segunda-feira, julho 30, 2007

Carta a Calazans

A escalação do Linha-de-Passe, da ESPN Brasil, todos sabemos de cor: Zé Trajano, Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho, Márcio Guedes e Fernando Calazans comentando, com João Palomino apresentando.

Cada um tem seus pontos-fortes e seus pontos-fracos, suas qualidades e seus defeitos. Tem, para mim, muito, mas muito mais qualidades do que defeitos. Pontos-fortes do que fracos.

Mas hoje, no Linha de Passe do dia 30 de julho de 2007, um deles, um dos meus preferidos, um dos que mais respeito e gosto de ouvir, me tirou do sério. Na verdade, não cheguei a ficar bravo. Apenas lamentei algumas bobagens que escutei.

Fernando Calazans é o nome dele.

Alex, com o gol anotado em cima do Sport, era um dos concorrentes ao "Gol mais bonito", tradicional quadro do programa que vai ao ar toda segunda-feira. Calazans perguntou, em um dado momento, sem ironia alguma: "Quem é esse Alex?". Alex, Fernando Calazans, é o meio-campista, camisa 7, atual campeão do mundo pelo Internacional.

É ou não é de se lamentar esta ignorância? Se eu fosse colorado, trocaria de canal na hora.

Outro ponto fraco do professor Calazans é falar massivamente do seu time de coração: Flamengo, Flamengo, Flamengo.

Outro defeito é seu saudosismo. Esses dias meu companheiro Zaca estava com a frase tal no MSN: "Em que mundo Calazans vive?".

Tô contigo, Zaca.

"Este time do Flamengo não é da altura do Flamengo. O time do Corinthians não é da altura do Corinthians." Sobre outros times, ele continuou nesta mesma linha "O time do Vasco não está à altura da tradição do Vasco." etc., etc..

Ora, caro Calazans, Zico, Sócrates e Roberto Dinamite já penduraram as chuteiras.

E os neo-Zicos, neo-Sócrates e neo-Robertos Dinamites jogam no Real Madrid, Inter de Milão, Manchester United.

O Grêmio até queria segurar o Ronaldinho, mas não deu. O São Paulo queria segurar Kaká, mas não conseguiu. Diego e Robinho, pode ter certeza, não foram mandados embora do Santos. E assim por diante.

Tudo bem que o nível do futebol está muito a quem, isto não é novidade e todos concordam, mas, Calazans, com todo respeito, e para que este respeito continue eternamente, por favor, acorde para a realidade. E, por favor, Calazans: futebol não se resume ao Clube de Regatas Flamengo.

sexta-feira, julho 27, 2007

Ouro a ouro

- Que bela briga, hein?

- A do James Dean Pereira, no boxe?

- Não, não. No quadro de medalhas. Briga entre Brasil e Cuba. Tête-a-tête. Corpo a corpo.

- Pois é. Está pau a pau.

- Mas, tem uma coisa eu não entendo...

- O quê?

- Quantos habitantes Cuba tem?

- Tem 11 milhões.

- E o Brasil?

- 180.

- Milhões!?

- É.

- Ué, como pode Cuba, com 11 milhões de pessoas, ter mais medalhas de ouro do que o Brasil, que tem 180 milhões?

- Simples. O Brasil é um país pobre, de terceiro mundo. Já Cuba é um país riquíssimo. Economia muito forte, sem pobreza. País capitalizado, de primeiro mundo. Quanto mais riqueza, mais medalhas de ouro, entende?

- É, acho que entendi.

quinta-feira, julho 26, 2007

Relaxa e joga

Edu chegou ao consultório de dermatologia ao meio-dia. Tinha uma consulta marcada às 12h15.

Na sala de espera, a tevê estava ligada. Chegou um pouco adiantado, bem na hora do pontapé inicial do jogo entre Brasil e EUA. Finalíssima do Pan do Rio.

Na sala, alguns jornais e revistas de agosto, setembro de 2004, 2005. Não teve dúvida: ficou de olhos atentos à tevê. Mesmo se tivesse revistas e jornais de agosto, setembro de 2007, 2008, ele ficaria de olho na tevê, afinal, era a final.

Ele e os outros que aguardavam o atendimento médico não desgrudavam a lupa da tevê. Ele e outros barbados, babando, apreciando a beleza que aparecia na televisão. Não necessariamente a beleza física das jogadoras, mas a beleza das jogadas produzidas pelas brasileiras. Coisa linda, de encher os olhos.

Incrível. Sala de espera lotada. Todos torciam. As secretárias, os e as que esperavam para serem atendidos. Parecia final de Copa do Mundo. Masculino. Todos(as) torcendo, roendo as unhas. A bola passava rente à trave e todo mundo se levantava da cadeira ao som coletivo de um "UUHHHH!".

O jogo estava tão convidativo que Edu desejou que o médico atrasasse. Atrasasse uns 30 minutos. Assim, ele poderia ver todo o primeiro tempo.

Esse era o desejo de todos. Que o médico atrasasse, para que ninguém perdesse nenhum minuto do primeiro tempo.

