Luis Enrique deve repetir o XI que recebeu o Manchester City no meio da semana, pelas oitavas de final da Champions League. Sem Busquets, o time catalão deve ter Mascherano à frente da dupla de zaga, formada por Piqué e Mathieu, de modo que as meias direita e esquerda devem ser ocupadas por Rakitic e Iniesta, respectivamente. No ataque, nada menos que Messi, Suárez e Neymar. Ou seja, o 4-3-3 que engrenou na temporada (depois de muito Luis Enrique bater cabeça, diga-se). Do outro lado, Ancelotti deve adotar o XI da última rodada da Liga, diante do Levante, agora com Kroos na vaga de Lucas Silva. Kroos e Modric, por sinal, devem formar a dupla de volantes do 4-4-2 em linha, e consequentemente devem bater de frente com Rakitic e Iniesta. O outro confronto individual do meio campo não parece estar bem definido, mas me parece que Mascherano deve duelar bastante com Cristiano Ronaldo e/ou Benzema.
Acredito no Real Madrid postado num compactado 4-4-2 em linha, marcando por zona lá atrás, voltado para o contra ataque. Embora a equipe de Ancelotti tenha qualidade para trabalhar a posse, em especial agora com o retorno de Modric, o pé pensante e acelerador pela faixa central, a tendência é a de que, no Camp Nou, o Barcelona fique mais tempo com a bola, o que naturalmente irá gerar espaços para o contra golpe blanco – em especial com a dupla de avançados composta por CR7 e Benzema, e com os wingers Bale e Isco. Ou seja, peças para encaixar um contra ataque que resulte em gol, o Madrid tem. Resta saber se terá consistência defensiva para não sofrer gol, em especial do trio MSN. Independente do adversário, hoje está difícil o trio de frente do Barça passar em branco. Ainda mais no Camp Nou. E uma vez aberto o placar, o panorama da partida pode mudar.
Pelas beiradas os duelos individuais devem ficar definidos por Daniel Alves vs Isco, Alba vs Bale, Messi vs Marcelo e Neymar vs Carvajal. Em tese, vantagem nítida dos quatro pontas sobre os quatro laterais. Como a marcação não é individual, todavia, quando os pontas entrarem em diagonal, outros jogadores terão de marcá-los. No caso de Messi, por exemplo, além de Marcelo, Sergio Ramos, Toni Kroos e até mesmo Isco devem enfrentá-lo com frequência. O mesmo se aplica a Pepe, Modric, até mesmo Bale, e Carvajal, em relação a Neymar. Já do outro lado, nos momentos em que o Madrid estiver trabalhando a posse, sem espaços para contra atacar, Rakitic e Iniesta terão de auxiliar os flancos na fase defensiva, senão Bale e Isco podem ficar no mano a mano, ou fazer dobradinhas e triangulações para cima de Alba e Daniel. Com espaços, na hora do contra ataque madrilenho, Mascherano terá de se desdobrar.
Talvez hoje a grande diferença entre Barcelona e Real Madrid é que um consegue ser altamente eficiente com a posse e no contra ataque, enquanto o outro não. Hoje o Barcelona consegue mesclar com altíssima eficiência as duas filosofias de jogo, os dois cenários que o jogo oferece, com espaços (contra ataque) e sem espaços (posse de bola). Independente da estratégia, da força do adversário e do contexto da partida, hoje o Barcelona consegue se adaptar e jogar em alto nível das duas maneiras. Já o Madrid, não. Hoje, não. Talvez a situação melhore com a volta de Modric, o cara que aumenta o volume pela faixa central, o cara que faz a diferença no passe e na conexão. Ainda assim, não. O croata está longe da melhor forma. Hoje, portanto, dá para dizer que o Madrid não consegue ser tão eficiente com a posse da bola como é no contra ataque. Por essas e outras, essa – o contra ataque – deve ser a arma de Ancelotti para tentar superar o favorito Barcelona no clássico deste domingo, válido pela 28ª rodada. No momento o Barcelona lidera com 65 pontos, seguido pelo Real Madrid, com 64 pontos. Em outras palavras, trata-se de um confronto direto pelo título da Liga. Para variar.
sábado, março 21, 2015
sexta-feira, março 20, 2015
O panorama das quartas
Definidas as quartas de final da Champions League 2014/15.
Paris Saint-Germain vs Barcelona
O time treinado por Luis Enrique tem média de posse de bola na competição de 63% (atrás apenas do Bayern), enquanto a equipe treinada por Laurent Blanc computa 51%. O número de passes completos também é favorável ao clube azulgrená (Barcelona 5237, PSG 4014). Portanto, tanto no jogo de ida (15 abril) quanto no jogo de volta (21 abril), é provável que o Barcelona fique mais tempo com a bola e consequentemente troque mais passes, de modo que o PSG fique voltado para o contra ataque. Nesse aspecto, aliás, a volta de Lucas é fundamental (se não me engano, ele volta). Agora, tem uma coisa: caso o Barcelona abra o placar, quem pode passar a explorar o contra ataque é ele. E nesse aspecto (e em tantos outros), o trio MSN é fatal.
Atlético vs Real Madrid
O atual campeão do torneio tem média de posse de 56% (atrás "apenas" de Bayern, Barcelona, Porto e Juventus). O atual vice-campeão do torneio tem média de 47% (atrás de uma galera). A diferença é grande. E no número de passes completos a diferença também é grande (Madrid 4239, Atlético 2324). A equipe treinada por Simeone é também a que mais cruza bolas na área. Na jogada ofensiva aérea, diga-se de passagem, ambos são eficientes. O Madrid foi quem mais marcou gols de cabeça nessa Champions (5). O Atlético vem logo atrás (4). Na verdade o panorama da partida é esperado: Real Madrid de Luka Modric com a posse e Atlético de Antoine Griezmann no contra ataque. Só uma coisa: vale lembrar que o retrospecto recente é todo alvirrubro. São 4 vitórias e 2 empates nos últimos 6 jogos (veja aqui).
Porto vs Bayern
O time com mais posse de bola na Champions League 2014/15, claro, é o treinado por Guardiola. Nesse aspecto, o Bayern lidera com 64%, enquanto o Porto computa 59% (atrás apenas, claro, do Bayern, e do Barcelona). Nos passes completos, o Bayern também lidera no geral: 5237, ao passo que o Porto completou 3803 passes. Logo, embora a equipe de Lopetegui priorize a posse da bola, ela obviamente deve ficar mais tempo nos pés dos jogadores do Bayern. Tanto no jogo de ida (15 abril) quanto no jogo de volta (21 abril), esse deve ser o panorama. Outra coisa: assim como o Barcelona diante do PSG, se abrir o placar, o Bayern pode explorar mais o contra ataque, pois peças e coletivo para isso o time de Pep tem de sobra.
