Esquema tático não joga sozinho. Sem os movimentos e as tomadas de decisões condicionados pelo treinador através de treinamentos e orientações, o esquema tático por si só não quer dizer muita coisa, não é definitivo. Feita essa ressalva, a estrutura tática, a distribuição das peças e a ocupação dos espaços são sim importantes. Porque vira e mexe leio alguém dizer que "o esquema tático não importa", e disso eu discordo em gênero, número e grau.
Desde que passou para o 3-4-3, o Chelsea de Conte não perdeu na Premier League. Pelo contrário, só ganhou: 7 vitórias em 7 rodadas seguidas. Aliás, é a melhor sequência do Chelsea no torneio desde Mourinho na temporada 2006/07 (9 vitórias). A última derrota foi aquele 3 a 0 para o Arsenal, quando o time de Conte ainda atuava com linha de quatro atrás. Então quer dizer que qualquer equipe que começar a jogar no 3-4-3 vai começar a ganhar todos os jogos? Claro que não. No entanto é inegável o crescimento do Chelsea desde que o técnico italiano mudou o esquema, e isso não é uma mera coincidência.
Nesta sequência de 7 vitórias, o Chelsea sofreu apenas um gol. Foram seis "clean sheets", e isso tem tudo a ver com a segurança defensiva que o time adquiriu após a mudança. No 3-4-3, David Luiz joga protegido pelos zagueiros das beiradas (Azpilicueta e Cahill), sem falar que na tomada de decisão, um de seus pontos fracos, ele evoluiu nesta temporada. Outro ponto positivo, no aspecto defensivo, é a presença de dois volantes como Kanté e Matic no meio. Ou seja, além dos três zagueiros e do goleiro (e dos dois disciplinados alas que fecham e formam uma linha de cinco lá atrás), há um doble pivote com dois atletas com alto poder de marcação - e que também sabem jogar com a bola no pé.
Não foi apenas no quesito defensivo, todavia, que o Chelsea melhorou desde a mudança para o 3-4-3. Ofensivamente o time também cresceu, em especial por causa de Hazard. Coberto por Alonso, com menos responsabilidades defensivas e mais liberdade, tempo e energia para se dedicar às construções e finalizações das jogadas, o belga está mais perto da meta e flutuando pela faixa central do que nunca. E os números mostram isso: ele está criando mais, está arrematando mais, está participando mais, está marcando mais gols. E com isso cresce o futebol de Diego Costa - um dos artilheiros da competição - e do time como um todo.
Enfim. Como eu disse antes, não basta o treinador adotar o "esquema da moda" e esperar que sua equipe comece a render naturalmente. Futebol é mais complexo do que isso, e o trabalho do treinador nunca foi tão importante quanto é hoje em dia (e Conte está mostrando isso no Chelsea, entre outros). Contudo, guardadas as proporções, a distribuição das peças em campo é sim relevante e influencia no desenvolvimento do jogo.