A certa altura do jogo, um barbado ao lado de Edu, barbardo de verdade, barba cumprida e branca, disse: "A Seleção das mulheres joga mais que a dos homens. Cada golaço!".

Edu foi obrigado a concordar. Era pura verdade. Contra fatos não há argumentos. Marta joga mais que Júlio Baptista. Daniela Alves mais que Daniel Alves. Formiga joga mais que Fernando. Maicon mais que Maicon...

O relógio passava, a hora da consulta se aproximava, e Edu se angustiava, pensando "Está chegando a hora da consulta. Droga!"

Lás pelos 15 minutos, 12h15, horário da consulta, o narrador grita: "Pênalti!!!"

"Eduardo!!!", grita a secretária.

"Puta que pariu, logo agora!?", pensou Edu em voz alta. Ia sair o primeiro gol verde-amarelo, e Edu tinha de ir de encontro ao médico. O velho de barba branca deu um sorriso lamentando.

A consulta foi rápida. Poucos minutos. Algumas apalpadas e um antiinflamatório receitado.

Edu saiu apressado. Na saída, ainda perguntou ao velho da barba branca: "Saiu o gol!?". "Sim, sim, saiu!". Brasil 1 a 0.

Animado, Edu foi correndo para casa. O golzão 1.0 mais parecia um golfzão 1.6. Mesmo voando baixo pelas avenidas, não chegou a tempo de ver o segundo gol. Quando estava entrando no elevador, ainda escutou a televisãozinha do porteiro gritando "GOOOOOOL". "De quem? De quem?", perguntou Edu, imagindo que teria sido o segundo da Seleção. "Do Brasil!", confirmou o porteiro.

2 a 0, e Edu não tinha visto nenhum dos gols. Não se importou. Estava feliz.

Ao abrir a porta do apartamento, Dona Gilmara, a doméstica, Dona Flávia, a mãe, e João Gabriel, o irmão, todos juntos, vibrando com os olhos vidrados no televisor.

No segundo tempo, uma chuva de gols. Além do show. Ao apito final, 5 a 0, e festa no apê de Eduardo. E em sua cidade, ao som de fogos de artifício. Mais festa do que na Copa América. Festa também no Maraca, templo sagrado do futebol.

E embora alguns dirigentes antiquados, machistas e egoístas não sabem, futebol é coisa pra mulher!

Mulher como Marta, que tem muito mais bola que Júlio Baptista, por exemplo. Cria muito mais. Que camisa 10! Marta, simplesmente, relaxa e joga. E como joga!

quarta-feira, julho 25, 2007

O culpado

Saiu o resultado do STJD: 120 dias de suspensão para Dodô.

Não há dúvida, o raciocínio é lógico: André Lima, reserva de Dodô, batizou a água do artilheiro alvinegro com femproporex.

E só agora poderá mostrar seu futebol.

quinta-feira, julho 19, 2007

Empate com gosto de goleada

Ao contrário dos irmãos Corinthians e São Paulo, serials killer, doutores em assassinar o bom futebol, Palmeiras e Santos apresentaram um grande espetáculo ao respeitável público.

Num chute de antes da rua, lá pelos 10 minutos, Kléber fechou o olho e mandou uma bola despretensiosa na direção do gol. Diego Cavalieri, anfitrião educado, aceitou. Belo frango. 0 a 1.

Lá pelos 20, em cobrança de bola parada, nem Adaílton nem Marcelo subiram. Nen subiu e de cabeça marcou, empatado o jogo. 1 a 1.

A partida continuou corrida. Toma lá dá cá. Muitas e boas chances para ampliar o placar, para ambos os lados.

Até que, aos 45 da primeira etapa, Pedrinho colocou o Peixe em vantagem. 1 a 2.

O segundo tempo estava desenhado: Sociedade Esportiva Todo Pressão Palmeiras versus Santos Contra-ataque Futebol Clube.

Nos primeiros 15 minutos, Diego Cavalieri fez belas defesas, fazendo o torcedor esquecer do peru cinematográfico da primeira etapa.

Várias alterações foram feitas, tanto no Santos, tanto no Palmeiras. Kléber Jordan estreou. Edmundo também entrou. E o jogo continuou o mesmo. Uma chance criada para o alvinegro para cada duas criadas pelo alviverde. Mas em vão.

Em vão? Não! No último minuto de jogo, em bola alçada na área, Martinez cabeceou a bola na cabeça de Rodrigo Souto, que mandou contra a própria pátria.

O belíssimo clássico, no Parque Antártica, terminou assim: 2 a 2. Com gosto de vitória, de goleada, para o Palmeiras.

A cabeça é o caminho

Quatro são os fatores que norteiam o esporte chamado futebol: o fator de ordem técnica, de ordem tática, de ordem física e de ordem psicológica.

A técnica sempre existiu e sempre vai existir. De Friedenreich a Zizinho, de Leônidas a Didi, de Garrincha a Zico, de Romário a Robinho, a técnica, a habilidade, a capacidade de fazer com a bola o que o outro não faz é um diferencial capaz de determinar, de reverter o resultado de um jogo.