Juventus vs Monaco
O triste é saber que Pogba está fora. Mas enfim, vida que segue. No quesito posse de bola, a média da Velha Senhora é de 58% (atrás apenas de Bayern, Barcelona e Porto). Já o Monaco tem média de 46%, atrás de vários times e até mesmo do Atlético de Simeone. Vantagem italiana também nos passes completos: 3739 contra 2100. Ou seja, assim como em PSG vs Barcelona e Porto vs Bayern, no confronto entre Juventus e Monaco o panorama parece estar bem definido, com a bola mais tempo nos pés dos favoritos. Inclusive na partida disputada na França (22 abril), imagino que a Juve controle o jogo com a bola, assim como fez o Arsenal no jogo de volta das oitavas de final.
Paris Saint-Germain vs Barcelona
O time treinado por Luis Enrique tem média de posse de bola na competição de 63% (atrás apenas do Bayern), enquanto a equipe treinada por Laurent Blanc computa 51%. O número de passes completos também é favorável ao clube azulgrená (Barcelona 5237, PSG 4014). Portanto, tanto no jogo de ida (15 abril) quanto no jogo de volta (21 abril), é provável que o Barcelona fique mais tempo com a bola e consequentemente troque mais passes, de modo que o PSG fique voltado para o contra ataque. Nesse aspecto, aliás, a volta de Lucas é fundamental (se não me engano, ele volta). Agora, tem uma coisa: caso o Barcelona abra o placar, quem pode passar a explorar o contra ataque é ele. E nesse aspecto (e em tantos outros), o trio MSN é fatal.
Atlético vs Real Madrid
O atual campeão do torneio tem média de posse de 56% (atrás "apenas" de Bayern, Barcelona, Porto e Juventus). O atual vice-campeão do torneio tem média de 47% (atrás de uma galera). A diferença é grande. E no número de passes completos a diferença também é grande (Madrid 4239, Atlético 2324). A equipe treinada por Simeone é também a que mais cruza bolas na área. Na jogada ofensiva aérea, diga-se de passagem, ambos são eficientes. O Madrid foi quem mais marcou gols de cabeça nessa Champions (5). O Atlético vem logo atrás (4). Na verdade o panorama da partida é esperado: Real Madrid de Luka Modric com a posse e Atlético de Antoine Griezmann no contra ataque. Só uma coisa: vale lembrar que o retrospecto recente é todo alvirrubro. São 4 vitórias e 2 empates nos últimos 6 jogos (veja aqui).
Porto vs Bayern
O time com mais posse de bola na Champions League 2014/15, claro, é o treinado por Guardiola. Nesse aspecto, o Bayern lidera com 64%, enquanto o Porto computa 59% (atrás apenas, claro, do Bayern, e do Barcelona). Nos passes completos, o Bayern também lidera no geral: 5237, ao passo que o Porto completou 3803 passes. Logo, embora a equipe de Lopetegui priorize a posse da bola, ela obviamente deve ficar mais tempo nos pés dos jogadores do Bayern. Tanto no jogo de ida (15 abril) quanto no jogo de volta (21 abril), esse deve ser o panorama. Outra coisa: assim como o Barcelona diante do PSG, se abrir o placar, o Bayern pode explorar mais o contra ataque, pois peças e coletivo para isso o time de Pep tem de sobra.
Juventus vs Monaco
O triste é saber que Pogba está fora. Mas enfim, vida que segue. No quesito posse de bola, a média da Velha Senhora é de 58% (atrás apenas de Bayern, Barcelona e Porto). Já o Monaco tem média de 46%, atrás de vários times e até mesmo do Atlético de Simeone. Vantagem italiana também nos passes completos: 3739 contra 2100. Ou seja, assim como em PSG vs Barcelona e Porto vs Bayern, no confronto entre Juventus e Monaco o panorama parece estar bem definido, com a bola mais tempo nos pés dos favoritos. Inclusive na partida disputada na França (22 abril), imagino que a Juve controle o jogo com a bola, assim como fez o Arsenal no jogo de volta das oitavas de final.
quinta-feira, março 19, 2015
Prévia de Liverpool vs Man United
Embora Dunga tenha dito esses dias que o Liverpool joga no 4-4-2, como todos os times ingleses, nós sabemos que a equipe treinada por Rodgers atua no 3-6-1 em quadrado. Para ser mais preciso, há exatas 14 rodadas a equipe treinada por Rodgers atua no 3-6-1. A primeira vez em que os Reds adotaram esse esquema na temporada, por sinal, foi diante dos Red Devils, pela 16ª rodada, no Old Trafford, naquela derrota por 3 a 0, em dia de De Gea (leia aqui o post com prancheta). Eis que, de lá para cá, o Liverpool está invicto na Premier League. São 10 vitórias e 3 empates. Invencibilidade que será posta à prova no domingo, pela 30ª rodada, no Anfield, justamente contra o United (disputa direta por vaga na Champions League 2015/16).
Se por um lado Rodgers definiu o 3-6-1 como estrutura tática titular, e a repetiu desde então, do outro van Gaal utilizou várias formações. Naquela vitória por 3 a 0 sobre o Liverpool, por exemplo, seu time ainda flertava com os três zagueiros (Rooney foi volante). Depois tentou um 3-5-2 com Di María no ataque (veja aqui), passou pelo 4-4-2 em losango, e hoje enfim parece ter encontrado o XI ideal: um 4-1-4-1 com variação para o 4-2-3-1, dependendo do posicionamento de Fellaini e Herrera. E essa é a grande diferença entre os trabalhos de van Gaal e Rodgers na temporada: a convicção – ou a falta dela, no caso de van Gaal – em relação ao XI. Pois se por um lado o técnico holandês demorou anos para encontrar o chamado XI ideal (parece que o encontrou), do outro o técnico norte-irlandês o tem definido há exatas 14 rodadas. (Justiça seja feita, Rodgers também mexeu demais no time na primeira metade do campeonato, vide este post aqui.)
Logo, hoje o Liverpool se encontra num estágio de evolução mais avançado que o United. Graças ao conhecimento, à convicção e à filosofia de jogo do seu treinador, hoje o Liverpool é mais time que o United, no sentido coletivo da palavra. Está mais entrosado que o United, e seus jogadores estão mais adaptados ao esquema. Sabem direitinho o que fazer com e sem a bola. Por essas e outras, é o favorito ao clássico. E para confirmar esse favoritismo, Rodgers deve repetir a equipe que enfrentou o Swansea na última segunda: Can, Skrtel e Sakho na zaga, Sterling e Moreno nas alas, Allen e Henderson volantes, Lallana e Coutinho nas meias, mais Sturridge na frente. Já van Gaal deve repetir a formação dos últimos jogos, com Di María e Young nas pontas, Rooney na referência (Falcao no banco), Carrick na cabeça de área, mais Herrera e Fellaini por dentro. Para não sobrecarregar Carrick na marcação à dupla de meias do Liverpool, porém, é bem provável que Herrera se posicione ao lado de Fellaini, configurando assim um 4-2-3-1 (4-4-1-1), não um 4-1-4-1. Se assim for, Carrick e Herrera batem de frente com Lallana e Coutinho, de modo que Fellaini encosta mais em Rooney.
