O treinador tem de se adaptar ao elenco, e não o contrário. Essa é uma máxima clássica do futebol. Máxima da qual, aparentemente, van Gaal não segue a ferro e fogo. Nessa temporada ele tem feito do Manchester United uma espécie de laboratório para suas esquisitices – com todo respeito. Ou melhor. Reformulando. Ele deve ter lá seus motivos para fazer as escolhas que faz. Não deve inventar só por inventar. Claro. Eu, porém, no alto das minhas limitações, confesso que não compreendo algumas delas, para não dizer muitas. Escolhas como, por exemplo, escalar Di María pela faixa central. Ou escalar Di María mais avançado do que Rooney. Ou como optar por três zagueiros numa rodada e linha de quatro na outra. E por aí vai.
Em duas oportunidades, recentemente, a equipe se estruturou taticamente num 3-5-2, uma vez com Di María e van Persie no ataque, outra vez com Di María e Falcao no ataque. Ambas com Rooney no meio campo. Por mais que Rooney seja extremamente polivalente, um craque que rende em alto nível em diferentes posições, essa escolha na faz sentido. Pelo menos não na minha cabeça. É até óbvio, na verdade. Se você tem Di María e Rooney no mesmo XI, naturalmente o camisa 10 deve jogar mais perto do gol do que o camisa 7. Mas não é o que acontece. Neste sábado, por exemplo, diante do lanterna Leicester, em casa, o time se estruturou no 4-4-2 em losango, com Di María atrás da dupla de ataque formada por van Persie e Falcao, enquanto Rooney foi um dos carrileros, pela direita (Januzaj foi o outro, pela esquerda, e Blind foi o cabeça de área, além de Valencia, Jones, Rojo e Shaw na linha defensiva).
O que mais me incomoda em relação às escolhas de van Gaal quanto a Di María, no entanto, não é seu posicionamento à frente ou atrás de Rooney. O que mais me incomoda é a não utilização dele pela beirada, uma vez que Di María pode ser considerado o melhor winger do mundo – em especial pelo que fez no Real Madrid 2013/14. Ainda assim, ainda que com o melhor winger do mundo em mãos, van Gaal geralmente o utiliza pela faixa central, seja no 3-5-2, seja no 4-4-2 em losango ou noutro sistema. Ora! Por onde anda o bom e velho 4-4-2 em linha, adotado por tantos e tantos anos por Ferguson? Cadê? O que custa treinar e botar para jogar o time no bom e velho 4-4-2 em linha? Pois, até que se prove o inverso, o melhor esquema para acomodar Di María e os dois atacantes (van Persie e Falcao ou van Persie e Rooney) é o bom e velho 4-4-2 em linha. Obviamente, com o canhoto Di María numa das beiradas. Van Gaal, todavia, parece-me não ser muito fã de obviedades. Quando, na verdade, às vezes o melhor caminho é o óbvio.
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