A tática nem sempre existiu, mas sempre vai existir. Nos primórdios, os times jogavam no 2-3-5. A responsabilidade tática quase inexistia. Com o tempo, treinadores e jogadores perceberam a importância de se estudar, coletivamente, a posição de cada atleta em campo, de analisar as alternativas e os caminhos para se chegar à vitória, alterando, taticamente, o time. Com o tempo, as táticas evoluiram.

Assim como a preparação física. Algumas dúzias de polichinelos e corridas ao redor do campo satisfaziam. O jogo era bem menos corrido, menos pegado. Mais pausado. Não se exigia o condicionamento físico de um atleta como se exige de uns tempos para cá. Ao longo das décadas, a preparação física foi se aprimorando, e talvez chegamos, hoje, ao limite do corpo humano.

A questão de ordem psicológica sempre existiu. E sempre vai existir. Ter a mente focada, concentrada, pensando somente no jogo, no comprometimento com os companheiros, com os torcedores, ter a vontade de vencer despertada dentro de si, ter o senso de competitividade à flor da pele, é um ponto pra lá de positivo.

Como sabemos, e essa é nova, não há mais bobo no futebol. O nivelamento, por baixo, é muito visível. Todos times são muitos parecidos. Quase iguais.

O time que tiver algum jogador que desequilibre tecnicamente, evidentemente terá vantagem sobre um adversário que não tem este jogador. No Brasil, este jogador não existe. Os craques, os que têm alta técnica, os que são capazes de decidir, estão lá fora. Ou seja, no Brasileirão, tecnicamente, 80% dos times se equivalem.

Taticamente, um ou outro treinador pode fazer a diferença, ajudado pela obediência do jogador dentro de campo. Mas, como se sabe, não há nada de muito novo, de inovador, de revolucionário na prancheta, desde, talvez, a seleção de Cruyff na Copa da Alemanha, em 1974.

Fisicamente, também, não há mistério. Os times se equiparam. O condicionamento físico é muito parecido, seja de um time de Série C , B ou A.

Partindo deste pressuposto, só teríamos empates. Todos são iguais. Física, tática e tecnicamente.

Portanto, qual o diferencial? Como fazer para se sobressair dentre tantos times medíocres? Qual o fator que faz um time no Campeonato Brasileiro ser diferente dos outros?

A cabeça. Não, não são as jogadas aéras. A cabeça. Mente. A mente. O time que tiver o maior número de jogadores comprometidos, com a cabeça boa, pensando somente no jogo, com o senso de competitividade apurado, com a mente focada na partida, em todas as partidas, uma após a outra, com vontade de vencer, vai vencer. Vai vencer um, dois, três jogos. Vai vencer um, dois, três campeonatos.

E despertar este desejo, conseguir manter os jogadores obscecados, tarados pela vitória, é papel do treinador. Cabe ao treinador desenvolver a técnica de seu atleta, com trabalhos de fundamentos. Cabe, também, aproveitar o máximo de cada jogador, dentro de um esquema tático. Fisicamente, os preparadores físicos dão conta do recado. Mas, cabe também, ao treinador, fazer com que seus comandados tenham, sempre, na mente, comprometimento com a torcida, com o clube e com os próprios técnicos e jogadores, de vencer. Vontade de vencer. Com garra. Sempre. Dia após dia. Noite após noite. Jogo após jogo.

O treinador que conseguir executar esta difícil tarefa de manter os jogadores dedicados cem por cento ao trabalho, tem meio caminho andado para levá-los, jogadores e clube, ao sucesso.

Depende do ponto de vista

O que é mais irritante: ver um jogo da Seleção Brasileira ou um jogo do São Paulo?

Eu sei, eu sei, pergunta difícil de ser respondida.

A Seleção ainda fez, em seis jogos, um joguinho legal de se ver, na final, contra a Argentina. Contra o Chile, o 6 a 1, não vale, foi café-com-leite. Ou com vodka.

Já o SPFC, em doze jogos, só fez jogo duro. De assistir. Jogos feios. Poucos, ou nenhum gol. Nem sequer oportunidades. Seja a favor ou contra.

Mas, quem se importa? Para uns, o objetivo, a razão da existência deste esporte é ter a posse de bola, é mantê-la no pé, e não colocá-la na rede.

Insatisfeito com a partida onde nada acontecia, sem graça e sem emoção entre os tricolores, passei a assitir o jogo entre Inter e Corinthians. Pelo menos o goleirão do Colorado garante fortes emoções. E os atacantes e o técnico do time gaúcho sabem, ao contrário dos tricolores paulistanos, que a essência do jogo é fazer gol. Ou gols, de preferência. Pato fez dois. Adriano fez um.

Feito este paralelo entre dois pontos de vista distintos, deixo aqui dois conselhos: se você quer emoção, assista a uma partida de futebol com Clemer e Pato em campo. Se você sofre de insônia, ou é masoquista e apenas gosta de sofrer, assista a um jogo do São Paulo Futebol Clube.

quarta-feira, julho 18, 2007

Pelada pobre

A primeira etapa entre Brasil e Costa Rica não foi nenhuma Ana Paula de Oliveira, mas foi uma pelada boa de se ver.