A marcação obviamente não é individual, mas devido ao posicionamento das peças e às estruturas táticas dos dois times, alguns duelos podem ficar bem estabelecidos. Além de Coutinho vs Herrera e Lallana vs Carrick, Fellaini deve duelar com Henderson, por exemplo. Ou com Allen, visando tirar proveito da disparidade física. Este é um dos pontos fortes do 3-6-1 de Rodgers, aliás. Enquanto a maioria das equipes trabalha com três homens no meio campo, o Liverpool trabalha com quatro. Ou seja, quase sempre tem a superioridade numérica no setor mais importante do jogo. Para igualar numericamente essa região, portanto, pode ser que Di María se desloque para a faixa central. Mas acho difícil. Imagino o Manchester United voltado para o contra golpe mesmo, compactado lá atrás com duas linhas de quatro, com dois wingers de ofício (Di María e Young), para explorar os espaços entre os alas e os zagueiros das beiradas do Liverpool. Nesse caso, outros dois duelos podem ocorrer com frequência: Emre Can vs Young e Sakho vs Di María (além de Skrtel vs Rooney). Em contrapartida, Sterling e Moreno devem ficar no mano a mano com Blind e Valencia em vários momentos. A conferir.
Só uma coisa. Não estou aqui cravando que essas serão as escalações, tampouco que o jogo vai decorrer assim ou assado, hein. Trata-se apenas de uma tentativa de previsão. Pode ser que van Gaal – o Professor Pardal da temporada – surja com uma formação inédita. Pode ser que ele comece com Falcao e recue Rooney (aí talvez Herrera pagasse o pato). Ou com Mata, que foi muito bem contra o Tottenham. Ou, como disse, pode ser que ele mude para um 4-4-2 em losango, para igualar numericamente o meio campo. Ou quem sabe ressuscite um esquema com três zagueiros. Não sei. De van Gaal eu espero umas “inovações”. Já de Rodgers, não. Nada me leva a crer que ele possa alterar uma estrutura que tem dado tão certo (e só tem dado tão certo porque ele não fica a alterando). O que pode acontecer, isso sim, é alguma mudança nas peças. Na prancheta acima prevejo Sterling na ala e Lallana na meia, mas pode ser o contrário. Ou Sterling pode jogar na meia, Markovic na ala e Lallana no banco. Ou Can volante, ao lado de Henderson, e Lovren na zaga. Não sei.
Enfim. São várias as possibilidades. Seja como for, independente dos nomes escolhidos e das estruturas táticas, o fato é que o clássico entre Liverpool e Manchester United é gigante por si só. E se torna ainda maior quando se está em jogo uma vaga na Champions League 2015/16. No momento o “G5” é formado por Chelsea 64 pontos (um jogos a menos), Manchester City 58 pontos, Arsenal 57 pontos, Manchester United 56 pontos, e Liverpool 54 pontos. Os quatro primeiros garantem vaga na Champions League, e o quinto colocado vai para a Liga Europa. Em outras palavras, a briga está ótima. E neste domingo será escrito mais um capítulo fundamental dessa história.
Se por um lado Rodgers definiu o 3-6-1 como estrutura tática titular, e a repetiu desde então, do outro van Gaal utilizou várias formações. Naquela vitória por 3 a 0 sobre o Liverpool, por exemplo, seu time ainda flertava com os três zagueiros (Rooney foi volante). Depois tentou um 3-5-2 com Di María no ataque (veja aqui), passou pelo 4-4-2 em losango, e hoje enfim parece ter encontrado o XI ideal: um 4-1-4-1 com variação para o 4-2-3-1, dependendo do posicionamento de Fellaini e Herrera. E essa é a grande diferença entre os trabalhos de van Gaal e Rodgers na temporada: a convicção – ou a falta dela, no caso de van Gaal – em relação ao XI. Pois se por um lado o técnico holandês demorou anos para encontrar o chamado XI ideal (parece que o encontrou), do outro o técnico norte-irlandês o tem definido há exatas 14 rodadas. (Justiça seja feita, Rodgers também mexeu demais no time na primeira metade do campeonato, vide este post aqui.)
Logo, hoje o Liverpool se encontra num estágio de evolução mais avançado que o United. Graças ao conhecimento, à convicção e à filosofia de jogo do seu treinador, hoje o Liverpool é mais time que o United, no sentido coletivo da palavra. Está mais entrosado que o United, e seus jogadores estão mais adaptados ao esquema. Sabem direitinho o que fazer com e sem a bola. Por essas e outras, é o favorito ao clássico. E para confirmar esse favoritismo, Rodgers deve repetir a equipe que enfrentou o Swansea na última segunda: Can, Skrtel e Sakho na zaga, Sterling e Moreno nas alas, Allen e Henderson volantes, Lallana e Coutinho nas meias, mais Sturridge na frente. Já van Gaal deve repetir a formação dos últimos jogos, com Di María e Young nas pontas, Rooney na referência (Falcao no banco), Carrick na cabeça de área, mais Herrera e Fellaini por dentro. Para não sobrecarregar Carrick na marcação à dupla de meias do Liverpool, porém, é bem provável que Herrera se posicione ao lado de Fellaini, configurando assim um 4-2-3-1 (4-4-1-1), não um 4-1-4-1. Se assim for, Carrick e Herrera batem de frente com Lallana e Coutinho, de modo que Fellaini encosta mais em Rooney.
A marcação obviamente não é individual, mas devido ao posicionamento das peças e às estruturas táticas dos dois times, alguns duelos podem ficar bem estabelecidos. Além de Coutinho vs Herrera e Lallana vs Carrick, Fellaini deve duelar com Henderson, por exemplo. Ou com Allen, visando tirar proveito da disparidade física. Este é um dos pontos fortes do 3-6-1 de Rodgers, aliás. Enquanto a maioria das equipes trabalha com três homens no meio campo, o Liverpool trabalha com quatro. Ou seja, quase sempre tem a superioridade numérica no setor mais importante do jogo. Para igualar numericamente essa região, portanto, pode ser que Di María se desloque para a faixa central. Mas acho difícil. Imagino o Manchester United voltado para o contra golpe mesmo, compactado lá atrás com duas linhas de quatro, com dois wingers de ofício (Di María e Young), para explorar os espaços entre os alas e os zagueiros das beiradas do Liverpool. Nesse caso, outros dois duelos podem ocorrer com frequência: Emre Can vs Young e Sakho vs Di María (além de Skrtel vs Rooney). Em contrapartida, Sterling e Moreno devem ficar no mano a mano com Blind e Valencia em vários momentos. A conferir.
