quinta-feira, novembro 29, 2007

O planeta bola dá voltas

O Timão está com um pé na Série B e o outro na casca de banana.

Entre os colorados, é unanimidade: o Inter deve entregar o jogo contra o Goiás - muito em função de 2005.

Entre os gremistas, na despedida de Mano, e com a possibilidade de chegar à Libertadores, eis o consenso: vencer ou vencer.

Para o Corinthians, depender do São Paulo ou do Palmeiras seria melhor. Depender de qualquer um seria melhor, menos do Inter.

Na verdade, o alvinegro depende só dele: basta ganhar do Grêmio, no Olímpico, e o clube não será rebaixado.

Alguém duvida?

quarta-feira, novembro 28, 2007

Mano na Libertadores?

Será que isso tem alguma ligação com o post abaixo?

Mano fora do Grêmio

Mano Menezes, o mano querido, deixará a agremiação do Olímpico no próximo domingo, após a partida contra o Corinthians, pela última rodada do Brasileirão.

Foram 3 anos de Mano. Em 2005, o treinador levou o tricolor da Série B à Série A. Em 2006, colocou o time de Porto Alegre no seu lugar devido: Libertadores. Neste ano, vice-campeão da Copa mais importante do continente.

O feito de Mano Menezes no Grêmio é espetacular. Da segunda divisão ao 2º lugar das Américas, em menos de 3 anos, é para os raros.

O ciclo se encerra, e Mano - que está, indiscutivelmente, entre os três melhores do Brasil - irá em busca de novos ares. Ou no exterior (Mundo Árabe), ou no centro do país (SP ou RJ).

terça-feira, novembro 27, 2007

Flamengo

É a melhor campanha do rubronegro carioca, em Campeonatos Brasileiros, nos últimos 15 anos.

O time saiu da penúltima posição à Libertadores.

E difícil é fugir do lugar comum ao apresentar os maiores responsáveis pelo feito histórico: Joel, Ibson, e a Torcida, pela ordem.

O pensamento está em 2008, mas alguns pontos devem ser solucionados.

Primeiro, Joel tem de permanecer no cargo, e dar continuidade no trabalho. E ele tende a permanecer.

Em segundo, é inevitável a perda de alguns atletas. E inevitável é - se há pretensão de título - contratar os jogadores certos, que possuam espírito e força de Libertadores. De preferência alguns que já disputaram o torneio.

E por fim, a Torcida - com T grande, tesão, T maiúsculo - vai continuar a empurrar. Mas até à Copa Libertadores, tem o Campeonato Carioca pela frente, e muita bola vai rolar.

Seleção Olímpica

Apenas uma nota: Pato.

O garoto prodígio não era convocado à Seleção principal por não estar jogando no Milan.

Este era o argumento, correto?

Então, por que foi convocado?

Dunga, que diz ser tão coerente (e sabe-se que, às vezes, a coerência é um demérito), contrariou seus próprios princípios (se é que eles existem).

quinta-feira, novembro 22, 2007

Brasil 2 x 1 Uruguai

A Seleção Brasileira, sem a bola, é covarde. Com a bola, é desorganizada.

Sem a bola, ao invés de morder o calcanhar e marcar no campo do adversário, fica todo retraído, encolhido no próprio terreno, à espera do oponente. Esta atitude não pode ser tomada pela Seleção. Talvez por algum time fraco, visitante, que busca um heróico empate no contra-ataque. Mas pela Seleção, não. Ainda mais no Brasil.

O problema tático ainda persiste. O 4-2-3-1 não funciona. Robinho é atacante, e como tal, deve jogar mais à frente, ao lado do centro-avante.

Há quem ponha em xeque a permanência de Kaká, Ronaldinho e Robinho na mesma equipe. Para mim, tirar um deles é esfaquear o bom futebol. Lembre-se da Copa das Confederações de 2005, com os três em campo, mais Adriano. Só que naquela época, Parreira adotava o 4-4-2 (4-2-2-2), e não o 4-5-1 (4-2-3-1).

Ontem, os laterais apoiaram em demasia. Com pouca qualidade, é verdade. Mas apoiaram.

Já os volantes, esses sim, precisam de apoio. Principalmente Gilberto Silva.