O time brasileiro jogou no 2-6-2 (ou seria 2-4-4?), ocupando a todo instante o campo do adversário. Entretanto, mesmo assim, sem ameaçar, ou ameaçando pouco o arqueiro costa-riquenho.

Aos 11 minutos, após cobrança de bola parada, Maicon, o centro-avante que joga longe da área, anotou o primeiro tento verde-amarelo, de cabeça. Aos 17, num tapa categórico de canhota, após vistosa tabelinha na entrada da área, Alex ampliou a vantagem para o time da casa. O primeiro tempo terminou assim: 2 a 0.

O segundo tempo não foi nenhuma Preta Gil, mas foi uma pelada dura de assistir. Algum lance do Lulinha cá, outra do sicrano ali, outra do beltrano lá. Algumas poucas e não tão boas finalizações. No goleiro, para fora, ou na trave. Nada demais. Taticamente a Seleção é pouco organizada [só é mais organizada que a (des)organização do evento]. Se o time tende a melhorar, não sei. Mas sei que tem de melhorar.

terça-feira, julho 17, 2007

Grêmio, Imortal

Por pouco a delegação do Grêmio não estava no vôo 3054.

Segundo o humor negro, branco e azul do meu camarada Zaca, esta foi mais uma prova de que o tricolor é imortal.

A sombra do Fenômeno

Porto, Barça e Milan. Estes são os três times que estão na briga por Didier Drogba.

É bem possível que o craque costa-marfinense não continue em Londres.

Pelo que andei lendo, o time de Milão está com alguns corpos à frente dos concorrentes.

Se de fato contretizada a transação junto ao time milanês, Drogba, 29, para mim, o melhor centro-avante da atualidade, melhor que Obina e melhor que Eto'o, poderá ser um pesadelo para Ronaldo. Se não conseguirem jogar juntos, é claro.

segunda-feira, julho 16, 2007

Seis por meia-dúzia?


Ou melhor: catorze por quatorze?

O Boca Juniors aceitou a oferta de 15 milhões de libras feita pelo Arsenal.

Praticamente o mesmo preço, 16 milhões, da venda de Henry para o Barcelona.

Palácio, camisa 14 no Boca, provavelmente irá a usar a mesma 14, órfã do craque francês.

O atacante do Boca tem 25 anos. Tierry tem 30.

E a pergunta paira no ar londrino: Palácio substituirá Henry à altura?

Para mim, um Henry, de 30, vale mais que três Palácios, de 25.

Clássico é clássico

Brasil e Argentina é Brasil e Argentina e vice-versa. Não há favorito.

Ou melhor, houve favorito. Que não nasceu por acaso. A Argentina jogou muita bola nesta Copa América. Já o Brasil não jogou bola alguma. Jogou apenas contra o Chile, que na verdade foi como bater em bêbado. E ontem, na final. Portanto, é provado, futebolisticamente, que favoritismo significa pouca coisa em clássicos.

A Seleção de Dunga, instruída, nitidamente, do goleiro ao ponta-esquerda, a parar o jogo, malandramente, com faltas, superou o bicho-papão argentino. Superou principalmente porque Riquelme, Messi e Tevez foram anulados completamente. Méritos da trinca de volantes e da dupla de zaga. E superou, em grande parte, graças ao santo golzinho que caiu do céu logo aos 3 minutos de partida. Foi um balde de água fria no time de Basile. O gol-contra, então, de água gelada. Os hermanos não conseguiram reagir, e a certa altura do campeonato, surpreendentemente, jogaram a toalha.

O Brasil conquista, de novo, a Copa América. De novo, em cima da Argentina, fregueses de carteirinha.

E teremos de agüentar Dunga, o exterminador do futuro.

O exterminador do futuro

Dunga, quando questionado se quem participou da Copa América está à frente de quem pediu dispensa, respondeu, para minha tristeza, que sim.

É muito, mas muito provável que o trio de volantes continue, e que Júlio Batista seja titular. Ou seja, Kaká e Ronaldinho no banco. Insanidade, eu sei. Mas é a tendência.

Na verdade, Dunga não é louco ao ponto de deixar os dois no banco. Ao menos um, Kaká, deve ser titular. Ronaldinho é muito habilidoso para o gosto do treinador da Seleção, e deve ficar na reserva.

Para ele, Ronaldinho, Kaká e Robinho não podem jogar juntos. Gilberto Silva, Josué e Mineiro podem.

As eliminatórias para a Copa de 2010 estão chegando, e teremos de agüentar um time truncado, lento, sem talento, com habilidade de sobra à disposição, mas inutilizada.

Vou torcer bastante. Torcer para que o treinador mude seus conceitos, caso contrário, o futuro do futebol-arte da Seleção pode morrer.

domingo, julho 15, 2007

Linha burra

Não vi o jogo entre Corinthians e São Paulo. Portanto, não posso comentá-lo.

Só vi os gols, agora há pouco, no globoesporte.com.

O gol são-paulino saiu aos 37 do segundo tempo.

O do Timão saiu nos acréscimos finais da partida, numa linha de impedimento mal feita do Tricolor.