Só uma coisa. Não estou aqui cravando que essas serão as escalações, tampouco que o jogo vai decorrer assim ou assado, hein. Trata-se apenas de uma tentativa de previsão. Pode ser que van Gaal – o Professor Pardal da temporada – surja com uma formação inédita. Pode ser que ele comece com Falcao e recue Rooney (aí talvez Herrera pagasse o pato). Ou com Mata, que foi muito bem contra o Tottenham. Ou, como disse, pode ser que ele mude para um 4-4-2 em losango, para igualar numericamente o meio campo. Ou quem sabe ressuscite um esquema com três zagueiros. Não sei. De van Gaal eu espero umas “inovações”. Já de Rodgers, não. Nada me leva a crer que ele possa alterar uma estrutura que tem dado tão certo (e só tem dado tão certo porque ele não fica a alterando). O que pode acontecer, isso sim, é alguma mudança nas peças. Na prancheta acima prevejo Sterling na ala e Lallana na meia, mas pode ser o contrário. Ou Sterling pode jogar na meia, Markovic na ala e Lallana no banco. Ou Can volante, ao lado de Henderson, e Lovren na zaga. Não sei.
Enfim. São várias as possibilidades. Seja como for, independente dos nomes escolhidos e das estruturas táticas, o fato é que o clássico entre Liverpool e Manchester United é gigante por si só. E se torna ainda maior quando se está em jogo uma vaga na Champions League 2015/16. No momento o “G5” é formado por Chelsea 64 pontos (um jogos a menos), Manchester City 58 pontos, Arsenal 57 pontos, Manchester United 56 pontos, e Liverpool 54 pontos. Os quatro primeiros garantem vaga na Champions League, e o quinto colocado vai para a Liga Europa. Em outras palavras, a briga está ótima. E neste domingo será escrito mais um capítulo fundamental dessa história.
quarta-feira, março 18, 2015
Lionel Messi, o assistente
Não é de hoje que Messi é mestre no passe diagonal para a ponta esquerda. Por essas e outras, quando Neymar foi contratado, publiquei este post aqui, projetando várias assistências do camisa 10 para o camisa 11. Errei por uma temporada. Em 2013/14 isso não ocorreu tanto. Mas em 2014/15, como você sabe, se tornou rotina. E isso acontece graças à visão de jogo e à qualidade técnica do gênio argentino, além do poder de finalização do craque brasileiro. Canhoto, quando Messi parte para dentro vindo da ponta direita com a bola dominada, abre-se um mundo na ponta esquerda, e o destino do passe é sempre certeiro. Ou quase sempre.
Repare no mapa acima. São os passes de Messi diante do Manchester City, nesta quarta-feira, no Camp Nou, pela partida de volta das oitavas de final da Champions League. Tirando os para trás, repare na direção da maioria deles. A esquerda. Na diagonal. Aliás, seus quatros passes chaves (amarelo) e sua assistência (azul) para o gol de Rakitic têm o mesmo padrão. Curto, médio ou longo, esse seu passe é fatal. Quase sempre deixa um companheiro na cara do gol. Muitas vezes Neymar, o ponta-esquerda do time. Outras vezes Alba, o lateral-esquerdo.
Sim. Os adversários estão ligados. Esse passe de Messi é manjado. Então a pergunta que fica é: como pará-lo? Se estiver num dia inspirado, impossível. Obviamente ele erra um passe aqui, outro ali, mas no geral, se estiver num dia inspirado, como esteve hoje contra o City, impossível. Impossível evitar esse passe. O que pode acontecer, isso sim, como aconteceu hoje contra o City, é o jogador que recebe esse passe de Messi parar no goleiro. Entre as tantas defesas cara a cara que Hart fez hoje, por exemplo, várias nasceram de um passe de Messi.
PS: Veja abaixo o show de Messi.
Repare no mapa acima. São os passes de Messi diante do Manchester City, nesta quarta-feira, no Camp Nou, pela partida de volta das oitavas de final da Champions League. Tirando os para trás, repare na direção da maioria deles. A esquerda. Na diagonal. Aliás, seus quatros passes chaves (amarelo) e sua assistência (azul) para o gol de Rakitic têm o mesmo padrão. Curto, médio ou longo, esse seu passe é fatal. Quase sempre deixa um companheiro na cara do gol. Muitas vezes Neymar, o ponta-esquerda do time. Outras vezes Alba, o lateral-esquerdo.
Sim. Os adversários estão ligados. Esse passe de Messi é manjado. Então a pergunta que fica é: como pará-lo? Se estiver num dia inspirado, impossível. Obviamente ele erra um passe aqui, outro ali, mas no geral, se estiver num dia inspirado, como esteve hoje contra o City, impossível. Impossível evitar esse passe. O que pode acontecer, isso sim, como aconteceu hoje contra o City, é o jogador que recebe esse passe de Messi parar no goleiro. Entre as tantas defesas cara a cara que Hart fez hoje, por exemplo, várias nasceram de um passe de Messi.
PS: Veja abaixo o show de Messi.
quinta-feira, março 12, 2015
Chelsea eliminado da Champions
A eliminação para o PSG escancarou uma limitação de Mourinho. Perito na arte de contra atacar, ficou evidente diante do PSG que seus times em regra se complicam quando a posse da bola lhes é oferecida (talvez seu repertório seja mais curto do que a gente pensava). Pois a partir da injusta expulsão de Ibrahimovic aos 31 minutos do primeiro tempo, os visitantes logicamente se retraíram e o Chelsea em tese teve terreno para cultivar a posse da bola. O que se viu na prática, no entanto, foi um time incapaz de fazê-lo, mesmo em superioridade numérica. Por quê? Porque Mourinho é mestre em defender e contra golpear. Porém quando precisa propor o jogo, encontra dificuldades. Não é de hoje que suas equipes jogam assim, diga-se de passagem. E não é de hoje também que ele joga com o regulamento na mão, sempre muito frio e calculista. Às vezes dá certo. Às vezes, não.
Graças ao 1 a 1 da ida, o 0 a 0 classificava o Chelsea, e Mourinho traçou sua estratégia em função disso. Priorizou a defesa e o contra ataque ao “deixar” a posse com o PSG, mesmo no Stamford Bridge. A partir da expulsão de Zlatan, todavia, o panorama da partida mudou, e quem passou a priorizar a defesa e o contra ataque foi o PSG, estruturado com duas linhas de quatro, além de Cavani centroavante - como manda a cartilha quando se tem um homem a menos. Por conseguinte, quem passou a ficar mais tempo com a bola no pé foi o Chelsea. Mas mesmo com um homem a mais, não soube o que fazer com ela, não soube elaborar jogadas para perfurar as barreiras levantadas pelo oponente. Não havia espaços no campo adversário, uma vez que o Paris, com um homem a menos, naturalmente se fechou lá atrás. Aí o Chelsea se complicou. Não estou dizendo que a expulsão de Ibra fez bem ao PSG. Não é isso. Mas sem dúvida ela obrigou Mourinho e seus Blue Caps a jogarem de uma maneira pouco favorável a eles, majoritariamente com a posse da bola.