E o time precisa de um líder. Alguém que oriente e cobre. Alguém que fale e gesticule. Alguém que una os jogadores. Afinal, é esta a função de um líder: unir.

Kaká disse, anteontem, ter assumido a posição de líder da Seleção. Pelo menos no discurso.

Sobre Ronaldinho, confesso minha decepção. Faz tempo que o craque não parte pra cima dos marcadores com seus dribles quebra-coluna. Não só no Brasil, mas também no Barça. O camisa 10 nada mais faz que toques de lado e lançamentos de 30, 40 metros. Faz bem, tudo bem. Mas é pouco para ele. Um fato é nítido: sua confiança está em baixa.

E na frente, o problema está resolvido. Luis Fabiano é o nove, até chegar a vez de Pato. Mas se Robinho não jogar como atacante que é, ao lado do centro-avante, Jesus Cristo pode vestir a amarelinha de número 9 que nada vai mudar.

O Uruguai dominou a partida, e só não venceu por causa de dois atletas: Júlio César, que fechou o gol, e Luis Fabiano, que marcou um de direita e outro de esquerda, levou dois pontos na cabeça e deu três ao Brasil.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Dia de Domingos

Domingo era dia de domingada.

Dia de ir ao estádio para ver o lorde dos gramados fazer suas jogadas chiques, finas, de classe.

Suas domingadas.

Como um cavalheiro, roubava a bola sem um pontapé sequer.

Elegante, matava-a no peito, erguia a cabeça, e saía jogando rasteiro, tranqüilo. Driblava o primeiro, o segundo, o terceiro. Quando o próximo adversário se aproximava, um lançamento de quarenta metros saía de seu pé para encontrar o ponta-esquerda na caral do gol.

Domingo era dia de Domingos, o Divino Mestre.

Dia de ver o maior defensor brasileiro de todos os tempos. O mais clássico dos clássicos dos zagueiros.

*Domingos da Guia nasceu num 19 de novembro, em 1912, no Rio de Janeiro. Durante a década de 30 e 40, além da Seleção, jogou em vários clubes: Bangu, Nacional, Vasco, Boca Juniors, Flamengo e Corinthians. É irmão de Ladislau da Guia, maior artilheiro da história do Bangu. E pai de Ademir. Domingos faleceu em 2000.

quarta-feira, novembro 14, 2007

O primeiro jogo

27 de dezembro de 1936.

Campeonato Sul-Americano.

Buenos Aires, Bombonera.

O Brasil alinhou Rei (Vasco); Carnera (Palestra Itália) e Jaú (Corinthians); Tunga (Palestra Itália), Brandão (Corinthians) e Afonsinho (São Cristóvão); Roberto (São Cristóvão), Bahia (Madureira), Niginho (Palestra Itália-MG), Tim (Portuguesa Santista) e Patesko (Botafogo).

O técnico, Adhemar Pimenta.

Roberto abriu o placar. Afonsinho ampliou. Lolo, do Peru, descontou. Niginho fez 3 a 1. E Villanueva diminuiu.

Brasil 3, Peru 2.

A maior goleada

26 de junho de 1997.

Copa América.

Santa Cruz de La Sierra, Ramon Aguilera.

Com a amarelinha, Taffarel (Atlético-MG); Cafu (Palmeiras), Aldair (Roma), Gonçalves (Botafogo) e Roberto Carlos (Real Madrid); Dunga (Jubilo Iwata), Flávio Conceição (La Coruña), Leonardo (Paris Saint-Germain) e Denílson (São Paulo); Romário (Flamengo) e Ronaldo (Barcelona). Mauro Silva (La Coruña), Djalminha (Palmeiras) e Edmundo (Vasco) entraram durante a partida.

À beira do campo, o Velho Lobo.

Denílson fez um. Flávio Conceição também. Romário marcou dois. Leonardo também. E Djalminha, o derradeiro.

Brasil 7 a 0.

A segunda maior goleada

24 de abril de 1949.

Campeonato Sul-Americano.

Rio de Janeiro, São Januário.

