
A lenda diz que o craque marcou 1239 gols. Alexandre da Costa, adotou em "O Tigre do Futebol", biografia de Arthur, nada menos que 556 gols em nada mais que 561 jogos, média de 0,99 por jogo (superior aos 0,93 de Pelé).
El Tigre morreu em 6 de setembro de 1969.
Se Arthur Friedenreich foi o maior ídolo na era do amadorismo, Leônidas da Silva foi o primeiro grande ídolo na era do profissionalismo (que começa em 1933).
No dia 6 de setembro de 1913, no subúrbio carioca, nasceu Leônidas. Jogou no Sírio Libanês, Bonsucesso, São Cristovão, Peñarol, Vasco, Botafogo, Flamengo e São Paulo. Nestes dois últimos, permaneceu por mais tempo. Virou grande ídolo da torcida rubronegra, mas acabou saindo brigado com dirigentes do Mengão, transferindo-se para o SPFC, em 1942, naquela que foi a maior transação vista até então (200 contos de réis).
No time da Gávea, marcou 142 gols em 179 jogos. No tricolor paulista, foram 140 tentos anotados em 211 partidas.
Foi campeão da Copa Rio Branco pela Seleção Brasileira (1932), campeão carioca pelo Vasco (1934), Botafogo (1935), Flamengo (1939), e pentacampeão paulista pelo São Paulo (1943, 1945, 1946, 1948 e 1949).
Na Seleção, foram 37 jogos e 37 gols. Foi goleador da Copa da França, em 1938, com 8 gols, quando foi considerado o melhor jogador do mundo. Apresentou aos europeus sua maior invenção: a bicicleta. Acabou ganhando o apelido de Diamante Negro e Homem de Borracha. Também participou da Copa de 1934.
Sempre polêmico, era um gênio da bola e tinha um gênio muito forte. Foi taxado de mercenário e mascarado por muitos. Digamos que ele tinha consciência dos acontecimentos nos bastidores do futebol.
Com o time perdendo por 2 a 0, os jogadores iam para o vestiário no intervalo, na volta para o segundo tempo, Leônidas marcava 3 gols, virava o jogo, ia em direção a sua defesa e dizia: "Agora não tomem mais gols senão terei de marcar outro!". Esse era Leônidas.
Deixou de lado os gramados no começo dos anos 50 e se tornou comentarista esportivo. Foi tão bem atrás dos microfones quanto à frente dos times por onde passou. Ganhou sete importantes prêmios comentando futebol.
Faleceu em 24 de janeiro de 2004.
Luís Mendes afirma: "Leônidas não foi melhor que Pelé. Pior ele não foi."
Para conhecer melhor, leia as biografias dos primeiros gigantes do nosso futebol: "O Tigre do Futebol", de Alexandre da Costa, e "O Diamante Eterno", de André Riberio.
Um comentário:
Este Leônidas é um que só ouço falar maravilhas. Pena não ter nascido a tempo de ver a fera...
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