Foi aí que ficou escancarada a limitação do treinador português. Treinador supercampeão, eu sei, mas que se atrapalha quando o assunto é valorizar e trabalhar a posse para furar defesas bem postadas que marcam por zona. Pois na verdade existem basicamente dois conceitos de futebol: o de contra ataque e o de posse de bola. (Feliz é o time que consegue mesclar os dois estilos, contudo, a grosso modo, é essa a divisão.) E como disse antes, na arte da defesa e do contra ataque, Mourinho é mestre indiscutível. Ganhou vários títulos assim, quer queira você ou não, muitas vezes passando de fase com o regulamento na mão, sempre frio e calculista no mata-mata. Na hora de trabalhar a posse da bola diante de um adversário que sabe se defender lá atrás, no entanto, ele apresenta falhas evidentes. O PSG, em contrapartida, não apenas soube explorar os espaços para contra atacar, como também soube trabalhar a posse quando a teve. Ou seja, o PSG de Blanc foi mais completo, apresentou um repertório mais amplo e mereceu eliminar o Chelsea de Mourinho (2 a 2 na prorrogação com gols de David Luiz e Thiago Silva).
Graças ao 1 a 1 da ida, o 0 a 0 classificava o Chelsea, e Mourinho traçou sua estratégia em função disso. Priorizou a defesa e o contra ataque ao “deixar” a posse com o PSG, mesmo no Stamford Bridge. A partir da expulsão de Zlatan, todavia, o panorama da partida mudou, e quem passou a priorizar a defesa e o contra ataque foi o PSG, estruturado com duas linhas de quatro, além de Cavani centroavante - como manda a cartilha quando se tem um homem a menos. Por conseguinte, quem passou a ficar mais tempo com a bola no pé foi o Chelsea. Mas mesmo com um homem a mais, não soube o que fazer com ela, não soube elaborar jogadas para perfurar as barreiras levantadas pelo oponente. Não havia espaços no campo adversário, uma vez que o Paris, com um homem a menos, naturalmente se fechou lá atrás. Aí o Chelsea se complicou. Não estou dizendo que a expulsão de Ibra fez bem ao PSG. Não é isso. Mas sem dúvida ela obrigou Mourinho e seus Blue Caps a jogarem de uma maneira pouco favorável a eles, majoritariamente com a posse da bola.
Foi aí que ficou escancarada a limitação do treinador português. Treinador supercampeão, eu sei, mas que se atrapalha quando o assunto é valorizar e trabalhar a posse para furar defesas bem postadas que marcam por zona. Pois na verdade existem basicamente dois conceitos de futebol: o de contra ataque e o de posse de bola. (Feliz é o time que consegue mesclar os dois estilos, contudo, a grosso modo, é essa a divisão.) E como disse antes, na arte da defesa e do contra ataque, Mourinho é mestre indiscutível. Ganhou vários títulos assim, quer queira você ou não, muitas vezes passando de fase com o regulamento na mão, sempre frio e calculista no mata-mata. Na hora de trabalhar a posse da bola diante de um adversário que sabe se defender lá atrás, no entanto, ele apresenta falhas evidentes. O PSG, em contrapartida, não apenas soube explorar os espaços para contra atacar, como também soube trabalhar a posse quando a teve. Ou seja, o PSG de Blanc foi mais completo, apresentou um repertório mais amplo e mereceu eliminar o Chelsea de Mourinho (2 a 2 na prorrogação com gols de David Luiz e Thiago Silva).
quarta-feira, março 11, 2015
Futebol brasileiro, um deserto de ideias
Troca é progresso. Autossuficiência é regresso. A ausência da troca leva à estagnação. A presença dela leva à inovação e eleva o nível. Isso se aplica à economia, à tecnologia e a vários outros aspectos da sociedade. Inclusive ao futebol (o futebol reflete a sociedade). Por essas e outras, o futebol brasileiro encontra-se onde se encontra. O terreno que um dia foi muito fértil, hoje é um deserto. Graças ao isolamento intelectual das pessoas que trabalham nele e com ele, o futebol brasileiro se encontra fora do circuito do conhecimento, imerso na própria ignorância.
O que mais me incomoda nessa história toda é que as ferramentas estão aí. Vivemos na era mais globalizada da história da humanidade. Nunca antes na história da humanidade (últimos 200 mil anos, digamos) foi tão fácil realizar a troca. Não apenas a troca de bens, produtos e serviços, mas principalmente a troca de informação, a troca de conhecimento, a troca de ideias. Em especial, graças à Internet (sua linda!). E é justamente nessa gloriosa fase da história da humanidade - a mais gloriosa de todas até aqui - que o futebol brasileiro se isola. Justamente na época em que o conhecimento tem tudo para fluir e triunfar, a ignorância impera e prevalece. Quando na verdade deveria se globalizar, o futebol brasileiro se isola (no campo e bola e no campo das ideias, já que o primeiro é consequência do segundo).
Não duvido que a Major League Soccer, por exemplo, ultrapasse o Brasileirão logo, logo. Bom. No que diz respeito à média de público, já ultrapassou (a liga chinesa também). Mas me refiro ao campo e bola mesmo, dentro das quatro linhas. Deve ultrapassar logo, logo. Veja bem: me refiro à MLS como um todo e não aos jogadores americanos em si. São coisas diferentes. A cada dia que passa a MLS deve importar mais material humano de qualidade, não só para o campo e bola, mas também para o campo das ideias. Enquanto no Brasil ainda se queima treinadores estrangeiros (por uma série de motivos), nos Estados Unidos (e na China), penso eu, eles serão bem-vindos. Ou melhor, serão requisitados, para acelerar a elevação do nível. E nessa esteira devem vir os treinadores “locais”. Não tenho dúvida de que eles, os americanos e os chineses, para não citar outros exemplos, estão antenados ao mundo global em que vivemos, ao contrário do treinador padrão brasileiro, que vive ilhado no campo das ideias. E o reflexo disso nós vemos no campo e na bola.