A Seleção perfilou Barbosa (Vasco); Augutso (Vasco) e Wilson (Vasco); Ely (Vasco), Danilo (Vasco) e Bigode (São Paulo); Tesourinha (Inter), Zizinho (Flamengo), Otávio (Botafogo), Jair (Flamengo) e Simão (Portuguesa). Orlando Pingo de Ouro (Fluminense) e Ademir Menezes (Vasco) também jogaram.

Flávio Costa no comando.

Salina, peruano, fez o primeiro. Mas o Brasil virou. E como virou! Arce fez contra. Simão, Orlando Pingo de Ouro, Augusto e Ademir Menezes anotaram um cada. Jair Rosa Pinto marcou dois.

Brasil 7, Peru 1.

Linha de frente.

Seleção do Sul-Americano de 1949.

O retrospecto

Brasil 3 x 2 Peru (Campeonato Sul-Americano, 27/12/1936)
Brasil 2 x 1 Peru (Campeonato Sul-Americano, 21/01/1942)
Brasil 7 x 1 Peru (Campeonato Sul-Americano, 24/04/1949)
Brasil 0 x 0 Peru (Campeonato Sul-Americano, 10/04/1952)
Brasil 0 x 1 Peru (Campeonato Sul-Americano, 19/03/1953)
Brasil 2 x 1 Peru (Campeonato Sul-Americano Extra, 01/02/1956)
Brasil 1 x 0 Peru (Campeonato Pan-Americano, 06/03/1956)
Brasil 1 x 0 Peru (Campeonato Sul-Americano, 31/03/1957)
Brasil 1 x 1 Peru (Eliminatórias Copa 1958, 13/04/1957)
Brasil 1 x 0 Peru (Eliminatórias Copa 1958, 21/04/1957)
Brasil 2 x 2 Peru (Campeonato Sul-Americano, 10/03/1959)
Brasil 1 x 0 Peru (Campeonato Sul-Americano, 10/03/1963)
Brasil 4 x 0 Peru (Amistoso, 04/06/1966)
Brasil 3 x 1 Peru (Amistoso, 08/06/1966)
Brasil 4 x 3 Peru (Amistoso, 14/07/1968)
Brasil 4 x 0 Peru (Amistoso, 17/07/1968)
Brasil 2 x 1 Peru (Amistoso, 07/04/1969)
Brasil 3 x 2 Peru (Amistoso, 09/04/1969)
Brasil 4 x 2 Peru (Copa do Mundo, 14/06/1970)
Brasil 1 x 3 Peru (Copa América, 30/09/1975)
Brasil 2 x 0 Peru (Copa América, 04/10/1975)
Brasil 1 x 0 Peru (Eliminatórias Copa 1978)
Brasil 3 x 0 Peru (Amistoso, 01/05/1978)
Brasil 3 x 0 Peru (Copa do Mundo, 14/06/1978)
Brasil 0 x 1 Peru (Amistoso, 28/04/1985)
Brasil 4 x 0 Peru (Amistoso, 01/04/1986)
Brasil 4 x 1 Peru (Amistoso, 10/05/1989)
Brasil 1 x 1 Peru (Amistoso, 24/05/1989)
Brasil 0 x 0 Peru (Copa América, 03/07/1989)
Brasil 0 x 0 Peru (Copa América, 18/06/1993)
Brasil 2 x 0 Peru (Copa América, 10/07/1995)
Brasil 7 x 0 Peru (Copa América, 26/06/1997)
Brasil 1 x 0 Peru (Eliminatórias Copa 2002, 04/06/2000)
Brasil 1 x 1 Peru (Eliminatórias Copa 2002, 25/04/2001)
Brasil 2 x 0 Peru (Copa América, 15/07/2001)
Brasil 1 x 1 Peru (Eliminatórias Copa 2006, 16/11/2003)
Brasil 1 x 0 Peru (Eliminatórias Copa 2006, 27/03/2005)

26 vitórias do Brasil, 3 do Peru, 8 empates.

domingo, novembro 11, 2007

Viva os pontos corridos!

Ontem, Botafogo e Paraná, Inter e Cruzerio, Náutico e América.

Três finais (para Cruzerio, Náutico e Paraná).

Hoje, Flamengo e Santos, Goiás e Corinthians, São Paulo e Grêmio, Palmeiras e Fluminense (quarta-feira).

