domingo, maio 25, 2014

Os dez passos por La Décima

É chato destacar alguns nomes individualmente, pois futebol é um esporte coletivo. Tais destaques, porém, soam inevitáveis, ainda mais quando se tratam de jogadores como Cristiano Ronaldo, Gareth Bale e etc. Portanto, destaco, não necessariamente pela ordem de importância, dez passos ou pessoas chaves na conquista da Décima.

1. Cristiano Ronaldo dispensa comentários, né. Bola de Ouro em 2013, o português manteve o ritmo avassalador no primeiro semestre de 2014 e marcou nada menos do que 17 gols em 11 jogos na Champions League (o recorde numa edição da competição). Apesar da fraca final contra o Atlético de Madrid, em função de limitações físicas, CR7, obviamente, é o grande nome desse time.

2. Já Gareth Bale, o (por enquanto) futebolista mais caro da história, mostrou que vale cada centavo dos € 100 milhões pagos por ele. Claro, podemos entrar na discussão sobre “nenhum jogador de futebol vale 100 milhões de euros”. Contudo, baseado no inflacionado mercado da atualidade, e no retorno dado pelo galês dentro de campo, pode crer que Florentino Pérez não se arrepende.

3. Florentino Pérez, aliás, também não deve se arrepender de ter vendido Mesut Özil. Peça fundamental na equipe da temporada anterior, aclamado por muitos como o melhor camisa 10 do mundo, o alemão foi para o Arsenal sob protestos da torcida e dos próprios colegas merengues. Ainda assim, para endireitar as finanças, o presidente megalomaníaco do Madrid fez o que fez, e no fim das contas deu tudo certo.

4. E se deu tudo certo, deu porque o recém contratado Carlo Ancelotti fez o que fez. Claro, não estou por dentro do vestiário blanco, todavia, a julgar pelas entrevistas dos jogadores, fica evidente o papel do treinador italiano na questão emocional do grupo. Isso sem falar na questão tática, naquele time que iniciou 2013/14 no 4-3-3 e terminou no 4-4-2 em linha, com Alonso e Modric volantes, Bale e Di María nas extremas, e CR7 e Benzema no ataque.



5. Ángel Di María, aliás, merecia um post à parte. Não se intimidou com a chegada de Isco nem de Bale, levou fé em seu futebol, mostrou que levou fé em seu futebol, e comprovou o valor de seu futebol. Seja na meia esquerda do 4-3-3 ou na asa esquerda do 4-4-2 em linha, o argentino deitou, rolou e desequilibrou várias partidas crucias na temporada, inclusive na finalíssima de Lisboa. Canhoto, talvez um pouco subestimado, Di María foi o grande meio-campista da equipe, ao lado de Modric.

6. Luka Modric, por sinal, foi nessa temporada o que se esperava dele na anterior (e aí entra Ancelotti, já que com Mourinho o croata não era titular). Sob o comando do técnico italiano, o Real Madrid virou, merecidamente, Modric +10. Embora a importância, não só técnica, de Alonso e Di María, seja enorme, o ex-Tottenham foi a verdadeira peça fundamental na engrenagem desse time, o verdadeiro maestro.

7. Difícil falar em maestria sem citar Xabi Alonso, que, a exemplo de Ronaldo, dispensa comentários. Apesar de ter sido suspenso na semifinal, naquele atropelamento sobre o Bayern na Alemanha, e de ter ficado de fora da decisão, o camisa 14 deu e dá a confiança necessária a todos à frente da zaga. Dono do primeiro passe e da distribuição de trás, Alonso, aos 32 anos de idade, personifica La Décima.

8. Outro personagem que está marcado para sempre na conquista da Décima é Sergio Ramos. Autor de gols essências na campanha vitoriosa, o zagueiro mostrou que não só de defesas se faz um defensor. E mostrou que, na sua área, no quesito defesa, seu trabalho esteve à prova em diversos momentos, e em diversos momentos, seu trabalho foi aprovado, muitas vezes ao lado de seu parceiro Pepe.

9. Rotulado carniceiro (o que seria do futebol sem os rótulos, né?), o luso-brasileiro Pepe teve na temporada 2013/14 talvez a sua melhor temporada na carreira. Vigor físico diferenciado à parte, psicológica e tecnicamente o zagueirão fez por merecer o título de um dos melhores da posição em toda a Europa.

10. Por fim, o questionado Karim Benzema (questionado desde os tempos de Higuaín, diga-se, desde os tempos da eterna batalha pela camisa 9). Nunca foi, não é, tampouco será unanimidade, o francês. Entretanto - e aí entra o dedo de Ancelotti de novo - tornou-se presença indiscutível no ataque do time e virou a referência do famoso trio BBC, entre Bale e Cristiano. No fim das contas ele fez o que se espera de um centroavante e guardou 24 gols na temporada (5 deles na Champions). Aliás, convenhamos, é injusto exigir do nove a artilharia quando se tem Cristiano Ronaldo no time.

Espero que os goleiros (Diego López e Casillas) e os laterais (Carvajal, Coentrão e Marcelo) não se sintam ofendidos por não terem entrado nessa lista dos dez. E peço perdão aos demais atletas do elenco, contudo só havia lugar para dez destaques. Seja como for, o fato é que La Décima, enfim, chegou, e o merecimento é incontestável.

E registre-se também a dificuldade imposta pelo adversário na final (o que valoriza ainda mais o título merengue), e a belíssima campanha/temporada do vice-campeão do maior torneio de clubes do planeta, o co-irmão Atlético de Madrid, de Diego Simeone, de Diego Costa, de Arda Turan, de Koke, de Miranda, de Filipe Luís, de Courtois, de Gabi, de Villa e etc.

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