O que mais me incomoda nessa história toda é que as ferramentas estão aí. Vivemos na era mais globalizada da história da humanidade. Nunca antes na história da humanidade (últimos 200 mil anos, digamos) foi tão fácil realizar a troca. Não apenas a troca de bens, produtos e serviços, mas principalmente a troca de informação, a troca de conhecimento, a troca de ideias. Em especial, graças à Internet (sua linda!). E é justamente nessa gloriosa fase da história da humanidade - a mais gloriosa de todas até aqui - que o futebol brasileiro se isola. Justamente na época em que o conhecimento tem tudo para fluir e triunfar, a ignorância impera e prevalece. Quando na verdade deveria se globalizar, o futebol brasileiro se isola (no campo e bola e no campo das ideias, já que o primeiro é consequência do segundo).
Não duvido que a Major League Soccer, por exemplo, ultrapasse o Brasileirão logo, logo. Bom. No que diz respeito à média de público, já ultrapassou (a liga chinesa também). Mas me refiro ao campo e bola mesmo, dentro das quatro linhas. Deve ultrapassar logo, logo. Veja bem: me refiro à MLS como um todo e não aos jogadores americanos em si. São coisas diferentes. A cada dia que passa a MLS deve importar mais material humano de qualidade, não só para o campo e bola, mas também para o campo das ideias. Enquanto no Brasil ainda se queima treinadores estrangeiros (por uma série de motivos), nos Estados Unidos (e na China), penso eu, eles serão bem-vindos. Ou melhor, serão requisitados, para acelerar a elevação do nível. E nessa esteira devem vir os treinadores “locais”. Não tenho dúvida de que eles, os americanos e os chineses, para não citar outros exemplos, estão antenados ao mundo global em que vivemos, ao contrário do treinador padrão brasileiro, que vive ilhado no campo das ideias. E o reflexo disso nós vemos no campo e na bola.
terça-feira, março 10, 2015
Um ano depois, a ficha cai
No dia 21 de fevereiro de 2014 publiquei um post intitulado "É hora de repensar Ganso" (confira aqui na íntegra). Um ano depois, Muricy Ramalho comentou a possibilidade de jogar (ou não) com Ganso mais recuado, como segundo volante (leia aqui). Comentário esse que foi citado por Casagrande no Bem, Amigos! da última segunda, quando ele chegou a comparar Ganso com Pirlo (veja no vídeo abaixo).
Comparação, aliás, que já havia sido feita no próprio Bem, Amigos!, naquele episódio histórico, quando Seedorf deu um banho de água fria na pachecada (relembre aqui). O que mais me chamou a atenção naquela ocasião, todavia, não foi o choque de sinceridade que o holandês deu nos outros membros do programa, mas sim estas aspas, que naturalmente ganharam pouco destaque na imprensa ignorante em tática: "Se ele (Ganso) vai jogar como armador, na frente da defesa, aí tá tudo legal." No post "É hora de repensar Ganso", citei elas em negrito.
Somente agora, um ano depois, depois de cegamente ter dado tanto murro em ponta de faca, Muricy percebe que Ganso não é o camisa 10 que entra na área que ele tanto reclamava. Por sinal, como destacou Dassler Marques no Twitter, são "terríveis para PH Ganso os quase quatro anos de carreira com Muricy. Não evoluiu absolutamente nada como jogador. 2015 dele é ridículo". De fato. Não diria que são quase quatro anos jogados fora, mas sem dúvida são quase quatro anos de pouquíssima evolução - graças a ele, tudo bem, mas muito graças ao treinador, sim, senhor.
Que Casagrande tenha se dado conta dessa possibilidade somente agora, não me surpreendo. Não o considero um bom comentarista (como pessoa, baseado na biografia Casagrande e Seus Demônios, o admiro). Que a ficha tenha caído somente agora no orelhão de Muricy, contudo, não admito. Até porque ele ganha muita grana para ocupar o cargo que ocupa, sem entregar um produto final à altura (o conceito de custo-benefício não existe no Brasil). E você que me acompanha pela Internet, em especial pelo Twitter, sabe que quando o assunto é Paulo Henrique Ganso, eu fico bem à vontade para falar.
PS: No vídeo acima Casagrande diz que Pirlo joga como segundo volante, porém nós sabemos que, há anos, ele joga à frente da zaga, como primeiro volante ou cabeça de área (prefiro chamar de cabeça de área). É assim no 4-4-2 em losango da Juventus de Allegri, que tem Marchisio e Pogba como carrileros e Vidal espetado, mais próximo da dupla de ataque. E era assim nos tempos de Conte (3-5-2) e nos tempos de Milan de Allegri, Leonardo e Ancelotti. Sem falar na seleção italiana.
Comparação, aliás, que já havia sido feita no próprio Bem, Amigos!, naquele episódio histórico, quando Seedorf deu um banho de água fria na pachecada (relembre aqui). O que mais me chamou a atenção naquela ocasião, todavia, não foi o choque de sinceridade que o holandês deu nos outros membros do programa, mas sim estas aspas, que naturalmente ganharam pouco destaque na imprensa ignorante em tática: "Se ele (Ganso) vai jogar como armador, na frente da defesa, aí tá tudo legal." No post "É hora de repensar Ganso", citei elas em negrito.
Somente agora, um ano depois, depois de cegamente ter dado tanto murro em ponta de faca, Muricy percebe que Ganso não é o camisa 10 que entra na área que ele tanto reclamava. Por sinal, como destacou Dassler Marques no Twitter, são "terríveis para PH Ganso os quase quatro anos de carreira com Muricy. Não evoluiu absolutamente nada como jogador. 2015 dele é ridículo". De fato. Não diria que são quase quatro anos jogados fora, mas sem dúvida são quase quatro anos de pouquíssima evolução - graças a ele, tudo bem, mas muito graças ao treinador, sim, senhor.
Que Casagrande tenha se dado conta dessa possibilidade somente agora, não me surpreendo. Não o considero um bom comentarista (como pessoa, baseado na biografia Casagrande e Seus Demônios, o admiro). Que a ficha tenha caído somente agora no orelhão de Muricy, contudo, não admito. Até porque ele ganha muita grana para ocupar o cargo que ocupa, sem entregar um produto final à altura (o conceito de custo-benefício não existe no Brasil). E você que me acompanha pela Internet, em especial pelo Twitter, sabe que quando o assunto é Paulo Henrique Ganso, eu fico bem à vontade para falar.
PS: No vídeo acima Casagrande diz que Pirlo joga como segundo volante, porém nós sabemos que, há anos, ele joga à frente da zaga, como primeiro volante ou cabeça de área (prefiro chamar de cabeça de área). É assim no 4-4-2 em losango da Juventus de Allegri, que tem Marchisio e Pogba como carrileros e Vidal espetado, mais próximo da dupla de ataque. E era assim nos tempos de Conte (3-5-2) e nos tempos de Milan de Allegri, Leonardo e Ancelotti. Sem falar na seleção italiana.