Mais quatro finais (até para o já campeão, que pretende tirar o Grêmio da Libertadores 2008).

De dez partidas, sete decisões.

E ainda tem gente querendo matar os pontos corridos.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Dom Luiz Felipe

O território dos Charrua ficou pequeno.

Ele queria mais.

Atravessou, a botinadas, as divisas piratinenses para conquistar de vez por todas toda a terra dos Tupi.

E conquistou, palmo a palmo.

Era um conquistador.

Mas este imenso chão, já em suas mãos, encolheram. Ele queria ir além das fronteiras tupiniquins. Queria o continente. De sul a norte, de oeste a leste.

Era um desbravador. Um bravo desbravador.

Que tomou em posse, légua por légua, o continente de Vespúcio.

Mesmo assim, para D. Luiz Felipe, era pouco.

Ele queria o mundo. Descobri-lo. Conquistá-lo. Explorá-lo. Tê-lo aos pés.

E para isso, teve de atravessá-lo. Do ocidente ao oriente rumou ele. Sem caravelas nem naus. De Canoas. De Canoas para o planeta.

Nos gramados do sol nascente, todo o mundo se curvou perante D. Luiz Felipe, o conquistador. O globo finalmente estava a seus pés.

Os outros que dizem-se exploradores, conquistadores, desbravadores, só dizem. Juntos, todos juntos, não valem um fio do valente bigode de D. Luiz Felipe.

D. Luiz Felipe, o desbravador, o explorador, o conquistador, completa, neste 9 de novembro de 2007 d.c., 59 voltas ao redor do sol.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Ademir, por Armando Nogueira

Se o futebol me quisesse dar um presente, bastava que me desse um domingo inteirinho só de gols de Ademir Menezes. O estádio embandeirado, a multidão ali, em peso, todo mundo cantando e pulando pela glória do artilheiro inesquecível do Vasco da Gama.
Nesta tarde de lembranças, quero rever, sobretudo, certos gols que ele fazia contra o meu time e que eu, doido de paixão, jurava que eram feitos pessoalmente contra mim. Quantas vezes amaldiçoei os "rushes" de Ademir! Ele arrancava do meio campo, temível, e, como um raio, entrava pela grande área, fulminante. O desfecho da jogada era sempre o mesmo: uma bola no fundo da rede, um goleiro desvalido e o meu coração magoado.

Era assim que terminavam os meus domingos em tarde de Ademir.

Até então, eu não tinha vivido bastante para perceber que Ademir era um belo artista e que o gol, longe de ser um infortúnio, é apenas uma graça que o futebol oferece para fazer festa no coração dos homens.
Hoje - coisas do tempo - que o futebol na minha vida é mais saudade que esperança, mestre Ademir costuma aparecer no telão das minhas insônias mais artilheiro do que nunca. E com que alegria revejo, agora, aqueles gols arrebatadores que ele fazia com a veemência de um predestinado! Gols que ontem sangravam e que hoje só enternecem o meu coração.
Ademir guardava em campo o rigor de um espartano e a retidão de um cavalheiro. Nunca perdeu a esportiva. Se alguém lhe dava um pontapé, ele dava, de volta, a outra face: jogava como um cristão. O futebol era a sua religião. Ademir era alto, fino de corpo, tinha as pernas alinhadas e do rosto, que parecia feito a mão, sobrava-lhe um pedaço de queixo. Daí vem o apelido de "Queixada", como ternamente o tratam até hoje os seus amigos.
Fecho os meus olhos saudosos para reencontrar Ademir Marques de Menezes, herói dos estádios nos anos românticos do nosso futebol. É dia de clássico. O estádio está em pé de guerra. Ademir recebe a bola no meio do campo e dispara. Na crista do corpo que corre, em aceleração vertiginosa, a lâmina do queixo vai cortando, certeira, o campo minado, o caminho do gol: é gol! Ele não pára de correr e atravessa a linha de fundo, épico, com os braços abertos ao delírio da multidão.
Se eu soubesse que um dia o futebol dele ia se acabar, eu teria pedido a Deus que me emprestasse um par de olhos cruz-de-malta só para que eu pudesse ver, à luz do amor, todos os gols que Ademir fazia contra mim.

