Devido às distribuições táticas adotadas por Pellegrini e Wenger, os duelos individuais ficaram bem definidos, no jogo deste domingo, entre Manchester City e Arsenal, pela 22ª rodada da Premier League: Fernando vs Ramsey, Fernandinho vs Cazorla e Silva vs Coquelin no meio campo; Zabaleta vs Alexis, Clichy vs Oxlade-Chamberlain, Navas vs Monreal e Milner vs Bellerin na beiradas. Um 4-1-4-1 pelo lado dos visitantes e um 4-2-3-1 pelo lado dos mandantes, com variações, em função da movimentação de David Silva.
A diferença do jogo passou pelos pés dos dois meias espanhóis: Silva de um lado e Cazorla do outro. Se por um lado Cazorla deitou e rolou, do outro Silva não teve com quem jogar, em especial no primeiro tempo, quando ficou no mata-burro. Vigiado pelo cabeça de área adversário, o camisa 21 do City encontrou-se num cobertor curto, para não dizer em maus lençóis. Porque quando recuava para chamar o jogo, deixava Agüero isolado no ataque, e quando não recuava para chamar o jogo, ele ficava entregue a Fernandinho, que não estava num dia tão inspirado. Ou seja, no quesito criatividade, a meia cancha do City dependia desse recuo de Silva pela faixa central, uma vez que os wingers Navas e Milner se comportavam como tal, mais presos aos flancos. E quando isso acontecia, Agüero ficava isolado. Em outras palavras, Yaya Touré fez muita falta.
Em contrapartida, Cazorla deitava e rolava. Não à toa, foi eleito o melhor da partida. Marcando por zona lá atrás, preenchendo bem os espaços, em busca do contra ataque, o Arsenal tinha no seu camisa 19 a válvula de escape e o pé pensante ao mesmo tempo. Era Cazorla o maior responsável em fazer a transição rápida, para pegar a defesa do City desorganizada, em regra pela meia esquerda, com Alexis Sánchez ao lado. Mas era Cazorla também o maior responsável em cadenciar o jogo quando esse assim se desenhava, trocando passes e valorizando a posse de bola como nenhum outro atleta em campo. Fez o que, por exemplo, Silva não conseguiu fazer do outro lado, muito em função das peças ao seu redor e do funcionamento do coletivo. No que diz respeito ao coletivo, por sinal, o Arsenal foi superior ao City, tanto defensiva quanto ofensivamente. Mesmo fora de casa.
Na segunda etapa o panorama foi um pouco diferente. Milner não voltou do intervalo. Na vaga dele, entrou Jovetic, aberto à esquerda, enquanto Silva se manteve pelo corredor central, mas com mais liberdade para circular pelo meio campo, mais armador, uma vez que Agüero não ficava mais tão isolado com a presença de Jovetic. O City melhorou, porém o Arsenal não piorou. Pelo contrário. Embora o City tenha melhorado no segundo tempo, o Arsenal manteve o nível dos primeiros 45 minutos, eficiente na marcação por zona, na transição e na troca de passes. Tanto é que aos 66’ os Gunners ampliaram o placar: 2 a 0, gol de Giroud, em assistência de Cazorla (o primeiro havia sido marcado aos 24’, de pênalti, por... Cazorla). Placar que permaneceu assim até o apito final e que garantiu mais três pontos ao Arsenal. Mas mais do que três pontos, essa vitória no Etihad garante também a confiança necessária para se chegar longe numa liga tão disputada quanto à inglesa. Se não para brigar pelo título, ao menos para garantir numa vaga na Champions League 2015/16. No momento, o Arsenal é o quinto colocado. E o City, o segundo.
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