Van Gaal é muito Professor Pardal
A mudança pode ser benéfica quando o time já está formado. Quando o time está em formação, a mudança constante é um desastre, apenas impede ou atrasa a evolução. Somente quando o time atinge certo nível de maturidade e entrosamento, a mudança das peças e até mesmo do esquema tático pode ser bem-vinda, pois pode surpreender e confundir o adversário. No entanto, quando o time ainda busca determinado nível de entrosamento, a mudança das peças e do esquema só atrapalha.
Veja o Manchester United de Louis van Gaal – o maior Professor Pardal do momento, no mau sentido. Ao longo da temporada os Red Devils já atuaram com todas as formações possíveis, todas as peças imagináveis e todos os esquemas táticos já registrados na história do futebol mundial, desde o WM até o... Okay. Estou exagerando. Mas, de fato, ao longo da temporada, van Gaal trocou o XI do United com uma frequência nada recomendável e pouco inteligente, uma vez que se trata de uma equipe em formação (quando na verdade já deveria estar formada). E não adianta, enquanto as mudanças forem frequentes, o United jamais atingirá tal nível de entrosamento.
A pergunta é: por que van Gaal troca tanto o XI? A resposta é: falta-lhe convicção. E não adianta, sem convicção não há repetição, e sem repetição não há evolução. Na atual temporada, por exemplo, o técnico holandês, que só virou o Rei da Cocada Preta por causa de uma Copa do Mundo bem feita (graças a Robben), já adotou uns três ou quatro esquemas diferentes (3-5-2 com um volante e dois meias, 3-5-2 com dois volantes e um meia, 4-4-2 em losango, 4-1-4-1). Sem falar nas inúmeras combinações de jogadores, nem noutras tomadas de decisões equivocadas, como o posicionamento de Di María. (Aliás, van Gaal precisou gastar meia temporada para começar a escalar o argentino na praia dele, como winger.) Portanto, não causa surpresa a essa altura do campeonato um entrosamento tão pífio.
Agora, eliminados da FA Cup, resta aos órfãos de Alex Ferguson brigar com todas as forças, mesmo que sem entrosamento, pelo G4 da Premier League, para voltar a Champions League. A tarefa, contudo, não será nada fácil, pois Arsenal, Liverpool, Tottenham e até Southampton (todos os cinco brigam por duas vagas) se encontram num nível de evolução mais avançado, já que seus treinadores não trocam tanto o XI quanto van Gaal. E caso a vaga na próxima UCL não vire realidade para o United, é provável que o contrato de van Gaal seja rescindido, pois sua capacidade está sendo questionada não de hoje. E, honestamente, eu vou achar bom, pois nada que ele fez até aqui justifica sua permanência para a próxima temporada.
Veja o Manchester United de Louis van Gaal – o maior Professor Pardal do momento, no mau sentido. Ao longo da temporada os Red Devils já atuaram com todas as formações possíveis, todas as peças imagináveis e todos os esquemas táticos já registrados na história do futebol mundial, desde o WM até o... Okay. Estou exagerando. Mas, de fato, ao longo da temporada, van Gaal trocou o XI do United com uma frequência nada recomendável e pouco inteligente, uma vez que se trata de uma equipe em formação (quando na verdade já deveria estar formada). E não adianta, enquanto as mudanças forem frequentes, o United jamais atingirá tal nível de entrosamento.
A pergunta é: por que van Gaal troca tanto o XI? A resposta é: falta-lhe convicção. E não adianta, sem convicção não há repetição, e sem repetição não há evolução. Na atual temporada, por exemplo, o técnico holandês, que só virou o Rei da Cocada Preta por causa de uma Copa do Mundo bem feita (graças a Robben), já adotou uns três ou quatro esquemas diferentes (3-5-2 com um volante e dois meias, 3-5-2 com dois volantes e um meia, 4-4-2 em losango, 4-1-4-1). Sem falar nas inúmeras combinações de jogadores, nem noutras tomadas de decisões equivocadas, como o posicionamento de Di María. (Aliás, van Gaal precisou gastar meia temporada para começar a escalar o argentino na praia dele, como winger.) Portanto, não causa surpresa a essa altura do campeonato um entrosamento tão pífio.
Agora, eliminados da FA Cup, resta aos órfãos de Alex Ferguson brigar com todas as forças, mesmo que sem entrosamento, pelo G4 da Premier League, para voltar a Champions League. A tarefa, contudo, não será nada fácil, pois Arsenal, Liverpool, Tottenham e até Southampton (todos os cinco brigam por duas vagas) se encontram num nível de evolução mais avançado, já que seus treinadores não trocam tanto o XI quanto van Gaal. E caso a vaga na próxima UCL não vire realidade para o United, é provável que o contrato de van Gaal seja rescindido, pois sua capacidade está sendo questionada não de hoje. E, honestamente, eu vou achar bom, pois nada que ele fez até aqui justifica sua permanência para a próxima temporada.
quarta-feira, março 04, 2015
Cruzeiro corre contra o tempo
Fábio no gol, Mayke a Mena nas laterais, Léo e Paulo André na zaga, Willians primeiro volante, Henrique segundo volante, Marquinhos e Willian nas pontas, De Arrascaeta por dentro, mais Damião na referência do ataque. Esse foi o time que iniciou o jogo contra o Huracán, no Mineirão, nesta terça-feira, pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores. E esse deve ser o time que irá enfrentar o Mineros, fora de casa, pela terceira rodada. Na verdade a partida contra o Mineros é só daqui duas semanas, dia 19, portanto alguma peça pode ser alterada (Alisson na vaga de Willian ou Marquinhos parece ser a pedida). No entanto, na medida do possível, Marcelo Oliveira deixou claro que pretende repetir a equipe. E isso é ótimo.
"Um time se forma com a sequência de escalação e a sequência de jogos", disse o treinador do Cruzeiro ao microfone do Fox Sports, depois da partida contra o Huracán, ontem à noite. De fato, sem sequência, sem repetição, não há evolução, tampouco entrosamento. E é justamente disso que o Cruzeiro precisa, de entrosamento, uma vez que são cerca de cinco os novos titulares. Contra o Huracán, por exemplo, esse foi o número de recém-contratados no XI inicial (Paulo André, Mena, Willians, De Arrascaeta e Damião). Ou seja, de fato o entrosamento ainda não existe. Naturalmente. A boa notícia, todavia, é que Marcelo Oliveira sabe como alcançá-lo, pois ao afirmar que um time se forma com sequência de escalação e jogos, ele demonstra algo raro no país do 7 a 1: convicção – algo fundamental na formação de uma equipe (sem convicção não há repetição e sem repetição não há evolução).