*Ademir Menezes nasceu, no Recife, num 8 de novembro, em 1922. Faleceu, no Rio de Janeiro, em 11 de maio de 1996.

O goleador galanteador

Gênio.

E genioso.

Homem de pavio curto, estourado, intempestivo, polêmico.

Advogado, ser da alta sociedade, inteligente, e boêmio. Boêmio nato.

Artilheiro. E galã.

Os goleiros tremiam de medo. As mulheres, de paixão.

Dava um fino trato em todas elas. Em especial, na mais querida: a bola.

Centro-avante de habilidade extraordinária, jogava com classe. Alta categoria. Chute possante. Cabeceio certeiro.

Era um gentleman dentro e fora dos gramados.

Com o manto alvinegro, marcou 209 goals em 235 matches.

Foi o maior ídolo do Botafogo pré-Garrincha.

Heleno de Freitas, o galanteador goleador, nascido em São João Nepomuceno-MG, morreu aos 39 de idade, sifilítico, há precisos 48 anos.

terça-feira, novembro 06, 2007

Brasil: o primeiro campeão mundial

Perto dele, o Aranha-negra era apenas um artrópode.

Manga, apenas uma fruta.

Perto dele, o arco se apequenava.

E as pernas dos atacantes tremiam.

A história seria outra, em 1930, se ele lá estivesse.

Com ele guardando as redes, o único gol daquele Iugoslávia 2, Brasil 1, seria o de Preguinho. Tirnanic e Bek, iugoslávos que marcaram os gols, não passariam pela fortaleza.

E depois viriam os donos da casa. Cea sucumbiria às forças do arqueiro, e os uruguaios passariam em branco.

Na final, os argentinos. Também não anotariam tento algum. Stábile tentaria. Em vão.

E por fim, o primeiro campeonato do mundo seria levantado pelo Brasil.

Porque quando ele jogava, seu time não perdia.

Porque perto dele, ninguém chegou.

E ninguém jamais chegará.

Lara, o Craque Imortal

Futebolista, carregue o vídeo e, obrigatoriamente, assista:



Lara morreu, teoricamente, há exatos 72 anos, em 06 de novembro de 1935.

Teoricamente.

Porque Eurico Lara é imortal.

segunda-feira, novembro 05, 2007

É Seleção

Que saudade dos 40!

Lembra-se da impossível Máquina do Rive Plater? Tinha na linha de frente Juan Carlos Muñoz, José Manuel Moreno, Adolfo Pedernera, Ángel Labruna e Félix Loustau.

O Vasco de 42 alinhava Alfredo II, Ademir, Nino, Villadoniga e Orlando.

E o São Paulo de 43? Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Pardal no ataque.

E o que dizer do Rolo Compressor? A artilharia perfilava Tesourinha, Rui, Adãozinho, Eliseu e Carlitos.

Que saudade dos 40!

Época em que a zaga tinha 2 zagueiros, a meia-cancha, 3, e 5 (5!) no ataque. Era o 2-3-5.

Bons tempos.

Em sessenta, veio a transição. Recuou-se os jogadores. Do 2-3-5 para o 4-2-4.

Fiquemos apenas num exemplo: o maior Botafogo de todos os tempos.

Na infantaria do Glorioso, Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo.

Do 4-2-4, a partir de 70, migrou-se para o 4-3-3.

Outro ilustre exemplo: o campeoníssimo Internacional.

A trinca avante do vitorioso do Brasileirão de 75 era formada por Valdomiro, Flávio e Lula.

O 4-3-3 ainda tem seus raros exemplares espalhados na contemporaneidade. Pelos Países Baixos e seus descendentes. O Barcelona, do técnico holandês Frank Rjikaard, por exemplo.

Dos 4-4-2 e 3-5-2 da vida temos vários exemplos recentes. Não convém apontá-los.

Muito menos os - Deus nos livre - 4-5-1, 3-6-1. Um! Apenas um atacante! Ah, se meu avô estivesse vivo... Bem fez ele de partir antes de ver estas temeridades.

Embora estes esquemas, com um atacante, tentem cavar seu espaço, e já que os pontas são mais raros que jacarés com mamilo, o clássico 4-4-2 impera nos gramados. Dois atacantes. Vá lá, agradável é. Dois atacantes. Em regra, um centro-avante de referência, e um segundo-atacante, como Bob, que gosta das pontas.