Agora, cá entre nós: se seu time está ganhando de 1 a 0 do eterno rival, em um bola parada no último minuto do jogo, você faria uma linha de impedimento?

sexta-feira, julho 13, 2007

Brasil = Argentina

Todos dizem que a Argentina está bastante superior ao Brasil, nesta Copa América. E é verdade. Contra os fatos não há argumentos. É consenso geral. De cada dez, onze (um time inteiro) concordam com a lamentável afirmação.

Para a Seleção Brasileira levantar o caneco, existem duas maneiras: a primeira, e mais provável, pensando com a cabeça (dura) de Dunga, é se retrancar todo, irritar e ferrar, para não dizer foder, com a paciência do torcedor brasileiro, e achar um mísero golzinho no fim do jogo; a segunda é se igualar, dentro de campo, à Argentina. Entre as duas opções, eu e meu saco preferimos a segunda.

Este será o escrete titular argentino (e foi contra o México), caso Crespo não possa voltar:


Riquelme, além de chegar à frente para chutar a gol, cria e distribui o jogo para dois habilidosos e velozes jogadores. Dane-se o centro-avante. Quem precisa de um Crespo, com um Tevez e um Messi?

Partindo do pressuposto de que o Brasil só pode jogar com três volantes (até quando, meus Deuses, até quando!?), eis a maneira de se igualar, tatica e tecnicamente, ao time azul e branco:



Dane-se o centro-avante! Quem precisa de um Vagner, com um Robinho e um Anderson? Diego poderia criar para dois velozes e habilidosos atacantes (Anderson é atacante!), além de se aproximar da área para finalizar. Ele sabe fazer isto. E faz muito bem. Pergunte aos alemães.

Dunga não vai escalar este time nem no mais terrível de seus pesadelos, eu sei (e olha que ainda são três volantes!). Mas seria uma boa. Uma ótima. Não tenho dúvida que este trio (Diego, Robinho e Anderson) brigaria pau a pau com o trio dos hermanos (Riquelme, Tevez e Messi).

Mas para quê Dunga vai facilitar, se ele pode dificultar? Qual a graça? Com dificuldade, sofrendo, estorando o pavio do povo, é mais gostoso, não é?

Em tempo: reparem que Doni fica adiantado até na prancheta. Suazo já agradeceu. Messi agradecerá.

quinta-feira, julho 12, 2007

Como é possível?

É possível um time com o principal jogador do Inter, do Grêmio, do Corinthians e do Flamengo perder para um time só com moleques de 20 anos?

É. Três vezes.

Pergunte a Nelson Rodrigues e ele te dirá como.

quarta-feira, julho 11, 2007

Argentina na final!

Bom jogo de futebol é jogo com várias oportunidades de gol criadas. Se o gol sair, melhor. Se os gols saírem, melhor ainda.

Argentina e México, no primeiro tempo, apresentaram um jogo de futebol ruím. Parecia jogo do Brasil. Apenas três oportunidades de gol. Uma para o México, duas para a Argentina. A segunda dos hermanos ao sul resultou em gol, após jogada ensaiada em cobrança de falta, de Riquelme para Henzie, de Henzie para as redes.

Mesmo assim, os hermanos do norte foram um pouco melhor, embora não signifique muita coisa, afinal o nível foi baixo.

De resto, a primeira etapa teve alguns lances de raça de Tevez, outros de egoísmo de Castilho, fominha, habilidoso, mas sempre fominha.

A segunda etapa foi boa. Para os mexicanos, não.

O jogo, na verdade, poderia ter terminado aos 20 do segundo tempo. Lá pelos 10, Messi protagonizou um lance de habilidade rara, que justifica o porquê do futebol ser um esporte tão apaixonante. Lá pelos 20, Riquelme cobrou um pênalti, sofrido por Tevez, com não menor rara habilidade. Dois golaços.

Cadenciar o jogo, cozinhar o adversário, prender a bola, mantê-la em contato com a grama. A Seleção Argentina, principalmente seu camisa 10, faz isto como poucas. Com 3 a 0 no placar, mesmo restando 25 minutos para o fim, o caixão mexicano foi pregado e enterrado. E assim foi.

No fim de contas, placar clássico: 3 a 0.

E o maior clássico do futebol mundial dará suas caras na final da Copa América.

Diego, Anderson e Robinho!

Ouço bastante gente dizendo que Anderson é meia-atacante.

Não. Anderson é atacante por inteiro. Segundo atacante, que cai pelos lados. Tal qual Robinho.

Meia, meia, temos apenas Diego. Camisa 10, camisa 10, temos apenas Diego.

Como a trinca de volantes é indispensável, na visão de Dunga, por que insistir com Júlio Baptista, se podemos tentar com Diego?

J. Baptista não é meia, nem aqui, nem na Venezuela. Ele é volante. Ou centro-avante. Não podemos esperar dele um lançamento milimétrico, que coloca o atacante na cara do gol, ou de toques laterais para cadenciar o jogo. De Diego, sim.

Com Júlio em campo, Robinho tem de voltar a todo instante para buscar o jogo. Com Diego, teoricamente, não.

Partindo do pressuposto que temos de jogar com três volantes, Diego tem de ser o meia de ligação. E a dupla de ataque formada por Anderson e Robinho.

