Uma temporada não se faz com onze jogadores, nem com trinta. Além do chamado time titular, o segredo é ter no banco de reservas umas quatro ou cinco peças que joguem com frequência, sem que o nível da equipe caia muito. Ou seja, uma temporada se faz com cerca de 15 ou 16 jogadores (e um pouco de sorte, pois uma lesão grave de um jogador chave pode comprometer o desempenho no ano).
No caso do futebol brasileiro, o calendário é uma barreira a mais (talvez a pior). Em função da existência dos estaduais - essa coisa do século passado - os jogos são pouco espaçados e o desgaste é maior. Enquanto as principais ligas da Europa com 20 clubes (38 rodadas) são disputadas em 40 semanas, por exemplo, o Brasileirão é disputado em 30. Faça as contas. Não precisa ser um gênio para entender o malefício que isso traz. Portanto, sim, essa bizarrice que é o calendário brasileiro precisa sempre ser levada em conta nas análises, ainda mais quando a intenção é falar sobre elenco. Agora, dito isso, diria que o segredo é ter 15 ou 16 jogadores dividindo os minutos da temporada.
No caso do Grêmio, essas peças regulares devem ser Jailson, Cícero, Alisson e Jael. Jailson pode dar uma folga para a dupla de volantes Maicon e Arthur, Cícero é o cara ideal para ocupar a posição de Luan entre linhas, Alisson pode dar descanso tanto para Everton quanto para Ramiro (ele faz as duas beiradas) e Jael é a sombra de André (lembrando que Ramiro e até Cícero podem operar na linha dos volantes). Evidentemente que outras posições também precisam de revezamento, em especial as laterais, mas esses quatro devem ser o "12º jogador" e devem entrar com mais frequência que os outros.
O que não pode acontecer é 100% do time titular ser poupado. O rodízio é necessário para se chegar, na medida do possível, bem física e mentalmente ao final da temporada, porém ele precisa ser feito de maneira equilibrada. Dependendo da exigência da próxima partida e do desgaste no momento, poupa-se dois aqui, três ali, e assim vai se administrando a temporada. O que não pode é 100% dos titulares serem eventualmente poupados. Assim como não é aconselhavél colocar o "12º jogador" somente no segundo tempo dos jogos, porque dessa maneira ele não se sente importante. Ele tem que ser titular eventualmente num time composto por, sei lá, 70% dos titulares. Ele não quer ter 90 minutos apenas naqueles jogos onde o time em campo é o dito reserva na sua totalidade. Para se sentir importante e manter um bom nível de competitividade mesmo sendo um "reserva", às vezes é preciso começar a partida com os melhores.
Se Arthur ficar até dezembro e Renato aprender a rodar o elenco, o Grêmio pode sim conquistar o triplete em 2018. O entrosamento, a continuidade do trabalho, o comando, a experiência, a qualidade dos principais jogadores, o estilo de jogo e o encaixe da equipe são fatores que permitem sim ao Grêmio mirar os títulos do Brasileirão, da Libertadores e da Copa do Brasil. É difícil, claro, mas não impossível, pois o time joga o futebol mais eficiente e atraente do país. Para que isso possa se tornar realidade, contudo, Renato tem que rodar o elenco com mais equilíbrio.
PS: Um clube do sul jamais foi campeão brasileiro na era dos pontos corridos (veja aqui a lista dos vencedores desde 2003). Por essas e outras, na minha visão esse deveria ser o foco do Grêmio neste ano.
Um comentário:
Seria melhor se tivesse Valdivia
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