sexta-feira, janeiro 29, 2016

As alternativas de Bauza com Calleri

O argentino Jonathan Calleri (22 anos) fica somente até o dia 30 de junho, o que naturalmente faz dele um titular absoluto no time do também argentino Bauza. A questão é: como encaixá-lo numa equipe com Kardec (e Ganso)? Porque, embora a temporada sequer tenha começado para valer, tudo indica ou indicava que o treinador do São Paulo optaria pelo 4-2-3-1, com Michel Bastos, Ganso e Centurión na linha de três, mais Kardec na frente. Com a chegada de Calleri, no entanto, esse desenho pode ser alterado. Ou não.

Digo ou não porque Kardec já fez e faz a beirada do campo se for preciso. Logo, dessa forma Calleri assumiria o comando do ataque, e a linha de três seria composta por Michel, Ganso e Kardec. Contudo é inegável que Kardec não tem a velocidade e a habilidade (características fundamentais para atuar aberto) dum Centurión da vida, por exemplo. Por isso, de fato, fico na dúvida: Bauza vai abrir Kardec na beirada e fim de papo ou vai alterar o esquema? Ou vai colocá-lo no banco?

Caso Patón não opte por Kardec na beirada, eis algumas alternativas: o 4-4-2 em linha, o 4-4-2 em losango e o 3-5-2 - a menos provável e talvez a que mais me agrade. Repare que nas três há uma dupla de ataque propriamente dita. Nem Kardec nem Calleri fariam a beirada do campo. Dessas maneiras, ambos ficariam mais próximos da área. O ponto é: no 4-4-2 em linha, Ganso teria de ser deslocado à beirada. Tudo bem que com a bola viria para a faixa central, mas sem ela teria de fechar o flanco do campo, acompanhar lateral, e isso é loucura para um atleta com suas características. Pode ser que desse certo, como chegou a dar naquele São Paulo de Muricy e Kaká, no segundo semestre de 2014. Contudo, me parece uma ideia meio sem pé nem cabeça. Ganso é visão e passe. É jogador de faixa central. Por essas e outras, essa alternativa, com o camisa 10 pela beirada, não me agrada.

Também não me agrada tanto a ideia do 4-4-2 em losango, com Ganso enganche, porque o 4-4-2 em losango em tese entrega as beiradas para o rival. Eu sei que não é tão simples assim. Porém como a maioria dos times hoje em dia joga com pontas (wingers), o 4-4-2 em losango, por concentrar os meio-campistas na faixa central, deixa os laterais muito expostos, ficam toda hora no mano a mano, quando não sofrem com a dobradinha feita pelo lateral e pelo ponteiro do adversário. Por essas e outras, essa ideia não me agrada tanto. Nem tanto pelas peças, mas mais pela estrutura tática mesmo (sempre lembrando que, obviamente, o que mais importa é o funcionamento do time, é o conceito de jogo e sua aplicação).

Por fim, o 3-5-2. Disse que talvez seja o sistema que mais me agrade nesse caso porque talvez seja o sistema que melhor equacione as questões Calleri, Kardec e Ganso. E Lugano. Porque no 3-5-2, Ganso não precisaria fazer a beirada. Tampouco Kardec. Ganso seguiria na praia dele, a faixa central, ao lado de Thiago Mendes e mais um (Hudson), e Kardec formaria a dupla de ataque com Calleri. As beiradas ficariam por conta dos alas (quatro nomes para duas vagas: Bruno, Michel, Mena e Carlinhos). E lá atrás, o veterano Lugano jogaria mais protegido, com Rodrigo Caio na sobra e Breno do outro lado. Por essas e outras, me parece a melhor alternativa. Mas como disse, talvez essa seja a menos provável. Seja como for, agora é aguardar para ver como Bauza vai solucionar esse "problema".

quarta-feira, janeiro 13, 2016

Para onde vai Pogba?

No fim das contas o que prevalece é a vontade do jogador. Ainda mais em casos como este, pois conta-se nos dedos das mãos os jogadores do planeta que podem escolher onde jogar. Nesses casos a maior oferta financeira não necessariamente significa negócio fechado. Não cola a máxima “quem pagar mais, leva”. As questões de campo pesam bastante (companheiros de elenco, lugar no time, treinador, papel na Champions League, etc). E, certamente, a estrela da Juventus está colocando todos os fatores possíveis na balança (a cidade também, o país, etc).

Barcelona, Real Madrid, PSG e Manchester City. Acho que não foge desses quatro clubes. Se for mesmo sair da Juve na próxima janela de verão, no meio de 2016, são esses os clubes que melhor equacionam as questões de campo e financeira (Bayern, por exemplo, não costuma pagar valores astronômicos em contratações). Obviamente não se trata de um jogador barato. Hoje o francês de 22 anos (faz 23 em 2016) é avaliado na casa dos € 100 milhões (o salário também não deve ser nada baixo). Um valor que em tese seria pesado para o próprio Barcelona. Em tese. Mas se partirmos do princípio de que a questão financeira não é problema para nenhum dos clubes citados, aí caímos no que realmente interessa: no campo e bola.



