O elenco é tão forte e a instituição é tão grande que às vezes ser reserva no Real Madrid é mais glorioso do que ser titular absoluto em outros clubes por aí. Às vezes. Dependendo do momento da carreira do jogador, e das horas de voo que ele recebe, vale a pena permanecer num esquadrão com tantas estrelas, mesmo que na condição de reserva. É o caso de Lucas Silva. Aos 21 anos de idade, Lucas sai do bicampeão brasileiro e chega para jogar no campeão do mundo, para ser treinado por um dos melhores treinadores do mundo. A questão é: para jogar poucos ou muitos minutos?
A resposta: não importa. Não importa se Lucas Silva vai jogar pouco ou muito (deve jogar pouco, em quantidade) porque ele tem apenas 21 anos. Chega para aprender. Chega para assimilar o que há de mais moderno no futebol mundial em termos táticos. E chega para se espelhar, se mirar, em especial, no dono da posição: Toni Kroos. O craque alemão da cabeça de área. O novo Pirlo de Ancelotti. Na verdade não sei até que ponto a comparação com Pirlo cabe, mas o fato é que Kroos é o construtor da equipe de Carlo, à frente da zaga – tal qual Pirlo nos tempos de Milan. E Lucas Silva, ao que tudo indica, em função de suas características, chega para ser seu reserva.
Com a iminente saída de Illarramendi ao Athletic, Lucas se torna a primeira alternativa. Pode ser que mais adiante Khedira também saia, apesar dele ser visto mais como segundo volante do que como primeiro. De qualquer forma, sem Illarra, em função de suas características (visão, técnica, passe, chute forte de média e longa distância), Lucas Silva chega para assumir o papel de reserva imediato de Kroos. O problema para ele, digamos assim, é que Kroos joga praticamente todas. Nessa temporada jogou não sei quantos por cento (mais de 90%, vi o número esses dias). Em tese, portanto, o ex-jogador do Cruzeiro terá poucos minutos de partidas oficiais. Em contrapartida, quando entrar, se atender às expectativas do treinador, se confirmar seu potencial, a tendência é que seja mais utilizado, que ganhe mais horas de voo, até para não desgastar Kroos fisicamente.
Em outras palavras, Lucas Silva precisa mostrar serviço. Não pode se deixar acomodar. Ter sido contratado pelo Real Madrid foi uma meta atingida, uma meta importante, sem dúvida, mas foi somente uma meta. Não se trata do fim. Pelo contrário. Trata-se do começo. Um novo começo. Com novos objetivos. E a sedutora zona de conforto pode ser uma inimiga nessa nova fase da vida. Se achar que chegar ao Madrid é o suficiente, é o auge, é o ponto máximo da carreira, e não demonstrar ambição dentro do clube e do time, mesmo ciente de sua condição de reserva, Lucas Silva pode virar o novo Illarramendi, o novo Casemiro – embora, a meu ver, Lucas Silva seja muito mais jogador. Além de se adaptar, aprender e crescer, no curto prazo o objetivo é tentar substituir Kroos, na medida do possível, à altura. E bola para isso ele tem.
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