Há quem diga que nenhum dos dois é centro-avante. Verdade. Nenhum é. Mas o Corinthians de 2005 também não tinha um centro-avante, mesmo assim, fazia muitos gols.

Fique claro: Anderson é atacante, assim como Robinho. Dois craques do futebol brasileiro. Craques. Mal aproveitados. Muito mal aproveitados.

Insisto na tese de que, com sete homens defendendo (linha de quatro, mais três volantes), Diego na meia - fazendo a ligação e chegando no ataque -, Anderson e Robinho na frente, devem ter liberdade para jogar.

Não tenho dúvida alguma de que com Diego no lugar de Júlio, e Anderson no lugar de Vagner, o Brasil criaria muito mais oportunidades de gol.

Você tem?

Para quê?

Alguns pontos sobre o jogo de ontem:

Os uruguaios não estavam bêbados.

Doni não sabe ficar embaixo da baliza. Só sabe ficar, sempre, sempre, na linha da pequena área. Inclusive em cobranças de pênalti.

Para quê querer Anderson, se temos Fernando no banco?

Vagner estava bêbado. Não conseguia dominar a bola.

Gilberto Silva está suspenso. Reforço para a final.

Para quê querer Diego, o melhor jogador da Alemanha, se temos J. Baptista no campo?

Robinho é o cara que cobra os escanteios. Estranho, meio estranho.

Para quê ganhar nos 90 minutos, se podemos ganhar nos pênaltis?

terça-feira, julho 10, 2007

Há males que vêm para o bem

Robinho caindo pela ponta-direita, pedalando, causando desvio de coluna no seu marcador. Anderson pela esquerda, pintando, bordando, deitando e rolando. Vágner centralizado, finalizando. Meio-campo com Diego, criativo, armando, distribuindo.

Jogo insinuante. Pertinente. Bonito de se ver. Muitos ataques do Brasil. Muitas oportunidades de gol. Muitos gols.

Dunga acorda todo molhado, suado, em plena madrugada. Foi apenas um horripilante pesadelo, onde o seu time jogava com três atacantes.

De volta à realidade, aos três volantes, o panorama para o jogo contra o Uruguai é outro.

É outro porque, até onde sei, os uruguaios não caíram na gandaia, não estão de ressaca, nem entrarão em campo, em crise.

A Seleção é a mesma. Dunga não deve mudar o time para hoje à noite.

Não até a bola rolar. Depois quem sabe ele precise.

Até agora, o Brasil sempre saiu na frente no placar. Quando não saiu, não conseguiu virar, perdeu.

Caso o Uruguai abra o placar, com Gilberto Silva, Mineiro, Josué e Júlio Baptista vai ser difícil virar.

Temos de torcer. Torcer para o Uruguai não abrir o placar.

Ou melhor, torcer para o Uruguai abrir o placar, para assim o treinador colocar um pouco mais de ofensividade neste time truncado.

Pato à inglesa?

Parece que não deu para o Inter segurar.

Parece que está tudo acertado.

Os boatos, quase fatos, dizem que Alexandre Pato vai para o futebol inglês, Chelsea, por 70 milhões de reais.

Não se sabe se Pato fica no time de Londres ou se será emprestado para se adaptar ao futebol europeu, o que é comum acontecer.

Fato é que, se concretizada a transferência de Pato (pelo que sei, está concretizada, mas não anunciada), a Liga Inglesa vai ter quatro nomes brasileiros que prometem: Denílson (Arsenal), Lucas (Liverpool), Anderson (Man. United) e Alexandre Pato (Chelsea).

segunda-feira, julho 09, 2007

Dodoping

Como esperado, a contraprova do exame de Dodô deu positivo.

O atacante está preventivamente suspenso por 30 dias e será julgado no STJD em duas semanas.

Para os alvinegros, dois temores: a perda do artilheiro e a possível perda dos pontos conquistados sobre o Vasco da Gama.

Daqui pra frente

Passadas dez rodadas do Campeonato Brasileiro, já é possível tentar fazer um prognóstico do certame.

Até o final deste mês, muitos times serão multilados pela janela européia, e isso faz toda diferença para o desenrolar do campeonato. Este é um ponto há se ponderar.

Se os times continuarem com os atuais escretes, e se eu tivesse de apontar cinco favoritos ao título, apontaria apenas três: Botafogo, São Paulo e Grêmio.

Apontar os favoritos à Série B é mais complicado. Apontaria, sem querer desapontar as respectivas torcidas, Náutico, América e mais dois.

É verdade que este meu exercício de futurologia é bastante vago, afinal, Náutico e América são os dois últimos na classificação.

Porém, na parte de cima, caio no clichê em dizer que o Botafogo apresenta o melhor futebol da atulidade e que o São Paulo tem o melhor elenco. Já o terceiro candito é vice-campeão da Libertadores e tem um craque no comando do time.

Por essas e outras, creio numa briga entre os tricolores gaúcho e paulista, e o alvinegro carioca.

Não me engana que eu gosto

Como perceberam ou imaginaram, fiquei alguns dias sem contato com internet.

