domingo, abril 20, 2014

The Red King Midas

Um ponto em comum entre Brendan Rodgers e Pep Guardiola é o rodízio de posições para os jogadores (não confunda com rodízio do elenco). Tanto um quanto o outro acreditam, treinam e colocam em jogos para valer seus atletas em diferentes posições (futebol não é pebolim/totó/flaflu, o ser humano é inteligente e o jogador se adapta). No caso da equipe alemã, sem dúvida o caso mais notável é Lahm, considerado o melhor lateral-direito do mundo, que passou a atuar como volante nessa temporada.

No caso do time inglês, por exemplo, Sterling - o Man of the Match da vitória por 3 a 2 sobre o Norwich, neste domingo - sempre foi winger, e assim deveria permanecer, de acordo com uma visão limitadíssima que paira por aí. Mas, não. Rodgers, o Rei Midas do Liverpool, tem escalado o jovem de 19 anos pela faixa central, como enganche num 4-4-2 em losango. E por ali ele tem voado! Quando o 4-1-4-1 (ou 4-3-3) entra em campo, claro, Sterling joga na ponta. Pelo corredor central, contudo, ele tem atingido seu ápice, e essa variação tem o dedo do homem que transforma em ouro o que toca.



Além da pouca idade (41 e 43 anos, respectivamente), outra semelhança entre Brendan e Pep é a valorização da posse de bola baseada na troca de passes pertinente - embora haja uma diferença nessa semelhança: Rodgers "apenas" valoriza a posse de bola, enquanto Guardiola tem obsessão por ela.

No 3 a 2 em cima do Norwich (dois gols de Sterling e um de Suárez), o técnico do Liverpool mudou de estratégia no intervalo. Com 2 a 0 em vantagem no placar, fora de casa, na segunda etapa abriu mão da posse de bola para jogar no contra ataque. É uma alternativa arriscada, já que você chama o adversário para o seu campo. Entretanto eficiente se tudo der certo, como deu nesse caso.

Os donos da casa controlaram boa parte do segundo tempo, ficaram mais tempo com a posse (apesar de abusarem das bolas alçadas na área, um mecanismo pobre), chegaram a diminuir para 2 a 1, mas os Reds, assim como previa a estratégia, mataram a partida no contra golpe. Essa variação, não tática, mas de estratégia mesmo, é menos comum com Guardiola. Assim como aquele Barcelona, esse Bayern raramente, quase nunca, opta por marcar lá atrás, à espera da retomada e da transição ofensiva. Em regra, independente do adversário, do estádio e do placar, o time de Pep prioriza a posse. Nesse quesito Rodgers se mostra mais flexível.

Consumado o triunfo sobre o Norwich, o Liverpool se tornou mais Liderpool ainda. Chegou a 80 pontos (35 jogos), enquanto o Chelsea se manteve com 75 (35 jogos). E com 2 jogos a menos, o Manchester City soma 71 pontos. Na próxima rodada, no próximo domingo, dia 27 - anote na agenda - tem Liverpool vs Chelsea. Só isso.

Independente de quem ficar com o título da Premier League 2013/14, já pode-se dizer com todas a letras que Brendan Rodgers é o melhor treinador do campeonato. Ou não? Na verdade eu diria que é o segundo melhor da Europa, atrás somente de Diego Simeone. Pois hoje, no campo e bola do Velho Mundo, o Liverpool está no patamar dos quatro semifinalistas da Champions League (Atlético, Real Madrid, Chelsea e Bayern). Ou não? Na minha opinião, sim.

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