Demorou um pouco, mas Carlo Ancelotti encontrou o chamado XI ideal. Entre idas e vindas, foi somente na reta final da vitoriosa temporada passada que o treinador definiu o 4-4-2 em linha como esquema tático titular. Foi estruturado dessa maneira que o Real Madrid bateu o Barcelona na final da Copa do Rei (naquele jogo do golaço de Bale, que ele corre por fora do campo), eliminou o Bayern da Champions League, e bateu o Atlético na final, naquela partida que eternizou Di María por sua jogada na prorrogação. Justamente Di María, que agora está de partida, e que era, talvez, a peça mais importante desse sistema.
Born to be winger. Assim defino Di María. Como descrevi nesse post, ele é polivalente, joga em todas. É craque. Isso nós sabemos. Porém se há uma posição onde o argentino rende mais, tanto para ele quanto para o coletivo, essa posição é pela beirada. Tanto pela direita quanto pela esquerda. Tanto é que com Mourinho atuou na ponta direita por muito tempo, e com Ancelotti acabou assumindo um papel fundamental na esquerda. Canhoto, no 4-2-3-1 do técnico português, em regra Di María jogava à direita, com Özil por dentro e Cristiano Ronaldo à esquerda. Já na temporada passada (em especial na reta final) virou peça-chave no 4-4-2 em linha do técnico italiano. Aqui pela esquerda.
Como escrevi nesse post, James Rodríguez também é versátil. Pode render pela extrema esquerda dum 4-4-2 em linha fácil. Porém se há alguém no mundo que preenche os pré-requisitos para ocupar essa faixa do gramado com autoridade, esse alguém se chama Ángel Di María. Ou seja, no fim das contas, quando Ancelotti finalmente encontrou o chamado time ideal, ele foi desmontado pelo presidente do clube. Ou melhor, foi remontado. Mas foi remontado com uma peça totalmente diferente. Tiraram um quadrado do quebra-cabeça de Ancelotti e lhe deram um triângulo para pôr no lugar (algo semelhante aconteceu na "troca" de Özil por Bale). Veja bem, por mais que James seja excelente, talvez até mais craque que o próprio Di María (o tempo dirá), suas características são bem diferentes da do argentino. James é meia. Di María é winger. Born to be winger. Para jogar pela beirada desse esquema com duas linhas de quatro, mais os dois atacantes, talvez seja o melhor do mundo. Portanto seria tolice insistir nesse 4-4-2 sem Di María e com James pelo flanco. Correto? Errado. Eu pelo menos penso assim. Pelo seguinte...
Se por um lado James não é o típico winger como é Di María, por outro a manutenção desse esquema pode privilegiar a estrela da companhia. Escrevi sobre isso esses dias (confira aqui). Nesse esquema tático Cristiano Ronaldo fica mais perto do gol, tem uma faixa maior do gramado para circular, e tem menos responsabilidades defensivas. No 4-3-3 ou no 4-2-3-1, por exemplo, ele teria de acompanhar o lateral adversário. No 4-4-2 em linha, não. Se bem que, quando Alonso, Modric e Kroos são titulares, Ancelotti escala CR7 na ponta esquerda mesmo (ou James, quando CR7 está fora). No entanto, caso o coletivo não encaixe depois dessas reposições, é provável que essa minha previsão, de "Ronaldo mais artilheiro do que nunca", não se confirme. Enfim. O fato é que, sem Di María (talvez o melhor winger de 4-4-2 da atualidade), Ancelotti terá outra equipe nas mãos. Equipe que deve variar entre o 4-4-2 com Bale e James nas extremas, e o 4-3-3 com Alonso, Modric e Kroos na meiuca. Seja como for, mesmo sem a peça-chave chamada Di María, o Real Madrid tem no elenco peças de sobra à altura para substitui-lo. Não peças parecidas, de características parecidas, é verdade. Mas sem dúvidas à altura.
PS: Na imagem, as duas linhas de quatro do time que recebeu o Córdoba, nesta segunda, no Bernabéu, pela primeira rodada da Liga 2014/15. Placar: 2 a 0 para os donos da casa, gols de Benzema e Ronaldo, os atacantes que não apareceram no print acima.
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