segunda-feira, julho 25, 2011

A auto-punição de Mano Menezes

O treinador da Seleção teve lá seus motivos para não levar alguns jogadores à Argentina, alguns deles públicos e notórios, como no caso de Marcelo. Já no de Hernanes, especula-se que a razão seja a expulsão no amistoso contra a França.

Para mim é teimosia. No que diz respeito às partes tática e técnica, a presença de ambos é quase indiscutível. Só têm a agregar. Marcelo teria tudo para deitar e rolar com Neymar pelo corredor canhoto, como faz com Cristiano Ronaldo no time de Mourinho (sem falar que a única opção para a posição é o questionável André Santos). Em relação a Hernanes, tenho um post opinando por que ele deveria estar na lista.

Não que eles sejam jogadores indispensáveis à Seleção. Há vida sem eles. Contuto, com eles, a vida de Mano seria menos complicada. Ou seja: no fim das contas a punição aos atletas da Lazio e do Real Madrid se volta contra o próprio treinador. Ao punir, Mano se pune.

segunda-feira, julho 18, 2011

Bola pra frente, Brasil

Tento fugir ao máximo do lugar comum, mas às vezes é impossível. Falar em demissão de Mano Menezes por causa do resultado da Copa América, para mim e para tantos outros colegas, é ridículo.

No entanto não podemos passar a mão na cabeça do treinador como se tudo estivesse dentro do planejado, em especial o rendimento dentro de campo, nem tanto a eliminação precoce.

Com tempo para treinar e os atletas que queria à disposição, das quatro partidas que fez, o Brasil só foi bem contra o Equador e relativamente bem contra o Paraguai. Convenhamos que, com o material humano que tinha, foi pouco.

Coletivamente o time não funcionou. No início do torneio, por exemplo, Neymar toda vez que pegava a bola, sem exceção, partia para a jogada individual. Quanto a Ganso, não sei por que, se escondeu demais e não chamou o jogo. Defeitos dos dois principais nomes da Seleção que serão corrigidos com o passar do tempo.

Outra crítica a Mano passa pela convocação e pela opção entre os titulares. Claro que se o goleiro do Paraguai não defendesse aquele chute de Pato à queima-roupa e se o Brasil estivesse na semifinal, (praticamente) nada disso estaria sendo escrito. Contudo, alguns pontos devem ser levantados. Como as ausências de Hernanes e Marcelo, e, na minha visão, as titularidades de Lúcio e Robinho.

Não que Lúcio e Robinho sejam ruins. Não é isso. Porém é claro, pelo menos para mim, que David Luiz é mais zagueiro, e que, sei lá, Lucas poderia ter contribuído mais que Robinho. Todavia Mano aposta demais na experiência. Foi assim na preparação do Corinthians para a Libertadores, foi assim na Copa América. Pelo fato de ser uma competição de peso, ainda por cima na Argentina, fez algumas escolhas baseado na experiência, mas experiência não é garantia de sucesso.

No entanto, insisto: se o Brasil tivesse passado, (praticamente) nada disso estaria sendo escrito. Agora resta-nos aguardar os amistosos de elite deste segundo semestre (Argentina, Espanha, Itália e Alemanha), e nos preparar, com Mano no comando, para o grande objetivo do ano que vem: o ouro olímpico.

domingo, julho 17, 2011

2011/2012: titular ou reserva?

Kaká começa a pré-temporada com o pé direito.



Veja aqui os outros quatro gols do amistoso.

quinta-feira, julho 14, 2011

Timão mais invicto do que nunca

Nenhuma surpresa no Pacaembu, no que diz respeito aos esquemas táticos: Corinthians de Tite no 4-2-3-1, Inter de Falcão no 4-4-2 em linha.

Devido à distribuição, alguns duelos individuais ficaram bem definidos, como entre Fábio Santos e Oscar, Welder e D'Alessandro, Nei e Jorge Henrique e Kleber e Willian.



Quando estavam sem a bola, os visitantes fechavam os lados do campo com os camisas 10 e 16. Logo, Zé Roberto, e às vezes até Leandro Damião, tinha que cercar um dos volantes adversários, para evitar que os mesmos tivessem liberdade pela faixa central.

Com a posse da bola, entretanto, os meias colorados apareciam por dentro, se aproximavam para articular as jogadas, se infiltravam na área e arrematavam a gol.

Pelo lado do líder do campeonato, Alex, titularíssimo, foi o grande armador da equipe, enquanto os pontas Willian e Jorge Henrique fizeram das entradas em diagonal seus pontos fortes.

A campanha do Corinthians impressiona. Com o 1 a 0 desta quinta, o Timão chega a insanos 92% de aproveitamento (8 vitórias, 1 empate e nenhuma derrota), 6 pontos à frente do segundo colocado Flamengo. Isso tudo ainda sem Adriano.