Há quem tente jogar sem centro-avante.

Há quem jogue com dois. Como o Brasil, na Copa de 2006.

Particularmente, dois centro-avantes não é do meu agrado.

Dois segundo-atacantes, é. Desde que sejam rápidos e habilidosos. Como o Corinthians de 2005, com Tevez e Nilmar.

Fiz esta rápida introdução, desenterrei fabulosos times, relembrei linhas de frente fenomenais, saudosos ataques, para falar justamente dele: Nilmar.

O fato mais importante que aconteceu neste fim de semana foi a volta de Nilmar ao retângulo verde.

Nilmar é destes segundo-atacantes, leve e hábil, que cai pelos dois lados, deixa o zagueiro caído, e vai para dentro. É um atacante ímpar, como poucos no mundo. É jogador de Seleção (desde 2006, no mínimo). Forma, ao lado de um bom centro-avante, um ataque perfeito. Ao lado de Pato, por exemplo.

Ao lado de Robinho, é o melhor segundo-atacante brasileiro.

Não vi, ontem, o jogo do Inter contra o Vasco. Só os melhores momentos. E vi que Nilmar deixou as lesões e os beques para trás, e voltou a ser o velho Nilmar. O Nilmar do Corinthians, infernal. Ou o Nilmar do próprio Inter, quando revelou-se.

E espero que seja o Nilmar da Seleção, pois talento assim não se desperdiça. Aproveita-se. Ao máximo.

sábado, novembro 03, 2007

Gerd Müller, Der Bomber

Gerd Müller chega hoje aos 62.

62 é também o número de jogos pela Seleção Alemã.

E 68 o de gols que marcou. Isso mesmo: 68 tentos em 62 partidas.

O centroavante é o segundo maior artilheiro de Copas do Mundo (atrás de Ronaldo), com 14 gols. 10 foram marcados em apenas uma copa, a de 70. Os outros 4, na de 74.

O Bombardeiro tem números impressionantes.

Pelo Bayern de Munique (1964-1979), 435 cotejos, 365 gols. Pelo Fort Lauderdale Strikers (EUA, 1979-1981), 80 disputados, 40 anotados.

Foi, por 7 vezes, o goleador da Bundesliga: 1966/67, com 28 gols; 1968/69, com 30 gols; 1969/70, com 38; 1971/72, com 40; 1972/73, com 36; 1973/74, com 30; 1977/78, com 24.

É o maior artilheiro do Campeonato Alemão (365 partidas e 427 gols).

Foi, por 4 vezes, o goleador da Liga dos Campeões: 1972/73, com 12 gols; 1973/74, com 8 gols; 1974/75, com 5; 1976/77, com 5.

Títulos?

Tem quatro Campeonatos Alemão (69, 72, 73 e 74), três Copas da Alemanha (74, 75 e 76), outras três Ligas dos Campeões (74, 75 e 76), um Mundial Interclubes (76), uma Recopa Européia (67), a Eurocopa de 72 e da Copa do Mundo de 74.

Gerd Müller não era dos mais refinados tecnicamente.

Era, simplesmente, um fazedor de gols.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Os heróis tricolores de 2007

Se alguém tinha dúvidas a respeito da qualidade de Rogério Ceni sob a baliza, neste Brasileirão, estas dúvidas foram sanadas.

Se este alguém continua a questionar a eficiência do arqueiro sob o arco, não passa de implicância. Ou inveja.

Rogério Ceni é, há - no mínimo - três anos, o melhor golquíper brasilieiro.

O melhor com os pés e com as mãos. E com a cabeça.

Pirulito ainda é o irmão de Luizão, e não o inverso.

O biotipo exótico agrega simpatia a sua imagem.

Tem boa presença aérea, e está longe de ser um perna-de-pau com a redonda nos pés. Por incrível que pareça, Alex Silva tem intimidade com a menina.

Mas está (não muito) longe de ser um zagueiro convocável à Seleção. Por enquanto.

Chutemos a hipocrisia para escanteio.

Breno é o melhor zagueiro do Brasil.

