quinta-feira, março 12, 2015

Chelsea eliminado da Champions

A eliminação para o PSG escancarou uma limitação de Mourinho. Perito na arte de contra atacar, ficou evidente diante do PSG que seus times em regra se complicam quando a posse da bola lhes é oferecida (talvez seu repertório seja mais curto do que a gente pensava). Pois a partir da injusta expulsão de Ibrahimovic aos 31 minutos do primeiro tempo, os visitantes logicamente se retraíram e o Chelsea em tese teve terreno para cultivar a posse da bola. O que se viu na prática, no entanto, foi um time incapaz de fazê-lo, mesmo em superioridade numérica. Por quê? Porque Mourinho é mestre em defender e contra golpear. Porém quando precisa propor o jogo, encontra dificuldades. Não é de hoje que suas equipes jogam assim, diga-se de passagem. E não é de hoje também que ele joga com o regulamento na mão, sempre muito frio e calculista. Às vezes dá certo. Às vezes, não.



Graças ao 1 a 1 da ida, o 0 a 0 classificava o Chelsea, e Mourinho traçou sua estratégia em função disso. Priorizou a defesa e o contra ataque ao “deixar” a posse com o PSG, mesmo no Stamford Bridge. A partir da expulsão de Zlatan, todavia, o panorama da partida mudou, e quem passou a priorizar a defesa e o contra ataque foi o PSG, estruturado com duas linhas de quatro, além de Cavani centroavante - como manda a cartilha quando se tem um homem a menos. Por conseguinte, quem passou a ficar mais tempo com a bola no pé foi o Chelsea. Mas mesmo com um homem a mais, não soube o que fazer com ela, não soube elaborar jogadas para perfurar as barreiras levantadas pelo oponente. Não havia espaços no campo adversário, uma vez que o Paris, com um homem a menos, naturalmente se fechou lá atrás. Aí o Chelsea se complicou. Não estou dizendo que a expulsão de Ibra fez bem ao PSG. Não é isso. Mas sem dúvida ela obrigou Mourinho e seus Blue Caps a jogarem de uma maneira pouco favorável a eles, majoritariamente com a posse da bola.

Foi aí que ficou escancarada a limitação do treinador português. Treinador supercampeão, eu sei, mas que se atrapalha quando o assunto é valorizar e trabalhar a posse para furar defesas bem postadas que marcam por zona. Pois na verdade existem basicamente dois conceitos de futebol: o de contra ataque e o de posse de bola. (Feliz é o time que consegue mesclar os dois estilos, contudo, a grosso modo, é essa a divisão.) E como disse antes, na arte da defesa e do contra ataque, Mourinho é mestre indiscutível. Ganhou vários títulos assim, quer queira você ou não, muitas vezes passando de fase com o regulamento na mão, sempre frio e calculista no mata-mata. Na hora de trabalhar a posse da bola diante de um adversário que sabe se defender lá atrás, no entanto, ele apresenta falhas evidentes. O PSG, em contrapartida, não apenas soube explorar os espaços para contra atacar, como também soube trabalhar a posse quando a teve. Ou seja, o PSG de Blanc foi mais completo, apresentou um repertório mais amplo e mereceu eliminar o Chelsea de Mourinho (2 a 2 na prorrogação com gols de David Luiz e Thiago Silva).

Um comentário:

Pedro Roch@ disse...

Ele "naufragou" em Madrid tentando colocar um grande time para contra atacar e vai "naufragar" em Londres se continuar com essa de "desprezar" o comando de jogo. Acredito que isso seja muito bom em times médios que disputam grandes competições contra times de maior expressão.