Mas para sua (in)felicidade, estou de volta.

Com apenas uma nota sobre a vitória da Seleção: foi ilusória.

quinta-feira, julho 05, 2007

Todos juntos, Dunga!

Dunga disse que é bom ter Josué e Mineiro em campo porque eles se conhecem muito bem.

Pois bem. No São Paulo, Josué e Mineiro jogavam lado a lado, um pela esquerda, outro pela direita respectivamente.

Na Seleção, eles jogaram um pela esquerda e outro pela direita. Mas afastados um do outro. (O meio-campo da Seleção de Dunga forma a letra V (de volante), com a ex-dupla são paulina à frente de Gilberto Silva.)

Entretanto, Josué e Mineiro não podem se separar, senão não funciona. Eles têm de jogar juntos.

Josué e Mineiro são um só. Tipo cú e calça ou carne e unha. Tipo Leandro e Leonardo ou Chitãozinho e Xororó. Tipo feijão-com-arroz, café-com-leite ou presunto e queijo.

Tipo Diego e Robinho!!!

E pensar que nenhum deles joga junto...

E olha que estamos nos referindo às duas das maiores duplas do futebol brasileiro.

Um é pouco, dois é bom...

Três não dá!

Se estivessemos tratando do time de futebol de algum clube em reta final de Libertadores, ou em um ou outro jogo isolado de um campeonato de pontos corridos, até seria admissível.

Mas estamos tratando da Seleção Brasileira.

A Seleção Brasileira não pode jogar com três volantes.

Por um simples motivo: é a Seleção Brasileira.

quarta-feira, julho 04, 2007

Robinho é Romário

"Vamos fazer igual à Seleção de 94, Jorginho. Vamos nos fechar, pôr um monte de cara para defender, e fazer de Robinho nosso Romário. Uma hora ou outra pinta alguma jogada dele, e fazemos 1 a 0. Com 1 a 0 no placar, o adversário se abre, e em algum lance ele fica no mano-a-mano com o zagueiro, e nós goleamos por 2 a 0. Não tem erro! Seremos campeão!"

Este é o pensamento de Dunga, penso eu.

Só a vitória basta?

Para alguns torcedores e treinadores, não importa se o time apresentou um futebol feio e pragmático. Para alguns, o que realmente importa é se o time ganhou ou não.

Para outros, não basta apenas a vitória. O time tem de ganhar jogando bonito.

Eu estou com os outros. Para mim, não basta apenas a vitória. O time tem sim de ganhar jogando bonito. [E jogar bonito não é fazer embaixadinhas com o ombro ou dar toques de calcanhar (a não ser que seja a única saída para uma jogada). Jogar bonito é criar oportunidades de ataque, é saber trocar passes, é ser ofensivo a todo instante, é buscar o gol a toda hora...]

Simpatizo à esta segunda alternativa, e não à primeira, por um simples motivo: eu gosto de ver futebol. Se eu não gostasse de ver futebol, ou se eu não tivesse uma televisão e ficasse sabendo somente dos resultados das partidas, com certeza não me importaria com a beleza do jogo jogado em si e só teria olhos para a vitória.

Porém, gosto de ver futebol e tenho uma televisão.

Mesmo que o time vença, entendo que um jogo sem graça, sem sal e sem vergonha não agrada aos olhos de ninguém. No fundo, não agrada nem mesmo aos olhos daqueles que dizem que o que importa é a vitória, independente do futebol demonstrado (ou não demonstrado).

Novidades da Seleção

Sai Vágner Love, entra Fernando.

Sai Robinho, entra Elano.

E assim vai o Brasil para cima do Equador: uma linha de quatro, o quarteto dos sonhos no meio-campo (Gilberto Silva, Mineiro, Josué e Julio Batista), e a dupla de ataque formada por Elano, caindo pelos lados, e Fernando, o centro-avante.

Reforço no Flu!

Carlos Alberto sai do time de Laranjeiras para tentar a vida no Werder Bremen.

Os alemães não sabem que mala estão comprando.

São Paulo de dieta

O tricolor paulista está de dieta.

1 a 0, 0 a 0, 0 a 1 predominam no cardápio são paulino. Placar magro é a especialidade da casa.

Porém, só com placares magros, a famosa "gordura" não vai ser criada para ser queimada mais adiante.

O São Paulo está se acertando aos poucos. Demonstrou isto nos últimos três jogos. Tem 17 pontos e está em segundo lugar, 4 atrás do líder Botafogo.

Inter de jejum

São nove jogos, apenas duas vitórias.

Enquanto Pato mostrava sua fome de gols - marcando dois contra a Coréia do Sul, no Canadá - o Colorado mostrava sua greve de vitórias, no Morumbi.

Na verdade, no jogo contra o São Paulo, o Inter bem que tentou.

Não tentou muito bem, tanto é que não saiu do zero. Mas tentou, principalmente no segundo tempo. A segunda etapa foi toda colorada. O placar mais justo seria um (magro) 1 a 1.