Paul Pogba é titular em todas as equipes da Europa, e acho que isso não se discute, né? Porém em alguns times ele entraria mais facilmente; noutros, um pouco menos. Para ser mais específico, no Barcelona um pouco menos. Não por questão de bola, de estilo de jogo e etc, mas sim pelos inevitáveis efeitos colaterais, digamos assim. Porque hoje os titulares das meias do 4-3-3 culé são Rakitic (27 anos) e Iniesta (31 anos), e Arda (28 anos) e Rafinha (22 anos) seus reservas. Eu sei. Hoje Pogba está jogando mais que todos eles. Na minha opinião, mais até que Iniesta. Hoje. Mas é claro que eu não cogito um XI sem Iniesta. Portanto, sobraria para Rakitic – o que não chegaria a ser nenhum absurdo, nenhuma falta de respeito e reconhecimento com o croata. Não há como negar, todavia, uma possível saia justa no vestiário.

Pogba joga na meia esquerda do 4-3-3. Na verdade, na Juventus, tem jogado na meia esquerda dum 3-5-2 (Marchisio volante e Khedira na meia direita). Num time taticamente estruturado no 4-3-3, como é o Barcelona, sua praia seria a meia esquerda. Onde joga Iniesta. Ou seja, ou Pogba seria deslocado à meia direita, ou Iniesta faria a meia direita (acho que Iniesta acabaria sendo deslocado, pois teria/tem mais condições de fazer isso). O que determinaria essa definição, no entanto, seria o rendimento coletivo. Mas enfim. O fato é que o Barcelona teria Busquets na cabeça de área, e Iniesta e Pogba nas meias. E à sua frente, Pogba teria nada menos que o trio MSN – algo que deve pesar e muito.

No 4-3-3 do Real Madrid do também francês Zinedine Zidane, Pogba entraria no XI sem maiores efeitos colaterais. Com Kroos na cabeça de área e Modric na meia direita, Pogba chegaria para assumir a meia esquerda sem rodeios. Isco e James seriam reservas ou procurariam outro clube. Simples assim. Kroos, Modric e Pogba no meio campo? Nada mal. E à sua frente, Pogba teria o trio BBC. Não chega a ser um MSN, mas, convenhamos, também é um senhor ataque. E estilo de jogo por estilo de jogo, talvez o de Pogba tenha mais a ver com o do Madrid do que com o do Barça. Talvez.

Já no 4-3-3 do PSG, quem perderia a vaga é Thiago Motta (se bem que Blanc o ama). O hoje meia-direita Verratti seria recuado para jogar como “primeiro volante” (onde deveria jogar desde sempre, mas Blanc é teimoso), de modo que Pogba e Matuidi fariam as meias. Nesse caso, vale ressaltar que Matuidi é canhoto. Logo, provavelmente Pogba teria de fazer a meia direita (de novo, nenhum bicho de sete cabeças). Dessa forma o PSG teria o cracaço Verratti na cabeça de área e os franceses Pogba e Matuidi nas meias. Porque ainda tem isso. Querendo ou não, o fato de se tratar de um time de Paris pode pesar na decisão do francês Pogba. Não sei até que ponto, mas pode pesar.

Entre os quatro citados, acho que o Man City corre por fora – se é que está/entrou nessa corrida. Mesmo contando com o fator Guardiola – se é que Guardiola assume o City já na próxima temporada. Apesar do poderio financeiro do clube inglês, sei lá, não vejo Pogba voltando para Manchester (ele foi “revelado” pelo United). Mesmo contando com o fator Pep. Até porque acredito que a filosofia de jogo de Pep não casa tanto com o estilo de jogo de Pogba. O que não quer dizer que não daria certo. Apenas são diferentes. De qualquer forma, é mais difícil imaginar como seria a meiuca do City se Pogba fosse para lá. Fernandinho, Pogba e Silva? Fernandinho, Pogba e De Bruyne? E Touré? Deve sair. Enfim. Por essas e outras, acho que o City corre por fora – se é que o City está/entrou nessa corrida.

Contudo, como eu disse no início do texto, o que prevalece é a vontade do jogador. Se Pogba quiser ir para o Barcelona, vai acabar indo para o Barcelona. Se quiser ir para o Real Madrid, vai acabar indo para o Real Madrid. O mesmo serve para o PSG, para o Man City e para qualquer outro clube (Chelsea, etc). E se quiser seguir na Juventus, claro, Pogba vai seguir na Juventus (o que é mais improvável). De qualquer forma, o fato é que ele é jogador para estar em time que briga pelo título da Champions League quase todos os anos, e esses candidatos se resumem a apenas quatro ou cinco clubes no máximo. E outro fato é que a questão financeira não será exclusivamente determinante nesse caso. A questão de campo e bola vai pesar bastante, e é isso que esse texto tenta analisar.