Já a má notícia para o Cruzeiro é que pode não haver tempo suficiente. Toda evolução requer tempo (pergunte a Darwin), porém tempo é um artigo de luxo no momento, já que a Libertadores é disputada em apenas um semestre. Se a Libertadores fosse disputada em dois semestres, a exemplo da Champions League, Marcelo Oliveira (e os demais treinadores em situação semelhante) teria um semestre para jogar a fase de grupos, um semestre para alcançar o entrosamento, e outro semestre para encarar a fase eliminatória. Se a Copa Libertadores fosse disputada em dois semestres, a exemplo da Champions League, o time entraria na fase de mata-mata num estágio de evolução mais avançado. Agora, como a Libertadores é disputada em apenas um semestre, é bastante provável que um time com cinco novos titulares não encontre o entrosamento a tempo, podendo assim morrer antes mesmo do mata-mata.
"Um time se forma com a sequência de escalação e a sequência de jogos", disse o treinador do Cruzeiro ao microfone do Fox Sports, depois da partida contra o Huracán, ontem à noite. De fato, sem sequência, sem repetição, não há evolução, tampouco entrosamento. E é justamente disso que o Cruzeiro precisa, de entrosamento, uma vez que são cerca de cinco os novos titulares. Contra o Huracán, por exemplo, esse foi o número de recém-contratados no XI inicial (Paulo André, Mena, Willians, De Arrascaeta e Damião). Ou seja, de fato o entrosamento ainda não existe. Naturalmente. A boa notícia, todavia, é que Marcelo Oliveira sabe como alcançá-lo, pois ao afirmar que um time se forma com sequência de escalação e jogos, ele demonstra algo raro no país do 7 a 1: convicção – algo fundamental na formação de uma equipe (sem convicção não há repetição e sem repetição não há evolução).
Já a má notícia para o Cruzeiro é que pode não haver tempo suficiente. Toda evolução requer tempo (pergunte a Darwin), porém tempo é um artigo de luxo no momento, já que a Libertadores é disputada em apenas um semestre. Se a Libertadores fosse disputada em dois semestres, a exemplo da Champions League, Marcelo Oliveira (e os demais treinadores em situação semelhante) teria um semestre para jogar a fase de grupos, um semestre para alcançar o entrosamento, e outro semestre para encarar a fase eliminatória. Se a Copa Libertadores fosse disputada em dois semestres, a exemplo da Champions League, o time entraria na fase de mata-mata num estágio de evolução mais avançado. Agora, como a Libertadores é disputada em apenas um semestre, é bastante provável que um time com cinco novos titulares não encontre o entrosamento a tempo, podendo assim morrer antes mesmo do mata-mata.
terça-feira, março 03, 2015
O melhor jogador do Liverpool 2014/15
"Não foi à toa que recentemente o Liverpool renovou com Philippe Coutinho até 2020. Meio-campista de arranque, de drible, de habilidade, de controle de bola, de velocidade, de visão, de técnica. Sem falar que rende tanto pela faixa central quanto pelas beiradas. Praticamente completo. Só não dá para dizer que é completo porque ainda peca um pouco nas finalizações, embora nessa temporada ele tenha mostrado evolução nesse fundamento. Sem dúvida, o camisa 10 é um dos pontos de desequilíbrio dos Reds. E, sem dúvida, é o segundo melhor brasileiro na Europa 2014/15, atrás apenas de Neymar."
Escrevi isso num post publicado no dia 10 de fevereiro. Apesar dos justos elogios, repare na merecida crítica: "ainda peca um pouco nas finalizações". Na verdade, nunca foi novidade. Desde a temporada passada, Coutinho já mostrava certa dificuldade nesse fundamento (talvez desde sempre, não sei). Já fazia jogadas brilhantes, já era um dos destaques coletivos, já fazia o time jogar, mas ainda não apresentava o apetite pelo gol, tampouco finalizava com perigo. Eis que, de uns dias para cá, começaram a sair uns gols da cartola do Little Magician. Ou melhor, uns golaços. Como este aqui, contra o Manchester City, pela 27ª rodada da Premier League. E este aqui, contra o Southampton, pela 26ª rodada. Não à toa, gols bem parecidos. O Liverpool, aliás, está há 11 rodadas invicto na Premier League. São 8 vitórias e 3 empates. E esse retrospecto tem bastante a ver com a fase do camisa 10.
A essa altura do campeonato, portanto, por tudo que foi feito até aqui, acho que já podemos dizer que ele é o melhor jogador do Liverpool 2014/15. Em especial pelos gols que tem marcado (alguns deles decisivos, como este aqui contra o Bolton, pela FA Cup, no último minuto do jogo). Veja bem. Não estou dizendo que Coutinho virou artilheiro, virou goleador, mesmo que para um meio-campista. Contudo me parece que ele colocou o pé na forma e pegou gosto pela coisa - noves fora que ainda tem muito a evoluir, pois são apenas 22 anos. E além disso, além dos gols, Coutinho é quem faz o time jogar. Mais que Sterling, mais que Henderson, mais que Gerrard ou Lallana, quem faz a equipe fluir é Philippe Coutinho. Como fazia desde a temporada passada. Só que agora com gols. Ou melhor: golaços. Logo, me parece evidente que se trata do melhor jogador do Liverpool 2014/15.
Escrevi isso num post publicado no dia 10 de fevereiro. Apesar dos justos elogios, repare na merecida crítica: "ainda peca um pouco nas finalizações". Na verdade, nunca foi novidade. Desde a temporada passada, Coutinho já mostrava certa dificuldade nesse fundamento (talvez desde sempre, não sei). Já fazia jogadas brilhantes, já era um dos destaques coletivos, já fazia o time jogar, mas ainda não apresentava o apetite pelo gol, tampouco finalizava com perigo. Eis que, de uns dias para cá, começaram a sair uns gols da cartola do Little Magician. Ou melhor, uns golaços. Como este aqui, contra o Manchester City, pela 27ª rodada da Premier League. E este aqui, contra o Southampton, pela 26ª rodada. Não à toa, gols bem parecidos. O Liverpool, aliás, está há 11 rodadas invicto na Premier League. São 8 vitórias e 3 empates. E esse retrospecto tem bastante a ver com a fase do camisa 10.
A essa altura do campeonato, portanto, por tudo que foi feito até aqui, acho que já podemos dizer que ele é o melhor jogador do Liverpool 2014/15. Em especial pelos gols que tem marcado (alguns deles decisivos, como este aqui contra o Bolton, pela FA Cup, no último minuto do jogo). Veja bem. Não estou dizendo que Coutinho virou artilheiro, virou goleador, mesmo que para um meio-campista. Contudo me parece que ele colocou o pé na forma e pegou gosto pela coisa - noves fora que ainda tem muito a evoluir, pois são apenas 22 anos. E além disso, além dos gols, Coutinho é quem faz o time jogar. Mais que Sterling, mais que Henderson, mais que Gerrard ou Lallana, quem faz a equipe fluir é Philippe Coutinho. Como fazia desde a temporada passada. Só que agora com gols. Ou melhor: golaços. Logo, me parece evidente que se trata do melhor jogador do Liverpool 2014/15.
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