O Inter parecia estar se acertando aos poucos. Demonstrou isto nos últimos três jogos. Nos últimos 9 pontos disputados, ganhou só 1. No geral, o Colorado está em 16º na classificação, com apenas 8 pontos em 27 disputados.

segunda-feira, julho 02, 2007

Pranchetas do Carlão

Este é o esquema tático que Dunga adotou na "Era Elano" (nome dado à passagem de Dunga como treinador da Seleção):


Ele entrou em vigor desde os primeiros amistosos, e durou até o primeiro tempo do jogo contra o México.

E não funcionou. Nunca funcionou.

Na segunda etapa, o time melhorou não somente por ter liberado Robinho - até o momento preso na esquerda - mas sim, principalmente, por ter dois meias e dois atacantes:

Até a partida da estréia, Elano vinha jogando como meia.

Na cabeça de Dunga, Elano é meia.

No jogo contra o Chile, o time jogou com três volantes de fato, dois meias (sendo que ambos são atacantes) e o centro-avante abandonado:


Julio Batista é volante. No segundo tempo, tinhamos quatro destes em campo:



O Brasil só melhorou na segunda etapa porque Robinho, com lampejos de Robinho, libertou-se do lado esquerdo e jogou por onde e como quis.

Olhando para o presente-futuro, dentre os esquemas, este é o meu preferido:


Na verdade, este abaixo é meu preferido. Eu faria de tudo para poder escalá-los no 4-3-3:



Agora, se Dunga realmente acha necessário jogar com três volantes, que libere Diego, Anderson e Robinho:


Com 7 jogadores na marcação, estes três devem ter liberdade. Com estes três em campo, centro-avante não é necessário.

* Sobre os nomes, tanto faz Gilberto Silva ou Mineiro ou Josué ou Elano. Mas, pelo fato de Josué e Mineiro serem mais que entrosados, optaria pela ex-dupla do São Paulo como dupla de volantes. Pena que Dunga prefira um trio. Ou um quarteto de volantes. ** Kléber e Daniel Alves são titulares, para mim.

Quarteto dos sonhos

Dunga é volante nato, por natureza. Ele vem da escola gaúcha, que presa por um carrinho bem dado, que arranca tufos do gramado, a um chapéu que arranca aplausos da torcida.

Dunga é defensivista de corpo e alma. De religião. Não abandonou suas raízes. Aquele volante de contenção, sempre pronto para dar no meio da canela do adversário, ainda está bem vivo na memória do ex-capitão do tetra e atual treinador da seleção brasileira.

Esta obsessão pela defesa, principalmente por volantes, está em seu DNA. E Dunga não nega suas origens. Pelo contrário, as expõe com orgulho.

Ontem, contra o Chile, a seleção brasileira chegou a estar com 4 (quatro!) volantes em campo. Começou com três (Gilberto Silva, Mineiro e Elano). Depois entraram Júlio Batista e Josué, formando o quarteto dos sonhos de Dunga: Gilberto Silva, Mineiro, Josué e Júlio Batista. Provável que desde pequeno Dunga sonhava em ser treinador da seleção nacional só para superpovoar o meio-campo com volantes.

Além do excesso de volantes e da conseqüente falta de criatividade que o time apresenta, o maior problema é que o técnico não sabe tirar o máximo de seus jogadores.

Alguns, como Parreira versão 2006 por exemplo, acham que o jogador deve se adaptar ao esquema tático. Outros, como Felipão, acham que quem tem de se adaptar é o esquema ao jogador, e não o contrário.

Eu prefiro esta última opção.

Dunga prefere a primeira. Ele tem o esquema pré-definido na cabeça. Danem-se os jogadores. Eles que se adpatem.

O resultado é ver Elano jogando como meia (apesar de na partida de ontem ter jogado como terceiro volante), Robinho jogando como meia, Anderson jogando como meia, Vágner Love jogando sozinho, Mineiro jogando com limitações...

Aliás, limitações são impostas a todos jogadores. Nos primeiros tempos das duas partidas (contra México e Chile), os jogadores brasileiros pareciam robôs, reféns do esquema de Dunga. Estavam cadeados. Não podiam sair da área delimitada pelo treinador de jeito maneira.

Quando algum deles vai além do limite tático, acontece o que aconteceu no segundo tempo do jogo de ontem (e no segundo tempo contra o México): a individualidade aparece.

Está na moda, há algum tempo, dizer que "Quando o coletivo é forte, a individualidade aparece".

Ontem, com Robinho, a individualidade (e que bela individualidade!) apareceu. Mas apareceu por méritos totais e exclusivos de Robinho, porque se for depender de um bom coletivo, para a individualidade aparecer, podemos esperar a próxima Copa América.

Ou esperar Dunga cair na real, e perceber que não é preciso mais de dois volantes no meio-campo; que é preciso dois meias-atacantes; que é preciso uma dupla de dois, de verdade, no ataque; que alguns jogadores acima da média devem ter liberdade para criar; que craques como Robinho e Anderson não podem ficar presos a certas faixas do campo.

Ontem, Robinho, artista nato, pintou, bordou e maquiou a vitória por 3 a 0. O Brasil não fez por merecer este placar. Robinho fez. E mereceu. Mas a seleção brasileira não.

Dunga precisa rever seus conceitos, antes que seja tarde.