O equívoco da convocação

É senso comum: a ausência de Marcelo é a mais indigesta de todas. Mas tudo bem, Mano teve lá seus motivos, até compreensíves, para não ter levado o lateral do Real Madrid à Argentina.

Outro jogador que faz falta é Hernanes. Neste caso, porém, seja lá quais são os motivos do treinador, discordo radicalmente. Quanto ao cartão vermelho no amistoso contra a França, não creio que tenha pesado tanto assim. E quanto ao "tá jogando em outra posição no clube", não engulo.



O que existem são motivos para ter levado o ex-são-paulino. De sobra. E o principal deles, para mim, é a diferença de característica. Os dois em tese segundo volantes, Ramires e Elias, possuem estilos de jogo ofensivamente semelhantes: baseam-se na condução de bola em velocidade. Já Hernanes apoia-se na visão de jogo e no passe (e no tiro de fora da área).

Para traçar dois paralelos, por exemplo, no ataque Mano conta com dois centroavantes bastante distintos: Pato e Fred. Alternativas diferentes para a mesma posição. Na lateral direita acontece a mesma coisa, com Maicon e Daniel Alves. Características diferentes para a mesma posição. Elias, no entanto, não apresenta nada de novo. Não por sua culpa, mas por seu estilo, que é parecido com o de Ramires.

Não estou aqui defendendo a presença de Hernanes entre os onze, muito menos a exclusão de Elias ou Ramires. Apenas entendo que, se o meio-campista da Lazio estivesse no grupo da Copa América, seria mais fácil mudar a cara do time, se porventura fosse necessário. Com a marcação pesada e a sobrecarga em cima do armador Ganso, Hernanes poderia dar mais qualidade à saída de bola, coisa que tanto Elias quanto Ramires não primam por.

segunda-feira, julho 11, 2011

Argentina parece que se encontra

No primeiro tempo fiquei com a nítida impressão de um 4-4-2 em quadrado, assimétrico, com Gago de segundo volante, Di María aberto na meia esquerda e Messi do centro para a direita. Na segunda etapa, no entanto, fiquei com a sensação de um 4-4-2 em losango, também sem simetria. Mas indepentende do desenho do meio-campo, o fato é que a Argentina mudou seu esquema tático e aparentemente se encontrou.



No 3 a 0 sobre a Costa Rica, nesta segunda-feira, Zabaleta se apresentou na frente com frequência, ao contrário de Zanetti, que mais guardou posição do que apoiou. Fez sentido, porque o lado esquerdo foi ocupado por Di María e Agüero. Aberto pela ponta, aliás, o camisa 16 iniciou várias jogadas.

Já Messi trabalhou como o pé pensante do time. Foi do melhor do mundo os passes para o segundo (Agüero) e o terceiro (Di María) gol argentino. O maestro com o número 10 às costas comandou a vitória e foi um dos destaques da partida, ao lado de Gago e Agüero.

Quem não conseguiu acompanhar o nível do resto da equipe foi Higuaín, que perdeu diversas oportunidades. A cada chance que aparecia, parecia que o gol ficava menor. Não penso, porém, que em função disso, ele será sacado do próximo duelo. Batista deve mantê-lo, inclusive para não tirar confiança do centroavante.

quarta-feira, julho 06, 2011

Time de Batista segue sem padrão

A Argentina nunca vai jogar como o Barcelona. Não só por causa de Xavi e Iniesta, mas também por causa da dupla de zaga, do volante e dos laterais. E, claro, por causa do entrosamento.

A diferença vai além da parte técnica. É superficial comparar e concluir que Xavi e Iniesta são mais jogadores que Banega e Cambiasso, que Busquets trata a bola com a qualidade que Mascherano não possui, que Daniel Alves tem mais presença ofensiva que Zanetti, e que Piqué é mais completo que Burdisso e Milito juntos.

A diferença está no estilo de jogo, na filosofia implantada por Pep Guardiola, na coletividade e na proximidade azulgrená. E, claro, no entrosamento.

No entanto a culpa não é exclusivamente do técnico Sergio Batista ou dos jogadores argentinos. Nenhum time no mundo, seja seleção ou clube, consegue fazer o que faz o Barça: redução dos espaços, compactação, posse de bola paciente, criativa, efetiva, marcação por pressão, etc.

Não é exclusividade da Argentina. Assim como praticamente todos os times do mundo, a Albiceleste não vai atingir o padrão Barcelona dos últimos anos. Mas que a equipe treinada por Batista poderia render mais, em especial com essa matéria-prima, poderia. Ou melhor: deveria.