Através da posse de bola e da troca de passes, um time com Aránguiz, Alex e D'Alessandro no meio campo poderia ditar o ritmo do jogo sempre. Ou quase sempre. Poderia colocar a redonda debaixo do braço e dizer "quem manda aqui sou eu". Tanto no Beira-Rio quanto fora dele. No Brasileirão 2014, no entanto, não foi o que se viu. Esse jogo pensado, de troca de passes curtos, pacientes, envolventes e eficientes aconteceu esporadicamente na equipe treinada por Abel Braga. E olhe lá.
Justiça seja feita, são raros os times do país que conseguem fazer esse jogo pensado, de troca de passes curtos, pacientes, envolventes e eficientes. Diria raríssimos. Para não dizer nenhum. Dito disso, ainda assim, a verdade é que o Internacional - em terra de cego quem tem olho é rei - é um dos poucos do Brasil com material humano para executar esse futebol de posse e passe. Na prática, no entanto, não foi o que se viu. Para variar.
Claro. Não há apenas uma maneira de se jogar futebol. Ninguém é obrigado a jogar valorizando a posse através do passe. Você pode priorizar a marcação por zona e o contra ataque. Be my guest. No fundo, no fundo, você precisa implantar um estilo que se adapte ao elenco, e não o contrário (por essas e outras o treinador precisa ficar no mínimo umas três temporadas no clube, para poder moldar o plantel de acordo com sua filosofia de jogo). E o elenco do Colorado, com Aránguiz, Alex e D’Alessandro, em especial, pedia esse jogo de posse e passe. (Outro time que pedia isso no campeonato era o Fluminense de Conca, Wagner e Cícero.) Na prática, no entanto, não foi o que se viu. E o maior responsável por isso é o treinador.
Para mim esse foi o grande erro de Abel no Inter 2014 (outro erro grave foi demorar a efetivar Sasha titular). Não conseguiu definir um padrão de jogo, padrão esse, devido aos seus principais meio-campistas, que valorizasse a posse da bola através da troca de passes curtos. Mas, lógico. Tem uma coisa. Para executar esse tipo de jogo elaborado, de troca de passes curtos, além da qualidade do jogador, evidentemente, é preciso ter aproximação. E para ter aproximação é preciso compactação. E para ter compactação é preciso alcançar uma visão coletiva do jogo, jogado na Europa e em tantas outras ligas mundo afora, que ainda não fomos/somos capazes de alcançar aqui no Brasil. E Abel é apenas outra peça dessa engrenagem capenga. (Lembre-se: aqui no Brasil futebol é raça mais individualidade. O coletivo é chutado para escanteio. Resultado: gol da Alemanha.)
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