terça-feira, março 11, 2014

Atlético pronto para qualquer um

Não sei se é ignorância por parte dos treinadores (e dos jogadores), não sei se é falta de convicção ou se é convicção em conceitos equivocados. Só sei que - e isso é fato - os times brasileiros não apresentam a compactação dos times europeus.

Não me refiro com exclusividade às grandes equipes do Velho Mundo, não. Qualquer equipe de meio de tabela das principais ligas de lá apresenta relativa compactação, algo raro nos gramados tupiniquins e vital no futebol dito moderno.

Em defesa dos treinadores e dos jogadores do Brasil, argumenta-se que não há tempo para treinar. É verdade. Contudo me parece mais sensato atribuir o espaçamento entre as linhas dos times daqui a outras razões. Por mais que não haja tempo para treinar como se deveria, há sim tempo para treinar. E não é preciso ser nenhum gênio da bola para atingir uma compactação mínima, em especial na fase defensiva.

Hoje, no futebol de alto nível, quem melhor representa a compactação é o Atlético de Madrid. Ou melhor: o Atlético de Diego Simeone, de Diego Costa, de Raúl García, de Arda Turan, de Koke, de Miranda...



Não é de hoje, aliás, que o Atleti faz isso com excelência (evidente, nenhum time se forma da noite para o dia). Gosto sempre de citar esse vídeo, que mostra a marcação por zona lá atrás, a negação dos espaços ao adversário e a busca insana pela retomada da bola e pela transição rápida, pelo contra ataque. Tamanha consciência e consistência tática, aliada à qualidade técnica e à força emocional dos atletas, permitem ao Atlético sonhar grande no maior torneio de clubes do planeta.

Na vitória sobre o Milan, nesta terça-feira, pela volta das oitavas de final da Champions League, no Vicente Calderón, ficou evidente o dedo de Simeone. O gol de Diego Costa logo aos 3 minutos deixou o Milan nocauteado em pé por um bom tempo, e durante 20 minutos só deu Atlético. Lá pelas tantas, no entanto, a equipe treinada por Seedorf se recolocou no jogo e começou a crescer, a criar espaços no campo adversário, até chegar ao empate com Kaká aos 27’. Aí o técnico argentino interveio.

Sem alterar a compactação padrão, Simeone trocou o habitual 4-4-2 (4-4-1-1) pelo 4-1-4-1, recheando assim o miolo da meia cancha e freando o avanço dos rossoneros. Passou Turan para a esquerda, puxou Raúl García para a direita e centralizou Mario Suárez entre as linhas de quatro (confira nesse tweet). Ainda no primeiro, os anfitriões fizeram 2 a 1 com Turan, aos 40'.

No fim das contas o favoritismo do confronto foi confirmado com uma goleada. Na segunda etapa, no 4-1-4-1, os donos da casa fizeram mais dois (Raúl García e Diego Costa de novo) e concretizaram o triunfo por 4 a 1. No placar agregado, 5 a 1 sobre o gigante italiano.

Camisa pesa? Pode pesar, mas não ganha jogo. Na hora do vâmo vê são onze contra onze, e no momento o onze do Atlético está pronto para enfrentar qualquer outro onze na Champions League. Claro, favorito só tem um e seu nome é Bayern. Entretanto, vide esse tweet, acredito que os colchoneros têm sim condições de serem campeões, principalmente porque diante de times ditos maiores, com mais tradição e elencos mais ricos, o Atlético cresce. Cresce porque, em função de se estilo de jogo, estar na condição de azarão o favorece demais, e é isso que vai acontecer daqui para frente na UCL.

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