quinta-feira, julho 03, 2014

Pré-jogo de França vs Alemanha

Neuer não é louco. Na partida diante da Argélia, pelas oitavas de final, ele não atuou praticamente como líbero só para sair bem na foto. Suas saídas do gol, providenciais, diga-se de passagem, se fizeram necessárias, uma vez que a lenta e pesada zaga alemã jogou bastante adiantada, lá em cima, para que o time ficasse compactado. Contra os argelinos, deu certo. Contra os franceses, pode significar a eliminação.

Na minha visão, Löw faz uma cópia mal feita do Bayern de Guardiola e da Espanha de Del Bosque. Já escrevi sobre isso, inclusive (leia aqui). Mas o que mais me incomoda, confesso, não é nem a cópia na cara dura. O que mais me incomoda não é nem a presença de Lahm no meio campo. O que mais me incomoda, eu acho, não é nem a opção por dois zagueiros de ofício nas laterais. O erro maior de Joachim, a meu ver, está na escolha de meias nas pontas. Repare na diferença: os dois pontas da Alemanha são meias (Özil e Götze); já os pontas da França são pontas (Valbuena e Griezmann).



A jogada francesa, convenhamos, está mais do que anunciada: Valbuena e Griezmann puxando os contra ataques, com espaços siderais às costas dos laterais alemães. Como o time alemão valoriza a posse de bola e joga lá em cima, inevitavelmente seu campo defensivo fica vazio, apenas com Neuer fazendo aquele papel de líbero, digamos assim. Logo, na velocidade, é muito provável que os ponteiros da França ganhem praticamente todas da lenta e pesada linha de defesa da Alemanha. E se Neuer não estiver na ponta dos cascos como esteve contra a Argélia, vai catar cavaco, vai ficar a ver navios.

Da Alemanha, não se pode dizer o mesmo. Não se pode esperar essa velocidade toda. Uma vez que seus pontas são meias de ofício, o jogo tende a ser concentrado pela faixa central, ainda mais quando seus laterais têm dificuldade para chegar à linha de fundo. Veja bem, não que Boateng e Höwedes sejam proibidos de chegar à linha do fundo. Não são. Imagino que não são. Porém é inegável que essa não é a praia deles. Em contrapartida, é verdade, a equipe treinada por Löw deve ter a superioridade numérica no meio campo, pois Götze e Özil naturalmente se aproximam por ali. Contudo, não tenho dúvida de que Deschamps preparou seu time para anular a troca de passes alemã, ou ao menos neutralizá-la. Ou seja, é provável que o trio Cabaye, Pogba e Matuidi mais marque do que ataque (sem abdicar das escapadas de Matuidi, claro).

Segundo meu palpite, você sabe, passa a França, justamente pelos fatores apontados nesse post. Mas como você sabe também, futebol é futebol, e no mata-mata qualquer um pode matar, qualquer um pode morrer. Só para deixar claro, não acho que a França seja essa favoritaça toda. Não é isso. Porém, a julgar pelas teimosias de Löw (se Schürrle for titular, por exemplo, a história muda um pouco), e pelo desempenho francês diante da Nigéria, em especial no segundo tempo, com Griezmann na vaga de Giroud, acredito que a França tenha sim um ligeiro favoritismo. Se será confirmado ou não, saberemos nesta sexta, quando a bola rolar no Maracanã, a partir das 13h.

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