O fato de recém ter se tornado maior de idade, e de recém ter estreado no time profissional, não o impede de ser considerado o melhor na posição - se merecedor for.

E merecedor é.

Calma de veterano, vigor físico de adolescente, classe de Domingos.

É o segundo melhor zagueiro do Brasil.

Está atrás de Breno, e à frente de Thiago Silva.

Seguro, regular, sempre presente.

Não chega a ter a habilidade da jóia revelada pelo Tricolor, mas está a milhas de ser um zagueiro zagueiro.

E, se Alex Silva está na Seleção, Miranda merece uma chance.

Para registro, ao lado de Alex Silva e Breno, formou-se a melhor zaga nos 17 anos de Rogério Ceni no São Paulo (palavras do próprio).

O substituto de Josué.

Richarlyson é o mais polivalente dos jogadores do São Paulo, e substituiu Josué à altura.

Zaga, ala, cabeça de área, meia. Só não foi para baixo do pau (sem trocadilho).

Defende melhor que muito zagueiro, cria melhor que muito meia, finaliza melhor que muito atacante.

Ambidestro, meia de origem, volante por necessidade, é o substituto do insubstituível.

Hernanes fez a torcida não sentir saudades de Mineiro.

Ao lado de Richarlyson (primeiro volante), foi o melhor segundo homem de meio-campo do campeonato.

Habilidoso, com poder de drible e chute de longa distância, é uma das, se não a principal peça do time campeão.

Com todo respeito a Rogério Ceni, um grande time começa por um grande volante, e não um grande goleiro.

E Hernanes é este grande volante.

E se ele tinha interrogação sobre qual posição atuar, esta não existe mais.

Com a bola, vira um meia.

Sem a bola, vira um ala.

Deixou Júnior e Jadílson no banco.

Fundamental na campanha do São Paulo, Jorge Wagner é um dos jogadores que mais a trata com carinho.

Se não é um tremendo marcador, é um grande apoiador.

Desde a contusão de Reasco, fixou-se, como em outros carnavais, na ala-direita são-paulina.

Ora ou outra, como ele mesmo diz, teve "relâmpagos" de Zico, como no gol contra o Paraná.

Mas em regra, faz seu feijão-com-arroz - bem temperado.

Não é o camisa 10 dos sonhos do torcedor, mas cumpri bem seu papel.

Não é grosso, mas compensa a falta de refinada técnica com a força de vontade.

Leandro é a raça de meião e chuteiras.

Corre mais que as próprias pernas.

Nesta temporada, jogou mais recuado, como meia-atacante. E foi bem. Se não foi brilhante, assim como outros, atendeu o determinado pelo chefe.

Ainda não apresentou o futebol do Atlético-PR. Ainda.

Atacante de velocidade, hábil e ágil.

Cai pelas duas pontas, com uma leve tendência marxista de cair pela esquerda.

Suas entradas em diagonal, carregando a bola, visando soltar o petardo da entrada da área, são pra lá de contundentes.

Dagoberto é craque, mas seu potencial ainda não foi aflorado ao máximo.

E quando o craque sair da encubadora, ninguém vai segurá-lo. Nem o São Paulo.

Aloísio é grande jogador, e grande pessoa - nos dois sentidos -, dentro e fora do campo. Poucos são como ele.

Não há zagueiro que ganhe de camisa 14 na dividida.

Entretanto, o grandalhão não é brucutu. Pelo contrário. O tamanho esconde o fino trato com a bola.

Não é nenhum Careca, mas não chega a ser maldoso com a criança.

Sua presença na área intimida os adversários. E esperança de gol dá à torcida são-paulina.

Dados observados por PVC (para variar).

Muricy foi campeão pernambucano pelo Náutico em 2001 e 2002. Em 2003, campeão paulista pelo São Caetano. Em 2004, campeão gaúcho pelo Inter. Em 2005, novamente campeão gaúcho e vice-campeão brasileiro (ou quase campeão, como preferir). Em 2006 e 2007, campeão brasileiro pelo São Paulo.

Falar mais o quê?

Muricy é perfeccionista.

É vencedor.

É o craque do time.

É o melhor treinador do Brasil.

*Outros jogadores foram essenciais, pela ordem: Borges, André Dias, Júnior, Diego Tardelli, Jadílson...